Quero Ser Um Cavaleiro escrita por Maia Sorovar
Demorou uma semana para que Sara se recuperasse quase completamente. Nesse meio tempo até tentou se ausentar do templo de Libra para ir até a escola mas nem isso foi possível. Seus colegas mantinham-na sob vigilância constante e havia sempre algum com ela. Na maioria das vezes era Rickertt e este cuidava dela como se fosse uma inválida. Quanto aos demais... Eram um capítulo à parte.
Ugo, Damien e Adonis tinham como hobby alisá-la e fazer algumas gracinhas. O italiano ainda não fizera muitos avanços mas vez ou outra ensaiava um toque mais íntimo.Os outros dois só faltavam beijá-la se ela assim permitisse. Sentia uma pequena vontade de fazê-lo e só evitava porque seria descoberta no ato. Lembrava bem dos lábios de Afrodite e sonhava tê-los de novo junto aos seus.
Shan e Alexius eram os mais tranqüilos. Conversavam com ela e teciam idéias para novos golpes e estratégias de luta que poriam em prática ao tornarem-se cavaleiros. Já Yuji preferia ficar lamentando o fato de não ser nem sombra do irmão mais velho, considerado um grande exemplo para sua família.
Adoh adorava contar sobre tudo o que acontecia no Santuário, principalmente sobre as servas do Grande Mestre que ele vinha observando há algum tempo. Enos pouco falava, meditando grande parte do tempo; quando se cansava, gostava de reclamar sobre Shaka e seus hábitos pouco mundanos. Francis passou horas conversando e aconselhando-a, até convencê-la de que não poderia treinar sem se alimentar. E a fez prometer manter uma dieta minimamente saudável, sob pena dele contar a Shion que ela tivera ajuda, descumprindo as ordens de Dohko. Basílio se recusara a servir de babá. Era “um trabalho degradante e pouco condizente com a real posição dele”, dissera.
E por fim havia Floriano. Este pouco falava e nem lhe dirigia o olhar. A garota estranhava sua atitude pois apesar de não serem próximos, nunca havia ofendido o rapaz para que agisse assim. A um dia do prazo dos cuidados acabar, a morena resolveu pôr tudo em pratos limpos:
- Floriano, que houve? - Conversavam no quarto, ela recostada na cama e ele sentado ao seu lado.
- Não é nada... - Evitando olhá-la.
- Mentira. Esteve comigo o dia todo e não teve coragem de mirar meu rosto. Fiz algo de errado?
- Não... - Com vergonha.
- Está assim por causa da rosa? - Perguntou de supetão. O rapaz travou, não movendo um músculo.
- Qu-que... Ro-ro-rosa?
- Uma azul muito bonita que encontrei jogada no chão depois da crise do Adonis... - Disse distraidamente.
- Contou a alguém sobre isso? - Indagou subitamente desperto e apertando-lhe os ombros com força.
- Ai, isso dói!
- CONTOU OU NÃO? - Gritou possesso.
- Não...
- Obrigado. Muito obrigado. - Afrouxando a pressão.
A garota o olhava assustada, tremendo um pouco. Floriano percebeu seu temor e ao observá-la sentiu um desejo enorme de protegê-la. Balançou a cabeça, era um aprendiz como ele, não uma menina perdida.
- Por que deu aquela rosa ao Adonis? - Quis saber.
- Queria feri-lo... Só não imaginava que aquilo iria acontecer. Desculpe...
- Eu ouvi naquele dia do refeitório o Afrodite dizer que não podia criar suas próprias técnicas...
- Aquela rosa é fruto do meu erro. Eu estava treinando criá-las quando o Adonis apareceu e começou a me irritar. E a flor que eu tinha em mãos se tornou azul.
- O que ela faz?
- Confunde, atrapalha, ilude, exagera. Os sentimentos mais profundos de uma pessoa vêm à tona e de forma explosiva e aleatória. Se aquele grego tagarela agiu daquela forma é porque no fundo ele sente algo por você, Daniel. - Disse ele inconscientemente levando a mão ao rosto da garota e o acariciando, fazendo-a corar. Tomou um susto ao perceber o que fazia e parou a carícia imediatamente, rubro de vergonha. Não sem antes deixar-se encantar pela maciez daquela pele morena. Tornou a sacudir a cabeça. “Ele é homem!”, pensou.
- Seu mestre sabe dessas rosas?
- Sim... Sinto muito não ter te defendido quando foi mandando ao Cabo Sunion, Dan.
- Tudo bem. Cuidou de mim, então nossa dívida está paga.
- Não está. Mas se quiser considerá-la assim, eu agradeço. Só que ainda falta acertar com aquele grego... - Ele suspirou pesado e com raiva.
- Por que o odeia tanto?
- Ele me irrita. Humilha-me. E aquele olhar... Aquele olhar! - De repente, sem motivos, o garoto caiu de joelhos no chão e começou a chorar. Sara olhou-o assustada, sem saber o que fazer.
- Flo...
- NÃO ME CHAME ASSIM! EU ODEIO ESSE NOME! - E levantou-se de supetão, correndo para fora do templo de Libra, deixando a garota sozinha e confusa.
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