Entre O Sol E A Lua escrita por Lola


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

olha sóó o antepenúltimo capítulo!!!!!!!kkk
espero que gostem, e já vou avisando, ficou gigantesco!!



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Eu não sabia que eu tinha a capacidade de ficar tão nervosa o quanto eu fiquei.  Minhas mãos começaram a suar e eu podia sentir minha cabeça girando. Minha respiração estava rápida, e até Sara, ao meu lado, também surtava. Me levantei da bancada, assustada. Droga, droga, droga...

Eu não podia encontar meus pais naquela condição. Se eu o fizesse, eles iriam achar que eu havia mudado mais do que o real. Eu tinha que voltar a ser eu mesma. Respirei fundo, tantando afastar todos os maus pensamentos da minha mente. Inspira, expira. Inspira, expira.

Me levanto e checo meu pulso rapidamente. Depois, sussurro a Lucas e Sara:

-Fiquem aqui. 

Eu ando até a porta. Me sinto como uma daquelas vacas que são preparadas para ir para o matadouro. Ando trêmula, mas em questão de segundos, meus passos se tornam mais firmes, enquanto vou decidida em direção a porta. Levanto o queixo, ergo os ombros e dou um sorriso irônico. Parece que eu sofro essas transformações em muito pouco tempo. Assim que atinjo a porta, já sou Nahemah, o demônio.

Coloco os meus dedos finos e longos na fechadura fria e a giro. 

Vejo meus pais a minha frente. O cabelo claro de minha mãe, sua palidez. Os olhos do meu pai... Eles não dizem nada, mas eu vejo pelas suas expressões que eu estou completamente ferrada. Mas consigo avistar algo por trás dos ombros de minha mãe. Carros. Carros e mais carros. E motos. Todos eles pretos e estacionados no quintal. Suspirei e falei, baixo:

-Estou vendo que voce trouxe a artilharia pesada... 

Meu pai me encara. Seus olhos negros faíscam enquanto ele fala, baixo,mas perigoso:

-Onde está seu anjo, Nahemah? 

Não sei o que responder. Respiro, e de repente a idéia vem a minha cabeça. Eu vou falar a verdade. Vou ser o demônio. Vou provoca-lo. 

-Em algum lugar da casa.- respondo, enrolando uma mecha de cabelo nos meus dedos.

-Nahemah. 

Minha mãe. Ela me encara, seus olhos impiedosos. Seus dedos longos tentam me alcançar, mas eu desvio. Não. Ela devia estar do meu lado, ela é minha mãe. Eu balanço a cabeça, desolada. 

-Sinto muito, mãe. - sussuro, e juro que por um segundo consigo ver uma pontinha de remorso em seus olhos. Mas isto logo desaparece.

Sara chega as minhas costas e vê meus pais. Ela os cumprimenta com um curto movimento de cabeça. Ela sim é corajosa. Ela é minha família. Eu sorrio quando ela coloca seu braço no meu ombro e demonstra que está do meu lado.

-Damballa, você ainda têm uma chance... - meu pai sibila para Sara.

Sara sai de traz de mim e encara meu pai. Sua voz sai alta e grave quando ela responde:

-A questão é, tio, que eu não quero outra chance. 

Eu me surpreendo. Realmente. Sara nunca foi do tipo de pessoa que enfrentava os outros. Ou ela se calava ou simplesmente aceitava o que quer que fosse. Ela só era uma pessoa muito boa, e ouvi-la falar daquele jeito me deixou nervosa. EU deveria ser a corajosa, mas quem estava me defendendo era minha prima.

-Tudo bem... mas vocês irão sofrer as consequências. - minha mãe sussurrou, se fazendo ser ouvida.

Eu observei o jardim por alguns segundos. Estavam todos ali. Amigos, tios e primas. Pessoas com quem eu havia convivido minha vida inteira estavam ali para me matar. Suspirei, me virando e batendo a porta na cara dos meus pais. Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo. Encostei minhas costas na porta e respirei fundo. Eu estava tão ferrada.

-Savannah... - Lucas apareceu na minha frente, o cabelo loiro bagunçado.

-Nossa, ela não parece perigosa...

Eu não queria me levantar. Parecia que toda força dentro de mim havia ido embora e agora só havia sobrado... eu. Mas quando ouvi a voz feminina junto com a de Lucas, levantei a cabeça. Uma loira alta, bonita e olhos azuis estava parada ao seu lado. Sua roupa era toda branca, e seu cabelo caia em cachos em seu ombro. Assim que a vi, me levantei, batendo na minha roupa para tirar a poeira.

-Bom, você não têm auréola nem asas, mas eu não te julgo. Não se engane pelas as aparências. - responde, me dirigindo para a cozinha.

Sara estava sentada na balcada, seus pés balançando dentro de delicadas sapatilhas. Começei a procurar algo nos armários, abrindo todas as portas e fazendo estardalhaço. Eu só estava cansada, de tudo. Da minha vida, da confusão em que eu sempre estava metida. Queria que meu irmão estivesse comigo. 

-Savannah, esta é a Cat... ela trouxe alguns amigos e...

Achei! Levantei a garrafa de vodka triunfante e dei um sorriso irônico para Sara, que revirou os olhos e riu. Que todos se explodam!, pensei. Eu estava tão desanimada e cansada que não iria ligar se todas aquelas pessoas entrassem na casa e nos trucidassem. Abri a garrafa com o dente e tomei um gole enorme, nem prestando atenção em Lucas. Que seja.

Tomei mais um gole do líquido, que desceu queimando em minha garganta. Me deitei na bancada junto a Sara e encostei minha cabeça em seu colo, enquanto virava a bebida guela abaixo. 

-É ela por quem você se apaixonou? Achei que tinha mais bom gosto... - Catherine falou, jogando seu cabelo loiro para o lado.

Não sei o que aconteceu nos segundos seguintes. Só sei que em um piscar de olhos eu tinha me levantado e a empurrado pela garganta até ela chegar na parede mais próxima, minhas unhas pressionando sua pele. Achei que estava cansada, mas aquela garota já tinha falado demais. E eu estava de saco cheio, pelo amor de Deus! 

-Como este verme chegou até aqui? - sibilei, enquanto apertava mais ainda o pescoço da menina.

-Pelos fundos, e além do mais, usaram um truque para não serem vistos. - Lucas falou, agitado, enquanto passava as mãos pelos cabelos.

-Sabe, Cat, estou tentada a joga-la para aqueles demônios como se joga ratos para cobras. - eu falei, ironicamente, enquanto a arrastava pelos pescoço para o hall principal.

Lucas tentou me impedir, mas não conseguiu. Eu era forte demais para ela, determinada demais. E aquele anjo estava me irritando. Simplesmente não queria mais sua ajuda, porque de um jeito ou de outro, eu sabia que iríamos morrer. Eu e Lucas. E nada, nenhum ser sobrenatural iria impedir que isto acontecesse. Sara também não me impediu, só ficou olhando a cena curiosamente.

Coloquei a mão na porta, mas algo me impediu. Ainda segurava Catherine com os dedos, mas assim que a mão grande e firme segurou meus ombros, tive que a soltar. Lancei meu cotovelo para traz, que causou um barulho de cartilagem se quebrando. Era um rapaz que me segurava. Alto e moreno, com os olhos verdes. Ele tentou me segurar novamente, mas lancei meu joelho para frente e este acerteu seu peito. Tentei desferir mais algum golpe, mas desta vez, várias mãos me seguraram. Meus braços, minhas mãos e meu ombros. Lutei para me soltar, mas eles eram inflexíveis.

O rapaz moreno se levantou, limpando o sangue que pingava do seu nariz na sua blusa. Seus olhos verdes me observaram e eu pude vê-los realmente. Brilhavam e eram lindos. O dono deles, totalmente em pé, era enorme. Me ultrapassava em trinta centímetros facilmente. Ele falou:

-Ela não veio sozinha, Savannah. 

Anjos. Olhei ao redor e os vi ocupando os portais, começando a se sentarem nos degraus das escadas. Eram muitos, e nem eu seria capaz de enfrenta-los. Eu olhei de relance para traz e vi pelo menos cinco anjos tentando me segurar. Suspirei e parei de tentar escapar de suas garras, e seus apertos logos suavizaram e suas mãos saíram de cima de mim.

-Mesmo? - perguntei irônicamente.

Lucas veio para meu lado, passando seu braço pela minha cintura. Eu deixei, me sentindo melhor com seu corpo encostado no meu. Mais calma.

-Não precisamos de ajuda. - falei, ameassadora. 

O rapaz de sentou na beirada de uma mesinha de centro, ainda pressionando seu nariz. Seus olhos relancearam para a porta por apenas alguns segundos, depois ele disse:

-Parece que precisam sim... entenda, Savannah, não viemos aqui para te julgar. Nós não somos como eles. 

Eu balançei minha cabeça, enquanto dizia:

-A questão é que eu sou exatamente como eles. E mais ou menos daqui a cinco minutos eles irão entrar nesta casa e irão me matar. Vocês podem levar Lucas, na verdade, eu imploro para que o levem. Mas eu vou ficar.

-Nós também. Vamos te protejer e a Sara. - o rapaz falou. 

Mas eu tinha outra coisa em minha mente. Como ele sabia meu nome? Ninguém havia falado. Como ele sabia onde era a casa de minha tia? Aquilo estava muito estranho... e foi naquele momento que eu entendi. Eu reconheceria aqueles olhos verdes em qualquer lugar. 

-Você matou meu irmão. - sussurrei, o ódio emanando em minha pele.

E ninguém mais poderia me segurar. Eu atravessei a sala, uma névoa preta se espessando ao meu redor. Dei um murro tão forte no rapaz moreno que ele trincou a parede ao colidir contra ela. Eu não queria parar, e tudo que passava pela minha mente era o sorriso do meu irmão.

Mas então ouvi um barulho, a porta da casa se escancarou e pude vê-los. Os demônios estavam invadindo a casa.


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Notas finais do capítulo

E aí geente?? gostaram??



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