Trouble escrita por Julice Smolder


Capítulo 9
I'm with you


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, voltamos ainda essa semana com mais um cap para vocês. Eu amei os comentários e acho que irão gostar desse capitulo tanto quanto eu gostei de escrever. Enfim, os leitores de (save me)leiam o aviso que deixamos no 5º capitulo. Bom nesse capitulo o pov é da Elena. Espero que gostem.
Boa leitura.



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I'm empty since you left me…

Depois do banho relaxante que tomei decidi me enrolar a toalha e voltar ao quarto. Damon agora já se encontrava acordado, sua cabeça virava de direita à esquerda provavelmente o mesmo me procurava e assim que não encontrou bufou frustrado.

Eu queria poder evitá-lo. Queria que ele sentisse raiva de mim, me odiasse, seria tudo tão mais fácil. Mas ele não fazia isso, e no fundo, eu não queria que ele fizesse. Não suportaria o meu Damon me odiando, não conseguiria vê-lo se afastar. Sempre que imaginava a voz do mesmo dizendo “Eu nunca desistirei de você” eu conseguia sorrir. Eu estava me envolvendo de mais, não sei distinguir o que sinto quando ele está próximo de mim ou quando ele abre um de seus sorrisos tortos que fazem minhas pernas ficarem bambas. O sentimento é estranho, a sensação é desconhecida, não sei colocar em palavras o que é isso. Mas é bom de qualquer jeito.

Como posso estar sendo tão fraca? Eu sempre me fechei tão bem, sempre me mantive rodeada de muralhas para evitar que pessoas se machucassem e que eu me machucasse. Mas Damon chegou do nada e conseguiu quebrar todas as minhas barreiras, fazendo com que eu acreditasse, me fazendo rir –coisa que eu não fazia a muito tempo. Não posso negar que estou mudada, eu pensei que fosse capaz de melhorar até hoje de manhã quando acabei agredindo Damon, isso fez com que tudo o que sonhei que estava me tornando desmoronasse sobre minhas costas. E eu fui obrigada a pedir que ele se afastasse mesmo contra minha vontade.

Respirei fundo varrendo para longe todos os pensamentos que atormentavam minha mente. Entrei no quarto e me permiti sorrir ao ver a cara de pânico do moreno ao me procurar pelo quarto.

-Você é um péssimo “guardião” –Sorri caminhando por sobre as madeiras que cobriam parte do chão do meu quarto. Parei em frente de meu armário - Eu sai do quarto duas vezes, Lorena veio conversar comigo e você nem mesmo acordou –Decidi reatar os fatos enquanto tirava meu pijama de dentro do guarda-roupa.

-Resolveu falar comigo agora? –Revirei os olhos respirando fundo, sabendo que essa pergunta viria.

Procurei em minha mente uma desculpa boa o bastante para lhe responder, mas a que achei não parecia boa o bastante.

-Claro que não, só queria te avisar sobre os fatos –Dei de ombros deixando que meus cabelos molhados cobrissem o meu rosto.

-Elena... –Ele começou, mas com medo da frase eu o cortei o mais rápido possível.

-Se importa de se virar de costas? –Falei rapidamente tropeçando nas palavras enquanto me virava em sua direção. –Eu preciso trocar de roupa e agora não tenho mais privacidade então... –Dei de ombros.

-Por que não vai ao banheiro? –Indagou.

-Tenho medo de escorregar e cair –Admiti. Era um medo infantil que tenho desde meus dez anos. –Medo idiota eu sei, mas é mais um dos meus segredos –Senti minhas bochechas arderem em cor e eu se quer sabia o por que.

Suspirei aliviada assim que percebi que o moreno estava de costas para mim. Deixei que minha toalha caísse no chão. Eu sei que não deveria, mas confiava que Damon não viraria novamente até que eu o chamasse. Tranquila comecei a cantarolar uma musica antiga que me veio à cabeça enquanto tratava de vestir meu pijama de moletom.Assim que fiquei pronta puxei meus cabelos para trás os prendendo em um coque frouxo e comecei a falar:

-Pode virar, se quiser –Minha voz saiu quase como um sussurro.Ele virou-se para mim e abriu mais um de seus maravilhosos sorrisos tortos fazendo com que minhas pernas ficassem bambas. Torci mentalmente para que o moreno não tenha percebido.Respirei fundo e caminhei até a porta, abrindo a mesma.

-Aonde vai? –Damon pediu. Revirei os olhos.

Curioso

-Lorena me chamou até sua sala, disse que tem novidades

-Okay, eu vou ficar aqui –Sorriu e eu assenti virando-me de costas e saindo da sala.

Entrei na sala de Lorena e encontrei a mesma sentada em sua cadeira mexendo em seu notebook enquanto abaixava seus óculos de lente.

-Que bom que veio querida –Sorriu fechando o notebook e dedicando toda sua atenção a mim que agora já estava sentada em sua frente.

-Precisava sair daquele quarto –Revirei os olhos abrindo um sorriso bobo. –Mas então, o que você queria comigo? –Ergui uma sobrancelha.

-Tenho duas noticias –Seu sorriso passou a tomar conta de seu rosto pequeno, não pude deixar de sorrir juntamente a ela. –Eu vou me casar –Ergueu a mão com o anel e eu segurei o grito enquanto batia palmas descontroladamente.

-Meus parabéns Lor –Dei a volta na mesa e abracei a morena.  Logo a mesma me puxou para seu colo e eu me aconcheguei no mesmo.

Desde que entrei aqui na clinica, Lorena vem cuidando de mim como se eu fosse sua filha, e sinceramente eu a considero como uma mãe. Quando cheguei aqui, eu chorei durante longos dias, mas sempre que Lorena aparecia à morena conseguia me fazer sorrir. Sempre que eu tinha minhas muitas crises à morena me abraçava e dizia que tudo ficaria bem enquanto tentava esconder suas lágrimas. Então hoje, eu posso dizer que estou feliz por ela.

-Sabe quem será minha madrinha? –Perguntou colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

-Nem imagino –Olhei para seu notebook fechado sobre sua mesa.

-Você... –Suas palavras me assustaram e eu imediatamente colei meus olhos em seu rosto, enquanto tentava formular alguma coisa para responde-la. Notando meu silencio, ela continuou. –Não adianta negar Lena, eu já conversei com John e digamos que comigo ele não pode discutir –Sorriu orgulhosa. Lorena sempre ameaçava contar para imprensa sobre meu pai, e assim ganhava diversas discussões com o mesmo.

-Lor, eu adoraria, mas sabe que eu não posso –Olhei para o chão. –E se eu tiver um de meus surtos durante a cerimônia? –Meu corpo estremeceu só em imaginar a cena.

-Não se preocupe, Damon irá como seu acompanhante –Ela abriu um sorriso cúmplice e eu revirei os olhos. Sabia muito bem o que ela estava pensando. –Com ele é mais difícil de você ter surtos. –Concluiu.

-Com Damon ou sem ele, eu tenho surtos, sabe muito bem disso –Cruzei os braços. –Alias odiei a idéia de Garcia em fazer de Dam meu novo “guardião” –Fechei minha cara evitando olhar nos olhos da morena.

-Damon pareceu gostar da idéia. –Lorena contou. Tentei, juro que tentei, mas não consegui evitar o sorriso. Sei que estava me iludindo, mas o que poderia fazer quanto a isso? –Sabia que isso te faria sorrir. –Ela apertou uma de minhas bochechas.

-Mudando de assunto –Suspirei. –Quando será o casamento? E eu nem tenho vestido –Fiz bico.

-Calma, eu escolherei seu vestido e em seguida Jeremy se ofereceu para pagar –Sorriu. –E meu casamento será daqui a dois meses. –Então ela sorriu apaixonadamente.

Eu nunca cheguei a conhecer o namorado, agora noivo de Lor, eu já vi muitas fotos e ouvi historias sobre ele. O homem parece ser um amor e muito sortudo por ter Lorena. Isso me deixa ainda mais feliz. Com certeza iria nesse casamento, não tinha escapatória, então eu só irei rezar para não atrapalhar tudo.

-Lena? Temos mais uma noticia –Lorena quebrou o silencio. –Você começará a fazer tratamento com uma psicóloga –Comentou. Meus olhos se arregalaram e eu abri a boca para argumentar, mas Lorena foi mais rápida. –O nome dela é Rebekah, é um amor de pessoa eu mesma a contratei, creio que irá adorá-la. –Revirei os olhos.

-Já não basta o Damon me fazendo perguntas e me perseguindo, agora terei que contar a uma total estranha todos os meus maiores segredos? –As palavras que acabaram de saltar de minha boca fizeram meu estomago revirar.

Eu já tinha sido tratada por psicólogas antes de entrar a clinica, todos eram ridículos e só queriam sugar o dinheiro de meu pai. E tudo o que eu contava para ele acabava na mídia, e isso só servia para que meu pai brigasse ainda mais comigo.Nenhum deles realmente tinha tentado me ajudar, na verdade só pioraram minha situação. Estava com medo de que isso acontecesse novamente.

-Elena, você sabe que não precisa contar nada que não se sentir a vontade. –Passou a mão pelos meus cabelos. –Bekah é uma ótima profissional, antes de começar as consultas eu quero que a conheça primeiro.

-E se eu não gostar dela? –Falei manhosa.

-Então não será obrigada a fazer as consultas –A morena deu de ombros. –Mas só contratei a loira para que ela te ajudasse.

-Eu agradeço pela ajuda Lor, mas eu sou uma estrada sem saída, nunca vou conseguir me salvar –Suspirei encostando minha cabeça no ombro da morena.

-Pensei que Damon estava mudando o seu jeito de pensar –Sussurrou.

-Ele ta tentando, talvez um dia consiga –Murmurei.

-Eu espero que isso aconteça. –Beijou minha cabeça. –Agora minha filha vá para seu quarto, acho que tem um médico preocupado com sua demora. –Ela sorriu. –Alias quero saber o porquê a senhorita anda evitando ele.

-Um dia desses eu te conto. –Beijei sua bochecha. –Boa noite Lor.

Sai de sua sala e caminhei lentamente até meu quarto pensando em todas as novidades que Lor tinha me contado. Por um momento me permiti sonhar com meu casamento. Um vestido de noiva envolvendo meu corpo, meus pés caminhando sobre o grande tapete vermelho sangue, uma musica melosa preenchendo todos os cantos da igreja, meu coração saltitando disparado, o sangue fervendo em minhas veias só de pensar que em poucos minutos estaria casada com alguém que me amasse e faria de tudo por mim.

-Até que enfim chegou. –A voz de Damon cortou meus pensamentos e apenas suspirei tristemente ao pensar que meus sonhos jamais se tornariam realidade.Eu voltaria a estaca zero com Damon, voltaria a ignorá-lo. Não seria justo comigo e nem com ele, continuar essa amizade ou coleguismo entre médico e paciente. Isso acabaria me iludindo e a única a sair machucada nessa loucura toda seria eu.

Caminhei até minha cama e me joguei sobre a mesma. Minhas mãos correram até a parte de trás da minha cabeça sentindo os cabelos molhados se entrelaçarem em meus dedos.

-Voltamos a estaca zero então? –Damon perguntou. –Sabia que você parece uma criança boba fazendo isso? –Falou um pouco mais alto do que deveria me assustando. Ergui minha cabeça para poder encará-lo e o mesmo estava com seus olhos colados nos meus.Virei o rosto quebrando o contato enquanto me sentava na cama esperando ouvir mais coisas de sua boca. –Por que você faz de tudo para afastar as pessoas de você? Por que deseja tanto ficar sozinha? Eu faço de tudo Elena, de tudo para te fazer sorrir, e tudo o que você faz é me afastar de você, isso me deixa com tanta... –Deu uma pausa procurando as palavras certas. –Raiva. –Concluiu.

Senti as lágrimas idiotas lavarem meus olhos, eu trinquei meus dentes e tranquei a respiração tentando segurar o choro que estava me sufocando.

-Ótimo, tudo fica mais fácil assim –Consegui responder. –Sua raiva logo se transformará em ódio e você passará a se afastar sozinho sem que eu precise implorar para isso. –Traguei uma grande quantidade de oxigênio tentando em vão acalmar meu coração acelerado.

-Mas eu não quero me afastar, nem se eu quisesse conseguiria Elena –Ele falou agora se aproximando mais de mim.

-Por quê? Me explica por que você está fazendo isso? –Deixei que as lágrimas corressem pelo meu rosto. –Por que você insiste em cuidar de mim, em me fazer acreditar, ter esperança? Você sabe que eu sou um caso perdido, então por que tenta fazer com que eu entenda? –Fiquei de pé e apontei um dedo em sua direção. –Me deixa ficar sozinha, me abandona, será mais fácil quando você terá que ir embora, por que aqui nenhum médico durou tanto quanto Lorena –Chorei socando o peito dele. –Ninguém consegue ficar perto da garotinha problemática que foi rejeitada pelo mundo e que não tem a mínima vontade de viver –Damon segurou meus braços que antes o atacavam e isso fez com que eu colasse meus olhos nos dele.

-Por que você me faz acreditar que a historia possa ser diferente dessa vez –Ele sussurrou. –Por que eu não quero te perder, e não deixarei essa doença ou qualquer coisa tirar você de mim. –Me assustei com suas palavras, mas nem deu tempo para que eu pudesse processar as seguintes confissões por que assim que o moreno acabou de falar eu senti suas mãos correndo em direção da minha nuca fazendo com que os cabelos ali se enrijecessem. Sua testa colou na minha e a essa altura minha respiração já estava descompensada juntamente com meu coração que martelava dentro do meu peito. Seus lábios chamavam toda minha atenção, eles estavam entre abertos e implorando pelos meus. Os dois queriam a mesma coisa, nós dois precisávamos disso, e eu nunca quis tanto uma coisa quanto nesse momento. Sem mais esperar Damon colou nossos lábios, deixando os dois unidos por um curto espaço de tempo até que sua língua se atreveu a explorar a minha boca e eu deixei. Minhas mãos correram para seu cabelo e eu não tinha noção do que estava fazendo só sabia que aquilo parecia meu oxigênio e era como se eu dependesse desse momento para viver. Sua língua explorava minha boca enquanto suas mãos brincavam com os fios úmidos do meu cabelo. Faíscas pareciam saltar de mim, eu estava feliz. Damon estava me deixando feliz com apenas um beijo, aquilo tudo parecia um sonho que eu jamais queria acordar. Continuei com as caricias até que o ar tornou-se rarefeito e tivemos que quebrar o beijo ofegante. Notei um sorriso brincando nos lábios do meu moreno e não pude deixar de sorrir.

-O que foi isso –As palavras saltaram de minha boca sem aviso prévio.

-Não sei –Damon não tirava o sorriso bobo de seu rosto, e eu acho que eu estava no mesmo estado.

-Não podemos... –Me afastei dele. –É errado, você é o meu médico. –Falei baixo com medo de que alguém surgisse do nada e nos ouvisse.

-Você se arrepende? –Seus olhos agora estavam tristes e percorriam o chão.

-Claro que não, eu queria tanto quanto você –Sorri diante ao que havia acabado de admitir. –Mas simplesmente não podemos, nós não temos chances, tem tantas barreiras, tantas coisas que precisaríamos passar por cima, e duvido que conseguíssemos. –De repente a felicidade tinha se dissipado de meu corpo e eu estava triste.

Minhas palavras estavam completamente certas. Nós éramos um caso impossível de dar certo.O silencio doloroso se instalou no quarto. Eu queria que ele falasse qualquer coisa, eu queria que ele pronunciasse as seguintes palavras “nós conseguimos passar por isso juntos” como naqueles filmes melosos de romance que adolescentes costumam assistir. Mas não aconteceu, ele permaneceu congelado em minha frente, com as duas mãos enterradas nos bolsos e seus olhos fitando o chão. Suspirei tristemente voltando a me deitar sobre a cama. Queria chorar, mas não faria isso, não com Damon no quarto. Eu precisava de um tempo sozinha para pensar, mas isso se tornou uma tarefa impossível depois que Damon entrou na minha vida.

-Lena...

-Não precisa falar mais nada, seu silencio disse o que você não teve coragem –Murmurei. –Boa noite Damon. –Falei por fim e aconcheguei-me na cama quentinha enquanto lágrimas chatas brotavam em meus olhos e escorriam pelas minhas bochechas geladas. E assim eu fiquei chorando baixinho até que senti as mãos de Damon acariciando minhas costas. Mas eu não me virei, fingi que nada estava acontecendo e apenas continuei chorando como se eu estivesse sozinha em meu quarto.

Minha vida estava desabando e eu não tinha para onde correr.


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Notas finais do capítulo

E ai? Gostaram? Odiaram? Comentem e deixem duas escritoras felizes. xx
OBS: Para as pessoas que querem o Jeremy eu devo avisar que ainda não escrevemos um cap que ele aparece, então esperem. Outra coisa, essa fanfic é inteiramente DELENA, outros casais são secundários e não terão povs para eles ou coisa parecida.Bom acho que é isso, até o próximo cap.