O Verdadeiro Lar escrita por Yui


Capítulo 17
Festa e Fuga


Notas iniciais do capítulo

Cinco dias pra escrever, não sabia como colocar as coisas kkkk
Tentei colocar alguma ação aqui e espero que gostem.

Boa leitura. o/



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Hui Nuan pediu que seus soldados se juntassem a essa exata hora à frente de seu barco.

– Irmãos de todas as espécies, obrigada por tudo, por acreditar que eu possa trazer paz! Falta pouco para que leopardos, tigres e entre outros felinos, possamos o que é nosso por direito... o respeito de todos da China! Será um novo tempo, onde nós e as outras espécies viveremos em paz, desde que... eliminemos a praga branca e preta.

– E vamos! - Gritaram alguns linces.

– Vamos ter a China! - Gritaram alguns tigres e leopardos.

– Para o bem do nosso povo, para o bem do nosso reino, esses ursos precisam obedecer ou ser exterminados e assim, viveremos em paz e sem mais massacres, sem mais humilhações. Eles não vão poder colocar ninguém contra nós como fizeram comigo no passado!

Entre tigres-do-sul-da-china, tigres brancos, linces, leopardos, gatos da montanha e outras espécies de animais como crocodilos, porcos, javalis, lobos e gorilas, muitos se agitaram.

Eles estavam encantados com as palavras de seu líder, e ainda poderiam se vingar do Dragão Guerreiro. Sob as ordens de Hui Nuan, todos fariam o que quisessem. Era uma tentativa de combater o medo insano dos outros animais e instaurar uma nova ordem onde todos os temidos ou humilhados, seriam beneficiados. Isso, o tigre usou para convencê-los, mas é claro que não seria bem assim e ninguém via que a única coisa que faziam, era piorar tudo.

– Preparem as armas e vamos tomar essa província, melhorar as coisas. Vamos esperar que algum dos nossos volte do Vale da Paz e se tudo estiver certo, vamos fazer uma visita aos cidadãos e ao Palácio de Jade

Po e Tigresa se separaram, olhando um para o outro com carinho. Ele acariciou o rosto da felina e ela sorriu. O panda notou que as orelhas da felina se contraíam.

– O que foi, Tigresa?

– Ah, só alguém olhando pra gente... não olhe, eu vou dar um jeito neles - ela sorriu maliciosa.

– Tá... bom. Eu preciso falar com meu pai. Nos vemos mais tarde? - disse em tom animado.

– Claro.

Se despediram com um beijo rápido e Tigresa virou-se para correr até o começo do corredor, chegando ao salão, deixando Po sem entender.

Ao ouvir um grito, o panda adivinhou quem é que espiou o que estavam fazendo e não queria nem imaginar como iriam terminar seus pobres amigos.

Minutos antes

– O que tá acontecendo? O que? Deixem eu ver!! - Reclamava Louva-a-Deus tentando passar pela asa direita de Garça. A ave estava agitada, estavam muito longe. Macaco não estava diferente. Estavam amontoados.

– Fica quieto, ela vai ouvir a gente! - Disse Macaco, com medo.

– Ah, do jeito que vocês estão, duvido que já não tenha ouvido.

– Garça, shiiiiu!

Eles apertaram os olhos para tentar enxergar.

– Po está abraçando ela de novo?

– Não sei, Macaco - respondeu o inseto.

Eles então se afastaram um pouco da porta para evitar cair no corredor.

– Esta bem, um de cada vez e eu primeiro.

Muito esperto, bichinho - brincou Macaco.

– Me chamou de que? - Respondeu Louva-a-Deus subindo no chapéu de Garça para intimidar o amigo.

– Fiquem quietos os dois! - Pediu Garça - disse voltando para o início do corredor para olhar de novo, os outros dois fizeram o mesmo - a essa altura, ela provavelmente já nos ouviu.

– Você está certo.

– AH! - Gritaram os três em uníssono após ver a felina de braços cruzados a sua frente, parecia bem brava.

Todos caíram de costas de olhos arregalados esperando alguma ação dela. Depois do choque inicial, Louva-a-Deus conseguiu reagir.

– Que é isso, Tigresa?! Quer nos matar?!

– Bem, prometo que não chega a isso - abriu um sorriso que mostrava seus dentes.

– Só uma pergunta... - começou Macaco levantando uma mão para que ela esperasse - desde quando você sabe que estávamos ali?

– Da hora que chegaram.

– Como isso?

Nesse momento, nenhum dos três guerreiros sabiam para onde iriam. Com um pequeno rugido, todos saíram correndo com Tigresa atras deles.

Na hora que Po chegou ao fim do corredor, apenas viu os quatro saindo para a aldeia.

"Só espero que não assustem os outros pandas", pensou ele, e deu de ombros.

Buscou algum tempo seu pai e vendo que não se encontrava na casa, resolveu sair. Antes que chegasse à saída, encontrou entrando na casa aquele amigo de seu pai. Parecia ter a idade de Jing-Quo, e seus anéis negros em torno dos olhos tinham uma forma um pouco mais arredondada e com bordas castanhas assim como qualquer parte de pelagem negra de seu corpo, partes visíveis ao menos, que se encontravam com a pelagem branca. Tinha os olhos castanhos e uma de suas patas tinha a palma branca de nascença.

Ele olhou para Po com um sorriso e se aproximou.

– Olá, Po.

– Oi, ah, qual é o seu nome mesmo? haha.

– Fa Huo, mas me chame como quiser - colocou uma pata no ombro de Po.

– Tudo bem - Po sorriu.

– Estava saindo?

– Sim, eu preciso perguntar algumas coisas pro seu pai.

– Ele pediu que eu procurasse você, vamos lá? Ele está no altar - disse Fa, começando a andar, ainda com uma pata no ombro do panda mais jovem.

Po nem se incomodou em responder, apenas assentiu e começou a caminhar ao lado do outro urso

– Seus amigos saíram correndo daquele tigre. O que eles fizeram? - Perguntou Fa ainda caminhando e mostrou preocupação.

– Eles tiram ela do sério sempre e tem horas que precisam de um castigo da Mestre Tigresa - disse Po sorrindo sincero.

No fundo sentia orgulho e felicidade por ser apaixonado por alguém como Tigresa, ainda mais agora que sabia que ela o correspondia.

– Eles vão ficar bem?

– Naah, claro que vão. São mestres de kung fu - Po mexia os braços, demonstrando seu fanatismo -, se aguentam os golpes da Tigresa, aguentam qualquer coisa.

– Então, está bem.

Fa Huo apenas riu. Foram em silêncio, com Po admirando a vila. Os pandas construíram casas simples e bonitas, os filhotes corriam pela grama, outros brincavam perto de um córrego e um lago, formado pelo rio. Algumas mães olhavam os pequenos pandas enquanto outros pandas começavam a mexer na terra, um pouco mais além desse córrego para que as crianças não pudessem mexer ali.

Se tornariam plantações. Ali será de arroz, ao lado, dividido por um caminho de terra intocado, será uma plantação de trigo junto as de legumes e verduras para a produção de pães, bolinhos, macarrão.

Atrás dessas plantações, havia um bosque de bambu que Po notou. Se lembrou de quando o seu pai, Senhor Ping, contou que ele comeu seus móveis importados feitos de bambu. Corou um pouco com a lembrança e riu por dentro.

– Você... já conhece alguém dos pandas?

– Só você e meu pai.

– Depois vou te apresentar alguém que vai ajudar você e seus amigos com os outros pandas. Vocês já a viram, mas não foram apresentados direito.

– Quem é? - Perguntou o Dragão Guerreiro, curioso.

– É minha filha.

Po não respondeu novamente, porque já chegaram à Jing-Quo. Estava num altar assim como o seu antigo na vila escondida dos pandas, mas esse tinha algumas flores em volta.

– Pai - o panda se virou quando seu filho chamou -, o que você queria falar comigo?

– Quero falar com você sobre a festa de hoje - sorriu e se levantou para abraçar o filho, abraço que foi retribuído - ah, Po. Estou tão feliz que nos encontramos e que está aqui comigo.

– Eu estou feliz em te conhecer e estar com o senhor, pai.

– Bem, sobre a festa, já estão preparando a comida, vai ser no centro do vilarejo e espero que você e seus amigos gostem - disse se separando.

– Não se preocupe, vamos gostar e não precisava fazer isso.

– Bem - disse Fa Huo - vou voltar aos preparativos, Jing. Nos vemos à noite e mais tarde eu apresento minha filha à vocês, Po.

Ambos somente assentiram e assistiram Fa partir para a aldeia.

– Ahn... pai? Como o senhor soube que eu estava vivo e que eu estava no Vale da Paz? E desde quando sabe? - Po enchia seu pai de perguntas sem dar tempo para respostas. Sua curiosidade era imensa.

– Calma, calma... – Jing-Quo riu, Po parecia uma criança conhecendo as coisas do mundo - há algum tempo atrás eu estava meditando no meu velho altar depois de fazer os exercícios que Mestre Oogway me ensinou e tive uma visão, vi você num porto sobre destroços de um barco com seus amigos e alguns outros animais que não conheço. Fiquei tão feliz, sabia que era você, você tem os olhos da sua mãe. Depois tudo foi confirmado porque alguns viajantes que hospedamos nos contaram sobre o Dragão Guerreiro e ainda estavam surpresos por ser um panda. O único que não encontramos, foi você, e então tive a esperança de te encontrar um dia.

Po prestava atenção, porque ele entendeu o que aconteceu até então, só não havia compreendido o como seu pai teve certeza de que ELE era seu filho antes mesmo de se encontrar.

– O que Oogway me disse e tudo isso, me confirmaram que você estava vivo, por isso não fui atrás de você, antes eu não sabia, não tinha certeza e nem pensei por onde começar porque a China é imensa - continuou Jing – sei que não é desculpa, mas tinha responsabilidades com todos aqui. Me perdoe se não te procurei antes.

– Não tenho o que perdoar pai.

– Bem, vamos para casa, assim você pode descansar e se arrumar para a festa. Vou ajudar nos preparativos.

– Tá, vamos.

Alguns minutos andando com seu Jing-Quo, Po contava como cresceu, para tranquiliza-lo e acabar com as curiosidades. No caminho, avistaram Tigresa. Ela veio até os dois pandas, com um leve sorriso e parecia relaxada.

– Oi Ti – disse Po animado.

– Po, o Macaco sabe? – Perguntou séria.

– Ah, sim.

– Po! – Deu um soco no braço do panda.

– Ai! O que? Víbora também sabe, não é?

– Bem, o que quer que seja o assunto de vocês, não vou me meter – Jing estava curioso, mas iria se intrometer e assim, ambos ficaram nervosos – vou ajudar os outros, descansem. Quero vê-los se divertindo hoje.

Quando o panda mais velho se afastou, Tigresa deu um novo soco no ombro de Po, mas por razões óbvias não respondeu e apenas segurou a pata dela para que voltassem à casa.

– Não vou colocar isso.

– E por que não, Tigresa? Vai ficar linda!

– Víbora, eu... não vou me sentir bem assim... você não entende.

– Entendo que está com vergonha e acha que os outros vão falar besteiras sobre você...

– Não só isso – interrompeu a felina – é que, não sei se ele vai gostar.

Tigresa estava sentada em sua cama e Víbora estava á sua frente. A festa estava perto de começar e todos os outros guerreiros estavam prontos e esperando no salão da casa para sair todos juntos.

– Ah, não é possível que você pense isso... – a serpente olhou para a mestre, com cansaço e então sorriu – depois de hoje, acha mesmo que ele não vai gostar?

A guerreira do estilo tigre não respondeu, apenas apertou seus lábios um contra o outro procurando uma desculpa para não colocar aquele kimono. Se sentia diferente quando o vestia, mais feminina e pensava que quem a visse, iria rir e duvidar dela.

– Só falta você, vou esperar com os outros – Víbora aproximou-se da cama e deixou nela o cordão de Tigresa. Foi consertado por Po.

Junto a ele, havia a flor de pessegueiro, a que estava na caixa. Víbora incentivou Tigresa a usá-la como enfeite colocando-a atrás de sua orelha direita. A felina olhou para tudo e suspirou. “Que os deuses, me ajudem”, pensou se levantando da cama.

No Vale da Paz, Sr. Ping estava checando o restaurante para ver se estava tudo em seu lugar. Já havia fechado, faltava apenas verificar a porta. Abriu-a para trancar novamente, mas foi então que sentiu o cheiro de queimado.

“Mas como é possível? Já apaguei o fogo, não deixo queimar nada”, pensou ele ainda na porta olhando para a cozinha. Foi então que ouviu gritos vindos de algumas casas próximas às escadas para o palácio.

Colocou mais a cabeça para fora para ver o que estava acontecendo, apesar do medo do que seria e viu um grupo de animais.

– Vocês – disse um dos tigres apontando para um grupo de 10 felinos – subam e procurem aqueles três idiotas, e vocês fiquem aqui comigo. Vamos tomar esse vale.

– Mas o que... ? – Sussurrou o ganso – Bom, meu filho e mestre Shifu não deixariam o vale sem proteção.

Apenas fechou a porta o suficiente para que não o vissem. Aproveitando a luz apagada, espiaria o que estava acontecendo, mas alguns dos invasores ficaram ali no vale apenas olhando em volta e outros subiram as escadas.

Chegando ao palácio, o grupo de felinos chegou à entrada e sem cerimônia, abriu o portão. Dando de cara com alguns estudantes de outras academias dentre eles, Mestre Xaoxi e Mei Ling.

– Quem permitiu a entrada de vocês no palácio? – Perguntou Mestre Xiaoxi.

– E precisamos de permissão, já que vamos tomar essas terras? – Disse o tigre que liderava o pelotão.

– Por que vocês fazem isso?

– Estamos obedecendo ao nosso líder.

– E ainda confessam – disse Mei Ling colocando-se em pose de batalha – não vamos deixar que façam isso!

– Você não vai nos impedir, gatinha. É realmente uma pena que seja nossa inimiga – brincou o leopardo, ao lado do tigre – nós somos mais poderosos do que todos vocês imaginam. Rendam-se logo!

– Jamais! – disseram os alunos e o Mestre Xiaoxi e esperaram o ataque dos inimigos.

Correndo em direção aos rinocerontes, à felina e ao mestre, os felinos não lutaram com honra. Uma vez que os alunos estavam armados apenas com bastões e os outros estavam com espadas e usaram suas garras para atacar.

Os irmãos rinocerontes alunos de Xiaoxi atacaram em conjunto, lutando assim, conseguiram derrubar dois felinos com seus chifres. As espadas e lanças dos inimigos vinham de maneira rápida em sua direção, mas não os atingiam. Porém, foram os primeiros á cair, porque mesmo com bastões ou boa técnica, estavam em menor quantidade e foram imobilizados, já que outros invasores que estavam no vale, subiram as escadas.

Enquanto Mei Ling acertava alguns felinos com socos e chutes, esquivando-se com perfeição de seus ataques, não viu quando um dos tigres saltou atrás de si para derrubá-la no chão. Ambos rolaram até que o tigre conseguiu aplicar uma chave de braço e imobilizá-la.

– Você vai para a reeducação.

– O que é... ? – Não teve tempo de terminar sua pergunta, sendo acertada na cabeça com o cabo de uma espada para que parasse de lutar.

Os rinocerontes que estavam guardando os tigres que não puderam ser levados à Chor Gum, ouviram os gritos e resolveram verificar. Má ideia. Ao chegarem, abriram caminho com seus nunchakus, mas tiveram as correntes destes quebradas por uma odachi que não sabem de onde veio, enquanto um gato da montanha veio por baixo das partes rompiras e antes que caíssem, as lançou de volta para os donos, uma com cada pé. Acertou um na boca e outro no olho e assim eles desceram por onde vieram.

– Vem comigo soltar aqueles idiotas - disse um gato da montanha puxando um outro pelo pulso.

No fim do corredor do calabouço viram os três felinos e abriram a cela em um piscar de olhos com suas garras como chaves.

– Vamos ajudar os outros na luta e depois, vocês vão nos explicar tudo - disse o mesmo gato.

– Sim - assentiram todos subindo as escadas.

Mestre Xiaoxi estava lutando distraidamente com quatro leopardos e girando rapidamente, os derrubou com sua calda acertando em seus focinhos. Quando parou, viu seus alunos derrotados e em uma tentativa inútil de socorrê-los, correu para impedir que fossem capturados.

Chutou o rosto do lince que estava algemando Mei Ling, levando-o a acertar outros três. Cercado, ficou parado em sua pose, olhando todos os que sobravam de pé. Atacar sozinho, seria inútil. O que fazer?

Saltou para dar um outro chute em mais alguns e foi pego em pleno ar por outro felino. Um que lhe era muito familiar, já foi seu aluno e o tinha deixado por querer encontrar algo melhor e agora ele o que ele quis dizer com isso. O melhor para ele era se juntar ao imperador tirano.

– Chao!

– Olá, mestre – o lince fez seu antigo mestre cair desacordado.

A serpente demorou para chegar, pois passou em seu quarto para se assegurar que suas flores de lotus estavam no lugar. Shifu deixou os guerreiros e Song ali e saiu antes com Jing-Quo. Todos estavam arrumados.

Po usava um colete aberto em verde e uma calça larga no mesmo tom, com uma faixa vermelha que servia de cinturão. As bordas eram douradas e o colete tinha um dragão chinês nas costas, bordado em vermelho e em cada lateral da calça. Foi presente de seu pai quando ele foi reconhecido como Dragão Guerreiro.

Macaco usava seus braceletes agora em cinza como sua faixa na cintura, e suas calças agora eram de seda negra. Garça trocou suas calças também para umas de cor vermelhas com a faixa dourada. Song usava um kimono sem mangas cor-de-rosa sem estampa que chegava até seus pés e era colado ao corpo e o príncipe, usava um conjunto de calça larga e camisa de mangas largas em azul claro, se destacando. Mas era sua roupa de festa, né?

Po e Dishi esperavam alguma palavra de Víbora que estava parada perto deles.

– O que?

– Cadê a Tigresa? – Perguntou Louva-a-Deus antes que o panda pudesse dizer algo.

– Está no quarto ainda.

– Ela não vai? – Po perguntou com um pouco de desânimo, já achando que iria “sozinho” à festa.

– Vai sim, logo ela vai estar aqui.

– Por que fêmeas demoram tanto pra se arrumar? Vamos á uma festa e não uma viagem – reclamou o inseto – auch! – Foi jogado do ombro do Macaco por um golpe de Víbora.

– Você não sabe o motivo de demorarmos e nem o quanto é complicado se arrumar perfeitamente além de outras coisas, no meu caso, quando se é uma cobra. Além disso, não sabe os motivos dela.

– E você pode me dizer tudo isso? – Perguntou ele, sarcástico, cruzando suas pinças.

– Não.

Todos ali riram. O inseto fingiu indignação e estava por responder, mas ao olhar para o corredor, sua boca se abriu até onde podia.

Os outros olharam na mesma direção que seu amigo e não puderam ignorar a surpresa que os invadia. Nenhum ruído pôde ser ouvido.

Era Tigresa. Vinha em direção ao salão, mas ao ver as váras bocas abertas, se deteve em plena porta. Estava vestido seu kimono novo, usando o colar que Po lhe deu e com a flor.

“Eu não deveria ter colocado isso”, pensava ela parada esperando alguma palavra. Dependendo do que fosse, ela se trocaria para não passar vergonha. Estava corada, quase no ponto em que sua pelagem não conseguiria encobrir.

– Ahn? – A única coisa que Louva-a-Deus pôde dizer.

– Quem é você e o que fez com a Tigresa que aterrorizou a gente hoje? – Falou Macaco ainda perplexo se colocando em pose de defesa.

– Ha... ha – respondeu ela, franzindo o cenho, ainda tensa.

– Você está... linda demais! Perfeita! – Disse Po sem notar os olhares que recebeu por isso. Só tinha olhos para ela.

Ao ouvir o que seu panda disse, ela sorriu e relaxou. Ele andou em direção a ela e lhe ofereceu uma pata retribuindo seu sorriso. Ela aceitou. Dishi não pôde evitar de grunhir, o que foi notado por Macaco e Víbora.

Chegando ao centro da festa, os guerreiros se encontraram com Jing-Quo e Shifu. Ao a presença de Shifu, Tigresa o soltou rapidamente a pata de Po antes que o mestre notasse, deixando o panda confuso, mas ele logo entendeu e engoliu em seco. Não queria que acontecesse o mesmo da outra noite, então ela decidiu que depois conversariam, afastada de Po, claro.

O líder panda pediu a atenção de todos (entre os pandas, boa parte da população de Gongmen que os estão ajudando em sua reintegração) para anunciar seu filho, que a população de Gongmen já conhecia como seu salvador. Contou brevemente sobre o regresso dele a seus braços. Todos já sabiam sobre as intenções de Hui Nuan desde que os pandas voltaram às proximidades, então Jing e Po declararam que os guerreiros do Palácio de Jade novamente defenderia a China.

Após aplausos, gritos de incentivo e felicidade para os mestres, todos foram aproveitar a música animada, brincar como podiam e se render aos comes e bebes.

Quando os amigos comendo e se divertindo, aparece Fa Huo e alguém atrás dele.

– Olá, Dragão Guerreiro – cumprimentou o panda.

– Oi, ah, me chame só de Po hehe.

– Está bem. Enfim, quero apresentar à vocês uma pessoa muito especial... – deu um passo para o lado, deixando ver uma bela ursa, uma panda que parecia ser jovem, tinha olhos castanhos e um kimono azul marinho comprido com detalhes de flores em dourado – ela é Ju, minha filha.

– Olá – disse ela timidamente, se curvando aos mestres.

– Olá – responderam todos em simpatia, menos Tigresa, que esboçou o menor sorriso que pôde.

Fa apresentou sua filha à cada um. Ela se aproximou de todos os quais seu pai falava os nomes e estendia ambas as patas para cada um, que corresponderam.

“É ela quem olhou Po de cima a baixo quando chegamos”, pensou ela trocando o sorriso por uma face séria. Nesse momento, ela voltou a segurar firmemente a pata de Po sem que ninguém se desse conta, e com firme, quero dizer que provavelmente doeu.

Quando chegou à Tigresa, a felina a cumprimentou sem sinal de simpatia e sentiu um arrepio por dentro, algo nessa fêmea a incomodava e não era só o fato de ela olhar para Po de cinco em cinco segundos.

Com ambas as patas também, deu um aperto até com mais força do que deveria e a ursa disfarçou a dor. Em seguida, Ju cumprimentou Po e ficou alguns segundos encarando-o com um leve sorriso, deixando-o nervoso. Ao notar, a felina se aproximou mais deles.

– Bom, vou conversar com Jing e eu deixo eles com você, ajude-os a se sentir à vontade, está bem, minha flor?

– Claro, papai – Ju sorriu e seu pai se foi – então, vocês querem fazer o que?

– Ah, não sei, vamos procurar umas garotas – disse Louva-a-Deus.

– Machos – bufou Víbora fazendo os outros rirem – porque não vão disputar alguma coisa? Há algum jogo por aqui, Ju?

– Sim, vamos.

Víbora viu que Tigresa e Po não os acompanhavam.

– Vocês não vão? – Perguntou Song – vem com a gente, Po.

– Não, vamos para outro lugar – respondeu Tigresa.

– Mas, vocês não querem conhecer os outros? Po, você não quer conversar com os outros pandas? – Insistiu Ju.

– Ah, mais tarde nós encontramos vocês, acho que ela precisa falar comigo – disse enquanto era quase arrastado por sua mestre preferida.

Deixaram todos apenas olhando, alguns sem entender.

Ju, Song e Dishi acompanharam os outros um pouco receosos em deixar que o urso e a felina se afastassem sozinhos. Apenas Song percebeu que o jovem príncipe, que permaneceu calado o tempo inteiro depois do incidente com Tigresa, estava andando afastado.

– Você vai segui-los? – Perguntou ela em um sussurro para que só ele pudesse ouvir.

– Vou, quero saber o que está acontecendo e evitar que fiquem juntos – respondeu seriamente o tigre (nota da autora: tarde demais XD) – você também não quer isso, não é?

– Não mesmo, nem eu, nem seu tio... - disse Song, referindo-se à conversa que teve com ele sobre Hui - vai lá, caso alguém pergunte, eu invento alguma coisa – a leopardo se aproximou dos outros para que não percebessem a rápida conversa, sem muito sucesso porque ao menos um guerreiro é sutilmente observador.

Já afastados dos demais entre as primeiras árvores do início da floresta, Tigresa soltou Po, não sem antes dar-lhe um ligeiro beijo.

– O que foi, Ti?

– O que foi o que?

– Isso... de me puxar assim. Aconteceu alguma coisa? – Ele se aproximou para segurá-la pela cintura.

– Ah... não, não foi nada... eu só...

– Tigresa... – Po fez um dos olhares da felina, levantando uma sobrancelha.

– Tá, eu não confio naquela panda, Ju.

– Mestre Tigresa com ciúmes? – Brincou Po, recebendo um rosnado e mais um “carinho” de sua felina. Já nem se incomodava com isso.

– Não pense que é por isso, Dragão Guerreiro – sorriu pousando suas patas sobre o peito do panda – e agora? Nós somos o que?

Mudou de assunto, não deixaria que essa ursa estragasse seu momento a sós com Po, mas resolveria isso depois.

– Como assim, somos o que? Somos namorados... se você quiser é claro – dito isso, o sangue subiu ao rosto deixando suas bochechas completamente vermelhas.

– Isso me faria a fêmea mais feliz de toda a China - sorriu cheia de alegria.

– Demais!!! – Gritou Po levantando-a pela cintura colando sua barriga à dela.

Com isso, Tigresa riu e apoiou as patas nos ombros dele, aproximou seu rosto de Po e o beijou mais uma vez, e ele a desceu sem romper o beijo. Depois de alguns minutos pararam e ficaram abraçados, de olhos fechados. Po roçava levemente sua bochecha contra a dela, às vezes esbarrando com o focinho em sua orelha, e fazia carinho em suas costas enquanto ela ronronava suavemente.

Ele colou sua testa à dela e ambos abriram os olhos para ver um sorriso sincero no rosto um do outro. Quando sozinhos, Po lhe dava todo seu carinho e Tigresa se libertava para fazer o mesmo. Se deixava demonstrar seus sentimentos como nunca e só deixaria que Po a visse dessa forma, o que para ela não era bom por poder se machucar, já que seu coração estava exposto.

Se sentia bem, frágil e forte ao mesmo tempo, e protegida ao ter a presença e o calor do abraço do panda. Isso lhe dava forças e sentia que poderia lutar com tudo e todos para protegê-lo.

Quem diria que Mestre Tigresa, a mais forte, mais disciplinada guerreira de toda a China e a temida dos Cinco Furiosos, teria um lado tão dócil e que algum dia se permitiria mostrá-lo, ainda mais por se apaixonar por um panda tão bobo e desajeitado... a felicidade deles só crescia.

Estavam totalmente alheios ao ser que os observava. Ele já havia praticamente esquecido o que o levou até ali e o que deveria fazer, tudo por estar se importando demais com algo que, ao menos agora, não pode ser mudado.

Dishi estava escondido atrás de alguns arbustos, espiando e querendo saltar entre os dois. Queria grunhir, mas se Tigresa o pegasse ali, digamos que ele não poderia se mexer durante muito tempo, sabia disso pelos hematomas dos outros.

Ao ver os dois partirem, sentou-se para esperar que se afastassem o suficiente. Rosnou pela cena que assistiu e pelo que ouviu. Queria separar os dois, estava mais do que na hora. Ela não conhecia um tigre, então é claro que iria querer um outro alguém.

Fechou os olhos e respirou fundo. Se levantou depois de uns minutos para voltar com Ju e contar à Song.

– Dishi... pare com isso...

Seu coração se acelerou assim como sua respiração. Essa voz.

Virou-se lentamente para ver quem o chamava, apesar de já imaginar quem era a dona daquela voz que conhecia.


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Notas finais do capítulo

Fa Huo: Princípio Fogo (Huo também serve pra menina).
Chao: Superar
Ju: Crisântemo

De quem será esta voz?
O capítulo foi muito comprido ou muito meloso? kk
Podem dizer.

Até mais.



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