Todos descemos até a garagem onde a van que pegamos emprestada do colégio, sim emprestada, não é só porque estamos no meio de um apocalipse zumbi que tenho que deixar meus princípios de lado e me tornar uma ladra.

Gina e Rony são os que estão visivelmente mais preocupados. Posso até imaginar o que está se passando em suas mentes, provavelmente eles não sabem se será melhor descobrir se seus pais estão vivos ou não, ou apenas os imaginar seguros em algum lugar.

Na hora do desespero quatorze pessoas couberam muito bem naquela van, mas agora parece um pouco mais apertado. Todos se acomodaram com suas armas, que diminuíram ainda mais o pouco espaço que tínhamos disponível. Precisamos urgentemente rever o nosso super meio de transporte, ou como eu vou apelidar agora, maquina do mistério.

Passamos por ruas bem calmas. Se fosse semanas atrás essas ruas com certeza estaria cheia de crianças brincando e adultos conversando, todos aproveitando um belo dia de sol, ou talvez um dia chuvoso, um belo dia chuvoso. Não gosto muito de chuva, mas trocaria esse pesadelo que estamos vivendo por uma tempestade se fosse capaz.

Todos estão quietos, perdidos em seus pensamentos. Não falta muito para chegar a casa dos Weasley, desde pequena eu vivia na casa da Gina. Era uma época boa, nós vivíamos juntas, sempre aprontávamos com o Rony, que até então nem era meu amigo.

– Chegamos. - Disse Malfoy estacionando a van em uma posição estratégica, se fosse necessário poderíamos sair o mais depressa dali.

Todos descemos preparados para qualquer coisa. Mas havia alguma coisa errada ali, algo que fazia meu sexto sentido gritar.

– Sou só eu ou vocês estão sentindo que tem algo de errado aqui?

– Está muito silencioso aqui. - Disse Simas olhando em todas as direções. - Eu reparei que desde que saímos da casa do Draco não esbarramos em nenhum cadáver, nem mesmo chegamos a ver um.

– Tem razão. Não abaixem a guarda. Vamos continuar. - Disse Theo.

Nos dividimos em dois grupos, um para procurar pelos Weasley dentro da casa e outro para ficar de guarda do lado de fora. Eu, Gina, Rony, Harry, Malfoy, Nott e Luna adentramos a casa dos Weasley e não encontro nenhuma palavra para descrever o que sinto ao ver a casa em que passei boa parte da minha vida destruída. Pude ver Gina estremecer e Rony com o olhar vidrado no chão. Ninguém pronunciou nenhuma palavra. Apenas abracei minha amiga e a conduzi pelos outros cômodos da casa.

A cada passo que dávamos podíamos ver algo fora de ordem, um móvel quebrado ou arrastado como forma de barreira. Gina abaixou-se para pegar uma foto de família que estava quebrada no chão. Na foto é possível ver todos os membros da família felizes e sorrindo. Ela tirou a foto da moldura e a guardou em seu bolso.

– Talvez eles tenham ido para outro lugar. - Disse Harry na esperança de tentar animá-los.

– Nós podemos ir ver se não estão com algum outro grupo de sobreviventes. - Theo já estava se preparando para ir procurá-los em outro lugar quando ouvimos um barulho, como um gemido, vindo do único quarto que não olhamos.

Nossos pensamentos foram mútuos, todos saíram correndo em direção a porta do quarto.

– Ah meu Deus, Fred, Joge! - Gina exclamou ao vermos dois corpos deitados no chão, que ao ouvirem a voz da irmã levantaram-se correndo para abraçá-la.

– Gina. Graças a Deus você está viva.

– Bom te ver também. - Resmungou Rony claramente morrendo de ciúmes.

– Foi mal Ron. Não tinha te visto. - Fred correu e o envolveu em um abraço também.

– Onde estão os outros? - Perguntaram Gina e Rony ao mesmo tempo.

– Estão bem. Nós fomos atacados ontem e percebemos que não poderíamos continuar aqui. - Disse Jorge.

– Nossos pais, Carlinhos, Gui e Fleur foram procurar um abrigo mais protegido. - Disse Fred completando a frase do irmão.

– Nós dois ficamos aqui esperando por vocês. Sabíamos que viriam mais cedo ou mais tarde. Até separamos uns quites com suplementos. Já está tudo pronto. - Disse Jorge seguindo em direção a porta

– E onde fica esse tal abrigo? - Perguntou Malfoy olhando desconfiado para os dois.

– Um pouco longe daqui. Sugiro que nós voltemos para onde vocês estão e começar a planejar o que vamos fazer lá.

– Tudo bem, então nós...

Malfoy foi interrompido por um grito vindo do lado de fora das casa.

– Corram! - Blasio estva correndo aos tropeços em nossa direção.

– O que houve Blás? - Perguntou Malfoy, temendo já saber a resposta.

– Eles chegaram.

Nós corremos desesperados até a saída da casa. NO lado de fora se encontravam dezenas de cadáveres e as meninas já se encontravam correndo em direção a maquina de mistérios. Simas e Neville estavam sendo atacados por mais de três deles ao mesmo tempo enquanto Dino tentava ajudá-los sem sucesso. Eram muitos, nossa única chance era fugir, e novamente nós precisávamos de um líder para nos guiar. Foi quando o Malfoy Gritou para todos entrarem na MDM. Tudo parecia bem, tudo parecia estar dando certo, mas só parecia mesmo. Naquele momento mais um de nós estava sendo perdido.

– Neville! - Luna gritou ao ver nosso companheiro sendo brutalmente atacado por mais de seis.

Choque foi a palavra que encontrei para descrever todos nós nesse momento. Todos ficaram paralisados por uma fração de cinco segundos.

– Vamos, continuem. - Gritou Malfoy tirando todos daquele transe momentâneo, tendo em vista que nós ainda não tínhamos alcançado a MDM.

– Luna, fique aqui. - Gritou Pansy de dentro da MDM quando vi que a loira estava prestes a sair correndo em direção ao agora zumbificado Neville.

– Eu não posso o deixar ficar assim. Nós temos que matar ele. - Ela gritou para que todos pudessem a ouvir.

– Pansy vai ligando a van. Eu vou matá-lo. - Malfoy saiu correndo em direção ao corpo morto que segundos atrás tinha a vida de nosso amigo.

Todos se encontravam dentro da van e cada vez mais cadáveres iam surgindo perto de nós. Rony e Simas estavam do lado de fora nos protegendo enquanto Malfoy cumpria seu objetivo, e assim que o degolou voltou correndo para nossa direção acertando mais algumas cabeças pelo caminho.

Todos estavamos seguros dentro da MDM e Pansy dirigia como se não houvesse o amanhã. Ninguem se arriscou em dizer algo. Todos sabíamos que alguma coisa mais profunda estava prestes a acontecer entre Luna e Neville, então me senti na obrigação de dizer algo.

– Pelo menos a alma dele está em paz. Ele não vai ter que ficar rodando por aqui sendo responsável por causar tristeza a outras pessoas.

– Sabem de uma coisa, antes de entrarmos na casa dos Weasley Neville me beijou. Eu perguntei porque ele tinha feito aquilo, ele simplesmente respondeu que talvez nuca mais teria outra chance. - Disse Luna chorando.

– Talvez todos nós, involuntariamente, saibamos quando vamos morrer. - Disse Theo.

– É. Talvez.