Quero Ser Um Cavaleiro escrita por Maia Sorovar


Capítulo 25
Completando o treinamento




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Sara saiu da casa de Áries com cuidado, espiando todos os cantos para se certificar que Mu não voltara. Ao chegar às escadas, suspirou pesado e iniciou o treino diário. Novamente a subida correu bem no começo porém ao final ela foi obrigada a se arrastar pelos degraus.

Voltou para o templo de Libra e dessa vez lixou o chão dos quartos e a parede lateral, até onde alcançava. Depois de descansar por uma hora, tornou a sair e se preparar para repetir as dez voltas. Não contava contudo que teria platéia e maior que no dia anterior. Além dos aprendizes lá estavam Milo e Angelo.

- Daniel, vou apostar em 9 subidas hoje! - Exclamou Shan.

- Vai perder dinheiro, eu sempre farei 10, não importa se tiver que me arrastar. - Disse de volta.

- Então as apostas hoje serão diferentes, vamos ver em que estado você chega ao 13º templo. - Solucionou Enos, tendo aprovação geral. A garota ficou possessa, estava servindo de diversão para um bando de desocupados.

- Mestres de Câncer e Escorpião, não podem fazer nada? - Pediu ela quase suplicando.

- Claro que posso. Dez drakmas que ele vai subir de joelhos. - Falou Milo, entrando na jogatina.

- Não completa o percurso. - Era Angelo, dando o dinheiro à banca e olhando-a indiferente, enquanto fumava um cigarro.

Sara corou de ódio, ainda não podia enfrentar os colegas e devia respeito aos cavaleiros. Mas se pudesse, esganaria um por um. Virou-se e foi a Áries, iniciando seu treinamento. Dessa vez contudo não sentiu-se mais tão cansada e ofegava apenas na quinta vez. Na sétima subiu devagar, andando com dificuldade e na décima estava de quatro, para a alegria do Escorpião.

- Oba, essa eu já ganhei! - Gritava pulando de alegria.

Encontrava-se agora a poucos degraus do templo de Athena quando uma sombra projetou-se do alto.

- Não ouse vir aqui assim! - A voz gelada de Shion perfurou-lhe os ouvidos, atingindo fundo o seu orgulho já muito ferido.

Com as poucas forças que lhe restavam, a morena ergueu-se e subiu a passos lentos, atingindo seu objetivo de pé. Olhou então para o Grande Mestre, desafiando-o. A resposta que teve foi no mínimo surpreendente:

- Agora age como um cavaleiro, pivete. Pode se retirar. - Finalizou, fazendo um movimento de desprezo com a mão.

A menina retornou cambaleando e encontrou os rapazes contando o dinheiro. Não resistiu e perguntou:

- Quem ganhou?

- Eu. - Respondeu Enos.

- Mas você é a banca!

- É que ninguém apostou que chegaria de pé. Então tudo fica comigo! Quer sair comigo para gastar uma parte, Dan? - Questionou, olhando-a malicioso.

- Não, você mesmo não disse que seu mestre era um pão duro? Que vive sem dinheiro? Aproveite para ver se compra um pouco de decência! - Terminou, entrando na casa e não podendo ouvir as risadas que todos deram do israelense.

- É, amigo, a florzinha não foi com a sua cara. - Ria Damien.

- Inveja. Ele está passando fome e mesmo assim prefere agir como se fosse o mais rico de nós. - Falou dando de ombros.

- E talvez ele seja mesmo. - Uma voz fez com que todos se virassem; era Aioros. - Não têm vergonha de apostar na derrota de um colega? E Rickertt, como pôde se associar a isso? Vou reduzir seu treinamento por esse ato degradante.

O alemão gemeu, ao contrário dos outros aprendizes, ele preferia ficar horas batalhando e se exercitando, por isso menos tempo desses afazeres era realmente um castigo.

- Ah, Aioros, que é isso, deixa pra lá. - Dizia Milo.

- Vocês dois eram os que deviam mais se envergonhar, cavaleiros e homens feitos, apoiando uma idéia tão tola?

- Nem vem com bronca agora que não estou de bom humor, Sagitário. - Ameaçou Máscara da Morte com um olhar perigoso.

- Resolveremos isso amanhã, durante o treino, Câncer. - Retorquiu o homem, lançando-lhe o mesmo olhar. - E os aprendizes voltem imediatamente às suas casas. - Ordenou frio.

No templo Sara evitou deitar-se para que não dormisse uma segunda vez. Lembrou-se que faltava fazer o lanche do dia seguinte e corrigir todas as lições e pôs mãos à obra. Primeiro preparou um bolo simples e cortou-o, arrumando-o numa cesta de vime que ainda possuía. Depois sentou-se à mesa da cozinha e corrigiu todos os deveres, rindo dos erros infantis de seus alunos. Quando terminou, já era noite. Decidiu ir para o ginásio.

Chegou ao local sem problemas mas percebeu que ainda havia gente treinando lá. Entrou discretamente e posicionou-se embaixo das arquibancadas de madeira para observar os homens. Havia muito mais do que os que tinha visto até aquele momento e alguns estavam de armadura. Percebeu então que deviam ser os cavaleiros de prata. Distraiu-se vendo as lutas em dupla que não notou que alguém se aproximava. Subitamente teve seus braços presos às costas e foi arrastada até o centro do lugar.

- Ei, olhem só, peguei um intruso.

Os lutadores pararam o que faziam e formaram uma roda em torno dos dois.

- Quem é esse, Argol? - Perguntou um loiro.

- Não sei nem se seria ESSE, Misty. Parece uma garota, olhe como é franzino.

- Me larga! Eu sou homem!

- E qual seu nome, pivete? - Quis saber seu aprisionador.

- Daniel.

- Ah, eu sei quem ele é, é o novo aprendiz da casa de Libra. - Disse um homem enorme e moreno.

- Hum, futuro cavaleiro de ouro hein? Vamos mostrar nossa recepção de boas vindas, rapazes?

- Claro! - Responderam num uníssono. Argol a largou no chão e Sara recebeu uma chuva de chutes em todas as partes do corpo.

- Parem, o que eu fiz? - Tentando em vão se defender com os braços.

- Nada, AINDA! Mas quando ganhar sua armadura fará pior. - Falou um ruivo enquanto acertava-lhe a barriga. Uma voz veio então em seu socorro.

- JÁ CHEGA! Sumam daqui agora! - A menina atreveu-se a olhar e viu Aioria a seu lado. Notou também que todos haviam se dispersado e apenas o cavaleiro que a prendera permanecia ali. - Não ouviu o que eu disse? Sai fora.

- Espero que tenha gostado dos nossos cumprimentos, aprendiz. - Sorriu, ignorando o Leão.

- Por que fizeram isso comigo?

- Para mostrar como as coisas funcionam por aqui, pirralho. - Finalizou dando-lhe as costas e indo embora.

- Você está bem? - Perguntou o cavaleiro examinando-a.

- Estou, vai sarar logo...

- Aqueles vermes, não sabem o lugar deles! Mas não se preocupe, quando ganhar sua armadura vai poder mostrar quem manda aqui.

Sara então entendeu as palavras de Argol. Era vingança o que faziam. Talvez todos já tivessem sido vítimas desses abusos e um círculo vicioso se perpetuava nas gerações seguintes. Nem sabia se seus colegas tinham sido linchados e preferiu manter segredo para evitar um confronto que certamente viria, não por sua causa mas por um sentimento besta de orgulho e superioridade.

Ela esperou o ginásio esvaziar e começou a fazendo as abdominais. Após cinqüenta teve que parar sem fôlego e com a barriga contraindo-se terrivelmente. As seqüências de exercícios seguintes não foram muito melhores. Já fraca e beirando a desnutrição, a garota sentiu grande dificuldade para elevar-se nas barras e realizar as flexões. Saiu do lugar quase à meia noite, seguindo aos tropeços para a casa de Libra.

 

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