"Tinha chegado mais cedo que de costume e vi que ela estava em casa. Ao entrar em seu quarto levei um susto. Ela estava sentada na cama com os olhos inchados e de malas feitas. Foi nesse dia que ela se foi sem me dizer porque nem para onde iria, apenas foi. No momento em que ela virou as costas, saiu e fechou a porta ao passar, o meu pesadelo começou."

Boston, Massachusetts - 06/18/2008

Oi Sarah,

Quando você se foi  para sempre eu tentei ser forte e não cair no profundo buraco que se abriu diante de mim, mas nunca tive sucesso e cada dia que passa parece ser pior que o anterior. É tão difícil seguir em frente quando se está marcada pela tragédia. Sabe, meu chão começou a cair naquele dia em que você saiu de casa sem me explicar nada. Você, que nunca me escondera nada, se foi sem me dizer uma palavra sobre a razão, disse apenas que iria se mudar. Você não sabe, mas naquela noite, quando você saiu, eu chorei bastante. Você me conhece, não sou de chorar. Você sabe o que eu fazia quando estava mal... Eu não chorava, sangrava. Você me ajudou a parar com essa maluquice. Mas naquele dia eu não derramei apenas sangue, mas lágrimas também.  Acho que naquela noite minhas lágrimas finalmente se libertaram. Hoje elas caem fácil. Na ocasião, depois de chorar muito por sua mudança, minha tristeza aos poucos virou raiva. Foi nessa época que você me enviou o cartão e me ligou no meu aniversário. Eu sinto tanto não ter confiado mais em você. Tenho certeza que se fosse eu a ir embora sem explicações, você não teria raiva. Sei que não. Você sempre confiou cegamente em mim. Eu não fui capaz de fazer o mesmo por você e isso me custou caro.

Ainda derramo lágrimas e sangue e não sei se conseguirei parar algum dia.

Me perdoa.

Sua amiga idiota,

Lisa Kent.