Medo Do Escuro escrita por B Volturi


Capítulo 9
Capítulo 9 - Química




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Assim que cheguei na escola as “cadelas de guarda” -- ou amigas de Phoebe -- me olharam com medo. Pude até ver uma loira se encolhendo, tentando se enfiar no seu armário; a sensação foi ótima, sem duvida acertar Phoebe Stanley foi a melhor coisa que eu já fiz, me livrei de fazer três aulas de Educação Física, e ainda deixei as vadias morrendo de medo.

Caminhei sorrindo internamente para minha próxima aula.

 -- Tudo certo alunos, esse é um experimento simples, prestem atenção. – Sr. Wayne tentava organizar a sala, porém todos ali eram burros demais para fazer algo tão simples sozinhos. 

         Minha dupla, cujo nome não interessava, sofria tentando responder as perguntas da sua folha de exercícios.  Se olhasse para ele por muito tempo, podia se ver claramente a fumaça saindo de seus neurônios.

         Estava rabiscando no meu caderno, pensando que tudo tinha voltado ao normal, porém sempre havia algo perturbando a minha linha de raciocínio. Uma bola de papel havia acertado minha cabeça.

- Hey será que dá pra pararem, ou pelo menos terem um pouco de mira? –Gritei me virando para trás.

- Ah, calma, sua louca. – Um menino alto respondeu.

- Eu não sou louca, porra. – Respondi em tom normal, porém ele conseguiu me escutar.

-Quem disse isso? Seu psiquiatra? – Ele riu e outros o acompanharam.

- Eu não sou louca. – Rosnei entre dentes. Algo dentro de mim borbulhou, e a chama do bico de Bunsen trepidou um pouco. Senti um calor em minhas mãos.

- O que você vai fazer, Henderson? Bater na gente? – Ele riu de novo, acompanhado por mais gente. -- Pode bater, mas vai ter troco.

       Não olhei para trás, sentia a raiva ferver dentro de mim, ia me virar para dar uma resposta decente, ou apenas gritar um “Vão se Foder”, mas aquilo veio mais rápido.  O bico de Bunsen que estava sobre minha mesa, soltava uma chama, um fogo intenso que alcançava o teto, porém não havia um incêndio, a chama continuava ali, calma e serena. Hipnotizando-me. Enquanto alguns alunos corriam e gritavam, eu permanecia ali, inerte olhando-a dançar em minha frente.

                                     *              *             *

- Como se sente? – A enfermeira da escola perguntou.

- O que? Como eu... – Me sentei rapidamente, sentindo minha cabeça doer. Já estava me acostumando com essa sensação de desconforto.

- Você caus... Quer dizer, teve um pequeno acidente na aula de química. – A voz vinha de Henry, ele estava sentado em uma mesa, jogando uma bolinha pula-pula. Olhei-o com certa desconfiança. O que ele estava fazendo ali? Já era a segunda vez em que ele aparecia depois de um desses meus "acidentes".

- Enfermeira? -- chamei à senhora de uniforme branco que estava a poucos metros de nós. -- Será que você poderia buscar um pouco de água pra mim? – Assim que tive certeza que estávamos sozinhos, comecei. -- Como você chegou aqui? E que história é essa de acidente de química? – Quase gritei, indo ao encontro dele.

Henry levantou as duas mãos. Seu rosto tinha uma expressão séria, mas eu podia ver algo flamejando por de trás de seus olhos.

- Hey, calma. Eu torci o pé no futebol, e sobre o laboratório, toda escola tá comentando. – deu de ombros e volto a brincar com a bolinha.

- O que aconteceu no laboratório? - perguntei, confusa. 

- Você não se lembra? Bom, só o que sei é o que Sheldon me contou. Do nada o bico de Bunsen ficou louco e tentou matar-te, ele, e a folha de exercícios que tinha acabado de ser terminada.

Senti minhas sobrancelhas franzirem de estranhamento. 

- Quem é Sheldon?

- Sheldon, a sua dupla do bimestre...? – Ele me olhou como se eu tivesse pés de pato ao invés das mãos. – Tem certeza que não bateu a cabeça?

Antes que eu pudesse responder, a enfermeira chegou com uma prancheta de madeira envelhecida e apontou para Henry.

- Black, você já pode ir. – anunciou.

Ele pulou da mesinha com uma agilidade incrível pra alguém que acabara de machucar o pé. 

- Se cuida, Henderson. – Henry jogou a mochila nos ombros e saiu.

- Você também Black. – Fiz beicinho. Queria saber o que todos estavam falando de mim. E também, -- mesmo sendo difícil de aceitar -- queria conversar mais com ele.

Virei-me para falar com a senhora sobre o meu "estado", quando vi algo sobre a mesinha que Henry estava sentado.

   Ele havia deixado o celular em cima do móvel, no visor, uma mensagem não enviada brilhava em letras médias e negras.

“Ela está se tornado cada vez mais forte, precisamos fazer algo antes que acabe matando-se. Henry Black”.


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Notas finais do capítulo

Ps: Bico de Bunsen (http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/recursos/10951/TesteDeChama/Teste_de_Chama_arquivos/sodio.JPG) Pra quem não sabe é usado em laboratórios para aquecer diversas substâncias. Um exemplo é a destilação simples.
Hey Leitores! E ai? Estão gostando da fic? Digam por favor. Beijos. ^-^