Era um sábado, um dia depois que Annabeth e Percy voltaram a se falar. Percy mandou uma mensagem pra ela ao meio dia. Sua mensagem acordou ela que estava aproveitando que era um fim de semana pra dormir até mais tarde. Se espreguiçou e pegou o seu celular que estava na cômoda do lado de sua cama.

MysteriousBoy: Preparada?

Annabeth ainda estava meio grogue, não tinha acordado completamente. De fato ainda esta com sono. Por isso não entendeu o que ele quis dizer. Ela franziu o cenho e pensou: preparada para que?

AnnabethChase: O que?

Percy rolou os olhos. Olhou pela janela encarando a cortina do quarto da loira e logo respondeu-a.

MysteriousBoy: Já esqueceu? Não era você que queria me conhecer melhor?

Após ver sua mensagem, Annabeth saltou da cama e foi até a sua janela e afastou suas cortinas. Na mesma hora, o moreno se escondeu para ela não o ver. Annabeth correu para o armário e separou uma troca de roupa. Correu até o banheiro e tomou um banho rápido. Percy estava encostado em sua janela à esperando. Depois de um tempo, a loira saiu do banheiro já pronta.

AnnabethChase: Estou pronta.

O moreno deu uma risada e pensou consigo mesmo: eu sei.

MysteriousBoy: Vá até sua janela.

Ela franziu o cenho, mas foi até sua janela. E logo avistou Percy acenando para ela. Sua primeira reação foi rir.  Sua segunda reação foi levantar uma sobrancelha. O moreno mudou sua atenção para o seu celular e logo Annabeth escutou seu celular vibrar no seu bolso da sua blusa. Agarrou seu celular e viu sua mensagem.

MysteriousBoy: Abre sua janela e se afaste dela.

Ela fez o que estava escrito na mensagem. Sabia que Percy ia pular do seu quarto para o dela. Percy deu um impulso e pulou até o quarto da loira. Como a janelas deles era perto uma da outra o risco de cair não era tão grande. Aterrissou no seu quarto e sorriu pra ela.

-- Então... – falou a loira. Ela queria saber o que ele planejou fazer hoje. Será que eles iam apenas ficar no seu quarto conversando ou eles iam conversar no parque?

-- Então... – falou encarando-a – Cada dia eu vou te contar um pouco sobre mim...

Annabeth franziu o cenho.

-- Você não espera que eu conte tudo pra você de uma vez, né? – falou sarcástico. Ela corou confirmando que era exatamente isso que ela estava pensando. Percebendo isso, Percy riu. Como se ele fosse mesmo ficar fofocando sobre sua própria vida o dia todo e comendo besteiras que nem uma garota. Pfff... Até parece que isso ia acontecer.

-- Não será tão fácil assim. – falou divertido e andou até a porta.

-- Para onde está indo? – perguntou o seguindo.

-- NÓS estamos indo para a minha casa. –falou dando ênfase no nós.

-- Então pra que você pulou para o meu quarto, se eu podia apenas ir até sua casa? -- falou confusa.

-- Touché. Eu não pensei nisso na hora. --falou dando um sorriso de lado. Annabeth riu. Não sabia que o moreno era lerdo, as vezes.

Caminharam até a casa do moreno. Percy parou na cozinha e esperou sua reação. Na mesa tinha ingredientes para fazer um bolo. Farinha, leite, ovos e todos os outros ingredientes. A gente vai fazer um bolo? Eu não sei cozinhar... Será que isso é uma boa ideia? Pensou consigo mesma. Seria uma boa ideia se ele fizesse o bolo e a loira apenas supervisiona-se. Isso ela tinha certeza. Pois na cozinha, ela não conseguiria fazer nem um omelete.

-- Essa é sua ideia? Sério?-- perguntou insegura. Será que ela poderia apenas ver ele fazer o bolo?

-- Qualé, nem é tão ruim assim. – falou divertido. Annabeth rolou os olhos e se aproximou dele. Ficou encarando a mesa sem saber o que fazer.

-- Você não sabe cozinhar, né? -- falou divertido. A loira apenas assentiu. Não imaginava que estava tão na cara que ela era um desastre na cozinha.

-- Bingo. E você sabe?

-- Apenas sei fazer bolo e cookies. –falou indiferente. Annabeth achou estranho. Nunca imaginou que ele sabia cozinhar alguma coisa. Quem diria doces?

-- Como você sabe cozinhar?

-- Minha mãe me ensinou quando eu era criança. – falou Percy distraído. Parece que estava relembrando uma lembrança. A loira sorriu imaginando um mini Percy e sua mãe fazendo um bolo juntos.

[...]

Antes que Annabeth pudesse colocar o bolo no forno, Percy a parou. Ela estava confusa. Ela tinha feito alguma coisa errada? Ela fez tudo que o moreno lhe pediu. O que poderia sair errado? Encarou-o esperando uma resposta.

-- Você esqueceu de colocar a cobertura. Aqui. –falou colocando a cobertura azul no bolo.

-- Cobertura azul? --perguntou confusa.

-- O que? Nunca comeu um bolo azul? – perguntou com um sorriso sarcástico.

-- Nope. –falou incrédula. Afinal quem é que coloca cobertura azul no bolo? Aparentemente Percy faz.

-- Não sabe o que esta perdendo. – falou divertido – Minha cor favorita é azul.

-- Que? Então você coloca cobertura azul, apenas porque é sua cor favorita? –perguntou com uma sobrancelha levantada. Percy apenas assentiu com um grande sorriso. Seu sorriso é como de uma criança que acabou de ganhar um presente novo. Ela riu e logo em seguida colocou o bolo no forno.

-- O que quer fazer enquanto esperamos o bolo ficar pronto? – perguntou Annabeth.

-- Vamos esperar o bolo ficar pronto no meu quarto. Ai, eu posso te mostrar meu quarto. –falou com um sorriso de lado. Ela corou na hora. Na verdade, ela já tinha visto seu quarto. Não sabia se deveria contar isso pra ele. Ela pensou nisso enquanto estavam indo até o seu quarto. Contar ou não contar, eis a questão?

Decidiu por não contar. Enquanto Percy pulou em sua própria cama. Annabeth olhou para todos os lados fingindo que não esteve ali só ontem. Quando percebeu que Percy não estava prestando atenção nela. De fato, ele estava de olhos fechados deitado com suas mãos atrás de sua cabeça cantarolando uma musica dos Beatles. Já que ele não estava prestando atenção nela mesmo, ela já podia parar com sua encenação. Andou direto para o mural de fotos. Encarou a foto do moreno com sua mãe. Agora que ela viu essa foto de novo, fez ela lembrar do que a avó de Percy lhe disse. “Foi uma grande perda na família” Será que algum dia ele iria lhe contar sobre sua mãe? Questionava-se. Ou ele guardaria pra si? Não saberia dizer. Afinal a perda de uma pessoa querida é extremamente pessoal e extremamente doloroso. Não saberia dizer se algum dia ele confiaria nela com essa informação e lhe contasse. Por enquanto, eles pareciam mais como distantes amigos. Pelo menos, ela se sentia assim. Não se sentia assim sempre, mas de vez em quando, ela apenas parava e o observava. As vezes tentava arrancar alguma informação dele. Podia dizer que as vezes ela conseguia. Porém na maioria das vezes, digamos que não tinha tanta sorte. Annabeth lhe falava sobre ela mesma. Como sobre seus sonhos, sua família, seus hobbies e por ai vai. Apesar de não falar muito sobre ele mesmo, ela gostava de conversar com ele. Gostava de sua companhia. Não era como ela não sabia nada sobre ele. Ela saberia te dizer rapidamente o seu gosto musical, do seu talento musical e qual era sua personalidade. Não saberia dizer porque ele era assim. Com um pouco de sorte, talvez ela saberia um dia. E estaria pronta para lhe apoiar. Mesmo que odiasse não saber das coisas, ela não iria tocar no assunto. Por enquanto, estaria feliz em apenas saber pequenos detalhes sobre o misterioso garoto que é seu melhor amigo.  

-- Estava pensando comigo mesma. Você nunca me contou sobre sua mãe. Será que um dia, você me contara sobre ela? – falou calma, olhando para ele pelo canto do olho. Não esperava uma resposta. Estava apenas pensando alto. Quem sabe um dia seja possível?

O moreno não reagiu tão bem com suas palavras. No mesmo momento ficou tenso. Não queria conversar com ela sobre sua mãe. É um assunto muito delicado para o moreno. Não se sente confortável falando sobre esse assunto, principalmente porque fazia-o relembrar lembranças dolorosas de sua vida. Era apenas tocar no assunto que lhe fazia relembrar sobre tudo que passou. E foi exatamente o que aconteceu. Para o moreno contar o que infelizmente aconteceu com sua mãe era terrivelmente difícil. Só de pensar nisso, seu coração ficou apertado e sentia que a qualquer momento iria começar a chorar. Sentia falta de ser acordado todo dia pela mãe e ir na cozinha para encontrar panquecas azuis prontas. Costumava ser grudado na mãe. Ainda poderia lembrar como sua família era feliz antes que tudo aquilo aconteceu. As vezes encarava o teto e pensava como de uma família feliz se tornou em apenas lembranças de uma fase feliz. Sabia qual foi a razão. Mas nesses dias parecia ser tão surreal.

Mesmo que ele quisesse chorar que nem um bebê agora, ele não o faria. Não se mostraria fraco para Annabeth. Então segurou suas lágrimas recusando a chorar. Recusando-lhe mostrar seu lado sensível. E com muito custo, Percy manejou falar as seguintes palavras sem fraquejar:

-- Ela faleceu oito anos atrás. – Mesmo com todo seu esforço, não conseguiu conter uma lágrima de derramar pelo seu rosto. Rapidamente ele removeu a lágrima de seu rosto torcendo que ela não tenha visto. Não foi dessa vez. Ela viu sua lágrima. Imediatamente ficou estática. Correu até o seu lado e lhe deu um braço apertado. Não disse nada. Não poderia dizer que ela entendia como era porque ela não entendia. Nunca perdeu alguém intimo dela. Não conhecia a dor de perder alguém intimo. Não poderia dizer que lhe entendia e contar-lhe sobre sua perda que nem nos filmes. Muito menos que estava tudo bem. Não gostava nem de pensar de uma vida sem sua família. Então, ela fez a única coisa que ela poderia fazer.

Percy afundou sua cabeça e cheirou seus cabelos. Ela cheirava a rosas e morangos. Ele cheirava a maresia. Ficaram se abraçando por um tempo indeterminado. Não saberiam dizer se passou apenas segundos ou mais tempo assim. O moreno não soltou mais nenhuma lagrima, mas o gesto dela foi reconfortante. Já tinha esquecido da última vez que alguém o mostrou que se importava com ele ou que o lhe desse um conforto (ou até mesmo um carinho).  Se sentia seguro em seus braços, como nada de ruim poderia lhe acontecer. A razão disso não conseguia achar. Mas adorava essa sensação de paz. Talvez não seria tão ruim assim mostrar-lhe sua vida, quem ele é.

[...]

Annabeth voltou para o mural, mas dessa vez mirou sua atenção para sua foto com uma garota. Nunca tinha a visto na escola. Parecia que tinha significado alguma coisa para o moreno. Irmãos? Amigos? Namorados? Não saberia dizer.

-- Quem é ela?

Percy franziu o cenho e se aproximou dela pra ver do que ela estava falando. Ficou atrás dela encostando seu queixo em seu ombro. Olhou para sua figura beijando a bochecha de uma garota. Ela tinha cabelos pretos, lindos olhos verdes e estava sorrindo na foto.

-- Minha ex-namorada. Na verdade, ela foi minha primeira namorada. – falou com um tom de ressentimento e de indiferença.

-- Porque você tem uma foto da sua ex-namorada?

-- Para não cometer o mesmo erro de novo. –falou misterioso.

-- Como assim? – falou curiosa.

-- Desculpe-me, mas eu não vou me aprofundar nesse assunto. –falou sério. Annabeth bufou odeia não saber das coisas. Percy abraçou sua cintura. E começou a falar quem era que estava na foto. Ele falou que Thalia e Nico são seus primos. O que surpreendeu Annabeth. Então, era por isso que Thalia sabia que o moreno era amigo de infância de seu namorado. De fato todos os seus amigos estavam ali. Ficou pensando o que aconteceu entre a amizade deles pra ele se afastar de todos os seu amigos. Decidiu não o perguntar. Não queria provoca-lo. Mas... tinha uma pergunta que a estava incomodando de tão curiosa que esta. Teve uma ideia de tirar essa informação. Começaria com calma e depois perguntaria.

-- Curioso. Você colocar fotos na sua parede para não esquecer seu erro. Geralmente as pessoas rasgam as fotos dos seus ex-namorados e esquecem deles. –falou debilmente. O moreno riu. Seu modo de pensamento faz sentido, mas se ela soubesse pelo que ele passou, ela entenderia.

-- Então esta me dizendo que eu sou esquisito? – perguntou com uma sobrancelha levantada. Annabeth pensou um pouco e abriu a boca, mas logo se fechou. Teve uma ideia e fez um sorriso que iria aprontar. Um sorriso travesso.

-- Eu não disse isso, mas já que você mencionou é exatamente o que eu quis dizer. –falou divertida. Logo em seguida riu.

-- Ah é? – falou fingindo de ofendido. Mas este também estava com um sorriso travesso. – Tem certeza? Se eu fosse você não teria tanta certeza.

-- Porque não? – falou se virando o encarando de frente.

-- Já ouviu falar do monstro das cocegas? – falou divertido se aproximando dela. Annabeth arregalou seus olhos e começou a se afastar.

-- Percy, eu acho que eu não quero f-falar com ele.

Cada passo que a loira dava pra trás, era um passo que Percy se aproximava. E isso aconteceu até que não tinha mais pra onde recuar, Annabeth acabou caindo na cama do moreno. Como não poderia mais fugir, Percy atacou ela com coceguinhas.

-- Hahahahaha... Para... Hahahahaha

-- Porque eu faria isso? Eu estou me divertindo. – falou risonho.

-- Hahahahaha... Para... Por favor-r, v-você não vai me fazer g-gritar que eu te a-amo e que v-você é sexy-y, né?... Hahahaha. – Percy riu e logo parou.

Quando pararam de rir, eles perceberam a proximidade um do outro. Estavam a um centímetro um do outro. Ficaram se encarando. Hipnotizados. Verde no cinza. Cinza no verde. Poderiam ficar se encarando por minutos ou por horas. Como era Percy que estava em cima dela, ele logo quebrou o olhar e sentou-se ao seu lado. Ficaram em silêncio por um momento, mas logo a loira quebrou-o.

-- Você tem fotos dos meus amigos. Vocês já foram amigos antes? – perguntou curiosa.

-- Sim... Faz tempo, mas sim já fomos amigos. –falou pensativo.

-- O que aconteceu?

-- Talvez eu te conte um dia. –falou breve. Annabeth bufou, frustrada com sua resposta.

-- Você tem uma foto do seu pai?— perguntou a pergunta que queria tanto saber. Percy apenas assentiu. – E porque você não coloca a foto no mural?

-- Porque eu não quero. –falou irônico e frio.

-- Okay... Só foi uma pergunta. –falou ressentida pela sua mudança de tom.

-- Quer dar uma volta no parque? – perguntou calmo encarando Annabeth esperando por uma resposta.