Segredo escrita por thana
— Não entendo como ele pode ter se partido daquele jeito _ ele começou a falar, não exatamente para mim.
— Se partido como? _ eu quis saber.
— É como se alguém tivesse cerrado ele, mas não o suficiente para separar _ ele coçou o queixo _ mas que ao menor esforço ele se partisse.
— Você acha que alguém quis machucar o Filipe? _ eu perguntei.
— Machucar não _ ele disse pensativo_ talvez só para tirar do circuito, ele era um dos melhores _ e ele olhou para mim _ sinceramente, teu parceiro era o melhor, ia ganhar fácil. Antes da queda, aconteceu alguma coisa estranha?
— Sei lá _ eu dei de ombro colocando meus cadernos na mochila para não esquecer.
— Você viu alguém implicar com ele? _ ele quis saber.
Eu pensei naquele dia, pelo menos o tempo que eu passei com ele no barracão não vi nada.
— Você reparou se o skate já parecia danificado?
Eu balancei a cabeça negativamente.
— Ok _ o João falou e começou a se retirar.
— Teve uma coisa _ eu falei me lembrando _ eu não sei se tem haver.
— Fala _ o João pediu dando meia volta.
— Depois da primeira... fase _ eu falei insegura _ o Jonas pediu para eu avisar para o Filipe troca a roda.
— Por que ele pediu isso? _ o João perguntou interessado.
— Não sei _ eu mais uma vez dei de ombro _ Você acha que foi sabotagem?
Essa era uma questão que me tinha surgido logo após o acidente.
Nós ouvimos uma batida na porta, o João abriu quase que imediatamente.
Era a Brenda, que ficou muito surpresa por ainda ver o João lá.
— A Suzan pode ir visitar o Filipe? _ ela perguntou hesitante.
— Claro! _ ele respondeu _ Só vão vocês duas?
— Os outros estão esperando na porta do elevador _ ele disse apontando para o lado do elevador.
— Eu vou com vocês _ ele afirmou.
— Você vai nos dar uma carona? _ a Brenda perguntou enquanto o João e eu saiamos do quarto e eu fechava a porta.
— Não _ eu respondi enquanto íamos pelo corredor até o elevador _ vamos a pé mesmo.
Eu lembrei que o João gostava de manter o carro guardado.
Quando nos aproximamos dos elevadores já dava para ver os meninos.
— Quem é o Jonas? _ o João me perguntou baixo o suficiente para que só eu pudesse ouvir.
— É aquele de chapéu _ eu falei.
O Jonas era o único que usava um chapéu preto com bordas vermelhas. O Derike e o Hugo estavam escorados na parede próximo ao elevador.
— Vamos meninos _ ordenou a Brenda apertando o botão do elevador para chamar.
Os meninos ficaram meio que olhando de canto de olho para o João.
— Ele vai acompanhar a gente _ eu avisei para os meninos.
O Hugo balançou a cabeça positivamente.
Descemos para a Metrópoles em silêncio e começamos a ir em direção ao hospital. A Brenda ia mais a frente com o Derike falando sei lá o que com ele, o Hugo ia ao lado deles com as mãos no bolso e uns passos atrás íamos eu, o Jonas e o João.
— Pesado o que aconteceu com o Filipe, né? _ o João começou a puxar o assunto _ Mas eu não entendo, ele tava indo tão bem.
— É verdade _ o Jonas concordou _ E porque eu avisei sobre a roda ruim.
— É mesmo? _ o João disse surpreso, quero dizer, fingindo surpresa porque eu já tinha dito isso a ele. _ o que tinha a roda do skate?
— Parecia torta _ o Jonas começou a falar franzindo a testa. _ o que eu não entendo _ continuou ele _ eu vi ele fazendo os últimos retoques no skate antes de levar para o barracão um dia antes, e parecia que tudo tava ok.
— É mesmo _ o João falou como se tivesse acabado de lembrar de algo importante. _ Os skates dormem no barracão um dia antes, para a checagem dos juízes, para ter certeza que não houve nenhuma alteração no equipamento.
Andamos mais um pouco e logo chegamos ao hospital. A Brenda saiu na frente para falar com a recepcionista, os meninos de sentaram em sofás que tinha ali próximo.
— Pronto _ o João falou logo quando a Brenda voltou para se reunir a todos _ estão entregues, boa visita e se o Filipe tiver acordado, digam que eu mandei melhoras.
E ele se virou para ir embora, eu dei um tempo, enquanto a Brenda distribuía uns crachás com os nomes “visitantes” para todos, assim que peguei o meu corri para falar com o João, que havia parado perto da entrada para conversar com uma enfermeira, acho que ele tava paquerando ela, porque ele ficou muito sem graça quando eu me aproximei.
— E ai _ eu comecei quando cheguei perto dele e a enfermeira se afastou muito desconfortável _ deu para descobrir alguma coisa?
— Não muito _ ele respondeu surpreso quando me viu o abordar. _ Parece que ela vai ta de plantão hoje.
— O que? _ do que ele tava falando? _ eu to falando da história do skate.
— A tá _ ele falou _ Eu vou falar com o seu pai, talvez eu chegue a uma conclusão.
Quando ele citou “seu pai” só me veio a cabeça o Julius, que até então era o único que eu considerava como pai, eu fiquei confusa. Não entendia como o Julius ia ajudar com aquilo.
— Eu to falando do Paulo _ o João falou como se conseguisse ler meu pensamento. _ Ele era um dos juízes, vou ver com ele se tinha algo de errado com alguns dos skates aquela noite.
Nesse momento a Brenda veio até nós.
— A gente já pode entrar Suzan.
— Depois eu te digo no que deu _ o João me falou.
Nós duas voltamos até onde os meninos estavam e fomos levados até o quarto do Filipe pela mesma enfermeira que o tio tava paquerando, e ela ainda parecia sem graça.
Quando entramos a Julia tava debruçada por cima do Filipe, mais quando ela percebeu que estávamos entrando se virou:
— Ola _ ela parecia feliz _ vocês chegaram em um ótimo momento, ele acaba de acordar.
O Filipe se encontrava sentado na cama. Todos ao meu redor ficaram felizes também, eu como sempre fiz cara de nada, mas tenho que assumir que me sentia bem em vê-lo melhor.
— Oi pessoal _ ele cumprimentou.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!