There's No Place Like Home escrita por Filha de Atena


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Não me matem por ter demorado anos. Por favor.



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Último Capítulo:

(...)

Aninhei o gato no meu colo e já estava subindo de novo para o quarto quando ouvi a voz dele de novo. Continuei andando como se não tivesse ouvindo nada, fugindo para o meu quarto. Talvez ele não me visse. Talvez ele estivesse longe o suficiente para Emily não querer apresentá-lo pra mim agora.

– Lily, venha aqui! Quero que conheça uma pessoa – gritou Emily.

Merda.

Capítulo dois.

Parecia que alguém estava lendo meus pensamentos e zoando com a minha cara, só podia ser. Por que, oh Deus, por que tinha que acontecer justamente o que eu temia que acontecesse?

Apertei Ziggy com força contra meu peito, de modo que ele miou em protesto. Senti pena dele. Pobre gato, não tinha culpa do meu destino cruel. Suspirando, deixei-o no chão e me virei para a escada. Bem, eu teria de enfrentar isso uma hora ou outra, não? Era melhor enfrentar de uma vez.

Desci a escada devagar, relutante. E lá estava ele, ao lado de Emily, que, como sempre, sorria de modo contagiante. Sorri de volta para ela, e voltei-me para James, parando de sorrir. Este, para minha surpresa, também não sorria. Nós nos encaramos por alguns segundos e pude ver uma pontada de raiva em seus olhos, que por mais que eu não quisesse admitir, me deixava incomodada.

Emily pareceu notar que nenhum de nós ia abrir a boca e pigarreou. Olhei para ela e vi que pela primeira vez desde que a conhecera ela não estava sorrindo, o que me assustou. Quero dizer, ela sempre sorria, de modo que eu me sentia um monstro por ser o motivo dela não sorrir. E foi aí que eu vi que teria que fazer de tudo para me dar bem com James e parecer feliz ali.

E como sabia que as duas opções eram praticamente impossíveis, decidi fingir. Mesmo me sentindo culpada, eu sabia que era por uma boa causa.

James também deve ter pensado nisso, porque um segundo depois ele falou com um sorriso forçado e a mão estendida:

– James Potter.

Sério? Nem notei.

– Lily Evans – falei com um sorriso tão forçado quanto o dele, apertando sua mão. E que mão. Não que eu ligasse que tivesse mãos grandes e fortes, é claro. Quero dizer, qualquer um poderia ter mãos como aquelas, mas isso não significava nada.

– É um prazer te conhecer, Lily.

James falou em um tom tão obviamente falso, quase sarcástico, que eu me surpreendi ao ver que Emily tinha caído direitinho em nossa encenação. Realmente, nós não daríamos como atores nem que nossa vida dependesse disso.

– James, por que você não ajuda Lily com as malas que ainda estão no carro? – Emily perguntou como quem não quer nada.

– Ahn, não é preciso, só falta uma mesmo – me apressei a falar.

Qualquer um podia ver que estava evitando James, mas não me importei. Sai de lá o mais rápido possível e fui atrás da tal mala, não querendo dar motivos para Emily insistir. Ainda mais sabendo que James me odiava. E eu também o odiava. Só que por motivos diferentes.

James me odiava porque eu estava invadindo sua casa, mesmo que não tivesse culpa disso, e roubando parte da atenção dos seus pais. Eu até entendia, porque se fosse ao contrário e meus pais estivessem adotando James Potter, provavelmente também não ficaria muito feliz.

Eu, no entanto, odiava James pelo simples fato de ele ser arrogante, cafajeste, infantil e mais todos os adjetivos negativos existentes. Quero dizer, menos feio. Tinha que admitir, James podia ser tudo, mas definitivamente não era feio. Talvez também guardasse rancor do pequeno período de tempo que gostei dele, no primeiro ano. É, eu sei. Humilhante.

Fiquei feliz em constatar quando passei pela sala, indo para o quarto, que James já não se encontrava mais lá. Tinha a intenção de evitá-lo enquanto morasse naquela casa, o que com certeza iria facilitar as coisas para nós dois. Ou pelo menos pra mim.

Quando cheguei ao meu quarto, vi que o celular tocava. Era Marlene, claro. Eu sabia que ela ia ligar mais cedo ou mais tarde, afinal, ela havia prometido. Lene é aquele tipo de pessoa que sempre cumpre o que fala independente do que seja e do que aconteça. Isso era uma das coisas que eu mais gostava nela. Se ela dissesse alguma coisa eu sabia que podia confiar.

– Hey, Lene – eu disse, assim que atendi o celular.

– Lily! Tudo bem? Como está aí?

– Legal – falei simplesmente. Não queria entrar em detalhes, principalmente pelo telefone.

Legal? Como assim? – perguntou Lene, indignada pela falta de informação. – Você se muda para uma casa nova, com pessoas que você não conhece e define tudo isso como legal?

– Ei, calma aí. Você não quer vir aqui? – perguntei. – Eu preferia não conversar pelo telefone.

– Tudo bem, eu vou. Qual o endereço?

Passei o endereço para Lene e desliguei o telefone, indo atrás de Emily. Eu estaria mentindo se dissesse que a achei rápido. Na verdade, demorei uns dez minutos apenas dando voltas pela casa, não entrando por nenhuma porta que me parecesse um quarto. Até porque poderia acabar dando de cara com James, o que não seria exatamente agradável, já que ele me odeia. Além disso, era falta de educação entrar nos quartos alheios.

Finalmente a achei. Ela estava em um cômodo mais afastado da casa, onde, concentrada, pintava o que parecia ser uma caixinha de madeira. O jeito delicado com o qual movia o pincel me deixou encantada. Ela se parecia levemente com a minha mãe, que também fazia artes manuais e tentara, sem sucesso, me ensinar.

Por um momento apenas fiquei observando, imaginando se ela e minha mãe eram mesmo amigas como diziam que eram. Até lembrar que eu estava lá por um motivo.

– Hum, Emily? – chamei. Ela se virou para mim e sorriu. – Er... Eu chamei uma amiga para vir aqui, tudo bem?

– Claro, Lily. A casa é sua agora – ela continuou – Eu achei que você iria querer chamar alguma amiga sua para passar a noite aqui. Ia mesmo falar com você.

Sorri para ela agradecida e voltei para o meu quarto, enquanto esperava Lene que provavelmente ainda ia demorar. Ela sempre, independente pra onde ia, ficava horas na frente do guarda roupa pensando na sua roupa. O que, no final, sempre valia à pena, porque Lene tinha o dom de combinar peças de roupa que você nunca pensaria em usar juntas. E o resultado era incrível.

Fui até a janela e olhei para fora. Logo notei que ela tinha um pequeno acesso ao telhado, o que despertou em mim uma vontade louca de sair por ali. Sempre gostei de escalar telhados, muros e árvores, então eu simplesmente não pude resistir.

Subi hesitante na janela, esgueirei-me pela passagem e num instante eu estava no telhado. Sentei, abraçando as pernas, e fiquei observando o céu, que ainda estava claro, mas já naquele tom rosado do fim do dia. A partir desse momento eu soube que esse lugar seria muito útil para ficar longe de todo aquele luxo de vez em quando.

Não sei quanto tempo fiquei ali, apenas observando o céu ficar mais escuro a cada minuto e pensando sobre bobagens, até que ouvi meu celular vibrar irritantemente no meu bolso, de modo que foi impossível ignorar. Atendi sem nem mesmo olhar para a tela do celular.

– Oi, Lene – falei, voltando para o quarto e fechando a janela atrás de mim. – O que houve?

– Er, oi Lily. Eu liguei porque acho que você passou o endereço errado. Quer dizer, eu estou na frente de uma mansão gigante agora mesmo e o taxista insiste em dizer que é aqui.

Eu ri. Sabia que a reação de Marlene ia ser algo assim, mas não imaginei que ela me ligaria para confirmar o endereço.

– O endereço está certo, Lene. Você devia dar mais atenção ao que o seu taxista diz, eles costumam conhecer a cidade, sabe – eu disse, ainda divertida.

– O-o que? Você mora aqui mesmo? Em uma mansão?

Ri mais ao notar o tom de admiração sua voz.

– Só um minuto, vou te buscar aí em baixo. – falei, desligando o telefone.

Fui até o andar de baixo e abri a porta, animada. Lene estava atordoada, observando a casa com certa admiração, tão distraída que só me notou ali depois de eu pigarrear algumas vezes.

– LILY! – berrou ela, praticamente pulando em cima de mim. – Por que você não me disse que morava numa mansão? Eu poderia ter me preparado melhor psicologicamente.

Ela olhava animadamente para todos os lados, enquanto dava voltas pela sala.

– Eu achei que você ia gostar da surpresa – falei, sorrindo. Mas o sorriso desapareceu assim que me lembrei de outro detalhe que Lene ainda não sabia. – Er... Tem outra coisa que você ainda não sabe.

– O que? – perguntou Lene, voltando-se para mim.

Antes que eu pudesse responder, James entrou na sala. Lene, com os olhos arregalados, e eu o observamos andar até a cozinha, nos dirigindo apenas um aceno distraído com a cabeça.

– Hum... Lily? – chamou Lene, quando James desapareceu de vista.

– Sim? – perguntei inocentemente.

– O que James Potter está fazendo na sua casa? – ela perguntou, enquanto me observava desconfiada. Lene sabia sobre o meu desprezo por James.

– Bem, a casa é dele, na verdade – eu disse desviando o olhar da cara de espanto que Lene ficou. O queixo dela estava definitivamente no chão agora.

– O QUÊ? – ela gritou, mas ao notar meu olhar de desaprovação ao grito, ela começou a sussurrar. - Como assim a casa é dele?

Suspirei baixinho, peguei seu braço e a puxei pela escada, parando apenas quando cheguei ao meu quarto e fechei a porta.

– É o seguinte – falei, andando de um lado para o outro. – A família de James me adotou e não, eu não sabia que era a família dele. Fiquei sabendo apenas quando cheguei aqui, estou tão surpresa quanto você.

Lene me encarou, divertida.

– Eu não acredito – disse ela. – Ele é James Potter! O mesmo James Potter pelo qual você era totalmente caidinha no primeiro ano!

– Sério Lene – resmunguei –, por que você tem que ficar me lembrando dessas coisas? Não foi nada de mais, eu era uma criança. Não sabia quem ele era de verdade.

– E agora você sabe? – ela perguntou, rindo.

– É claro que sei! Ele é só um garoto estúpido, galinha, arrogante, mimado, inf-

– Lily – ela me interrompeu –, você mal conversou com o garoto na sua vida inteira. Como pode afirmar tudo isso?

– Eu posso não ter conversado com ele, mas é só ver como ele age! – falei, irritada por Lene estar defendendo aquele idiota. - Quer dizer, ele sai agarrando qualquer garota por aí sem nem ao menos saber o nome.

– Ele é um adolescente, Lily. É normal – falou. – Aliás, você sabe que ele mudou desde o ano passado.

Andei até a cama e me joguei lá.

– Tanto faz. Ele me odeia mesmo.

Mesmo tentando parecer indiferente, meu tom de voz denunciou a minha mágoa. Quer dizer, qualquer um ia ficar se sentir mal em morar com alguém que o odeia, não era nada pessoal com o James.

Lene sentou ao meu lado na cama, me observando atentamente. Estava abrindo a boca para falar alguma coisa, quando ouvimos batidas na porta.

– Entra – falei, feliz por terem interrompido nossa conversa.

Mas minha felicidade desapareceu assim que a porta do quarto se abriu e pude ver que era James quem estava ali.

– Mamãe mandou chamar vocês, o jantar está pronto - falou e não pude evitar pensar em como era fofo James chamar Emily de mamãe.

Ele estava visivelmente desconfortável. Bagunçava o cabelo a todo instante e evitava nos encarar.

– Tudo bem, nós já vamos – Lene respondeu antes que eu pudesse e me puxou para fora da cama.

James deixou o quarto e Lene se voltou para mim.

– Lily, eu a-

– Vamos – falei antes que ela pudesse terminar a frase -, não queremos deixá-los esperando, não é?

Sai do quarto puxando Lene, que me olhava acusatoriamente, mas eu apenas ignorei e continuei andando até a sala de jantar, onde todos estavam. Para nosso espanto, havia uma pessoa a mais lá. Sirius Black.

Sirius Black era o melhor amigo de James, então eu já devia saber que teria de me acostumar com a sua presença na casa. Eles eram como irmãos. Mas, na verdade, eu não me importava. Sirius nunca me irritara como James.

No entanto, Lene não parecia pensar da mesma forma. Ela hesitou por um momento e eu tive que a puxar para que ela sentasse.

– Hum, esta é Marlene, a amiga que eu falei – disse para Emily, que sorriu.

– É um prazer te conhecer, Marlene. Sinta-se em casa.

– O prazer é meu – Lene sorriu educadamente, mas notei que ela estava estranha. Mexia-se na cadeira a todo instante e me olhava desconfortável. Demorei a notar que o motivo era Sirius Black, que estava sentado na sua frente e não tirava o olho dela. Tentei não soltar uma risadinha.

O jantar seguiu desconfortável. Sirius encarava Lene abertamente, e ela tentava com todas as forças ignorá-lo. Eu disse tentava. Emily se esforçava para puxar assunto, mas todos davam respostas monossílabas, até que ela desistiu. Eu e James apenas encaramos o prato o jantar inteiro.

O senhor Potter não estava presente no jantar, tinha saído em uma viagem de trabalho e de acordo com Emily, isso era muito comum.

Só voltei a relaxar quando o jantar acabou e pudemos voltar para o meu quarto. Lene parecia estar tão aliviada quanto eu, mas nem por isso esqueceu de nossa conversa não terminada.

Nós já estávamos deitadas – eu na cama e Lene em um colchão – quando ela falou:

– Sabe Lily, eu não concordo com você.

A princípio eu não sabia sobre o que ela estava falando, mas ela continuou.

– Não acho que ele odeie você. Só que, bem, você não esperava que ele fosse como Emily, não é?

– Não, eu não esperava nem que ele morasse aqui, na verdade. Eu o entendo. E é por isso que acho que ele me odeia. Eu me odiaria no seu lugar – falei.

– Certo Lily, mas ainda não acho que ele te odeie. E eu também não entendi porque você se importa tanto – ela falou, soltando um risinho, que me deixou bem irritada.

– Eu não me importo, ok? Aliás, eu também não entendi porque você ficou tão incomodada com a presença de Sirius no jantar, Lene – devolvi.

– Boa noite, Lily – ela resmungou, ignorando totalmente a minha provocação.

– Boa noite – sussurrei, fechando os olhos.

Cai no sono rapidamente. Afinal, havia sido um longo dia.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora, eu totalmente esqueci de postar aqui, tanto que eu nem tinha respondido os comentários. E eu SEMPRE respondo os comentários.
Por favor, não me matem.
Sejam bonzinhos e deixem digam nos comentários o que vocês acharam que eu juro que vou postar o mais rápido possível o próximo capítulo.