Trouble escrita por Julice Smolder


Capítulo 11
You're my sanity


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoinhas, devo admitir que me chateei bastante com o numero de reviews, eles foram poucos, mas como eu amo essa fanfic e amo as leitoras dela, eu sempre que finalizo um capitulo tenho a necessidade de postar para ver se o resultado foi positivo, bom não deixem de comentar sério isso é muito importante para nós.
Respondendo a algumas perguntas:
—Elena vai sair da clinica mas sim demorará um bocado para isso acontecer.
—Elena e Damon podem ter tido seu primeiro beijo, mas ainda tem muita história pela frente e eles irão se aproximar aos poucos até finalmente admitirem a si mesmos o que sentem, tanto que nesse capitulo elena se questiona se realmente está apaixonada pelo damon e outras coisas que não contarei para não estragar a surpresa, mas com calma tudo vai se ajeitando e nosso casal favorito ficará junto.
De novo, pfvr comentem e deixem recomendações.
Boa Leitura.



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Acordei com um calafrio que percorreu toda a minha espinha, abri os olhos relutantemente procurando a causa do meu frio, me deparei com a cena mais engraçada de todas, meu cobertor havia caído da cama ficando sobre Damon e o mesmo estava abraçado com a minha gatinha Mel, sorri baixinho tentando não fazer barulho para não acorda-lo. Outra rajada de vento invadiu meu quarto me fazendo arrepiar novamente, tinha que dar um jeito de conseguir minha coberta de volta, mas Damon parecia estar tão bem, não queria acorda-lo, levantei-me com cuidado da cama tentando fazer o mínimo de barulho possível, engatinhei até o seu lado tentando livra-lo de minha coberta que estava enrolada nele, puxei com cuidado, mas não consegui livrar nem um centímetro, puxei outra vez com um pouco mais de força vendo um pouco mais de resultado, aumentei a força e assim que eu puxei Damon virou fazendo a ponta da coberta sair de baixo dele e eu cair estrondosamente para trás.

– Meu Deus Elena, o que aconteceu? – Damon pulou do colchão com seus olhos azuis arregalados.

– Você roubou meu cobertor e a Mel enquanto eu dormia – fiz bico e cruzei os braços.

– Merda, você não podia ter descoberto eu ia entregar para a paciente do 114, preciso me desculpar com ela também – disse brincalhão e eu gargalhei alto – Shh, Elena ainda tem gente dormindo – disse se aproximando de mim colocando o seu dedo indicador contra meus lábios.

– A culpa é sua que fica me fazendo rir – dei de ombros.

– Toma esse seu gato, agora que adivinhou meus planos não tem mais graça – falou entregando Mel em meu colo – Agora vamos dormir anjo? Tá de madrugada ainda e hoje o dia vai ser cheio, seu irmão vem para cá lembra? – sorriu ternamente e eu assenti, voltamos a nos deitar e antes que meus olhos voltassem a se fechar arrisquei a falar com ele novamente.

– Vê se fica longe da minha Mel – sorri fraco e ele gargalhou

– Boa noite Elena – se aconchegou entre as cobertas e apagou, não demorou muito e eu fiz o mesmo, me imergi no mundo dos sonhos.

Acordei com um bom humor extinto, minha alma estava serena como se eu houvesse nascido outra vez, sorri pulando para fora da cama, Damon já não estava mais no quarto, provavelmente deve estar tomando o café da manha péssimo que a clinica oferece. Corri até o banheiro escovando meus dentes e entrando em baixo de uma ducha quente, depois de alguns minutos de agua corrente sobre o corpo me enrolei na toalha, assim que virei à maçaneta encontro o par de olhos azuis me encarando sobre a minha cama.

– Tá tentando me seduzir é Elena? – sorriu maroto – Saiba que sou fácil – gargalhou alto me fazendo gargalhar junto.

– Para de dar trabalho e vira logo – disse girando meu dedo indicador para que ele se virasse, assim que ele o fez, apanhei minhas roupas e me vesti rapidamente por mais que eu confiasse em Damon não é legal ter um homem do sexo oposto no mesmo quarto em que você se troca – Pronto – disse assim que peguei minha escova de cabelo desfazendo os nós que insistiam em dar bom dia.

– Trouxe o seu café da manha – disse apontando para a mesinha, sorri ao ver que ele trouxe algo do Starbucks, tudo bem organizado.

– Tá querendo o que Doutor? Não é do seu fetiche trazer café da manha para pacientes – semicerrei os olhos desconfiada – Já vou avisando que a Mel é minha e a paciente do 114 que continue emburrada com você, não tiro a razão dela você é um pé no saco – sorri e ele gargalhou.

– Nossa quanto amor, estou até emocionado, não é todo dia que recebemos uma declaração dessas – disse fingindo limpar as falsas lagrimas – Já que eu não aguento o café dessa clinica – fez careta – Eu resolvi ir até o Starbucks tomar o meu café enquanto você dormia, mas como eu sou um ótimo doutor e cá venhamos o mais lindo, resolvi trazer um para minha paciente já que ela não pode ir até lá comigo. – sorri me lembrando da promessa feita no primeiro dia em que o conheci, de que se eu saísse da clinica iria tomar um café com ele.

– Fico grata doutor Salvatore – sorri pegando a sacola e devorando o meu café da manha.

– Doutor lindo, por favor – sorriu galanteador me fazendo engasgar rindo da sua cara.

– Seu ego está nas alturas hoje em – ironizei

– E você está feliz, não tem ideia de como é bom ver você sorrindo assim Elena – sorriu bobo me fazendo sorrir juntamente a ele – A seu irmão já está te esperando na recepção – assim que Damon falou meu nervosismo aumentou e a ansiedade para ver meu irmão aumentou.

– E por que não me avisou antes? – sorri abertamente – Vamos logo – levantei me com pressa da cadeira.

– Não vai nem terminar o café? – disse fazendo um bico, voltei até a mesa e virei o que ainda restava no copo – Boa garota – sorriu largo para mim.

– Agora vamos – disse o puxando pelo braço até o encontro do meu irmão.

Damon e eu caminhamos lado a lado até a recepção e a cada passo que eu dava sentia meu coração dar um pulo, era sempre assim quando eu via o Jer, eu ficava feliz e ansiosa pelo momento com meu maninho e a sensação de telo perto de mim sempre me fazia bem. Paramos em frente à porta de vidro e lá estava ele, usando sua famosa camiseta xadrez e suas calças jeans surradas, com os cabelos bagunçados e com sua típica cara de sono.Abri a porta sem muita cerimônia e corri para os braços do moreno que me rodopiou pela sala distribuindo diversos beijos em minha bochecha.

–Que saudades pequena –Ele disse colocando-me no chão novamente. Um sorriso grande e bobo tomava conta de seu rosto que com certeza deveria ser o reflexo do meu.

–Também senti saudades, você está mais bonito do que a ultima vez que eu te vi. –Dei um soco de leve em seu braço e ele sorriu ainda mais.

–Eu acho que isso é efeito Anna. –Arregalei meus olhos e deixei que minha boca se abrisse em um grande “O”.

–Anna? Quem é? –Perguntei interessada.

–Minha namorada, mas vamos com calma, não quero falar isso aqui no meio de todos. –Foi só nesse momento que parei para prestar atenção em nossa volta e notei diversas enfermeiras babando pelo meu irmão que abriu um sorriso tímido em resposta.

Jeremy sempre foi muito isolado, nunca teve muitos amigos ou namoradas. Ele preferia mil vezes ficar em frente a um vídeo game do que ir a parques com os colegas do futebol. Eu posso dizer com orgulho que sempre fui e sou a melhor amiga dele, ele nunca me escondeu nada, tudo o que acontecia na sua pacata vida eu era informada e assim eu era com ele, contava todos os meus mais ocultos segredos e ele os guardava muito bem.

Peguei em sua mão e o arrastei por entre os corredores até chegar ao meu quarto, abri a porta e notei que Jer ficou estático.Respirei fundo e o empurrei para dentro fechando a porta atrás de mim. Damon não estava com nós, deveria estar ocupado ou apenas confiava no Jer para cuidar de mim. Caminhei com Jer até minha cama e o pedi para sentar, logo depois me sentei sobre o colchão de Damon e abracei meu gatinho que ainda estava com o cheiro do moreno.

–Ele dorme aqui? –Jer parecia sério demais o que me assustou, ele nunca fez o tipo ciumento.

–Uhum, faz alguns dias isso, ele ta cuidando de mim para que os surtos não aconteçam tão frequentemente. –Falei tranqüila afinal aquilo não era segredo para ninguém, muito menos para meu irmão por que aposto que Lorena já havia informado a ele sobre o meu “guardião”.

–Quando Lorena me contou, não pensei que ele dormisse no mesmo quarto e muito menos do lado da sua cama –Cruzou os braços e em seu rosto estava estampada uma carranca, rolei os olhos e soltei uma risada pelo nariz achando graça de seu ciúmes. –Do que você ta rindo?

–Do seu ciúmes, isso nunca aconteceu –Abracei com mais força meu urso. –Mas me conta sobre a Anna –Pisquei trocando totalmente de assunto o que fez ele revirar os olhos.

–Ela está se divorciando e veio até mim pedir ajuda, eu como um ótimo advogado ajudei –Ele entortou a boca. –Antes que você grite comigo, ela que tomou a iniciativa do divorcio, pelo que me contou ela sofria nas mãos do marido, ele espancava e machucava muitas vezes ela, eu sabia que era verdade assim que ela mostrou os hematomas colorindo seus tornozelos e braços. –Ele respirou fundo, parecia que a lembrança era dolorosa para meu irmão. –Ela é linda Lena, tem cabelos castanhos, olhos igualmente escuros e pele clara, é toda delicada e carinhosa, e bom eu acho que me apaixonei. –Assim que pronunciou suas ultimas palavras as bochechas do moreno em minha frente começaram a adquirir uma coloração avermelhada me fazendo sorrir. Não tinha duvidas que ele estava apaixonado e que essa garota fazia muito bem a ele.

–Fico feliz por você Jer, só não quero que se machuque –Segurei suas mãos. –Mas pelo que acabou de me contar, ela parece uma ótima garota. –Sorri.

–Ela é, e você conhecerá ela no dia do casamento de Lor, eu a convidei –Um sorriso tímido tomou conta de seus lábios.

–Agora fiquei ansiosa –Gargalhei. –Ao menos um de nós tem sorte no amor –Abaixei meus olhos e fitei as madeiras escuras no chão.

–Como assim? O que aconteceu pequena? –Ele parecia preocupado, talvez pelo modo que me expressei, não era tão grave assim então respirei fundo querendo acalmá-lo contando a ele a historia.

–Primeiro de tudo, não tente quebrar meu pescoço ou arrancar meu coração por isso, mas eu acho que estou sentindo alguma coisa pelo Damon –Levantei minhas mãos ao meu rosto o tapando e Jer continuava sem falar nada, com certeza esperando que eu continuasse a contar a historia. –Há umas semanas atrás eu acho, Damon me trouxe o café da manhã e eu tive um ataque, acabei machucando ele e me culpei por isso. Fiz de tudo para afastá-lo e isso parecia doer mais nele do que em mim, então na mesma noite ele veio ao meu quarto tentando se desculpar e eu comecei a chorar, ele me abraçou e nos beijamos... –Suspirei me lembrando da cena.

–Como assim? Vocês se beijaram? –Sua voz saiu um pouco aguda e eu levei meu dedo indicador aos lábios pedindo para que ele fizesse silencio. –Me explica isso –Ele sussurrou.

–É sabe, um beijo, duas pessoas juntam as bocas e o coração... –Ele me cortou.

–Eu sei o que é um beijo, eu quero saber como isso foi acontecer, quer dizer ele é seu médico –Jer estava indignado e eu não tirava sua razão.

–Eu sei, ele sabe, mas aconteceu, eu não me arrependo, mas acho que ele sim, e quando notei isso o afastei de mim, só que ontem ele veio aqui com esse gatinho e me pediu desculpas e prometeu que aquilo jamais aconteceria, o que me deixou chateada por que eu quero que aconteça novamente eu quero ser dele, Jer eu nunca senti isso antes –Falei manhosa me jogando contra o colchão e tapando meu rosto com o travesseiro perfumado de Damon.

–Isso é mais sério do que eu imaginava, você ta apaixonada –Ele concluiu e eu em seguida arranquei o travesseiro de meu rosto olhando assustada para meu irmão. Isso não poderia estar acontecendo, eu ouvi diversas historias sobre o amor e a maioria delas diziam que isso machuca, eu não quero me machucar ou me quebrar ainda mais. Eu estou começando a sentir medo desse sentimento que sinto por Damon.

–Isso não ta acontecendo –Falei fitando um ponto fixo sobre a cabeça de Jer.

–Claro que está, e isso é ótimo –Ele saiu da minha cama e sentou-se no colchão puxando-me para seu colo.

–Como pode ser ótimo uma coisa que é tão dolorosa como as pessoas dizem? –Perguntei me aconchegando mais em seus braços.

–O amor machuca mesmo Lena, não posso lhe mentir sobre isso, qualquer tipo de amor machuca e você sabe muito bem disso –Eu lembrei-me de meus pais e do quanto apesar de tudo eu os amava e eu sei que Jer se sentia da mesma forma. –Mas esse tipo de amor que estamos falando, pode te fazer bem, claro que não é o mais certo e é complicado por que se torna um tanto Romeu e Julieta de tão proibido, mas nada que mataria vocês –Ele riu e eu o acompanhei. –Eu entendo seu medo, é normal, mas pense pelo lado bom, ele pode sentir-se da mesma forma. –Beijou minha cabeça e eu bufei.

–Duvido muito –Rolei os olhos.

–Quer que eu tente conversar com ele? –Aquelas palavras fizeram todo meu corpo estremecer.

–Nunca, você não pode contar nada disso para ninguém, até por que não quero que ninguém saiba, eu jamais admitiria isso a ele, se é que eu estou realmente apaixonada.

–Lena, um dia vocês precisaram conversar sobre o beijo. –Passou a mão pelos meus cabelos.

–Já conversamos, e ele deixou bem claro que isso não acontecerá novamente. –Suspirei tristemente.

–Conhecendo você do jeito que conheço, sei que não deu para ele outras escolhas alem dessas. Esse é o seu problema maninha, você cria uma barreira ao redor de você por medo de que mais alguém te machuque tanto quanto nossos pais fizeram, você tem medo de confiar e amar, mas não precisa, essas duas coisas são boas e podem te salvar. –O encarei encantada com o jeito que ele sabia usar as palavras para me descrever e cada letra que ele tinha falado era a absoluta e certa verdade.

–Eu sei que sou assim, mas dentro desse murro ainda tem uma garota que só quer ser encontrada, quer que alguém seja forte o bastante para ultrapassá-lo e salva-la. –Abaixei minha cabeça fitando nossas mãos unidas sobre meu colo.

–Deixe ele tentar, não se feche tanto, você confia nele? –Perguntou erguendo meu queixo com a outra mão.

–Confio. –Afirmei.

–Então não tenha medo, e se ele fizer qualquer coisa para te machucar ele vai se arrepender pelo resto da vida. –Jer estava sério, eu sabia que quando se tratava de mim tudo era pouco. Ele me cuidava como sua jóia rara, ele me protegia quase mais do que a si mesmo, um típico irmão mais velho que tudo que tem na vida é a irmã.

–Prometo tentar –Sorri. –Mas agora, quer ir dar uma volta pelo jardim? –Perguntei e ele assentiu.

...

Chegamos ao jardim e uma brisa de ar frio atingiu meu rosto, estávamos no meio do inverno e nessa parte da cidade costumava ficar bem frio nessa época do ano. As arvores a nossa volta chacoalhavam deixando suas folhas caírem cobrindo a grama. No céu as nuvens pareciam algodão doce, e as pessoas ao meu redor pareciam todas estranhamente felizes. Isso deixava o dia ainda mais bonito. Segurando a mão de Jer o arrastei até um dos bancos de madeira que estavam postos sobre o chão de pedra e deitei minha cabeça em seu ombro. Esse movimento me arrastou para uma data que eu costumava lembrar sempre que me sentia sozinha e perdida. Respirei fundo deixando minha mente se aventurar nos pensamentos mais nostálgicos que ela encontrasse.

–Bom dia ou tarde –Lorena apareceu interrompendo meus pensamentos antes que os mesmos aparecessem. –Vocês querem almoçar? –Perguntou e quase que imediatamente minha barriga rosnou e Jer gargalhou junto com Lorena. –Venham. –Ela chamou e a seguimos em direção a cantina onde vários pacientes estavam conversando e se divertindo com seus colegas e parentes. Respirei fundo lembrando que se não fosse Jer e Damon eu estaria sentada sozinha em uma mesa rodeada de estranhos.

Sentamos em uma das mesas esperando as enfermeiras servirem as comidas, até que uma garota loira, baixa e sorridente aproximou-se de nós trazendo com ela um caderno surrado. Seus cabelos eram longos e cacheados, seus olhos claros e em seu corpo estava pintado um vestido rosa bebe cheio de flores. Ela sentou-se timidamente ao lado de Jer que sorriu para a garota que deveria ter mais ou menos a minha idade.

–Oi. –Ela disse e eu sorri.

–Oi –Eu e Jer falamos em coro. –Qual o seu nome? –Perguntei curiosa como sempre.

–Caroline Forbes –Sorriu ajeitando os cabelos que insistiam em cair sobre seu rosto.

–Você é nova na clinica? –Perguntei notando a timidez da garota. –Alias me chamo Elena e ele Jer –Apontei e ela sorriu assentindo.

–Uhum, eu cheguei a uma semana, mas só hoje me permitiram sair e conhecer as pessoas, eu vi vocês e achei legal vir..conversar –Ela abaixou a cabeça olhando para suas mãos entrelaçadas sobre a mesa. –Desculpa eu devo estar incomodando, eu vou... –Ela tentou se levantar, mas eu fui mais rápida e segurei seu braço.

–Fica, eu também já fui nova e sei até hoje como é ficar sozinha, pode ficar com nós. –Abri um sorriso carinhoso e a loira retribuiu feliz sentado-se novamente sobre o banco.

–Muito obrigada. –Ela sorriu e no mesmo instante Damon apareceu ao meu lado beijando minha bochecha o que me deixou meio constrangida, afinal nunca fomos tão próximos assim além é claro do dia em que nos beijamos.

–Oi –Falei ainda assustada vendo o mesmo me tomar em seus braços. –Damon... –Chamei sua atenção e o mesmo riu me soltando.

A loira em minha frente estava com os olhos arregalados e com um sorriso sapeca no rosto, revirei os olhos e olhei para Jer que estava com a expressão igual a da loira. Senti minhas bochechas corarem e virei meu rosto para a direção oposta desejando que milagrosamente uma das enfermeiras aparecessem com nossa comida.

–Lena fiquei feliz em te ver passeando pela clinica –Damon murmurou próximo a mim e eu sorri.

–Eu também achei uma evolução essa sua saída minha irmã. –Jer se intrometeu e eu arregalei meus olhos apavorada com sua audição avançada.

–Eu achei bom levar meu irmão conhecer alguma coisa da clinica que não fosse o meu quarto. –Sorri. –E olha conheci até gente nova. –Apontei para Caroline que abriu um sorriso grande contagiando todos na mesa.

–Que bom, isso mostra que você está melhorando –Damon usou sua voz séria de médico e logo depois acrescentou sorridente. –Claro que isso me deixa um pouco chateado por que eu costumava ser seu único amigo aqui, então... –Com meu ombro cutuquei ele que sorria enquanto Jer soltava risadinhas junto com Caroline.

–Para Dam –Falei mandando meu olhar de “o que ta acontecendo” mas o moreno pareceu não entender. –Alias, Caroline esse é Damon meu “guardião” –Fiz aspas com os dedos o que fez Damon sorrir e cumprimentar Caroline.

–O que significa guardião aqui na clinica? –A loira perguntou e eu respirei fundo pronta para explicar.

–É uma pessoa muito chata e grudenta que fica vinte de quatro horas ao seu lado evitando que você tenha surtos por culpa da sua depressão –Fitei Damon pelo canto do olho que estufava o peito orgulhoso.

–E que te leva gatos de pelúcias como pedido de desculpas. –Damon acrescentou.

–Mas logo depois os rouba de você durante a noite. –Cruzei os braços e ele sorriu.

–Leninha você me ama isso sim. –Ele apertou uma de minhas bochechas e eu o mostrei a língua.

–Cadê essa comida? –Jer resmungou e logo minha barriga roncou novamente me fazendo rir. De repente uma senhora baixa, de cabelos brancos e sorriso radiante se aproxima de nós com seu carrinho lotado de bandejas. –Aleluia. –Jer ergueu as mãos fazendo uma cena dramática que arrancou risadinhas de Caroline.

A senhora colocou sobre a mesa as quatro bandejas e os copos com suco de laranja, todos se mantinham em total silencio durante a refeição, o único barulho presente eram dos talheres raspando sobre o prato e os copos sendo postos e tirados da mesa.Assim que acabamos nos aconchegamos mais na mesa e começamos a encarar uns aos outro mas não durou muito por que Jer quebrou o silencio.

–Por que você foi internada Caroline? –Jer falou e eu chutei sua perna embaixo da mesa, eu sei o quanto é ruim tocar nesses tipos de assunto nem todos se sentem a vontade para contar no primeiro instante.

–Eu tenho bulimia a dois anos, meu caso já estava ficando grave de mais e eu não estava mais conseguindo sair de casa de tão fraca que estava, notando isso meu namorado tomou a iniciativa de pedir para meus pais me internarem, eles fizeram, de primeira eu não aceitei é claro, mas depois que Klaus ameaçou me abandonar se eu não fizesse eu vim. –Ela falou com tamanha naturalidade que chegou a me assustar.

–Você tinha bulimia nervosa né? –Damon perguntou e ela assentiu.

–Eu não sei exatamente quando começou, eu só sei que depois de uma festa de formatura que eu fui eu comecei a me achar gorda e eu notei que as pessoas começavam a me criticar pelo peso, eu me senti muito mau e entrei em desespero, eu sempre quis ser modelo e se caso eu começassem a engordar esse sonho não se concretizaria. Então do dia para a noite tudo o que eu comia eu logo em seguida ia para o banheiro e vomitava, eu emagreci rapidamente e então tentei parar de forçar o vomito, mas já tinha se tornado natural, tudo o que eu ingeria eu colocava pra fora. Eu tentei tomar diversos remédios e os mesmos pareciam não fazer efeito, eu achei que morreria então Klaus foi minha salvação. –Ela falou toda apaixonada e eu achei bonito o jeito que ela descrevia o namorado afinal se não fosse ele, hoje ela poderia estar deitada em uma cama de hospital apenas esperando pela morte.

–Esse garoto deve te amar muito. –Falei deitando minha cabeça sobre minha mão que era sustentada pelo meu cotovelo sobre a mesa.

–Ele me ama, e ama meu corpo, eu quero aprender a fazer isso, me amar mais sabe, eu não me amava, caso o contrario não teria feito o que fiz, mas ele acredita em mim e eu nele, sei que passaremos por isso. –Um sorriso brotou em seus lábios e nos meus também. –Mas e você Lena? Por que veio parar aqui? –Eu sei que não sou de me abrir muito para estranhos mas ela acabou de me contar a vida inteira dela, não tem por que eu esconder a minha.

–Eu tinha doze anos, meus pais nunca me deram muita atenção, mal e mal paravam em casa, eu era cuidada por babas e por Jer. Então o bullying começou, todos os dias na escola eles faziam piadinhas sobre mim e meus pais, sobre como eles tinham amor e carinho e eu era gelada e sozinha. Eu comecei a descontar essa tristeza e ódio de mim mesma em mim, eu pegava qualquer coisa afiada que eu achava e a raspava pelo meu corpo e só parava quando o sangue começava a tomar conta do local.Ninguém nunca notou, eu sempre soube esconder muito bem, ou tentei. Depois dois anos minha mãe acabou descobrindo e insistiu em me internar, eu neguei a todo segundo, ela dizia que eu era louca e eu sabia que não era, mas mesmo assim acabei vindo parar aqui. –Terminei a historia abaixando meus olhos até a mesa onde notei as mãos de Damon segurando as minhas. Abri um sorriso tímido e fitei seus olhos azuis cheios de compaixão e piedade.

–Vamos mudar de assunto? –Quebrei o silencio doloroso sorrindo.

– Você também tem algum namorado fora da clinica Elena? – Assim que Caroline cuspiu as palavras Damon direcionou seu olhar vidrado para mim, como se a resposta o interessasse.

– Eu nunca namorei – disse meio sem graça passando as mãos pelos meus fios negros, Damon me olhou com os olhos esbugalhados como se não acreditasse no que eu falava.

– Porque não quis? Ou... – Caroline continuou e eu a interrompi antes de terminar a frase.

– Porque tenho medo – senti que minha conversa estava sendo virada para o Damon, ele estava atento as minhas respostas. – Eu nunca fui amada por ninguém, nunca me deixei ser amada. – completei

– Quando conhecer a pessoa certa, esse medo vai passar – Caroline disse sorrindo para mim como se tentasse me reconfortar.

– Assim espero – sorri amarelo, o celular de Jeremy começou a tocar e pelo sorriso que se abriu em seus lábios logo percebi que se tratava da tal “Anna”

– Elena eu vou... – disse passando as mãos nervosamente pelos cabelos.

– Pode ir, diz para Anna que mandei ela cuidar direitinho do meu irmão – sorri recebendo um forte abraço do meu irmão, mesmo não querendo que ele vá embora, eu não quero impedir a felicidade do meu irmãozinho, ele merece ser feliz e não vai ser eu que vou atrapalhar isso.

– Prometo vir te visitar o mais rápido que eu puder – disse me apertando mais forte e distribuindo vários beijos em meu rosto.

– Prometeu agora vai ter que vir – dei um demorado beijo em sua testa – Eu te amo – sorri fraco.

– Eu te amo mais – deu um beijo no topo de minha cabeça e andou até Damon, dando um tapa nas costas dele – Cuida bem dela – disse sério e Damon assentiu.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Comentem e façam duas escritoras felizes.xx