Em meio a rotinas agitadas e conturbadas, o ato de simplesmente ficar parado observando o horizonte não é apreciado. É feio, rude, quase mal-educado, como se fosse nossa obrigação permanecer as 24 horas do dia fazendo algo produtivo aos olhos dos outros.

E então, eu quis ser quase mal-educada.

Observando as paisagens que surgiam em minha visão – fosse de um filme, de um livro, de um outdoor, de uma lousa escrita em giz ou, meu preferido, pessoas reais apenas vivendo -, dezenas e centenas de cenários se criaram em minha mente, junto a broncas que enchiam meus ouvidos exclamando algo como “Faça algo de útil. Anote, tire, solte, faça.”.

A relação humana é algo quase divino.

De quem seria essas vozes que insistem em me dizer o que fazer? Quem acha que tem o direito de me importunar de tal maneira e diminuir minha paciência que já não é exemplar?

E quem sou eu para censurar tais pessoas?

Observando as paisagens, meus olhos pairaram em outros rostos e outras vozes. Pessoas desconhecidas, aleatórias e que nada tinham a ver entre si. Por que estariam numa mesma sala, numa mesma página ou na mesma tela de televisão? Qual era a relação dessas pessoas tão distintas que a fizeram estar tão próximas naquele momento?

E o resto foi de praxe: histórias e ideias alternativas se formaram em minha mente sem permissão. Frases prontas e ações tão inesperadas com personagens tão esquisitos dominaram meus pensamentos, de forma que eu não pude ignorar. Chegava a ser divertido.

E resultou nisso: as histórias passaram a serem formuladas de forma adequada, digitadas e agora, divulgadas pela autora aqui presente.

E cabe você, meu leitor, julgá-las na maneira que acha-las melhor.