Protect Me escrita por Anny Taisho


Capítulo 15
Culpa


Notas iniciais do capítulo

Primeiro perdoem o título brega do capítulo, não consegui pensar em nada melhor! u.u Dois, estamos rumo aos cem reviews???? Quem será o centésimo comentário???
Boa leitura



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Cap. XV – Culpa

Gajeel colocou a morena no sofá e Laxus foi atrás do kit de primeiros socorros, então Levy começou a tirar os cacos da mão dela para limpar e enfaixar o machucado que foi agravado pelo empurrão que ela deu em Gildarts. Os dois magos se afastaram um pouco para que o Iron Dragon Slayer explicasse o que aconteceu, pelo menos o que ele viu e compreendeu. O loiro respirou fundo e se apoiou na pia de da cozinha com ambas as mãos. Quando é que aquele pesadelo ia acabar?

- Mas foi do nada?

- Eu acho que foi meio que uma reação atrasada... Ela parece ter bastante coisa para botar para fora. Olha... Você não viu quando a gente saiu da guilda... Nunca vi ninguém chorar daquele jeito...

- A Cana tem alguns problemas para se expressar... A gente precisa ter um conversa séria.

- Eu acho que se você for com jeito a hora é essa... Já que tem que tacar álcool na ferida que seja de uma vez!

- Pode ser, pode ser...

O loiro olhou para sala onde Levy estava com ela e sentiu um peso no peito. Ele também não era nenhum exemplo de comunicação, o que tornaria aquela conversa ainda mais complicada. Só que nem sempre podemos fazer só o que queremos, às vezes é preciso fazer o necessário.

***

Gildarts estava no segundo andar da guilda sozinho olhando por uma das janelas com um olhar desolador para o horizonte que sempre amou. Descobrir que Cana era sua filha foi um dos melhores momentos que teve aquela altura do campeonato, afinal, um filho quer dizer que um pouco de você fica para continuar no mundo. Por mais feitos que você tenha feito, uma vida, uma pessoa que ajudou a desenvolver é maior do que o mérito pela mais difícil missão já realizada.

Só que tinha uma falha ali, ele não tinha ajudado a criar pessoa nenhuma.

Ele só teve conhecimento da filha quando ela já estava criada, não tinha contribuído em nada por ela. Não havia mais o que fazer, Cana era uma mulher com sua própria vida, não precisava mais de um pai. Desde que descobriu tentou ser bom naquilo, mas parecia tão difícil!

E aquele olhar de raiva e reprovação dela acabou com o grande mago crash. Porque era como se Cornelia o estivesse repreendendo pelo marido e pai que não foi. A esposa deve ter amargado até o último minuto aquela relação com ele, a essa altura, onde quer que estivesse provavelmente estava revirando no túmulo por causa da droga de pai que ele era. Só podia ser considerado um pai melhor que aquela tranqueira de Ivan, mas bem... Não era muito difícil ser melhor do que alguém que tenta matar o próprio filho.

Gildarts Clive era um fracassado.

Não importava o quanto o mundo o idolatrasse ou tivesse inveja de sua vida, só ele sabia o que havia lhe custado ter aquela vida. Recapitulando os fatos, um preço alto demais. Custou o amor de sua vida, a chance de ser pai...

E o que mais  machucava era o fato de saber que mesmo que se tivesse outra chance, não faria diferente provavelmente. Ouviu passinho as suas costas e imaginou que era Makarov, deu um sorriso triste, o velho viria tentar lhe consolar.

- Quando vai sair dessa auto-piedade e voltar a ser o mago que eu conheço?

- Você não viu o jeito com que ela olhou para mim... Toda aquela raiva e ressentimento!

- Gildarts, você está se ofendendo por uma coisa que veio de uma criança machucada, confusa e ferida! A Cana não te odeia, na verdade, eu não conheço ninguém que te admire mais do que ela!

- Aquilo é o que fica no inconsciente dela! Eu fui uma droga de pai, uma droga de marido, uma droga de homem... Ela tem toda razão em me odiar!

- Você não podia ter sido um pai melhor porque não sabia dela! Ponha isso nessa cabeça teimosa!

- Mas eu podia ter ficado!!!! A Cornelia foi embora porque eu nunca estava lá, ela só saiu da minha vida porque eu deixei ela ir! Sabe por quantos anos eu tive raiva dela? Só que eu não via que eu a abandonei antes!

- Olha, pirralho...

Gildarts riu, era engraçado ser chamado de pirralho quando se está beirando os 50 anos.

- Nós tomamos decisões na vida que definem nosso futuro sem nem sabermos disso, você escolheu o mundo e isso não é nenhum pecado. Fez o que tinha que fazer para ser feliz, só que infelizmente tudo nessa vida tem um preço e o seu preço, foi perder aquela parte da vida que tinha com sua esposa. Assim como o preço que ela pagou por ter ido embora foi criar uma criança sozinha e depois morrer numa missão.

- Missão? Como assim missão? Você sabe como a Cornelia morreu?

- A Blair me contou sobre o fim trágico da discípula na época, mas eu nunca soube que ela era sua esposa e muito menos mãe da Cana.

- Fo... Foi trágico? Como assim?

- Ela se feriu numa missão e ficou doente depois disso, mas não contou a ninguém, ela não queria que a Blair viesse atrás de você. Se ela tivesse parado de trabalhar para se cuidar talvez pudesse ter tido uma vida mais longa... Mas ela fez sua escolha.

- Se eu estivesse lá...

- Você não está ouvindo o que eu digo, neah? Gildarts, a vida é feita de escolhas e estamos atados as suas consequências! Olhe para mim, quantos magos eu vi passarem por essa guilda e se tornarem pessoas ótimas, sem contar tantos outros que eu não consegui salvar, entre eles meu próprio filho! Eu já me culpei demais por causa do Ivan, mas hoje, os anos me mostraram que tem coisas que não tem remédio. Eu fiz o que podia para ele ser um bom homem, mas as escolhas dele o levaram para longe... Ele perdeu a chance de criar o Laxus... Só que isso foi uma consequência das escolhas dele. Infelizmente, como no caso da Cana, o Laxus sofreu as consequências de ações inerentes a ele, mas fazer o que? A vida tem dessas coisas!

- É a função dos pais proteger os filhos até eles poderem fazer isso sozinhos, e eu nunca a protegi...

- A essa altura não existe certo ou errado. Se tivesse ficado com sua esposa hoje poderia ser um homem frustrado e acha que isso não afetaria ela ou a sua filha? Talvez pudesse ter tido a melhor vida do mundo, digna de um livro de romance... Só que isso você nunca vai saber! E ficar na auto-piedade não vai mudar nada! Suas escolhas foram feitas, boas ou ruins, as consequências delas vieram e agora tem que viver com isso! E não pense que não tem nada a fazer por sua filha, ela não é mais uma menininha, não vai poder ver seus primeiros passos, suas primeiras palavras, sua primeira magia... Mas pode ajuda-la a crescer, a ser uma adulta que vai fazer diferença nesse mundo! Eles são tão jovens, tem tanto pela frente... E é nossa função ensiná-los a viver nesse mundo, para que eles um dia ensinem o que aprenderam.

- Eu nunca nem procurei saber onde minha esposa foi enterrada, nunca levei flores... Sabe... Ver o túmulo dela meio que torna as coisas definitivas, eu não a vi morta, a última imagem que tenho dela é ela cantando uma cantiga antiga debruçada na janela, sorrindo e atirando alguma coisa contra mim...

- Sobre isso acho que deveria ir visita-la, prestar uma homenagem, afinal de contas vocês viveram uma história e mesmo com esse final trágico... – Makarov parou e olhou para o horizonte – As pessoas hoje acham que só porque o amor às vezes acaba ou as histórias não acabam com um ‘viveram felizes para sempre’ que não houve amor, não houve beleza, não houve algo que deu certo. Em algum ponto foi criada uma cultura em que se não acaba perfeitamente, não foi digno de lembrança...

- Só que é triste, principalmente quando afeta quem não tem culpa nenhuma.

- Infelizmente nossas escolhas não afetam apenas nós mesmos, pirralho, o que fez até hoje não faz mais diferença, agora vale o que pretende fazer com o que tem.

***

Laxus se abaixou no sofá a altura de Cana e ela lhe lançou um olhar cansado e um suspiro constipado pela quantidade de choro. Queria tanto que aquele pesadelo acabasse para que pudessem começar uma relação direto.

- Eu acho que é a sua chance de se mandar e deixar todo esse problema para trás...

- Nunca fiz o tipo que correu de problemas, não vou começar agora.

- Tá tudo tão confuso, eu não aguento mais essa tortura...

- Que tortura? Você parecia tão bem...

- É aquela voz que fica martelando o tempo todo na minha cabeça... Toda hora, fica me lembrando, me falando, me torturando.

- Você fica se torturando então. Por que sempre o caminho mais difícil, Cana?

- Não tem moral para falar de mim... – ela tentou um sorriso –

- Só que eu tenho tentado mudar.

- Não é tão simples...

- Sempre desconfiando de tudo, sempre esperando dar errado, sempre pronta pra fingir que não se importa! – levou até o rosto dela e acariciou a bochecha com o polegar –

- Nunca deu certo confiar. Todo mundo em quem eu confiei não era confiável... Minha mãe me deixou, se nem na palavra dela eu pude confiar, porque deveria confiar no resto do mundo? Ela prometeu que tudo ficaria bem.

- Bem... Eu imagino que não foi a intenção dela, só que tirando a sua mãe, nunca pensou que confiou nas pessoas erradas?

- E por que eu deveria confiar em você?

- Porque você precisa começar de algum lugar e eu nunca faria algo para te machucar de propósito.

- Não deu certo antes, não vai dar certo agora.

- Não vai saber se não tentar. Vamos lá para dentro, a gente tem um monte de coisas para acertar!

O loiro a pegou no colo e foram ter um pouco mais de privacidade para conversar.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Halo, halo, halo... capitulo mais focado no Gildarts, eu sei que todo mundo quer ver o casal se acertando, mas eu o citei no capítulo anterior e tinha que reforçar como ele se sentia a respeito da cana, independente dela estar machucada ou não.
Como a re-chan me disse um dia: O remorso às vezes dura muito mais do que muitos amores... E acho que o Gildarts sente isso na pele!!!
Muito obrigada pelo carinho de todos!!!!
Kisskiss E esperando as opiniões de vocÊs!



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