Alguns me chamam de selvagem.

Uns já me apedrejaram.

Muitos atravessam a rua quando me veêm.

Outros não acreditam no que ouvem, ou não querem acreditar.

Eles não querem acreditar que a eternidade está aberta para alguém que precisa se alimentar de seu sangue.

Eles não querem acreditar há alguém, ou algo, (seja como preferir me chamar) seja mais forte do que todas suas armas e seus exércitos.

Eles não querem acreditar que os desaparecidos estão mortos e obtiveram seu sangue drenado de seu corpo.

Eles não querem acreditar em mim, na minha existência.

Para mim é muito difícil distinguir quem é quem entre "eles". Afinal, no badalar da meia-noite todos eles são iguais, apesar de terem cheiros e gostos diferentes.

São seres-humanos, são descartáveis, são previsíveis, são tolos.

Eles são apenas o sangue que nunca mais correrá em minhas veias novamente.