Recomeçar escrita por LoaEstivallet


Capítulo 7
O silêncio e a certeza


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, aqui está o cap inédito. Vejo vocês lá em baixo?!

Bjos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/333305/chapter/7

Bella podia sentir e ouvir o palpitar frenético do coração de Edward enquanto o beijo, já tão intenso, se aprofundava.

Uma guerra se iniciou em seu íntimo. A racionalidade e o orgulho disputavam espaço com seus sentimentos.

Ela se debatia entre a vontade de permanecer ali, nos braços do homem de sua vida onde era seu verdadeiro lugar, seu lar, e a consciência de que estava cometendo um erro tremendo ao ceder àquela paixão tão antiga, profunda e real, que era parte dela mesma, que a fazia ser quem era.

Ceder significava admitir. E admitir significava aceitar. Aceitar que ela estava errada também, aceitar que esteve errada todo esse tempo.

O orgulho sobrepujou até mesmo a racionalidade, cegando Bella para o que era realmente importante.

E enquanto Edward, envolvido completamente na sensação de familiaridade e regozijo que o beijo lhe provocava, esquecia o resto do mundo, Bella se deixava convencer pelo apelo de seu ressentimento.

As mãos pequenas deslizaram devagar da nuca até o tórax dele, absolutamente relutantes em afastar o deleite que dominava Bella por inteiro. Recolhendo forças em sua mágoa não superada, ela empurrou Edward, no princípio com hesitação, mas no instante em que as mãos másculas deram sinais de que não permitiriam um espaço entre os corpos, a raiva cresceu, e amplificada pela dor, adquiriu a força necessária para quebrar a conexão entre eles.

- Não... – Edward gemeu baixo – Não resista mais... Deixe acontecer...

- Não Edward... – Ela murmurou decidida – Não podemos...

Então ele a afastou, sem tirar as mãos de sua cintura, olhando nos olhos castanhos com firmeza e determinação.

- Você ouviu o que eu disse quando cheguei aqui? – Ele perguntou com o tom grave – Não me faça desistir... Por favor...

Ela sentiu seu coração vacilar, mas retomou o controle de suas emoções com rapidez, concentrando-se em sua escolha.

- Eu ainda amo você, Edward... – Falou com o olhar brilhante e triste – Mas a verdade é que eu não sou capaz de perdoar o que fez... Eu pensei no que me disse hoje à tarde, e acredite, eu queria muito ser capaz de pôr tudo de lado e ficar com você... Mas não sinto que conseguiria confiar em nossa relação novamente...

Edward respirou fundo, tentando se acalmar.

- Eu posso entender isso... – Começou com a voz branda – E eu te digo, Bella, que se você decidir voltar pra mim eu faço tudo e qualquer coisa pra te fazer sentir segura outra vez... Eu largo tudo, eu mudo tudo em minha vida por você... Eu só preciso de uma chance.

- Eu não consigo... – Ela sussurrou derrotada.

- Porque não? Seu amor por mim é o que tem que prevalecer... Nós pertencemos um ao outro Bella...

- Nós dois... Não é mais certo... Nunca vai ser como um dia foi...

- Pode ser melhor! Basta que nos esforcemos e nos concentremos nos nossos sentimentos! – Edward expirou com força, passando uma das mãos pelos cabelos – Será que você não consegue enxergar? Eu e você, juntos. Isso é certo. O resto a gente adapta, controla, contorna... Não sei... Mas nós nos amamos! Isso tem que contar mais que qualquer outra coisa!

- Não, Edward! – Ela exclamou se afastando – Não é suficiente!

Ele deixou a sensação de cansaço e derrota se apoderar dele, arriando seus ombros.

- Só me responda uma coisa... E dependendo do que você disser eu juro que desisto...

Bella sentiu seu corpo estremecer em medo. O tom grave de Edward evidenciava a convicção dele em aceitar a opção que ela fizesse, de uma vez por todas.

- Todo esse tempo eu acreditei que você não me amava mais... – Ele continuou, o olhar fixo nos olhos dela – E mesmo sem esperança alguma eu confesso que desejava, esperava que um dia tivéssemos outra chance... Mas a verdade, Bella... A verdade é que, eu te disse hoje mais cedo, eu estou cansado de sofrer por você... Essa dor não cabe mais em minha vida. Eu cheguei num ponto onde dois caminhos se estendem em minha frente... Ou eu continuo a insistir e a sofrer, acreditando que alguma hora você vai se dar conta de que seu lugar é ao meu lado... Ou eu abro mão de você definitivamente, e me concentro em viver o que a vida me ofertar, tentando ser feliz o tanto quanto for possível sem você...

Ela o ouvia atenta e temerosa.

Tinha certeza de que ele a colocaria contra a parede. E se fizesse isso, não teria volta. Pra nenhum dos dois.

- Eu posso insistir... – Edward prosseguiu – Se eu tiver a certeza de que ainda tenho uma chance... Mas é você que vai me dizer. Eu ainda tenho? – Ele indagou com a voz trêmula pela insegurança do que ouviria – Você se sentir incapaz de me perdoar... É definitivo? Ou existe alguma forma d’eu reverter isso?

Ela ponderou, amargurada pela contundência daquela situação. Aquele era um momento definidor. A partir do que ela dissesse, tudo estaria irrevogavelmente  estabelecido.

- E-eu... Não posso... – Ela sussurrou sem forças, as lágrimas quase transbordando.

Edward deu dois passos e alcançou seu rosto com a mão, segurando-lhe a face.

- Eu te amo, Bella... E quero você de volta pra mim. Isso nunca mudou. Só me diga se ainda posso ter alguma esperança...

- Não... Não pode... Eu não posso... – Ela falou já em pranto – Por favor, vá embora...

- Olhe pra mim – Ele pediu, e ela assim o fez – Não pode... Ou não quer?

- Que diferença isso faz? – Ela repetiu a pergunta que ele fizera a Alice.

- Só me responda...

Angustiada por estar sendo pressionada, confusa entre seus sentimentos e razões, Bella agiu impulsivamente, respondendo a primeira coisa que lhe veio a cabeça, sem nem sequer raciocinar sobre as motivações de Edward naquela pergunta tão específica, ou se preocupar com as consequências de sua resposta.

- Eu não quero. – Falou sem convicção.

Mas Edward não percebeu o tom hesitante na voz da ex-mulher. Ouvir aquilo o cegara de uma maneira irreversível.

Ele suspirou, e respirou fundo, e expirou pesadamente em seguida, tentando concatenar as idéias. Sentiu como se algo houvesse se quebrado dentro dele, não como antes, quando a perdeu ou quando se divorciaram, ou as tantas vezes em que Bella o feriu com suas palavras e gestos ressentidos. Não. Dessa vez foi completamente diferente.

Ele sentiu como se o único elo que os conectava houvesse finalmente e fatalmente se partido, deixando sua alma em pedaços e um buraco enorme no lugar onde antes batia seu coração já dilacerado. Sua esperança se fora, sendo substituída por seu cansaço, por sua ruína. Terminantemente.

Deixou a mão cair ao longo de seu corpo e olhou fundo nos olhos dela.

- Que assim seja.

E sem dizer mais palavra alguma, virou as costas e saiu do apartamento.

Bella permitiu que seus joelhos cedessem e liberou seu pranto, intensificado pelo tempo em que ela reprimiu o próprio sofrimento.

Estava acabado? Agora era realmente para sempre?

Ela não sabia a resposta.

***********************************************************************

Na manhã seguinte Edward não conseguiu levantar da cama. A noite insone o incapacitara.

Ele não havia chorado. Nem uma única e solitária lágrima fora derramada, por pura deliberação. Mas ele podia sentir a fragilidade emocional em que estava mergulhado. Seu coração parecia entoar um canto de lamentação, uma sonora canção de despedida.

Olhou o relógio no criado mudo. Sete horas.

Era muito cedo ainda, e ele tinha certeza de que Alice ainda estaria na cama, mas precisava da irmã como um cego de sua bengala. Ele não sabia que direção tomar, ou como agir a seguir. Precisava da baixinha para se sentir encorajado.

Só uma certeza o preenchia.

Bella era passado. Um passado sem volta.

Pegou o celular e discou.

A voz sonolenta da irmã estava mesclada a um tom divertido.

- Tem boas notícias? Pra me ligar assim tão cedo é bom que as novidades sejam quentes, e eu quero detalhes...

- Você pode vir até aqui? – Ele perguntou sem disfarçar a tristeza em sua voz – Tô precisando de você...

Alice ficou muda por um instante, e quando falou parecia bem acordada.

- Você está bem? Eu digo... Não fez nenhuma loucura, não é? – Perguntou alarmada.

- Estou bem sim, quer dizer, fisicamente bem... Vem logo...

Notando a prostração na voz do irmão, Alice se levantou.

- Tudo bem, me dê vinte minutos.

Eles se despediram e Edward levantou apático, seguindo para o banheiro num gesto mecânico.

Pouco mais de vinte minutos depois, tinha Alice em sua sala. Acomodou sua cabeça no colo fraterno, enquanto narrava à irmã os fatos da noite anterior.

- Ed, você tem que tentar entender que...

Edward se levantou bruscamente, interrompendo-a.

- Não, eu não tenho que entender mais nada! – Esbravejou encolerizado – Chega Alice! Eu não vou passar o resto de minha vida sendo um joguete nas mãos dela! Se ela não quer, que seja! Eu que fui estúpido em passar todo esse tempo me iludindo. Eu sou homem! Deveria ser mais fácil pra mim superar isso do que pra ela!

- Ah, não vem com machismo, não, tá bom? Você está se deixando levar pela raiva, pela rejeição... Ela está confusa... Essa é sua chance. Ou você realmente acreditou que seria assim tão simples? Que ela iria aceitar tudo rapidinho e cair em seus braços?

- Simples?! – Ele indagou consternado – Alice, fazem quase três anos! Você acha mesmo que eu lutei pouco por ela? Que eu desisti fácil?

Ela ficou calada, aceitando a razão dele.

- Eu ainda a amo... – Edward murmurou triste – E realmente acredito que nunca vou deixar de amar... Mas já deu. Eu já paguei pelo meu erro, já me rastejei aos pés dela... Ela não quer! Eu não posso mais insistir! Tá na hora de tocar minha vida pra frente... Dessa vez, de verdade.

- Tudo bem, meu irmão... Tudo bem. – Alice falou apaziguadora – Eu entendo seu lado... Não vamos falar mais sobre isso, ok?! Só me deixe cuidar de você um pouco. Logo tudo vai estar bem outra vez, você vai ver...

Edward sorriu um sorriso melancólico, e se deitou novamente no colo da irmã, confortado com seus carinhos.

Em silêncio Alice ponderou.

Bella precisava enxergar as coisas mais claramente. E ela sabia exatamente o que fazer pra alcançar isso.

***********************************************************************

A idéia se formara sem que ele percebesse, assim que, fazendo uma limpeza em sua caixa de e-mail, Edward encontrou uma proposta muito tentadora e totalmente conveniente de um antigo colega de faculdade.

Henry Miller, um de seus grandes companheiros da época de Harvard, agora diretor do JohnJames Memorial Hospital, um dos melhores hospitais particulares de toda Austrália, havia proposto a ele, quatro meses atrás, que ocupasse a direção do departamento de cirurgias cardíacas da instituição.

Na época, ainda em seu surto de esperança infundada, Edward não quis se ausentar de seu país, justamente para não aumentar a distância que havia entre ele e Bella. Colocar dois oceanos e três continentes entre eles frustraria qualquer tentativa de reconquista-la. Além do mais, a clínica já estava sendo construída, então ele agradeceu ao amigo e descartou a possibilidade. Mas agora...

Edward recostou-se na cadeira, encarando a mensagem na tela do notebook. Se questionou o que teria a perder, caso a proposta ainda estivesse em aberto e ele a aceitasse.

A clínica era seu único patrimônio significativo, mas ele poderia deixa-la sob os cuidados do pai ou de algum administrador de confiança. A manteria como uma futura herança para Anthony. Seu apartamento poderia ser alugado, ou mesmo, fechado. Tinha certeza de que Alice cuidaria para que estivesse sempre pronto para recebê-lo quando viesse visitar o filho ou a família.

Tinha Kate... Mas sendo honesto consigo mesmo, apesar de ter um imenso carinho por ela, de apreciar sua presença, ele sabia que não estava apaixonado. Odiaria magoa-la, mas se necessário fosse, agiria de acordo com suas necessidades. Precisava ser um pouco egoísta nesse momento.

O maior problema era a distância que existiria entre ele e o pequeno Tony. Não poderia vê-lo com a frequência a que estava acostumado, e provavelmente nem mesmo a que seria minimamente ideal. A saudade seria uma grande tortura. Mas Edward sentia que precisava de um recomeço, real e definitivo desta vez, e teria que ser longe da ex-mulher. Não poderia se dar ao luxo de ser tentado novamente pela esperança.

Decidido, fez a ligação. E em algo mais que meia-hora já tinha sua resposta.

***********************************************************************

O domingo amanheceu ensolarado e atraente. Um ótimo dia para relaxar na piscina e descansar da correria da semana. Mas Edward estava ali, na casa dos pais, por um objetivo. Dar o segundo passo em direção a sua nova vida.

Encontrou a irmã e o cunhado conversando animadamente com a mãe, que tão logo notou o filho, levantou-se para abraça-lo.

- Meu amor! – Esme exclamou carinhosa – Porque não ligou? Teria mandado preparar sua comida preferida!

- Oi mãe... – Edward falou sorrindo, enquanto a abraçava – Oi Jazz, Allie... Eu não vim pra curtir a piscina, desculpe. Nem posso demorar. Onde está o papai?

- Seu pai está lá dentro, numa ligação... – Ela perscrutou o olhar irrequieto do filho – O que houve?

- Não houve nada, eu só... Preciso dar uma noticia a vocês.

- Que notícia? – Alice perguntou, se adiantando ao comentário da mãe.

- Vamos esperar o papai. É um assunto sério e eu prefiro que estejam todos presentes.

Alice olhou para o marido, espelhando seu ar de confusão.

Sentaram-se todos, tentando compreender o olhar opaco de Edward. E assim que Carlisle pôs os pés na área externa, a tensão esmagou cada um dos presentes.

Edward se levantou, encarando firmemente o olhar questionador do pai.

- Bom... Eu vim aqui pra avisar que estou me mudando. Amanhã eu parto para a Austrália... Definitivamente.

Alice e Esme arfaram em surpresa, enquanto Jasper e Carlisle se empertigavam.

- Como assim? – Alice perguntou alarmada, a mão sobre o peito.

- Eu vou assumir a direção do departamento de cirurgias cardíacas no JohnJames Memorial Hospital , em Camberra, daqui a três dias... Obviamente terei de morar lá. É definitivo.

- Mas, filho... E sua clínica... O Tony...  – Carlisle apressou-se pelas palavras.

- Eu gostaria que você cuidasse da clínica pra mim, pai... Mas se não for possível, eu já tenho uma empresa de administração médica em vista, muito bem recomendada. Quanto ao Anthony... Bem... Ele tem a mãe... E eu virei sempre que puder para estar com ele.

- Mas nunca vai ser a mesma coisa, Edward! – Alice exclamou nervosa – Você ao menos conversou com a Bella sobre isso?

- Não, nem vou... Eu estou indo embora por causa dela... – Suspirou atormentado – Eu preciso de distância para ser capaz de refazer minha vida. Vocês sabem o que isso me faz, ninguém aqui esqueceu a loucura que eu quase cometi por causa dessa... Dor. Eu tenho que ir pra longe. É a única solução pra mim.

O silêncio imperou, enquanto a verdade dos fatos era absorvida pela família.

Esme, compreendendo os sentimentos e necessidades do filho, finalmente se pronunciou.

- Faça o que tiver de fazer, meu filho. Corra atrás de seu recomeço. E o que precisar, sua família estará sempre aqui... Esperando que você volte.

Em prantos, Alice correu até o irmão e o abraçou com ímpeto. Carlisle e Esme a acompanharam, envolvendo Edward num abraço múltiplo e familiar que aquecera seu coração.

- Vou sentir sua falta, baixinha... Eu te amo. – Sussurrou para a irmã.

Eles se sentaram à mesa e conversaram sobre detalhes da viagem e das novas atividades de Edward. E apenas quando ele seguiu para a porta, após despedidas emocionadas, seu cunhado trouxe à pauta uma questão ignorada por todos.

- E Kate?  - Perguntou sombrio.

Edward se virou tranquilo para Jasper.

- Conversei com ela ontem mesmo... Nós terminamos.

***********************************************************************

 Na segunda-feira, depois de passar o final de semana enclausurada em seu apartamento tendo por companhia apenas o Anthony, Bella entrou em sua sala abatida.

Surpresa tomou conta dela por inteiro, ao avistar uma Alice cabisbaixa sentada em seu sofá, à sua espera.

- Bom dia Allie... – Falou num tom entre apático e questionador.

- Oi... – Respondeu – Precisamos conversar.

- Sobre?

Alice suspirou amargurada. Até quando Bella fingiria que nada estava acontecendo?

- Edward está indo embora. Hoje. – Cuspiu as palavras com impaciência.

Bella sentou-se na cadeira mais próxima, confusa.

- Embora...? Como assim? Pra onde?

- Para Camberra, Austrália. Ele vai assumir um departamento num grande hospital de lá.

As duas permaneceram em silêncio por um longo instante. Bella tentando compreender as implicações do ato de seu ex-marido, Alice aguardando dela alguma reação.

Finalmente Bella expirou, resignada.

- É a vida dele. Ele tem todo direito de seguir com ela como achar melhor. Eu só... Acho que ele deveria ter conversado comigo sobre isso... Para que eu pudesse preparar o Tony... Ele nem ao menos se preocupou com o filho?!

Alice se levantou num rompante, subitamente indignada com a melhor amiga.

- Como você pode ser tão cega? – Esbravejou, ignorando o susto que causou na ex-cunhada – Ele está fazendo isso por puro desespero! Ele não tem condição alguma de pensar no filho, ainda que, sim, ele pensou nele sim! Mas Edward não suporta mais sofrer! Ele não está indo embora apenas para tocar a vida como achar melhor... – Ironizou as palavras anteriores de Bella – Ele está partindo para tentar encontrar paz, sossego da dor que nunca o deixou, Bella!

- Ele procurou por isso! – Bella levantou-se também, alterando sua voz e postura, em sua primeira briga com a amiga de sempre – Você esqueceu o que ele me fez? Ou você também acha que fui eu que errei?

Elas se encararam encolerizadas.

- Você errou também... – Alice pronunciou cuidadosamente – Se você não tivesse pressionado tanto... Se tivesse sido mais presente... Se tivesse sido sempre a Bella por quem ele era apaixonado, talvez ele não tivesse se sentido tão sozinho... E talvez ele não tivesse tido a necessidade de procurar em outro lugar o que lhe faltava em casa.

Bella se sentou outra vez, profundamente ferida pelas palavras de Alice.

Não apenas pela acusação em si, mas por já ter admitido internamente que aquela era sim a mais pura verdade. Edward havia errado, um erro muito grave. Mas ela não poderia mais negar que sua parcela de culpa era tão grande quanto a dele.

- Eu nunca achei que ele agiu certo... Nunca passei a mão pela cabeça dele quando ele estava sofrendo por você ter descoberto. – Alice continuou – Mas, Bella... Você nem ao menos deu uma chance a ele... A vocês! Ele errou... Mas pelo passado de vocês ele merecia ao menos uma oportunidade para provar os próprios sentimentos e se redimir. Eu apoiei você em tudo... Porque acreditei que você havia superado. Mas agora eu sei... Eu sei que nunca deixou de ama-lo. Então porque está permitindo que tudo se acabe assim, sem luta?

- Eu nunca deixei de amar seu irmão, Alice... – Falou prostrada – Mas eu segui em frente. Estou tentando viver, ainda que esse sentimento esteja sempre comigo.

- Mas Bella...

- Eu não vou conseguir perdoar ele verdadeiramente. Nossa vida seria um inferno se voltássemos. Eu nunca confiaria nele outra vez e ele não teria paz. Seria muito pior do que agora, Alice...

- Como você pode ter tanta certeza se nem ao menos tentou?

Era uma boa pergunta. Mas Bella não queria se permitir ter esperança... Não quando acreditava que isso a faria sofrer novamente no futuro. Pra que voltar a uma relação fadada ao fracasso? Um segundo rompimento seria muito mais doloroso.

- Isso não importa mais... – Bella respondeu ao questionamento – Ele está bem com Kate, agora está indo embora pra outro país...

- Ele terminou com Kate no sábado. – Alice a interrompeu.

O coração de Bella deu um salto no peito.

- Mas... Por quê? – Perguntou alarmada, reprimindo a onda de felicidade que queria transbordar.

- Ele não a ama... Nunca nem esteve apaixonado por ela. Ele estava tentando, mas nunca conseguiu deixar de amar você. E agora... Essa oportunidade... Foi como um bote salva-vidas. Ele está deixando tudo pra trás, para tentar realmente um recomeço.

- Eu só não entendo porque ele não me contou sobre isso na sexta-feira... – Bella murmurou pensativa.

Mas Alice ouviu.

- Ele decidiu isso no sábado à tarde. Foi completamente repentino. Nós só fomos avisados ontem...

- Mas então...

- Sim. É exatamente o que você está pensando. Ele decidiu isso depois do que aconteceu entre vocês na sexta.

Bella sentiu seu corpo inteiro tremer. Mais uma vez a culpa era sua. Ela o estava afastando ainda mais... Dessa vez parecia definitivo.

- Eu não o culpo... É tarde demais pra nós dois.

Cansada e aborrecida com a insensatez de Bella, Alice expirou com força, demonstrando toda a sua indignação. Caminhou a passos determinados até a porta, mas parou com a mão na maçaneta, disposta a dar o golpe final.

- Você se lembra do dia em que deu a noticia de seu noivado a ele? – Perguntou sem se virar.

Bella respondeu um pouco confusa.

- Sim.

- Ele me pediu pra nunca contar isso a você... Não tenho certeza se por vergonha ou para protegê-la da culpa... Mas conhecendo meu irmão como conheço, acho que se encaixaria na segunda opção...

Bella continuava sem entender, e já havia se levantado para caminhar na direção de Alice, decidida a vira-la e arrancar-lhe um esclarecimento. Onde ela queria chegar?

Alice, ignorando tudo isso, apenas continuou, resoluta a abrir os olhos da melhor amiga.

- Eu corri pra casa dele naquela noite, depois de sua ligação... E o encontrei semi-morto no banheiro de seu quarto...

Bella, que já havia dado alguns passos, estacou, uma mão na boca do estômago, e outra cobrindo os lábios em horror. Ela já havia compreendido tudo.

Alice se virou para a amiga, o olhar ferino.

- Ele tinha cortado os pulsos... Tentou se matar.

Bella arqueou-se em agonia com aquela confirmação.

- Ele não suportou ter a certeza de que nunca teria você de volta. Agora você já sabe. Se um amor assim não for capaz de superar qualquer obstáculo... Então eu realmente não faço ideia do que possa ser.

Deu as costas e saiu, batendo a porta com um estrondo, deixando para trás uma Bella desesperada e mortificada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, só lembrando que essa fic tem 10 caps no total, ou seja, estamos bem perto do fim. As próximas postagens demorarão cerca de duas semanas para acontecer, ok? Porque estou trabalhando em mais três fics, fora o cap final desta que já está em andamento.

Não deixem de conferir: Inconsequente - http://fanfiction.com.br/historia/355575/Inconsequente

Verdadeiro amor - http://fanfiction.com.br/historia/345910/Verdadeiro_Amor

Bjos