Segredo escrita por thana


Capítulo 11
Capítulo 11




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Assim que atravessamos a porta me deparei com outro corredor, esse era estreito e não tinha nada nas paredes brancas, há não ser que fossem portas escondidas como no maldito cubículo, andamos alguns metros e encontramos outra porta só que essa dava para um elevador, ele o chamou, esperamos alguns segundos e ouvimos o “plim” e vimos à porta se abrir e nós embarcamos, o elevador estava vazio, o João apertou um botão no painel e ficamos em silencio.


 


_ Esse é o que podemos chamar de elevador de serviço _ ele disse enquanto nós dois olhávamos os números mudarem no painel acima da porta _ É a salvação quando se está com pressa.


 


E o silencio pairou novamente entre nós.


 


_ Para onde estamos indo? _ eu perguntei quando percebi que subíamos e o marcador diminuía os números (ou seria aumentar já que os andares são marcados com números negativos? Eu sempre fui péssima em matemática.) de – 10 para -09 e assim por diante.


 


_ Vamos para a “Metrópoles” _ ele respondeu _ é o ultimo andar antes de entramos no mundo dos “Sobres” _ e aqui ele fez uma voz fantasmagórica, o porquê, eu não sei, e depois riu.


 


_ “Sobres”? _ eu questionei sem entender nada. O que eram? Criaturas do alem? Isso explicaria a voz fantasmagórica.


 


_ É como chamamos o pessoal que vive lá encima _ ele falou se virando para mim.


 


_ Ainda não entendi, por que vocês nos chamam de “Sobres”? _ eu perguntei.


 


_ Você não é mais um deles _ o João disse com uma expressão muito seria, como se o que eu acabara de dizer fosse uma ofensa _ Não mais _ ele terminou.


 


Bem, eu ainda não tinha me acostumado em me incluir entre eles, eu não tava nem aceitando que aquele lugar agora era a minha casa.


 


_ Tá, mas o porquê desse nome? _ eu repeti a pergunta.


 


_ Eu pensei que fosse obvio _ ele respondei voltando a olhar para o painel.


 


_ Não para mim _ eu disse também olhando para o painel.


 


_ É meio que uma piada, sabe? Como os andares serem marcados como negativo _ ele começou a falar _ Eles são os “Sobres” porque vivem sobre a terra.


 


Definitivamente o pessoal que construiu aquele lugar tinha senso de humor.


 


_ Se... _ eu tava prestes a dizer “nós” então eu hesitei e continuei (eu não queria ver ele serio de novo, aquela expressão não combinava com ele) _ Se quem mora lá encima são os “Sobres” quem mora por aqui é o que? Os “De baixos”?


 


_ Se seguirmos uma linha de raciocínio _ ele disse se virando novamente para me olhar _ e quem tá lá encima é os “Sobres”, então quem tá aqui embaixo deve ser os “Sob”.


 


_ Então vocês são os “Sob” _ eu falei querendo deixar as coisas mais claras.


 


_ Sim, nós somos os “Sob” _ ele enfatizou bem a palavra “nós”.


 


Nesse instante ouvimos o elevador parar e as portas se abrirem e mostrar aquele lugar imenso que eu tinha visto quando a mãe me levou para conhecer o meu quarto, só que nós dois não estávamos na parede que eu e a mãe tínhamos pegado o elevador, estávamos na parede próxima a aquela.


 


_ Vem _ o João fez sinal para que eu saísse do elevador com ele.


 


_ E ai João! _ eu ouvi uma voz chamar por ele.


 


Quando eu me virei para de onde vinha a voz, o João já estava cumprimentado um homem negro que devia ter a mesma idade que ele.


 


_ E ai Guilherme! _ e os dois bateram as mãos um do outro.


 


_ Tá perdido parceiro? _ o Guilherme perguntou _ Já não era para tu ter ido trabalhar?


 


_ Que nada _ o João respondeu _ pego mais tarde hoje no trampo.


 


_ Cuidado não _ o outro falou com uma voz alarmada _ Teu mano tá de olho em tu.


 


_ Pode deixar que com o Paulo eu me entendo _ o João disse e depois bufou _ Isso é bronca safada.


 


_ ‘Cê que sabe _ finalizou o Guilherme e pela primeira vez ele viu que o João não estava só _ Quem é ela? Não vai me dizer que tu tá saindo um uma menor agora, pensei que tu curtisse garotas mais velhas.


 


_ Ela é a Susan a minha sobrinha _ o João explicou me puxando para o lado dele.


 


_ Ah, claro _ o Guilherme fez em entendimento _ Não sabia que ela já tinha saído do hospital.


 


Ele se calou e ficou me olhando por alguns segundos.


 


_ Ela é tão bonita _ o Guilherme disse, o que me deixou meio encabulada, olhando para o João _ Tem certeza que ela é tua sobrinha? Porque amigo _ ele colocou uma mão no ombro do João _ vou te contar, tu é feio.


 


O João não disse nada só afastou as mãos do amigo do ombro com um sorriso.


 


_ Ela não pode ter puxado a você ou ao Paulo _ ele continuou _ ou a qualquer um dos pais, se bem que pensando melhor, as mães são bem lindas, sinceramente nunca vi tanta mulher bonita junta _ e ele olhou para mim _ Agora eu já sei por que você é tão bonita.


 


_ Ei _ João falou com uma expressão carrancuda olhando para o Guilherme e apontando o dedo indicador para ele _ eu sei o que você tá tentando fazer _ e a expressão carrancuda se misturou com um sorriso _ fique longe dela seu papa anjo!


 


Dessa vez que não disse nada foi o Guilherme que simplesmente ergueu os braços como se o João estivesse apontando uma arma para ele.


 


_ Vamo bora Susan _ o João falou ainda olhando com os olhos apertados para o Guilherme, passando o braço pelo meu ombro como se quisesse me proteger _ Fica longe dele, ele é perigoso _ ele disse enquanto caminhávamos.


 


_ Não acredite em nada do que ele diz _ gritou o Guilherme, mas o João se virou de cara feia para ele de novo, isso o fez se calar.


 


_ Onde estamos indo? _ eu perguntei enquanto ele me guiava pelos ombros.


 


_ Primeiro eu vou te mostrar como é o lugar _ ele respondeu quando paramos em uma espécie de avenida e esperamos alguns carros, sem cano de escape, passar antes de atravessarmos, o que fez aguçar a minha curiosidade sobre eles.


 


_ Por que esses carros não soltam fumaça? _ eu perguntei olhando para o rosto dele.


 


_ São carros elétricos _ ele disse quando chegamos do outro lado da calçada _ Olha, aquele prédio é onde pegamos as nossas missões _ ele apontou para um prédio que ficava mais ao centro (é, caso eu não tenha dito, ali tinham prédios) _ E aqueles menores ali _ ele apontou para um punhado de prédios de dois andares que ficava ao redor do prédio _ São lojas para que nós nos equipemos para a missão _ e o restante das lojas é para lazer _ ele fez um movimente que abrangia todo o local.


 


_ Para lazer? _ eu questionei, o que serio o lazer para eles?


 


_ É, sabe, lugares para passar o tempo _ ele falou _ por exemplo, ali _ e ele apontou para uma loja de apenas um andar com portas de vidros de onde saia um grupo de garotos de mais ou menos a minha idade _ é o fliperama, quando eu tinha a tua idade não saia de lá.


 


Voltamos a andar enquanto ele apontava as lojas e explicava o que eram. Ele me mostrou o fliperama, um monte de lanchonetes, cafeterias e pizzarias, que segundo o João servia mais para pessoas que não tinham tempo de passar no refeitório.


 


Passamos por um prédio que tinha murros o escondendo e portão automático de alumínio, eu esperei que o João me falasse que lugar era aquele, mas ele não falou nada, na verdade ele até começou a andar mais rápido, como se quisesse passar logo.


 


_ O que é aquilo? _ eu perguntei apontando na direção dos muros, afinal de contas por que aquele prédio precisava de muros o cercando?


 


_ É só mais um lugar _ ele disse querendo passar calma, mas eu sentia o nervosismo dele, eu não sabia por que ele tava tão nervoso.


 


_ Que lugar? _ eu insisti, minha curiosidade aumentando.


 


Ele continuou calado, como eu vi que o João não ia responder eu disse:


 


_ Tá, vou eu mesma ver o que é _ parei de andar e me desvencilhei do braço dele, mas ele foi mais rápido e me segurou pelos ombros com mais força.


 


_ É um motel, tá bom? _ ele sussurrou para mim quando paramos, ele ficou muito vermelho _ Eu não deveria tá te falando isso, você não tem idade para ouvir esse tipo de coisa.


 


_ Que coisa? _ eu perguntei quando voltamos a andar _ Motel?


 


Dessa vez ele mudou de vermelho para branco.


 


_ É _ ele respondeu _ agora vamos mudar de assunto.


 


_ Por que você ficou assim? _ eu perguntei enquanto ele ficava mais pálido ainda.


 


_ Eu já disse, você não tem idade para ouvir essas coisas.


 


_ E qual é a idade para se “ouvir esse tipo de coisa” _ eu falei com um sorriso.


 


_ No seu caso quando você tiver uns trinta ou quarenta anos _ ele respondeu ainda pálido.


 


_ Você fala como se eu nunca tivesse visto um motel _ eu disse _ Pois fique sabendo que eu já vi motéis antes.


 


_ Você já esteve em um? _ ele parou, tirou os braços do meu ombro e me perguntou com uma expressão preocupada.


 


_ Não _ eu respondi entendendo o que ele queria saber, mas caramba eu só tinha 14 anos é claro que eu ainda era virgem _ Eu disse que já vi e não que entrei, eu não vi nada alem dos muros.


 


Ele suspirou de alivio, passou o braço pelo meu ombro e voltamos a andar.


 


_ Agora eu vou te levar para o meu lugar favorito _ ele falou com sua cor voltando ao normal.


 


_ Qual? _ eu perguntei.


 


_ Aquele ali _ ele apontou para uma loja que tinha um letreiro escrito: “Zona Livre” e logo em baixo com letras menores tinha: “Bar”.


 


_ Aquilo é um bar _ eu apontei _ eu sou menor eu não posso entrar _ falei pensando que ele tinha esquecido a minha idade.


 


_ Eu sei que você é menor _ ele disse _ Mas você pode entrar, não pode é beber álcool.


 


E nos caminhamos até o estabelecimento e entramos.


 


Eu nunca tinha entrado em um lugar como aquele e sempre tive curiosidade. É, eu tava começando a gostar daquele tio.


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