Olivia não quis voltar pro quarto. Mesmo depois de passar mais de uma hora, da partida da outra. Cragen não esperava que ela voltasse, e, quando menos esperava...

- Capitain Cragen... How long! - exclamou a loira. Olivia revirou os olhos, e tentou voltar a concentrar-se nos papéis. - Benson...

O nome dela saiu cuspido, da boca da outra, como se ela tivesse nojo. Nojo de pronunciar seu nome.

Bem, não era pra tanto, porque Olivia também não a suportava. E, depois de presenciar tal beijo, uau. O coração já estava com curativos demais, e ela não queria voltar a se machucar.

- Como vai, detetive? - perguntou Cragen, cuspindo as palavras, como se estivesse com... Nojo?

Olivia sorriu timidamente, e deixou uma risadinha silenciosa escapar por seus lábios.

- Já aposentei-me. A vida de policial estava dura demais, para mim. - riu-se a loira, depois, olhando Olivia com fúria. - Além do mais, não devo nada, à ninguém. Nunca tive uma vítima na família.

Aquilo foi demais.

Olivia bateu com os papéis na mesa, e saiu andando, sem, ao menos, dar-lhes uma explicação plausível, para aquilo tudo.

Chegou no jardim do hospital, um lugar reservado, e encostou na parede mais próxima. Quando se deu conta, já estava sentada no chão, com as pernas encostadas ao tronco, seguradas pelas mãos e braços. Escondeu a cabeça debaixo dos braços, quando sentiu que alguém se aproximava.

- Eu ouvi o que ela disse. - não, não, não, não! Não podia ser!

- El, sai daqui, vai ficar com seu filho, ele precisa de você. - pediu ela, em prantos.

- Não antes de saber o que aconteceu, pra você estar assim, sunshine. - ele lembrou! Ele lembrou! O apelido dos dois!

Um sorriso contente iluminou sua face, e ele sorriu junto.

- Vai me contar? - perguntou ele, curioso. Olivia fungou, e respirou fundo, antes de responder:

- El, você lembra do que aconteceu com a minha mãe? - perguntou ela, com os olhos marejados. Elliot negou. - Ela foi estuprada, no campus, e acabou ficando grávida de mim... 

- Não... - balbuciou ele, balançando a cabeça.

- Sim, El... Eu sou filha de um estupro. - admitiu, suspirando. - Quando me juntei ao SVU, achei que tudo estaria acabado. Que eu conseguiria justiça, para ela, mas... Ela morreu, no ano de dois mil. E, meu pai, dois anos antes, não que ele me interessasse, de modo algum.

Elliot levou uma das mãos à boca, e olhou para ela, com mais intensidade, do que jamais olharam-se antes.

- Eu... - começou ele, aproximando seus rostos.

- O que você está fazendo, El? - perguntou ela, gaguejando. O brilho das estradas de lágrimas era aparente, ninguém podia negar.

Ele não se deu ao trabalho de responder. Aproximou seus rostos ainda mais, e em uma fração de segundos, seus lábios selaram-se um ao outro.

Os olhos dos dois fecharam juntos, e as mãos dele, lentamente, foram até o rosto dela, segurando-o no lugar, enquanto, as dela, partiram para o pescoço dele.

- Elliot? Olivia? - ouviram a voz.

Separaram-se assustados, e ela escondeu o rosto atrás do pescoço dele.

Uh-oh...