O pequeno capitão do décimo esquadrão estava em sua sala, terminando de fazer os relatórios que sua tenente insistia em não fazer. Faltava pouco para seu expediente terminar e o anoitecer estava próximo.

Arrumou alfabeticamente os papéis e notou que alguns estavam faltando. Foi até o armário e procurou-os, até encontrar um “intruso”. Um relatório que fora feito há algum tempo, do quinto esquadrão.

Lembrou-se da pequena briga que teve com Hinamori Momo anos atrás e sua expressão mudou para triste. Afinal, aquilo certamente não era uma boa memória. Sentou-se no sofá, só, e começou a relembrar momentos junto de sua amiga de infância.

- Há quanto tempo... – suspirou Hitsugaya – Agora, estamos juntos na Gotei 13, o lugar onde eu sempre odiei.

Agora, Hitsugaya Toushirou é respeitado por todos. Ou melhor, o “capitão Hitsugaya” que é. Todos da Seireitei o conhecem por suas habilidades fantásticas, era o menino prodígio depois de Ichimaru Gin.

Mas, a única que convivia normalmente com ele, mesmo antes de se tornar importante, era Hinamori Momo. Uma garota alegre e muito popular pela vizinhança. Hitsugaya, mesmo querendo mostrar o contrário, admirava Hinamori por esse motivo. Era um imã de pessoas.

Com o tempo, acabou conhecendo a shinigami Matsumoto Rangiku que o convidara para se tornar um deles. Acabou aceitando por temer machucar sua avó de Rukongai, mas não pôde entrar na mesma época que Hinamori, pois esta já havia se graduado.

E ocorreu um deja vu. Todos sentiam inveja do tamanho poder que continha, então ninguém se aproximava. Hitsugaya estava solitário novamente. Até aparecer Kusaka Soujirou, seu mais novo amigo, que o admirava ao invés de sentir inveja de seu poder. Todavia, Kusaka teve um final trágico e traumatizante para Hitsugaya.

Ao se graduar como shinigami, muitos o incentivaram a se tornar um capitão, o que era provável de ser aceito. Não fez o teste porque queria se tornar um comandante forte, capaz de ordenar um exército inteiro, mas para ser capaz de agradecer Hinamori Momo – que, no momento, era tenente do quinto esquadrão – protegendo-a.

Muitos confundem essa gratidão com amor. Bem, até poderia sentir algo por sua amiga, mas nada que pudesse comprovar. Tinha assuntos mais sérios a tratar, e, talvez, não seria capaz de protegê-la sempre. O esquadrão era importante. Como capitão, tinha o direito de proteger aquele grupo de pessoas, mais a Seireitei inteira, com o próprio coração e alma.

Soltou um pequeno riso, até ser surpreendido por sua tenente, abrindo a porta com força.

- Matsumoto!! Bata, antes de tudo!! – gritou furioso

- Capitão, ainda está aí?! Desse jeito, vai se atrasar!! – falou segurando o braço de seu capitão e o arrastando, fazendo este derrubar o papel

- O-oe!! Eu tenho minhas próprias pernas!!

 ~ x  ~

“Toc Toc”

- Coom licença! – Matsumoto abriu a porta calmamente, entrando logo em seguida

- Ah, Rangiku-san!! – Hinamori abriu um enorme sorriso – Por favor, entre!!

- “Por que aqui ela bate na porta e, no nosso próprio esquadrão, não...?” Matsumoto, vou me retirar. – falou do lado de fora, desencostando-se da parede

- Ah, capitão!! – a ruiva apareceu na porta, mas o capitão já estava a metros de distância dali

- Shiro-chan? Ele... Estava aí? – Hinamori sentiu lágrimas em seus olhos – Quer dizer que ele veio me ver...?

- Claro que sim, Hinamori!! – a mais velha percebeu o rosto de preocupação e abriu um sorriso, segurando em seus ombros – Não se preocupe, ele logo estará bem! Vem, eu te ajudo com o cabelo!

- Shiro-chan...

 ~ x ~

Hitsugaya andava pelos corredores, pensativo. Seu coração estava desacelerado e confuso. Distraído, acabou esbarrando em alguém.

- Kira?

- Ah, capitão Hitsugaya! Mil perdões! – reverenciou

- Não tem problema. – encarou um pouco o tenente – E então? Como está?

- A-ah... Um pouco nervoso. Mas dizem que é normal.– riu

- Entendo... Espero que esteja consciente da sua decisão, certo? Caso esteja enganando-a, acabarei com sua raça. – mostrou um olhar assustador – Espero que sejam felizes. Possuem o meu apoio. – acenou e continuou sua caminhada

- Obrigado, capitão Hitsugaya. – e novamente, reverenciou de gratidão, sorrindo

~ x ~

Muitos já entenderam a frustração de Hitsugaya: Hinamori Momo estava para se casar com Kira Izuru. O capitão não estava triste, pelo contrário, estava feliz. A pessoa que sempre impedia Hinamori de entrar na sanidade, era ele, Kira Izuru.

Observava de longe a cerimônia. Não queria demonstrar suas emoções na frente de tantas pessoas que, antes, o rejeitaram.

Finalmente chegou à conclusão de que Hinamori realmente era apenas sua preciosa amiga. Sentia seu coração aliviado vendo a garota sorrindo e chorando ao mesmo tempo, estava feliz. Esse era o mais importante.

- Capitão, a vista daqui é tão boa quanto ficar lá! – exclamou Matsumoto, aparecendo de surpresa

- O que está fazendo aqui?

- Eu sou sua tenente! Estarei sempre ao seu lado, capitão! – sorriu – Tem alguma promessa a fazer para os felizardos?

- ... Se o Kira não proteger a Hinamori com a vida, acabo com ele. – ouviu a risada de Matsumoto e sorriu de canto

- Não há com o que se preocupar. O Kira vai protegê-la, assim como o senhor continuará a fazer isso!

- Cale-se. – voltou a ficar sério

- Olhe, chegou a parte mais romântica! Não quer ver, capitão?

Mesmo hesitando, acabou vendo o selamento entre os dois tenentes. Sentiu uma pontada em seu peito, mas nada que viesse de sofrimento. Olhou para a enorme lua que pairava e sorriu.

- Seja feliz, Hinamori. É o que qualquer amigo pediria. – sussurrou – Vamos, Matsumoto.

- Ehh?! Mas, mas, mas, eu ainda não peguei as lembrancinhas!! E a Hinamori disse que teria amanatôs de petisco!! – choramingou

- Você só pensa nisso...? – suspirou fundo

- Por favooor!!

- Certo, certo!! – coçou a cabeça, reclamando – Mas só vou ficar um tempo, entendeu? – notou um silêncio – Matsumoto?

- Os amanatôs irão acabar, capitão!! – viu sua tenente correndo na frente

- MATSUMOTO!! – e foi atrás