Acordo de manhã com o chamado de Charlie. Ele bate na minha porta e chama pelo meu nome.

- Entre. – digo com a voz rouca.

- Bom dia, querida! – ele diz sorrindo para mim. – Edward ligou e disse que dez e meia ele passa para te buscar.

Charlie revira os olhos. Há algum tempo, percebi que quando meu avô está triste ele revira os olhos e não te encara, como agora. Pego meu celular e vejo que são 9h50.

- Acho que da tempo de tomarmos o café da manhã juntos. – eu digo piscando para ele. Um sorriso enorme aparece em seus lábios.

- Não demore. – ele pisca de volta e fecha a porta.

Abro minha pequena mala e pego uma roupa confortável: calça jeans, tênis e uma blusa fina de manga comprida verde. Minha tia Alice não aprovaria isso, com certeza.

Deixo todas as minhas coisas arrumadas e o quarto também. Me sinto triste em ter que deixar meu pequeno quarto. Ele pode não ser tão grande e fino como o da casa dos meus avôs ou da Ilha, mas é confortável e eu o adoro.

- Nessie! – meu avô grita.

Desço correndo e me deparo com um maravilhoso café da manhã.

- Uau! – eu digo não conseguindo esconder a surpresa. – Você preparou o café da manhã todo... sozinho?

- Bem... é seu último dia aqui. – Charlie diz triste.

- Ah, vovô. – eu digo abraçando-o. – Eu vou voltar. Não se preocupe.

- Promete?

- Sim.

Comemos em silêncio, como sempre. Alguns minutos depois meu pai chega em seu volvo prata.

                - Bom dia, Sr. Swan. – ele diz estendendo a mão para Charlie.

- Bom dia, Edward. – ele responde trocando um aperto de mão com meu pai.

- E Bella, como está? – meu avô pergunta.

- Melhor impossível. Mandou dizer que logo virá vê-lo. – Edward respondeu. – E Nessie, onde está?

- Bem aqui! – digo sorrindo aparecendo de trás do meu vô. – Oi, pai.

- Oi, querida. Vamos?

- Sim.

Pego minha mala e dou um beijo da bochecha de Charlie. Posso ver o desapontamento estampado em seu rosto e me sinto culpada por deixa-lo.

- Não se preocupe. Ele vai ficar bem. – meu pai sussurra em meu ouvido enquanto estamos indo até o carro.

- Não sei. – eu digo virando para olhá-lo. Ele acena para mim e entra.

- Você sabe que pode vê-lo quando quiser. – meu pai sorri para mim.

Entro no carro e meu pai também. Ele coloca uma música clássica e dirige em alta velocidade, mas sem preocupação.

- Então. – ele começa. – Matriculei você na escola esta manhã.

- O que? – eu digo o encarando perplexa.

- Fiz mal? – ele sorri me olhando brevemente.

- Não! – respondo rapidamente. – Só estou surpresa.

- Matriculei Jacob também. – ele completa.

- Jacob? Ele sabe disso?

- Não. Mas tenho certeza que ele ficará feliz em acompanha-la.

- Sério? Não acho que alguém ficaria feliz em fazer o colegial novamente.

- Tenho certeza de que ficará. – ele sorri e levanta. Olho do lado e vejo que estamos em casa.

- Bem-vinda!

Minha mãe está na porta e abre os braços para mim.

- Nessie! – ela exclama feliz. – Senti sua falta, querida.

- Eu também, mamãe. – digo tocando meu colar.

Entramos em casa e distribuo abraços a todos. Logo estou em meu quarto e meu celular toca.

- Alô?

- Nessie? É o Jacob. Já está em casa?

- Sim. E você onde está?

- Indo para a sua casa. Preciso falar com o seu pai. – sua voz está distante. – Tchau.

Desligo o celular e me jogo na cama. Em poucos segundos ouço batidas na porta.

- Entre. – grito.

- Olá! – diz a minha tia Alice saltitando até sentar na beirada da cama. – Está um sábado perfeito para fazer compras não acha?

- Sério? – digo olhando para a janela.

- Sim! – ela diz tentando me animar. – Vamos, por favor. Você sempre adorou me acompanhar. Lembra da vez em quando compramos roupas para a família inteira? Foi divertido, não foi?

Sorri ao lembrar do momento e mostrei isso para minha tia. Ela sorriu.

- Foi sim.

- Então! Mas, hoje só precisamos comprar algumas coisas para você e o Jacob. – ela disse indo até o meu closet. Provavelmente escolhendo uma roupa para irmos ao shopping. – Ouvi vocês conversando ao telefone, desculpe. Achei que seria uma ótima oportunidade.

- Sim... mas, por que?

- Vocês vão à escola! Seu pai não disse?

- É, claro! – como eu pude ter me esquecido?

- Vista isto. Você não pode ir ao shopping assim. – ela disse fazendo careta ao me olhar de em cima a baixo. – Nos encontramos daqui a pouco.

Alice sai saltitando como uma bailarina (como diz minha mãe) e eu coloco o que ela pede.

Ouço um barulho de motor, olho na janela e vejo Jacob estacionando sua moto. Ele entra rapidamente e saio em disparada para o primeiro andar.

- Bom dia, Jacob! – cumprimenta minha avó sorridente.

- Bom dia, Sra. Cullen. – ele sorri.

- Jake! – pulo em seus braços.

- Uau! Nem parece que me viu ontem.

- Se não queria o abraço...

- Claro que eu queria!

- Bom dia, Jacob. – meu pai aparece.

- Bom dia. – ele responde.

- Alice vai descer logo para vocês irem às compras. –  meu pai sorri e se afasta.

- Como? – Jacob pergunta me encarando confuso

Ótimo, obrigada pai. Agora vai ser mais que difícil convencer Jacob a ir fazer compras. Meu pai solta uma risada e eu reviro os olhos.

- É que como vamos à escola...

- Vamos? Você quer dizer eu e você?

- Sim...

- Espera. O que mais você sabe da minha própria vida que eu não sei?

- Calma. Vou explicar. É que eu quero muito, mas muito mesmo ir à escola e já pude perceber que meu pai não permitirá se você não for comigo. – me aproximo e tento fazer a cara mais convincente possível.

- Entendo. Mas, não entendo a parte das compras.

- Pra falar a verdade, nem mesmo eu entendo. Acredito que a minha tia não queira que vamos à escola “desleixados”.  – sorrio e ele revira os olhos.

- Exatamente. – ela diz descendo das escadas e nos puxando para fora. – Estamos indo, Esme!

Vamos em direção à garagem e Alice encara todos os carros, parecendo em dúvida.

- E agora? – ela pergunta. – Precisamos de carros mais discretos. Temos um porsche amarelo, um conversível vermelho, um volvo prata, um gip, um carro clássico, um CX60, um Mercedes, Mercedes-Guardin, Aston Martin...

- Gosto desse último. – diz Jacob.

- Carlisle não vai se importar. – Alice diz indo pegar a chave e entra no carro.

- Ela sempre diz o contrário de mim. – Jacob sussurra.

-  Eu ouvi. – ela diz colocando a cabeça para fora. – Agora vamos.

O caminho é rápido e calmo. Chegamos ao shopping em pouco mais de uma hora. Alice prefere o shopping mais distante, que fica perto da divisa de Seattle com outra cidade. Seu sorriso até intensifica ao chegar à porta do lugar.

- Esse lugar não é incrível? – ela ri animada.

- Muito! – Jacob ironiza. Minha tia o ignorou totalmente.

Apesar de Jacob reclamar o tempo todo, o dia foi divertido. Fizemos comprar a manhã inteira, depois almoçamos e compramos algo mais.

Compramos muita coisa, tanto que Jacob ficou completamente amassado no meio de tantas sacolas. Não pude contar o riso.

- Você acha isso engraçado? – pergunta Jacob com a voz abafada.

- Com certeza. – dou uma gargalhada e Alice me acompanha.

Quando chegamos em casa, meu pai fica assustado ao ver quantas coisas trouxemos.

- Uau, Alice! – ele diz ajudando Jacob a carregar as sacolas.

- Consegui comprar tudo... pelo menos para Jacob e Nessie. – ela sorriu e sai pulando pela casa.

- Tenho pena de você Jacob. Pelo menos não tenho que ir comprar minhas roupas. – meu pai sorri.

- Foi a primeira e a última vez, sério. – Jacob responde irritado.

- Não exagera, foi divertido! – sorrio maliciosamente.

- Jacob, leve tudo para o quarto da Nessie e vai até o escritório. Precisamos conversar. – pede meu pai sem nenhum tom de brincadeira em sua voz.

Fico preocupada, mas então penso que pode ser sobre a tal surpresa para o meu aniversário que será daqui uma semana. Vou para dentro da casa e encontro com Alice no corredor.

- Nessie, sei que seus pais não comemoraram em nada o aniversário de casamento deles. Portanto, hoje à noite terá uma festa só para os amigos mais íntimos. – ela anuncia.

- Mas... assim, do nada? – pergunto. – Quero dizer, você terá tempo de convidar todo mundo?

- Mas é claro. Fiz isso há uma semana, sem o consentimento de seus pais. Quero fazer uma surpresa. – ela sorri radiante. – Agora me ajuda a pensar em um plano para sua mãe se arrumar para a festa.

- Diga que meu pai quer um jantar romântico em um lugar muito luxuoso. – proponho.

- Ah, perfeito! Vou falar com ela e você fale com seu pai. Ninguém sabe. Todos saberão de última hora. Ninguém consegue controlar os pensamentos como eu.

- Mas, como você vai fazer a decoração sem ninguém ver?

- Hum... pensei em usar o mesmo plano do seus pais com Esme e Carlisle.

- Mas e Rose e Emmet?

- Eu dou um jeito. Vá se arrumar – ela me beija na bochecha e desce as escadas.

Entro no meu quarto e Jacob vem atrás, carregado de sacolas.

- Quer ajuda? – pergunto rindo.

- Adoraria.

- Pelo jeito meu pai quer ter uma conversa séria com você – digo colocando as sacolas em cima da cama sem muita dificuldade.

- Talvez. – ele da de ombros e sai.