Fogo Simétrico escrita por Krystle


Capítulo 28
Vou tentar te esquecer


Notas iniciais do capítulo

Tá acabando genteeee T-T Por favor me segurem e me ajudem a não chorar



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Capítulo 28

*Vou tentar te esquecer*

A garota, mesmo ainda não podendo fazer muito esforço, carregava um sofá nas costas, gotas de suor pingavam da sua face, mas ela não tirava o sorriso egocêntrico do rosto, mesmo com o pensamento de ser a nova chifrada do bairro, mantinha sua dignidade.  Subiu as escadinhas que levavam para a caçamba do caminhão e colocou o sofá lá dentro, logo em seguida massageando os ombros.

-Próximo sofá, lá vamos nós! – Ela disse para ela mesma, pulando do caminhão, porém um loiro carrancudo tirou seu sorriso por uma carranca de tédio – Que foi Brad?

-Nada... Só não me diga que a senhorita idiotinha não carregou esse sofá SOZINHA! – Ele berrou, trazendo olhares feios de um vizinho que regava as plantas.

-Não grita, que vergonha! – Ela bufou – Eu só quero ajudar! Daqui a pouco vou na casa da Moka ajuda-los e vocês vão ficar sozinhos, quero fazer pelo menos metade da mudança!

-Jade, você tem que se manter em repouso, foi essa a condição que o médico te deu para te dar alta antes do prazo!

-Besteira! Tudo besteira! – A ruiva bateu os pés no chão, o que foi uma cena engraçada de se ver.

-Vamos fazer assim, você vai a pé para a casa da Moka, assim você aproveita para dar uma resfriada na cabeça!

-Tá querendo dizer que não quer que eu dirija?

-Não, só quero que você descanse, agora pega seu casaco e chispa daqui! – O loiro disse por fim, pegando uma caixa no chão e indo até o caminhão.

-Tá bem então, “papai”! – A garota riu entrando na casa correndo. Subiu as escadas e foi até o quarto, parando na porta.

 Quem ela queria enganar? Estava bem por fora, mas por dentro ela estava totalmente podre, triste, simplesmente acabada! Encostou-se na porta, olhando para dentro do cômodo que fizera amor pela primeira vez com o shinigami. Deixou uma lágrima teimosa escapar, mas logo a enxugou, pois segunda ela, o shinigami não merecia suas lágrimas.

Ela entrou no quarto que agora se via vazio, apenas com a cama e com o colchão pronto para ser levado. Não, eles não iriam levar os móveis para Londres, até porque o apartamento da garota já era mobiliado com os móveis mais caros e modernos, eles iriam dar os móveis para uma instituição carente, pelo menos os móveis de Jade e dos gêmeos. E entre os móveis a cama também iria para doação, a cama na qual perdera a virgindade com sua “alma gêmea”...

Ela foi até uma das várias malas e de lá pegou um casaco rosa bebê, o inverno estava começando em Death City, mesmo sendo no meio de um deserto, a cidade ficava um pouco fria na estação. Pegou a bolsa pequena preta e ali jogou o celular. Antes de sair do cômodo foi até o banheiro e lavou o rosto suado, passou um perfume pequeno que ainda não estava embrulhado e finalmente saiu do quarto, ainda um pouco deprimida.

-Tchau Brad, volto à noite! – A menina acenou para o loiro que já se via sem camisa carregando uma cama de casal junto do irmão. – E Fred, não coma os doces da viagem!

-Chata! – Ouviu o loiro mais novo quando se virou, porém apenas o ignorou.

Andou por várias ruas e quarteirões e antes de chegar na casa da amiga decidiu passear uma última vez pela cidade. Passou na frente da Shibusen e viu todos aqueles alunos desaforados e sadios, querendo lutar, estudar e aprender. Riu ao avistar Black Star batendo em um menino e Tsubaki desesperada querendo aparar a briga.

 Ela sentiria falta de todos eles, e por mais que fosse mal educado ela não iria se despedir, ela não aguentaria e sempre odiou despedidas, assim como a mãe.

Desviou o olhar e decidiu ir para o jardim da cidade, repleto de árvores, o lugar onde sempre ia conversar com Moka ou dar uns amassos em Kid nos intervalos das aulas. Simplesmente amava aquele lugar, aquela vista, era realmente perfeito. Andou por várias árvores até parar em uma em especial, procurou com os dedos e logo encontrou, no meio da madeira as inicias J e K, envolvas de um coração. Passou os dedos delicados pela madeira raspada e fechou os olhos lembrando daquele dia. Estavam praticamente se comendo embaixo daquela árvore e quando ela viu que estavam indo longe demais desviou os pensamentos do shinigami para que ele lhe fizesse algo romântico aquele momento, ele pensou e logo os olhos brilharam. Ele lhe pediu uma faca e logo o dedo indicador dela virou em uma lâmina, ele na mesma hora pegou a mão dela e escreveu aquilo na árvore, fazendo a ruiva quase chorar de felicidade e o beijar incontáveis vezes.

Ela mordeu os lábios com a lembrança e fechou os olhos, querendo evitar mais lágrimas, porém elas vieram como uma tsunami em um choro silencioso. Foi até a beirada da praça, tendo aquela vista da Shibusen, se sentou na borda como sempre fazia e limpou as lágrimas com a costa da mão.

Olhou para o céu, lembrando-se do seu primeiro dia na cidade, ela realmente se acostumou com o céu daquele lugar, com aquelas caretas estranhas que o sol e a lua faziam. Fechou os olhos e deixou que o vento levasse suas madeixas vermelhas. Inalou o cheiro das folhas secas e da grama húmida do lugar uma última vez. E quando estava prestes a ir embora ouviu um latido conhecido. Virou-se rapidamente para ver um filhote de pastor belga correr até ela feliz.

-Hachi! – Ela exclamou feliz, descendo da bancada e pegando o filhote no colo – Que saudade! – Beijou o cão várias vezes até ser interrompida por uma tosse forçada atrás dela. Virou-se séria, já sabendo que era.

-Sabia que você estaria aqui! – O moreno disse, os olhos hipnotizantes causaram um pequeno avermelhado nas bochechas da ruiva.

-Eu disse que não queria mais te ver... – Ela revirou os olhos colocando o cãozinho no chão com delicadeza.

-Eu decidi não me lembrar disso! – Ele deu um sorriso de canto, se aproximando da ruiva que o empurrou levemente, virando o rosto.

-O que você quer? – Ela perguntou seca.

-Devolver seu anel e te levar para minha casa novamente? – Ele perguntou como se fosse óbvio.

-O que você não entendeu quando eu disse ACABOU? – Ela perguntou massageando as têmporas. – Não quero seu anel e também não quero voltar para a sua casa! Acabou! Eu estou voltando para Londres essa madrugada!

-Jade, não começa! Você não acha que está se precipitando demais? – Ele bufou já ficando bravo.

-Você não se precipitou quando decidiu me trair! – Ela jogou irritadiça. O cão já se via deitado, olhando a discussão com as orelhas baixas.

-Ah vai começar com esse papo de volta – Ele revirou os olhos rindo enquanto negava com a cabeça – Eu já disse que você está maluca!

-Não me chama de maluca! – Ela lhe apontou o dedo com raiva.

-Abaixa esse dedo, agora! – Ele falou sério e pausadamente parando com a risada sínica.

-Quem é você para me mandar? O cara que traiu a namorada, pois ela não te satisfez por uma semana?

-Nada disso teria acontecido se você tivesse me contado antes as suas suspeitas de gravidez! Se alguém tem culpa de algo aqui, a culpada é você!

-Então você não nega que não me traiu? – Ela sorriu sínica e nervosa.

-MEU DEUS JADE, EU NÃO TE TRAI, MAS QUE BOSTA!

-TRAIU SIM, SEU DESALMADO DE UMA FIGA! LAGARTIXA TRAIDORA E IRRITANTE - Ela começou a socar o peito do rapaz levemente, enquanto negava brava. – Eu esperava qualquer coisa, de qualquer um! Menos uma traição da sua parte! Eu te amava Kid, eu te amava como nunca amei ninguém!

Ele segurou seus pulsos e a puxou para si, chocando seus corpos com certa violência.

-Amava? – Ele perguntou com um olhar de dor – Errada! Você ainda me ama, eu sinto isso!

-Me solta! – Ela resmungou se debatendo, mas o shinigami apenas entrelaçou suas mãos em sua cintura fina.

-Eu ainda te amo Jade! – Ele sussurrou – Por favor, me escuta!

-Escutar o que? Que eu sou uma maluca? – Ela o olhou com tristeza – Não temos nada para conversar! Agora me solta.

-Solto! – Ele disse forçando ainda mais o aperto e a fazendo o olhar nos olhos – Mas só se você falar verdadeiramente que não me ama mais e que nunca mais quer me ver!

Ela o olhou surpresa, Jade ainda o amava, amava muito, e o que mais queria era vê-lo todos os dias da sua vida, toca-lo, ouvir sua voz. Ela negou com a cabeça tentando falar as palavras que não vieram. Parou e respirou com os olhos fechados, sentindo a respiração quente do shinigami de encontro com sua pele que se arrepiava. Abriu os olhos com determinação e com o coração quebrando em pequenos pedaços, ela disse as palavras:

-Eu não te amo mais e nunca mais nessa droga de vida quero ter que olhar para sua cara! – E ele a olhou por breves minutos, o brilho em seus olhos fora embora e ele deixou a cabeça cair tristemente, afrouxando as mãos da cintura da ruiva que se empurrou do moreno.

Ela virou-se segurando o choro para ir embora, mas mais uma vez o rapaz a impediu segurando o seu pulso.

-Jade... – Ela ouviu a voz rouca dele – Só uma última coisa... – E a puxou novamente para si, selando seus lábios e a apertando contra si enquanto ela tentava sair daquele beijo, debatendo-se sem sucesso e cedendo logo em seguida. O beijo não teve língua, nem pegada, foi um beijo simples, porém cheio de sentimentos, de amor, de saudade e principalmente de despedida. Ela cortou o beijo e ele recostou sua testa na sua de olhos fechados.

-Já chega Kid – Ela sussurrou triste, soltando-se do seu abraço do moreno e olhando para o pequeno cachorro que já dormia em um canto. Deixaria ele com Kid, até porque a viagem seria longa.

-Você devia ficar com o seu anel! – Ele voltou ao assunto. – Foi um presente...

-O anel não era um presente era um compromisso! – Ela afirmou seca, deixando Kid ainda mais deprimido. Virou-se finalmente e começou a andar – Adeus Kid...

-Nos veremos de novo... – Ele falou para ele mesmo enquanto observava ela ir embora. Uma lágrima teimosa escorreu por seu rosto pálido e ele fungou baixinho. – Mas até nos vermos de volta, eu vou tentar te esquecer... Apenas tentar... Minha Jade...

Continua...


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Notas finais do capítulo

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