-Jason, um de nós esteve aqui.

-Silena. Ouviu isso? – Neguei com a cabeça, ainda olhando o pingente. – Fique aqui, vou ver o que é.

      Logo não havia outro som na floresta, apenas minha respiração e o som de algumas corujas. Impaciente pela demora do loiro tirei o objeto do meu bolso e voltei a olha-lo, maravilhada pela ideia de haver mais iguais a mim.

-SILENAAA! – Jason gritou de algum lugar. Imediatamente sai para procura-lo.

      Ele estava longe, corri para encontra-lo. Jason tinha se embrenhado entre as árvores, na parte mais densa da floresta e ele estava sendo puxado para dentro da folhagem.

-Me ajuda! – Gritou, enquanto era arrastado pela perna para a escuridão.

      Tinha que agir. Concentrei-me nas chamas, logo havia labaredas em meu braço. Na minha frente apenas o escuro e um garoto apavorado. Mirei, sem saber direito em que, acertando uma bola de fogo um pouco acima da cabeça de Jason. Deu certo, seja lá o que havia naquela floresta, tinha agora queimaduras do terceiro grau.

-Oh meu Deus, você está bem? – Perguntei, ajudando-o a se levantar.

-Belo tiro. – Ele elogiou e eu corei. – Ai! Merda, minha perna!

       Estaria mentindo se dissesse que tudo estava bem, a perna pela qual Jason tinha sido arrastado estava ferida, e pelo jeito estava bem feio.

-Me deixa dar uma olhada. – Hesitante, subi a barra da calça dele, enquanto o loiro de contorcia de dor. Realmente estava bem machucado. Cobri a área de volta. – Vamos ter que levar você no médico.

-Não. Argh, odeio médicos. Será que não podemos só enfaixar isso aqui? – Ele disse disfarçando a dor.

-Jason, não sabemos o que te feriu. E se você pegar alguma infecção? – Argumentei, tentando parecer persuasiva.

-Exatamente. Não sabemos o que nos feriu. Se formos ao médico vão pedir uma história, coisa que não temos. Prefere contar para eles que você quase acertou uma bola de fogo em mim? – Ele levantou uma sobrancelha.

-Ok, mas pelo menos me deixe te levar para casa e fazer um curativo nisso ai. – O loiro concordou. – E só para constar: eu te salvei, um obrigado bastaria.

-Obrigado. – Disse irônico. – Agora me leva para casa?

-Folgado. – Falei, e o ajudei a se levantar.

                               *                *                *

           Por causa de sua perna Jason não podia dirigir, deixando sobre mim a responsabilidade de conduzir seu imponente carro. No começo ele torceu o nariz e protestou, mas depois que viu que eu era capaz de guiar, ele relaxou.  

          Passamos o caminho todo conversando sobre a vida dele na Suíça, ele me contou sobre a irmã, sobre as bandas que gostava, os troféus de snowboard e sobre seu titulo de “maior pegador” da escola. Durante esse tempo percebi o quanto nossos gostos eram parecidos.

-Ai! Ai! Com cuidado Silena! – Jason gritou enquanto subíamos as escadas para o seu quarto.

-Shh, quer acordar todo mundo Jason? – Sussurrei de volta para ele.

         Sentei-o na cama indo até o banheiro pegar um kit de primeiros-socorros. Rapidamente comecei a cuidar de seu ferimento, não era muito boa nisso, contudo meu curativo conseguiu estancar o sangramento.

-Bom, vou para casa. – Falei enquanto arrumava a caixinha de primeiros-socorros.

-Como? – Jason perguntou enquanto mancava em direção a sua cômoda, tirou de lá um pijama de algodão e foi pulando para o banheiro.

-A pé. – Respondi simplesmente.

-Não, não. Você não vai voltar a pé. São quase duas horas da manhã.

-Jason, hoje já não foi mais do que uma prova para você ver que eu me viro muito bem sozinha? – Perguntei.

-Você pode pegar meu carro se quiser. – Iria dar uma resposta bem mal educada, porém a visão me deixou sem fala. Jason usava apenas um short de algodão listrado, seu abdômen definido estava à mostra. – Ou você pode dormir aqui. – Ele sorriu torto.

-Foi mal, não trouxe pijama. – Tentei contornar a situação.

- Pegue um da minha irmã, ela tem milhares. – Droga! Como eu iria usar da racionalidade com um deus grego daqueles na minha frente.

-Quione me odeia. – Respondi.

-Por isso. Se ela te odeia mesmo roubar as roupas dela não irá fazer nenhum mal. – Ele continuou persistindo, mais um pouco e eu cederia.

-Onde vou dormir Greene? – Minhas desculpas estavam no fim.

-Na cama, comigo. – Merda! Sentia o calor no meu centro, ele sabia como me provocar.

-Acho melhor não. – Lutei contra meus instintos. – As chaves, prometo não arranhar. – Estendi a mão esperando pela chave do carro.

-Ok, se não vai dormir comigo, pelo menos eu ganho um beijo de boa noite? – Ele fez cara de gatinho pidão enquanto se aproximava lentamente de mim.

         Ele foi chegando mais perto, e eu continuei parada, me perdendo no oceano que eram seus olhos. Jason tirou o cabelo do meu rosto e roçou seus lábios nos meus. Naquela hora perdi o controle, agarrei seu pescoço, beijando-o violentamente, enquanto ele me colocava na cama.