Cartas Do Passado escrita por Jane Timothy Freeman
Notas iniciais do capítulo
Olá, queridos!
Quando a última parte de "O sacrifício de Elizabeth" for ao ar, vocês saberão o que aconteceu para que ela e Wickham se unissem!
Torço para que a espera esteja valendo a pena! :D
Abraços,
Annie F.
"Elizabeth permaneceu alguns dias em Santa Clara, mas seus pensamentos estavam longe dali. Quando lembrava como Darcy escrevera a carta e suas insinuações acerca de Jane, um ódio profundo tomava conta de seu ser. Porém, ao avaliar mentalmente o conteúdo, sua raiva se voltava contra si mesma. Seu pai nunca corrigia as mais novas e sua mãe apoiava a conduta das duas. Jane e Elizabeth tentavam a todo custo acompanhá-las e evitar problemas no futuro, mas Kitty não recebia bem os conselhos e Lydia nem os ouvia.
Até mesmo a decepção que Darcy sofrera tocava seu coração. A conduta do rapaz inspirou-lhe compaixão e, principalmente, respeito, mas Lizzie jamais concordaria com o que ele fizera.
Em se tratando de Jane, Lizzie ficava feliz ao saber que o Bingley era culpado somente de confiar muito em um amigo. Sua tristeza provinha da decepção da irmã por um mal-entendido mesquinho.
05 de Janeiro de 2003.
Foi com alívio que Elizabeth finalmente tomou o avião para Nova York.
Ao chegar a sua casa, descobriu que Jane também regressara e que parecia muito bem. Ficou mais aliviada ainda quando descobriu que os universitários sairiam da cidade em vinte dias.
– Lizzie, tenho uma novidade maravilhosa a contar! – Era Lydia que, pulando, se acercava dela na sala de estar.
– O que há? – perguntou Elizabeth. Não conseguia segurar a risada perante a alegria tola da irmã.
– Wickham e Melissa King se separaram.
O queixo de Lizzie caiu.
– Mesmo?
– Sim. Nosso querido está a salvo!
– E Melissa também está salva! O relacionamento deles era claramente desvantajoso.
A mãe ficara feliz em vê-las e em perceber que a beleza de Jane havia se favorecido em Londres.
O pai não conseguia segurar a satisfação de ver Elizabeth novamente e, a todo o momento, virava-se para ela:
– Que bom que voltou, Lizzie!
Lydia e Kitty queriam ir ao Central Park e aludiam sempre a uma festa na casa de Denny. Lizzie foi firmemente contra a primeira vontade, queria que suas irmãs ficassem o mais longe possível de George Wickham.
Quanto ao segundo pedido, seus pais ainda discutiam a possibilidade. O Sr. Bennet não queria que a filha fosse, mas suas respostas eram fracas e a mãe, acostumada a ser incisiva, não desistia de conseguir a permissão do marido.
Assim que ficaram a sós, Elizabeth decidiu contar a Jane os sentimentos de Darcy, mesmo que deixasse a confissão sobre Bingley de lado.
Jane ficou chocada com a falta de delicadeza do rapaz, mas logo se compadeceu dele. O desgosto que Darcy deveria ter sentido!
– Também me sinto penalizada por tê-lo recusado, Jane, mas logo ele me esquecerá. Você me censura pelo que fiz?
– Jamais, Lizzie.
Elizabeth contou a história entre Wickham e Darcy na visão deste. Jane ficou estarrecida pela descoberta, porém ainda tentou inocentar ambos os lados.
– É impossível, Jane, que os dois sejam inocentes. Escolha um lado e se contente com ele!
A irmã pensou um pouco.
– Será que Wickham é tão mau? Coitado de Darcy. Ainda teve de contar-lhe os embaraços da irmã!
– Oh, Jane, como queria que estivesse comigo quando li a carta! Precisava desesperadamente me abrir com alguém. – Tomou as mãos da irmã nas suas. – Acha que devo expor a conduta de Wickham à nossa família?
– Acho que não é necessário, Lizzie. O que você pensa?
– Concordo com você. Não tenho o direito de expor Darcy e Georgiana ao tentar denunciar o verdadeiro caráter de Wickham. Além disso, quem acreditará? Wickham conquistou a todos, ao passo que Darcy gerou uma antipatia violenta. Aquele logo irá embora e nunca mais terei de me preocupar com ele. Se a verdade um dia vier à tona, riremos dele.
– Está certa, Lizzie.
Elizabeth ficou aliviada em poder conversar com a irmã, apesar de seu coração se dividir em dois. Deveria ou não contar a primeira metade da carta? Não queria que a irmã sofresse ainda mais ao saber que Bingley a correspondia.
Logo, Elizabeth guardou silêncio.
A primeira impressão de que Jane estava bem se dissipou nos outros dias de convivência. A irmã estava infeliz, seus sentimentos por Charles eram tão fortes agora como o eram antes.
A Sra. Bennet parara de se referir ao rapaz na frente da filha mais velha, mas invariavelmente reclamava e o difamava quando esta não estava por perto.
17 de Janeiro de 2002.
Era a última semana de estadia dos universitários em Nova York, o que entristecia várias moças (principalmente as Bennet mais novas) e a Sra. Bennet.
– Se pudéssemos ir a Boston! – reclamava a Sra, sabendo que este seria o próximo destino dos rapazes.
– Sim! Mas papai se recusa a sair desta cidade e nos levar.
Lizzie ria das reclamações daquelas mulheres, mas por dentro se sentia triste. Agora percebia o que Darcy lhe atirara nas faces e estava ainda mais propensa a perdoar-lhe as ofensas.
A tristeza de Lydia e da Sra. Bennet logo se dissipou, porém, pois a Sra. Forster, mãe de um dos universitários e amiga da família, ofereceu-se para levar a Bennet mais nova a Boston como presente de aniversário. Lydia completava 18 anos em 2003. Kitty ficou arrasada.
Jane e Elizabeth tentaram consolá-la e colocar algum juízo na cabeça da irmã, mas esta simplesmente não queria ouvi-las.
Lizzie estava apreensiva com tal convite. Sabia que o grande sonho de Lydia era tornar-se atriz e tinha muito medo de que esta fugisse para tentar carreira em Hollywood, pois sempre fora muito impulsiva. Tentou convencer seu pai a não deixá-la ir, expôs-lhe todas as desvantagens e perigos daquela viagem. O Sr. Bennet, por sua vez, somente respondia:
– Lydia não descansará até que algo de ruim aconteça, Lizzie. E esta casa não terá paz enquanto ela não for.
– Se soubesse os infortúnios que o comportamento impulsivo dela já trouxe a todos...
– Oh, então Lydia afastou algum de seus pretendentes, minha querida? Se foram tão rapidamente dissuadidos, então não a mereciam, Lizzie.
– Não estou me referindo a interesses levianos como rapazes, papai. Lydia precisa ser orientada agora. Se não o fizer, poderá não ter a oportunidade no futuro. Ela já tem quase 18 anos, é uma mulher! Não pode se dar ao luxo de ser tão ingênua. Pode fugir! Alguém pode se aproveitar de sua estupidez!
O pai tomou-lhe as mãos.
– Não se preocupe, Lizzie. Se teme por você e Jane, fique tranquila, sempre serão muito bem recebidas. Se seu coração de irmã se alarma, fique tranquila. Os Forsters são nossos amigos, são responsáveis e, além de tudo, Lydia é covarde demais para tomar uma decisão precipitada. Sua vida em Nova York a satisfaz completamente.
Elizabeth não concordava, mas não teve como argumentar mais. Consolava-se por ter cumprido seu dever.
24 de Janeiro de 2003.
Denny e Wickham foram jantar com a tia de Elizabeth, que também havia convidado os Bennet. A moça não resistiu e, quando ele lhe perguntou como fora a visita a Santa Clara, ela lhe respondeu que lá havia encontrado Darcy e Brandon.
Wickham pareceu surpreso e em alerta, mas logo se controlou e sorriu, dizendo que várias vezes encontrara o amigo de Darcy, um rapaz admirável.
– Quanto tempo passaram em Santa Clara?
– Três semanas.
– As maneiras de Brandon diferem muito das do amigo.
– Concordo, mas minha opinião sobre Darcy se modificou neste tempo. Acho que é um rapaz muito interessante de se conhecer.
– É mesmo? – O olhar que Wickham lhe dedicou não passou despercebido. Controlou-se e acrescentou com um sorriso: - Está mais educado? Mais cortês? Só pode ter melhorado superficialmente, pois no interior deve ser o mesmo.
– E é. Quis dizer que Darcy se torna muito mais compreensível se o conhecemos mais intimamente.
Os olhos de George se arregalaram e um intenso suor manifestou-se em sua fronte. O rapaz ficou em silêncio por algum tempo.
– Estas mudanças se operaram somente devido a influência de Lady Catherine, Elizabeth, posso-lhe garantir. A mulher provoca terror em Darcy. – Assumiu uma expressão sofrida. – Não devo me iludir ou perdoá-lo, pois Fitzwilliam foi extremamente injusto comigo.
Elizabeth limitou-se a sorrir e concordar com a cabeça. Durante o resto da noite, Wickham mostrou-se sorridente e solícito, mas afastou-se de Elizabeth como se ela possuísse alguma doença contagiosa.
25 de Janeiro de 2003.
Eis o dia da partida de Lydia, que se mantinha alheia à conversa que se passara entre Elizabeth e seu pai.
A perspectiva de reencontrar Wickham não deixava Elizabeth tão incomodada quanto antes, embora um enorme repulsa se avolumasse em seu ser. Ele realmente achava que ela fosse tão ingênua e volúvel?
A única a chorar na partida da mais nova foi Kitty, mas esta o fazia por inveja."
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