Quero Ser Um Cavaleiro escrita por Maia Sorovar


Capítulo 1
Pela honra e pela família!


Notas iniciais do capítulo

Saint Seiya pertence a Masami Kurumada e Toei Company Animation - todos os direitos reservados.



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O dia amanhecera claro e límpido, o sol grego brilhava como nunca.  Sara olhava curiosa à sua volta, completamente perdida no Centro de Athenas, segurando sua pequena mala. Esperava, junto com mais doze rapazes, a condução que viria buscá-los e levá-los ao Santuário.

Ah, o Santuário. Quantas e quantas vezes não ouvira o pai contar sabre aquele lugar e sobre os feitos dos valorosos cavaleiros que lá viviam. Sempre sonhara com o dia em que iria conhecê-lo mas nunca imaginou que seria daquela maneira. Por um instante recordou-se de como se metera naquela enrascada.

 

Flash back

 Ventura, Bahia, Brasil. O lugar que todos pensavam ser uma cidade fantasma era na verdade um reduto de pessoas ligadas a Grécia. Assim como em outros países, o Santuário mantinha na América do Sul uma “filial” onde jovens eram desde sempre treinados para um dia servirem à Deusa da Sabedoria. Entre eles encontrava-se Daniel. Vindo de família muito humilde, perdeu o pai ainda na infância e tornou-se o “homem” da casa. Morava com a mãe, Maia, e a irmã apenas um ano mais nova, Sara, na casa mais pobre do vilarejo cuidando da pequena horta e dos poucos animais que conseguiam criar.
 Um dia, a mando do Grande Mestre, um cavaleiro lá chegou para recrutar novos aprendizes e impressionou-se com a bravura de Daniel ao vê-lo enfrentar com apenas 10 anos um boi enfurecido que avançava sem piedade sobre um grupo de crianças. O garoto, mesmo desconhecendo qualquer técnica de luta, conseguiu pular sobre o lombo do animal e dominá-lo pelos chifres. Foi uma briga terrível e por várias vezes Dan quase foi derrubado mas sua persistência prevaleceu e o touro caiu exausto e vencido no chão.
O menino e outros do local foram selecionados e passaram a receber treinamento para batalhas diariamente, além de um pequeno salário, o que permitiu que suas famílias vivessem com um pouco mais de conforto. Todos aguardavam ansiosos o dia em que um deles seria convocado para tornar-se cavaleiro.
 Sara sempre que podia ia espiar os treinos do irmão e ficava fascinada com seus golpes. Imaginava-se no lugar dele, envergando uma armadura, protegendo o mundo dos maus. Sabia, porém, que isso não lhe era permitido. Poderia ser, no máximo, uma Amazona, e isso se sua mãe lhe permitisse, o que ela não via a hora de acontecer tão cedo. Maia já não gostava muito da idéia de ver seu querido filho envolvido em sangrentas disputas como lhe contara o esposo antes de falecer. Morria de medo que algo de muito ruim acontecesse e ela e a filha ficassem sozinhas no mundo e por isso rezava diariamente para que a Deusa não deixasse seu rebento ir embora. Inusitadamente, foi ouvida e seu pedido atendido.
 Cinco anos depois, mais precisamente um dia antes da convocação oficial do Santuário, Daniel caiu de cama com uma estranha febre, que não cedia de jeito nenhum. Sua mãe ficou apavorada e tentou de todas as formas curá-lo, sem efeito. Procurou então o conselho da anciã local que ao examinar o garoto constatou que estava possuído pela Febre Negra (calazar) e que precisaria ir ao hospital. A idéia não agradou em nada Maia mas sem muita opção esta deixou em segredo a cidade e a filha em casa e partiu para a capital estadual em busca de auxílio médico. A Sara então só restou esperar.
 No dia seguinte à partida de sua família, um novo mensageiro do Santuário chegou e anunciou que daquela localidade Daniel havia sido escolhido para tornar-se um Cavaleiro de Ouro. Todos os habitantes soltaram exclamações de surpresa e aprovação, pois gostavam muito do garoto. Porém, a anciã pediu a palavra e disse:
 - Ele não poderá ir. Está doente e não tem condições de assumir essa função.
 - Então ele cairá em desgraça. - Retorquiu o mensageiro, cruelmente. - Sua família será expulsa daqui e nunca mais este pobre lugar será lembrado pela Deusa Athena. Uma ordem do Santuário só pode ser descumprida com a morte. - Finalizou o homem, partindo do local.
 Sara, que a tudo ouvira escondida, correu até ele e falou:
 - Não, a velha está mentindo. Meu irmão está bem de saúde e irá com o senhor na hora em que quiser. Onde deve procurá-lo?
 - Daqui a dois dias, deve estar em Salvador e procurar um navio chamado Arena. Apresente essa carta ao capitão e será então conduzido para a Grécia. - Disse entregando-lhe um envelope lacrado. - Não deve se atrasar.
 A garota assentiu e correu de volta à casa. Chorou a noite inteira, sem saber por que tinha feito aquilo. Ao amanhecer, já tinha a resposta. Amava demais o irmão e a mãe para vê-los rechaçados pelo povo local. Sabia que não era culpa de Daniel ter ficado doente e que se ele estivesse bem iria correndo em busca de seu destino. Havia, porém, algo mais, uma cosia que ela ainda não conseguia identificar e que a fizera agir num impulso. Abanou a cabeça, depois pensaria naquilo. Era hora de preparar sua partida.
 Limpou a pobre morada, escreveu um bilhete para a mãe, deu de comer aos animais, regou as plantas, arrumou uma sacola com os poucos pertences que tinha (incluindo aí uma longa fita vermelha para amarrar os cabelos, um velho uso de pelúcia e um par de brincos de ouro - presentes do pai antes de morrer), amarrou os seios com uma faixa, vestiu uma das roupas de treinamento do irmão e partiu de Ventura. Não sabia quando ou SE voltaria e desejou do fundo do coração poder abraçar seus parentes antes de seguir em frente. Duas madrugadas depois estava no mencionado navio, avançando rumo a um futuro incerto.
 Fim do Flash back

Sara foi tomada de susto ao sentir uma voz grave chamando-a pelo nome do irmão:

- Daniel! Qual de vocês é Daniel afinal?

Ela olhou na direção da voz e pensou que estivesse vendo em dobro. Na sua frente estavam os dois homens mais lindos que já tivera a oportunidade de pôr os olhos, gêmeos idênticos, de longos cabelos e olhos azuis, porte majestoso e corpos bem talhados. Um deles segurava uma lista e olhava com cara de poucos amigos:

- É você, baixinho? - Perguntou apontando-a. A garota fez que sim com a cabeça timidamente, constrangida demais para falar. Alguns colegas na fila riram. O homem limitou-se a prosseguir:

- Francis, Rickertt, Basílio, Adoh, Floriano. - Tendo respostas afirmativas, finalmente sorriu - Todos aqui? Ótimo! Agora entrem logo na kombi que vamos partir.

 Sara não esperou uma segunda ordem e meteu-se dentro do carro, sentando no banco mais ao fundo que havia. Os outros garotos sentaram-se aos pares, conversando e conhecendo uns aos outros. A brasileira limitou-se a observar a paisagem, os prédios logo deram lugar a árvores e por fim a grandes montanhas de rochas. Nem percebeu que estava sendo alvo de diversos olhares.

- Aposto que não resiste um mês aqui. - Disse um garoto de cabelos ruivos.

- Em duas semanas ele já era. - O mais alto dos aprendizes resolveu aumentar a aposta.

- Pois eu acho que vai ser o primeiro de nós a conseguir a armadura. - Um garoto chinês afirmou.

- Ah, conversa, veja só como é fraco.  Não durará nem um dia. - Um sotaque espanhol se fez ouvir.

Logo estavam todos discutindo sobre as chances do décimo terceiro aprendiz, que a essa altura já prestava bastante atenção ao que era dito sobre sua pessoa. A balbúrdia chegou a tal ponto que o gêmeo que dirigia meteu a mão na buzina, assustando a todos.

- PAREM COM ISSO! AGORA! - Gritou o que estava no carona, virando-se e fulminando-os com o olhar. - Não importa o tamanho do cavaleiro e sim sua cosmo energia e persistência. Logo verão que não é por serem maiores ou aparentemente mais fortes que terão mais vantagens na hora de serem dignos de suas armaduras.

Os rapazes assentiram cabisbaixos, Sara riu. Isso atraiu os orbes azuis do cavaleiro a sua pessoa, fazendo-a corar novamente.

- E quanto a você, mocinho, é bom estar mais atento à sua volta, sonhadores não duram muito tempo no Santuário. - Ela assentiu rapidamente e não resistiu a perguntar:

- Qual seu nome?

- Saga. Esse ao meu lado é meu irmão Kanon. E agora tratem de manterem-se calados! - Finalizou ele. Foi obedecido de pronto.

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