Os Vingadores: Blackout escrita por Tenebris


Capítulo 13
Diálogo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/334087/chapter/13

- Eu? – Indagou Anne, que mal conseguia se mover. Apenas fixou seu olhar naquele deus, que agora a fitava na tentativa de repreender o terror momentâneo.

Era uma sensação absolutamente estranha.

Anne estava em um cubículo de quatro metros quadrados, sem janelas, completamente presa e acompanhada do criminoso mais perigoso dos últimos tempos. À primeira vista, conseguiu identificar nele sinais de histeria e crueldade, porque a presença do deus inspirava isso. Mas não teve medo. Apenas receio. Não era o tipo de missão que esperava para si.

- Quem é você, humana? – Indagou Loki, aproximando-se com cautela. Seus movimentos eram, em geral, evasivos. O modo como pronunciara “humana” incomodou Anne. O deus exalava superioridade, olhando-a como se estivesse sempre um passo a frente.

- Anne Stein. Fury me mandou aqui para garantir que não haja problemas. – Disse Anne, aparentando mais frieza do que realmente sentia.

- Ora, ora... Uma Vingadora? Se Fury está aqui, é porque os Jotuns estão causando muitos problemas. – Falou Loki, fingindo decepção.

Na verdade, ele até parecia estar um pouco aturdido. Anne sentiu-se melhor por saber que causava confusão naquele deus. Mesmo assim, não parava de se perguntar o que havia nela que era capaz de desestabilizar Loki daquela maneira.

Além disso, Anne percebeu imediatamente que ele queria tirar informações dela. Então, sorriu irônica, e respondeu:

- Você sabe o que está acontecendo, mas não se preocupe. Não vai precisar sair daqui...

Loki parou, pensativo. Depois, falou:

- Você é muito confiante, humana... Se está na equipe dos Vingadores, deve ter algum poder magnífico...

Anne encostou-se a um canto da cela, percebendo que passaria ali mais tempo do que gostaria. Mas não entregaria nada a Loki. Já o deus planejava descobrir qualquer coisa a respeito de Anne. Ele sabia que precisaria dela. A visão lhe mostrara isso. Mas o que deveria fazer com ela, isso ele não podia imaginar...

Anne apenas deu de ombros, sem respondê-lo.

- Nick deve tê-la orientado muito bem. Não está caindo nas minhas armadilhas... – Comentou Loki.

Anne sorriu, sem saber se podia confiar ou não nas conclusões do deus:

- Sou boa nisso.

Então, Loki aproximou-se. Não usava sua esplêndida roupa verde e dourada de que Anne se lembrava. Usava uma roupa preta e simples, o que o deixava com a aparência mais intimista. Ele pensava apenas em sondar tudo o que podia em relação àquela garota. Tinha certeza. Ela era a garota de seus sonhos. E, por mais que Loki quisesse fulminá-la por seus insultos, não o faria. Precisava descobrir tudo o que fosse possível em relação a ela. Porém, um fato ele sabia.

Se Fury mandara a garota para ele, era porque estava tendo dificuldades com os Jotuns. Era questão de tempo até que os Gigantes de Gelo atravessassem o flanco de batalha e o tirassem daquela cela pérfida.

- Não tem medo? – Perguntou Loki, fitando Anne nos olhos. Reconheceria-os em qualquer lugar. Porém, a expressão de medo no sonho dele, dava lugar a uma expressão de desdém no rosto na menina.

- Eu deveria ter? – Indagou Anne, olhando-o de onde estava. Os braços rentes ao corpo.

- Não vou machucar você. Sou mais inteligente que isso... – Disse Loki, o sorriso inclinado surgindo em seus lábios.

Anne fitou-o por alguns instantes.

Até mesmo imaginara alguma tentativa vã de Loki atacá-la, mas o deus decididamente não parecia querer fazê-lo. Concluiu que Loki era a pessoa mais indecifrável que poderia existir, até mesmo mais do que Gambit. O deus da trapaça usava das mesmas metáforas e de todo recuso que dispunha para deixar a atmosfera mais vaga e imprecisa. Simplesmente era impossível decifrá-lo. Isso só deixou Anne mais curiosa a respeito dele. Que planos teria para ela, então, o deus da trapaça?

Eles ficaram em silêncio por um bom tempo, cada qual em um canto oposto da cela.

Anne não sabia muito bem para onde olhar, de modo que se limitou a sentar no chão e abraçar seus joelhos com as mãos, fitando o vazio. Enquanto isso, Loki dava voltas em círculos pela sala, olhando Anne com seus olhos perigosamente verdes. Sua expressão passava a sensação de que Loki sabia de algo em relação à Anne que ela desconhecia. Sentiu-se vulnerável sob o olhar daquele deus, como se ele pudesse decifrá-la apenas com o olhar. E ela, sem ao menos saber como se portar na presença dele.

E, sim, Loki a olhava como se a estudasse. No pouco contato que tivera com Anne, percebia o quão teimosa ela era, apenas pelo modo como lhe tratara. Não tratava Loki com o devido respeito que um deus e futuro rei merecia. Aquilo o incomodou um pouco... Como a garota poderia desafiá-lo de tal forma? Ficou, então, a olhá-la todo o tempo, feliz por saber que ela se sentia constrangida.

Então, uma voz chamou por Anne, tirando-a de seu torpor:

- Anne! É O Nick. Saia daí, preciso falar com você. – Disse Nick, o tom de voz preocupado.

Loki parou onde estava ao ouvir a voz de Nick. A expressão do deus era de diversão. Uma perigosa diversão.

Anne levantou-se, mas ficou sem saber como sairia dali.

Ora, Loki poderia tentar atacá-la, tentar escapar, ou algo do gênero. Desse modo, Anne raciocinou no pouco tempo que teve. Sentiu que poderia adaptar-se à grade da cela, que era feita de energia pura.

- Já vou! – Gritou Anne, na esperança de conter a impaciência de Nick.

Então, aproximou-se da grade. Os estalidos elétricos surgiam conforme ela se aproximava ainda mais... Assim, Anne conseguiu atravessar a grade como se nada houvesse lá. Fora simples. Ela adequou seu corpo à energia das grades. Atravessara a barreira energética de maneira que qualquer pessoa comum seria fulminada. Loki, que a olhava atentamente, parecia rir-se dela enquanto Anne caminhou na direção dos choques que a parede emitia. Depois, Anne não mais conseguiu ver sua expressão.

Era como se ela tivesse ficado invisível e atravessado a parede da cela.

- O que... Você fez? – Indagou Nick, estupefato. – Eu ia manda um guarda abrir um pedaço da grade...

- Acho que esse poder tem outra utilidade. Adaptei-me à energia da grade e passei através dela. – Comentou Anne, feliz por sair de perto da presença incômoda do deus.

- Ah, isso vai ser muito útil daqui pra frente... Como ele se comportou? – Perguntou Fury, apontando com o queixo para a cela de Loki.

- Quase indiferente. – Disse Anne, ansiando por outros assuntos.

- Não tentou absolutamente nada? – Disse Fury, demonstrando surpresa.

- Nada. – Confirmou Anne. Fury pareceu desconfiado, mas não fez mais perguntas.

- Não sei se isso é bom ou ruim... Mas... Trago notícias. – Ele abaixou a cabeça. Isso só conseguiu deixar Anne ainda mais confusa.

Aliás, ela odiava essa sensação de confusão que recentemente havia se instalado nela.

- Notícias boas ou ruins? – Perguntou Anne, rindo descrente.

Só desejou que não tivesse havido baixas nos Vingadores. Imaginou que, se Fury tinha ido até ela conforme prometera, tudo devia ter ocorrido segundo o plano. Eles conseguiram evitar qualquer invasão mais grave por parte dos Jotuns. Mas, devido às proporções da batalha, em breve os Gigantes de Gelo retornariam e isso ainda exigiria um longo caminho a ser percorrido.

Fury olhou para Anne como se quisesse transmitir sua mensagem somente pelo seu olhar incisivo.

- Boas e ruins. Qual você quer ouvir primeiro? 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!