Trouble escrita por BubblegumBitch


Capítulo 18
Capítulo #16: Setembro de 2010




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            Os dias ali dentro era algo realmente entediante. A luz era pouca, e quando Maria abria a porta, e a mesma permanecia aberta, irritava nossos olhos demasiadamente, algumas vezes tínhamos de cobrir o rosto com os braços. Eu estava me sentindo uma presidiária sem direito ao ar livre.

            Annabelle ainda não trocava muitas palavras comigo, o que me deixava realmente com o humor péssimo, mas de vez em quando, ela se aproximava de mim, sem dizer nada, e então me abraçava, ou acariciava meu cabelo, meu rosto, ou as costas de minhas mãos. Uma vez, uma única vez, enquanto me abraçava, ela sussurrou em meu ouvido: “Tudo ficará bem, Mel”. Nós duas sabíamos que nada iria ficar bem. Depois de intensas sessões de terapia, talvez, ela ficasse bem. Mas eu... Eu provavelmente pegaria uma pena muito longa por sequestrar a filha do Senador.

–                    - Olá, meus queridos. - Maria entrou sorridente como sempre no nosso novo habitat. - Espero que estejam bem... As coisas vão ficar melhores ainda, confiem em mim. - Ela sorriu amigavelmente enquanto me observava. Eu vi em seu olhar que ela tinha algum plano por trás de todo aquele carinho que ela tentava transmitir.

–                    - Vai nos soltar? - Annabelle perguntou num sussurro. Quase ri de sua ingenuidade, afinal, se Maria nos libertasse dali neste momento, ela iria presa. E ela não queria isso.

–                    - Não seja tola. Se eu te libertasse agora, você iria perder toda a diversão. - Maria girou seus olhos pela sala, e suspirou em seguida. - Teremos de subir, aqui é muito escuro... Mas não pensem em tentar fugir, é impossível. - Ela andou foi até a porta novamente, a abriu. Alguns momentos depois ela voltou, nos deu óculos escuros e ordenou que ficássemos de pé. Depois de sair daquele buraco, Maria nos levou para a sala de jantar. Ali só havia a mesa de jantar, pelo que pude notar, Maria não gostava muito de quadros. Para ela o essencial já era o bastante.

–                    - Quanto tempo, menina rebelde. - Marcos me agarrou e me tirou do chão. Acho que aquela era uma tentativa de abraço e demonstração de afeto. - Sinto falta das suas rebeldias.

–                    - Sente falta de me bater, seu idiota. - Minha cabeça inclinou para trás assim que Marcos puxou meu cabelo com força.

–                    - Pode-se dizer que sim. - Ele me soltou, e me empurrou na direção da mesa.

            Depois de sentados, Maria nos deu um almoço digno. Ela disse que em breve, aquela data seria especial. Olhei para a janela, era bom ver a luz do dia novamente. E tratei logo de procurar um relógio, e encontrei um numa das paredes, nele indicava que era duas e quarenta e cinco da tarde.

–                    - Então, queridos... - Maria atraiu nossa atenção. - Nós vamos brincar...

–                    - Brincar? - Alguma coisa nos olhar e no tom de voz de Maria me dizia que aquela não seria qualquer brincadeira.

–                    - Sim! - Ela se levantou e pegou das mãos de Marcos uma garrafa de vidro. - A parte de baixo é quem pergunta... - Ela se sentou onde estava, e pareceu se lembrar de algo muito importante. - Nós vamos brincar de verdade ou desafio.

–                    - Por que? - Perguntei.

–                    - Porque eu quero, Melissa. - Ao terminar de dizer ela girou a garrafa. Ela rodou, rodou, e rodou antes de parar em Rick. - Escolha!

–                    - Verdade... - Rick me olhou antes de dizer algo. Todos nós estávamos claramente hesitantes quanto aquela brincadeira.

–                    - É verdade que a nossa linda e queria amiga, Melissa, subiu em uma árvore só para você falar com ela?

–                    - Sim... - Maria ficou observando Rick fixamente mesmo depois dele tê-la respondido. Ela segurou sua mão e pôs na garrafa, insinuando que era ele quem deveria girá-la. A garrafa parou em mim.

–                    - Verdade... - Sussurrei.

–                    - É verdade que você gosta de quebrar as regras? - Maria perguntou-me. Ela estava me encarando com um sorriso e olhar fixo que estavam dando medo em qualquer um. Ela parecia uma completa doente mental.

–                    - Eu... - Marcos chamou minha atenção atrás de Maria, com um pequeno pedaço de papel, indicando o que eu deveria responder. - Sim, eu gosto.

–                    - E você, querida Annabelle? - Ela desviou seu olhar medonho para Annabelle. - É verdade que seu pai, aquele senador, idiota, traiu sua queria mãe a 20 anos atrás?

–                    - Você tem que rodar a garrafa... - Rick sussurrou.

–                    - Cala a boca! - Maria gritou e em seguida vimos partes da garrafa voar para alguns lados, e sangue nas mãos de Maria. Ela havia batido com a garrafa na mesa, mas seu sorriso medonho ainda permanecia em seu rosto. - Responda...

–                    - Eu não sei... - Eu pude ver lágrimas começarem a rolar no rosto de Annabelle. Ela estava com medo.

–                    - Claro que foi! - Ela continuava gritando. - E agora ele nega sua filha plebeia... - Maria respirou fundo, como se quisesse recuperar a calma. De repente ela estava de joelho sobre a mesa, com os joelhos sendo machucados pelos cacos de vidro, o rosto estava frente a frente com o de Annabelle, e ela sussurrou as frases seguintes. - Um pai não deveria fazer isso, não é? Você não concorda?

–                    - Concordo... - Annabelle continuava chorando.

–                    - Agora você entende o motivo de estarmos todos aqui? - Maria deslizava as mãos de sangue sobre o rosto de Annabelle. - Eu quero tudo o que é seu... Porque tudo o que você tem, deveria ser meu também... Seu pai usou minha mãe anos atrás e não se importou com o que iria acontecer no futuro...

–                    - Maria, você precisa ver esses ferimentos. - Marcos segurou na cintura de Maria a fim de tirá-la de cima da mesa. Ela habilidosamente girou seu corpo e com um dos restos de vidro que estavam em sua mão, cortou o rosto de Marcos que saiu furioso da sala.

–                    - Eu quero que a Melissa vá comigo... - Maria olhava fixamente para a janela agora. E agora eu já sabia o motivo de sua raiva por Annabelle. - Melissa, vá chamar meu irmão.

–                    - Eu... - Maria me olhou, e então pulei da cadeira e fui na direção de Marcos, ainda estava receosa se deveria, ou não, deixar Maria ali.

–                    - Eu já estou indo. - Me deparei com Marcos descendo as escadas, aparentemente mais calmo.

            Depois de Maria cuidar de seus ferimentos, ela me abraçou, e não me permitiu sair de perto dela durante algumas longas horas. Mas antes de me mandar de volta para meu habitat, ela sussurrou em meu ouvido “Alguém terá de morrer...”, ao ouvi-la dizer aquilo, senti um forte arrepio dentro de mim. Aquilo não seria nada bom.


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