Segredo escrita por thana


Capítulo 23
Capítulo 23




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Depois que mostramos o desenho à professora e falamos para ela quais eram as províncias, que por acaso são treze: Al Bahah, Al Hudud ash Shamaliyah, Al Jawf, Al Madinah, Al Qasim, Ar Riyad, Ash Sharqiyah, 'Asir, Ha'il, Jizan, Makkah, Najran, Tabuk, nós arrumamos as nossas coisas e saímos para a aula de teatro.

 

O Filipe me levou pelos corredores até o elevador, o que eu achei muito estranho.

 

_ A gente não tem aula agora? _ eu perguntei enquanto ele chamava o elevador.

 

_ Sim _ ele respondeu olhando para o painel que indicava o numero dos andares que o elevador estava percorrendo até chegar a nós.

 

_ Então por que estamos indo embora?

 

_ Não estamos indo embora _ ele disse _ estamos indo para a aula de teatro.

 

_ E a sala dessa aula não fica aqui não?

 

_ A aula de teatro não é feita em sala de aula não.

 

_ E onde é feito? _ eu quis saber.

 

_ Em um teatro _ ele disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo, o que pensando bem era.

 

Nesse momento o elevador chegou vazio ao nosso andar e as portas se abriram e nós embarcamos, nós e a turma inteira de mapas, eu ouvi alguém apertar um botão do painel.

 

_ E onde fica esse teatro? _ eu voltei a falar toda espremida, afinal tinham dezesseis pessoas em um espaço para, sei lá, no maximo dez.

 

_ Eu não sei, quero dizer, a única coisa que eu sei é que ele fica na Metrópoles e disseram para irmos para lá _ o Filipe respondeu _ é a nossa primeira aula de teatro, semana passada parece que a pessoa que iria nos ensinar estava em uma missão.

 

_ Faz quanto tempo que as aulas começaram? _ eu fiquei curiosa em saber.

 

_ Há uma semana.

 

Eu senti um pouco de alivio em saber que não estava tão atrasada assim nas matérias.

 

Logo o elevador parou e quando as portas se abriram a imagem que me veio foi a da Metrópoles. Todos desceram e ficaram olhando um para a cara do outro.

 

_ Alguém sabe para que lado fica o teatro? _ eu ouvi o Gustavo perguntar.

 

_ Eu sei _ se ouviu uma voz que vinha atrás de nós.

 

O dono da voz era um homem negro, que eu logo reconheci, era o amigo do João, sabe o meu tio.

 

_ Oi _ ele cumprimentou a todos _ eu sou o Guilherme, ok me sigam que eu levarei vocês até o teatro.

 

_ E onde ele fica _ o Filipe perguntou quando começamos a seguir o homem, que nos levava pela extensão da parede.

 

_ Do outro lado, perto da entrada _ ele respondeu sem nem olhar para traz.

 

_ Mas é muito longe _ falou a menina de cabelos castanhos _ desse jeito vamos nos atrasar.

 

Hum, atraso seria o de menos, e o peso que eu carregava, imagina andar com aquilo quilômetros e mais quilômetros.

 

_ Não vão não, vamos subam _ ele pediu quando paramos em frente a um minibus amarelo e branco.

 

O veiculo era compacto com o numero certo de cadeiras, quando todos se acomodaram nos assentos o Guilherme entrou, sentou no banco destinado ao motorista e ligou o motor, que em vez de fazer um barulho alto, mas parecia um zumbido. Assim que o carro começou a se movimentar os alunos começaram a falar, menos eu e o Filipe que por acaso estávamos sentados um ao lado do outro mais ao fundo do minibus.

 

_ É verdade que você tem quatro mães e quatro pais biológicos? _ ele me perguntou, acho que ele queria iniciar uma conversa. Não, é serio, todo mundo sabia disso?

 

Eu balancei a cabeça positivamente. Será que ele queria conversar justamente sobre o assunto que eu não queria falar?

 

_ Nossa _ ele fez, voltando sua cabeça para olhar pela janela _ isso deve ser legal!

 

Eu não vou mentir, fiquei espantada em ouvir aquilo, como alguém poderia achar legal ter tantos pais e tantas mães assim?

 

_ Você tá brincando né? _ eu perguntei abismada olhando para o perfil dele.

 

_ Não _ ele respondeu voltando a olhar para mim _ deve ser muito show ter pais.

 

_ Sim _ eu disse ainda extasiada _ é bom ter pais, mas não tanto quanto eu tenho.

 

Ele retornou a olhar pela janela sem dizer nada.

 

_ O que você faria se descobrisse que tem tantos pais assim? _ eu perguntei com uma voz calma, com pesar, olhando para o meu colo.

 

_ Eu ficaria muito feliz _ ele respondeu com uma voz tão pesarosa quanto a minha _ Seria a pessoa mais feliz do mundo _ eu ergui a cabeça para olhar para ele, que ainda mirava pela janela _ eu já seria feliz em ter um pai e uma mãe, imagina ter quatro de cada? _ e ele olhou para mim.

 

O que eu tinha acabado de ouvir me fez sentir como se eu fosse uma ingrata, sabe? Uma dessas pessoas que vivem reclamando de barriga cheia. Pelo que o Filipe disse, ele não teve uma presença de um pai e uma mãe na vida dele.

 

_ Onde seus pais estão? _ eu perguntei só para ter certeza.

 

_ Boa pergunta _ ele disse ainda me olhando _ adoraria saber.

 

_ Você é órfão _ isso não foi uma pergunta.

 

_ Fui abandonado na porta de um orfanato _ ele explicou _ com dias de idade e vivi lá até hoje.

 

Quando eu ia abrir a boca para perguntar se ele tinha vindo do mesmo orfanato que a Brenda, sentimos o carro parar enfrente a uma construção que era serrada por uma porta grande de ferro.

 

_ Pronto chegamos _ o Guilherme falou se levantando do banco do motorista _ vamos todos descendo que eu tenho que levar a outra turma de volta.

 

Nós nos levantamos e começamos a descer, como eu e o Filipe nos sentamos mais ou fundo do minibus acabamos sendo os últimos.

 

Acabei encontrando a Brenda no grupo de pessoas que iria entrar no minibus para voltar para o elevador, não deu tempo de ir falar com ela porque ela embarcou do veiculo e logo o portão de ferro foi aberto e um homem branco de cabelos um pouco bagunçado e roupas sociais.

 

_ Sejam bem vindos a fabrica de sonhos _ ele falou abrindo os braços, como se quisesse abraçar a todos ao mesmo tempo.

 

Notinha Rapida: Feliz Natal!

 

 

 


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