Trabalhos De Semideuses escrita por BlueDemiGod, The Angel Of Fire


Capítulo 4
A Reclamação


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é narrado por Jenny



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/331205/chapter/4

– Eu... Eu conheço você.

Ele não podia estar me reconhecendo! Ah, faz tanto tempo... Lembro como se fosse apenas alguns dias atrás, eu e ele, apenas duas crianças, dois amigos tão próximos. Eu costumava chegar cedo na escola e esperava ele, que sempre chegava atrasado. Mas houve um dia que eu não o esperaria chegar. Foi muito triste, ele era meu único amigo, então tão nova, tive que ver-me indo embora.

– Ah, é? – Eu disse tentando disfarçar a tristeza – bom, talvez conheça... – disse baixo para que ninguém ouvisse, mas acho que não foi baixo suficiente.

– Quem deveria ficar bravo sou eu! Você me deixou sem nenhuma explicação! – Ele gritava. Era triste vê-lo daquela forma... – Sem dar notícia! – Ele falava quase sem fôlego.

Minha respiração se acelerou, mas não de raiva. Alias, raiva era a única coisa que talvez eu não sentisse no momento. Aquilo era tragicamente triste, mas eu não podia falar com ele ali.

Meu pai e Dillan acabaram com a discussão, o que foi bom.

– Vocês tem uma ligação muito maior do que pensam.

Aquela frase de certa forma penetrou em minha mente e eu não consegui esquecê-la.

Despedi-me de meu pai, que estava com lágrimas nos olhos. Ele finalizou dizendo que ele sempre estaria comigo, não importa onde.

Quando saímos, mais dois pégasos esperavam por nós. Subi com facilidade em um deles e começamos a voar. Era incrível, sensação de liberdade e medo ao mesmo tempo. Podia ver a cidade toda lá de cima, era inacreditável! Cai no sono depois de alguns minutos no ar.

Quando acordei, estava em meio a uma floresta, já estava escurecendo. Estava um tanto zonza, e a primeira coisa que vi foi um dragão. Aquilo definitivamente me despertou.

– O que é isso? – É claro que eu sabia o que era, mas estava com sono, acordando aos poucos então me assustei!

Passamos por um pinheiro grande e a paisagem toda mudou. Um grande acampamento estava a minha frente. Havia uma casa muito grande, uma fileira de chalés e outras coisas que me deixaram maravilhada!

– Isso é impressionante – falei em uníssono com Henrie, que logo se virou e não olhou mais para mim.

Fomos conduzidos a um grande refeitório. Várias mesas enfileiradas com grupos diferentes sentados em cada uma. Algumas das mesas estava vazia, enquanto outras estavam lotadas. Mais ou menos no centro havia uma grande fogueira e em volta alguns bancos menos cheios, foi onde nos sentamos.

Senti algo aflorando dentro de mim. Não tinha certeza do que era, mas era muito bom. Várias pessoas olhavam para mim e eu não entendia por que. Elas estavam encarando a mim e Henrie e falavam baixinho umas com as outras. Aquilo dentro de mim crescia ficando cada vez maior e mais intenso. Um formigamento nos dedos e... Espere.

Henrie estava estranho. Não só estranho, ele...

– Você... Você está brilhando! – Falamos quase juntos novamente.

Uma espécie de brilho avermelhado o cercava e havia um símbolo em cima de sua cabeça, que brilhava mais intensamente. Concentrei no símbolo para que o decifrasse. Era uma coruja desenhada em fogo. Muito interessante.

Henrie também olhava para mim, mas não com ódio, raiva ou algo do tipo. Pensando melhor, ele não estava exatamente olhando para mim, mas para algo acima de mim.

Percebi que meus pés e mãos brilhavam também, mas não vermelhos como Henrie. Era como um azul, verde, algo do tipo. Olhei para cima para que pudesse ver o símbolo. Ahn... Uma coruja também? Não era desenhada em fogo, alias, o que era aquilo?

Em traços azuis e verdes havia uma coruja desenhada a partir da junção de vários símbolos. Símbolos como luas, estrelas, letras estranhas...

Todos no lugar olhavam para nós e apenas uma das mesas sorria. Um sorriso amarelo como se aquele tipo de coisa fosse diferente, mas um sorriso, diferente das outras mesas que compartilhavam segredos indiscretamente.

Um centauro se aproximou e estendeu a mão para Henrie, cumprimentando-o e depois fez o mesmo para mim.

– Eu sou Quíron.

– Jenny.

– Henrie.

Quíron tinha os cabelos castanhos e uma barba rala. Da cintura para baixo, era um garanhão branco. Ele nos apresentou para o acampamento e discursou sobre uma guerra que estava acontecendo. Não entendi exatamente, mas ele disse que ia nos explicar depois.

Fomos convidados a nos sentar em uma mesa onde havia outros filhos de Atena, mas não conversei muito, queria falar com Henrie.

O jantar seguiu normalmente e seguimos para a Casa Grande. Andávamos lentamente observando cada canto do acampamento, cada pequeno detalhe era extremamente interessante.

Henrie já não estava brilhando, muito menos com a coruja de fogo em sua cabeça. Ele não olhava para mim.

– Jenny e Henrie, não é isso? Sejam bem vindos ao Acampamento Meio-Sangue! – Quíron dava as boas vindas nos empurrando para dentro da casa. Ele comentou sobre os deuses e como as coisas são no acampamento. Seria tranqüilo e estava tudo até que normal, mas então ele começou a dizer que havia uma guerra muito grande e que todos os semideuses teriam de ajudar. – Peço desculpas a vocês dois por mal entrarem no acampamento e já terem de se preparar para uma guerra. Porém, precisaremos de toda ajuda que conseguirmos.

É. Era muita coisa para assimilar em um dia só, mas eu estava indo razoavelmente bem.

Quíron saiu da sala e me deixou sozinha com Henrie.

– Então... – Eu disse.

Ele não olhava para mim.

– Agora somos irmãos, hein?

Ele ergueu os olhos e me encarou durante algum tempo. Tentei imaginar o que ele pensava, o que eu sentiria se estivesse no lugar dele, como seria se eu fosse abandonada por meu único amigo. Não seria muito divertido. Ficamos separados um do outro durante muito tempo, não dei noticias, nada. Eu sentia sua falta no começo, alias, sempre senti, mas me acostumei com a dor de perder um irmão (agora literalmente um irmão). Era um tanto estranho vê-lo depois de tanto tempo, ele estava tão diferente...

O verde de seus olhos me entristecia um pouco.

Henrie estava prestes a responder alguma coisa. Ele puxou o ar e se endireitou no sofá. Estava com a boca semi-aberta, quando um sinal muito alto foi ouvido. Maldição!

Quíron apareceu na sala novamente.

– Esse é um sinal que vocês vão ouvir sempre. É como um toque de recolher. O sinal soa e vocês tem que ir para seus chalés.

Henrie desistiu de falar o que quer que fosse. Ele se levantou e foi se dirigindo para a entrada. Levantei-me e segui o garoto até a porta, onde Dillan nos esperava com uma camiseta alaranjada onde lia-se “Acampamento Meio-Sangue” e uma silhueta de pégaso.

No caminho, ele e Dillan conversaram um pouco e o nosso sátiro explicou como seria mais ou menos a vida no acampamento.

Chegando no chalé 6, fomos muito bem recebidos e havia um beliche a nossa espera. Uma camiseta alaranjada igual a de Dillan estava em cima da cama. O quarto era inacreditável, quase uma biblioteca! As estantes cobertas de livros, mesas com planilhas e desenhos. Era impressionante. Estava apaixonada pelo quarto.

Henrie entrou na minha frente e foi para a cama superior no beliche. Não sei exatamente qual era o propósito dele lá em cima, mas certamente, falar comigo não era uma das opções.

Confortei-me no beliche inferior e comecei a revirar minha mochila. Antes de sair de casa em Columbus eu procurei por algo para levar comigo durante a viagem, uma foto velha tirada inesperadamente. Olhei a imagem e sorri durante algum tempo. Eu e Henrie estávamos abraçados rindo espontaneamente. Nós éramos menores e parecíamos irmãos apesar das diferenças físicas.

Tentei descobrir o que Henrie me diria quando estávamos a Casa Grande. Ele poderia brigar comigo de novo e argumentar sobre sua perda quando eu fui embora. Poderia também dizer como ele estava sobre sermos meio-irmãos semideuses. Ou ele diria que sentiu minha falta e enfim conversaríamos. Eram tantas possibilidades...

Colei nossa foto em cima da cama para que quando eu me deitasse, conseguisse vê-la. Enquanto a observava, cada traço de felicidade verdadeira, cada sentimento que aquela foto trazia, eu tentava adivinhar o que Henrie me diria.

Na manhã seguinte, eu tentaria falar com ele de novo e explicaria o que aconteceu anos atrás em Miami. Comecei um discurso em minha mente. Comecei, recomecei, tentei de novo, mas nenhum ficava bom. Quer dizer, eu não poderia chegar no garoto e “oi, desculpe ter te deixado e não ter mandado notícia por tantos anos” e sorrir no final. Eu precisava de um discurso perfeito.

Como haviam várias possibilidades do que ele poderia ter me dito na Casa Grande, talvez houvessem várias maneiras de se discursar pedindo desculpas e explicando o que ocorreu.

E assim eu fiquei durante um longo tempo intercalando minha mente em ‘o que ele diria’ e ‘o que eu vou dizer’. As palavras vinham e logo desapareciam e assim eu adormeci.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, eu e o BlueDemiGod AMAMOS reviews, ok? Então assim, se vocês quiserem deixar algumas... ~indireta~ hahaha Eu sou filha de Atena e BlueDemiGod é meu irmão (na mitologia, ok?) Obrigada por tudo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Trabalhos De Semideuses" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.