Sara acordou com a luz do sol iluminando o seu quarto, e mesmo assim, conseguiu esboçar, quase que automaticamente, um dos sorrisos mais lindos que podia ter.

Por quê? Por um motivo óbvio: Gilbert Grissom.

E hoje, nada mais era do que o dia em que completariam 1 ano de um relacionamento secreto... Ao mesmo tempo profundo, intenso, perfeito... Sara ainda podia sentir o cheiro dele por sua casa, mesmo fazendo alguns dias que não ficam juntos...

Aquele trabalho conturbado, aquela pressão que Conrad fazia em cima dos CSIs... Tudo isso atrapalhava os momentos, os encontros... Restava dar algumas pequenas fugidas, beijos discretos, toques inocentes e despercebidos. Tudo em questão de segundos para que ninguém os visse...

Apesar de existir essa dificuldade, eles adoravam tudo isso. Parecia que quanto mais perigoso... Mais gostoso ficava...

Quando se batiam no corre-corre naquele laboratório, arrumavam um jeito de se olharem, e de alguma maneira expressavam naquele olhar algo como se dissesse: "Amo você." ou quem sabe... "Nos vemos mais tarde."

São sinais, gestos... Um verdadeiro enigma. Que somente eles dois poderiam decifrar.

E hoje, em um dia tão especial, Sara queria que tudo acontecesse da melhor maneira possível para se tornar inesquecível. Ela sempre quis um momento assim...

O dia, sem dúvida, será inesquecível.

E como !

~♥~

Levantou com a disposição a mil e foi se arrumar para ir trabalhar. Depois de uma ducha bem tomada, preparou um café reforçado, pois pela mensagem no seu celular o dia será cheio:

"Homicídio duplo no Cassino Village. Prepare-se para trabalhar muito Sarinha. Beijos. Nick."

Suspirou imaginando a situação, mas não desanimou. Comeu, fechou seu apartamento, e saiu rumo ao laboratório.

Ela ainda não havia recebido nenhum ligação dele...

Mas tudo bem, ainda era cedo.

Ligou o som do carro e desfrutou de uma boa música enquanto dirigia em Vegas... Seu pensamento fluía nas noites de amor com Grissom, nos momentos de carinho entre eles, pensamentos tão fortes que não prestou atenção quando dava a curva...

Um carro passou de raspão no seu.

Fez um movimento brusco e subiu na calçada.

Aguenta coração !

Suspirou aliviada por não ter sido muito grave e por não ter ninguém passando na calçada no momento que a subiu. Seu coração acelerado a assustou.

E foi mesmo um susto! Mas pelo menos não foi tão grave.

Deu ré no carro e continuou seu caminho...

Segurando o coração !

Estranho... Que susto!

Bom, quase recuperada, foi seguindo seu caminho e poucos minutos depois já estacionava no laboratório. Suspirou tentando ainda se conter, pois seu coração ainda acelerava, e ao mesmo tempo, não via a hora de entrar e ver certos olhos azuis...

Entrou no laboratório com um enorme sorriso no rosto, mesmo vendo toda aquela correria das pessoas naqueles corredores. Avistou Judy, a secretária da recepção, lutando contra tantos afazeres. Eram papéis, telefones tocando, uma confusão só.

– Judy... Sabe me dizer se o pessoal está na sala de descanso? - Sara perguntou.

– Estão sim Sara. – Falou ligeira, sem ao menos a olhar. Sara não se importava, entendia muito bem o que aquela garota tinha de trabalho em suas mãos.

E agora estava indo atrás do seu !

~♥~

– Oi pessoal, eu...

Sara não conseguiu terminar de falar, pois foi recepcionada por um banho de café em sua roupa. No momento que entrava na sala, Greg saia, e eles se bateram gerando essa tragédia.

– Desculpa, Sarinha! – Ele disse se sentindo culpado.

Ela não sabia o que dizer. O que estava acontecendo? Num dia tão importante como esse tudo estava dando... Meio que... Errado! Como pode? E cadê seu namorado que não dava o ar da graça? Todos estavam na sala de convivência, menos ele.

– Eu espero você se limpar para começarmos, Sara... – Nick disse, segurando as risadas.

Ela saiu completamente emburrada para o banheiro. Sorte que sempre anda com um par de roupas reserva em seu armário, pois num trabalho como aquele, era óbvio que era preciso.

Limpou-se e vestiu a roupa, que não era tão composta assim. A blusa podia ter mandas um pouco compridas, mas o decote era médio. Não viu muito problema naquilo.

Encontrou-se com Nick e eles partiram para o Cassino.

~♥~

Na verdade não soube explicar quantas vezes olhou para o visor do celular naquele dia.

Nenhuma mensagem. Ou ligações... Nada !

Ele esqueceu. Era óbvio. Fazia semanas que não conseguiram marcar um tempo para ficarem juntos, mas na última vez que se encontraram na casa dele, ela havia lhes dito... Recordado que esse dia tinha que ser bem especial... Ele a prometeu que seria...

Mas cadê ele?

Já não podia negar sua aflição. Ouviu Nick dizer que ele estava tendo uma reunião com o Xerife, Catherine havia dito o mesmo pela manhã, que pela tarde ele iria ter essa tal reunião.

Tudo bem... É seu trabalho, não é?

Certas coisas temos que aceitar, por mais que no fundo do nosso coração, sabemos que não são tão importantes quanto nós.

~♥~

Era fim da tarde daquele dia, e o tempo em Las Vegas parecia querer mudar. O céu estava ficando nublado e já podia sentir a garoa da chuva caindo aos poucos. O vento frio denunciava que um grande temporal vindo pela frente, e o humor de Sara estava indo embora...

Toda aquela alegria estava se desvaindo.

Seu caso foi resolvido, Nick e ela arrebentaram e conseguiram realizar o caso que corroeu seu neurônio. Apesar de que Grissom não saiu de seus pensamentos o dia inteiro...

Qual mulher não ficaria triste ao saber que seu namorado esqueceu o dia de aniversário de 1 ano de namoro?

Sim, certo, nunca ligou tanto para essas coisas, mas com ele é diferente. Tudo com Grissom era diferente. Mas um diferente sem explicação ! Ela queria sempre mais dele... Ela a fazia se sentir uma verdadeira mulher...

Na cama... Nem precisava dizer !

Era um momento mágico que só ele conseguia fazer. Grissom a deixa em completo delírio, seus toques são de estranha delicadeza... Até parece que foram feitas para dominar seu corpo...

Ou foram... Nunca se sabe...

Andou pelo laboratório com intenção de achá-lo. O último lugar que não havia ido era a sala de descanso, onde todos seus amigos terminavam de arrumar seus armários para irem à suas casas.

– Hey... – Ela disse. – Onde está Grissom? Preciso entregar um relatório pendente... – Arrumou essa desculpa para conseguir informação.

– Não vi o Gil o dia inteiro... – Cath confessou.

– Nem eu. – Disse Warrick.

Greg e Nick negaram com a cabeça e Sara entendeu. Aos poucos todos foram se despedindo e somente ela ficou. Então refletiu... "O que estava fazendo sozinha naquele laboratório?"

Não tinha nem graça !

Pegou suas coisas e partiu em direção ao estacionamento. Antes disso... Foi esbarrada por Judy no corredor.

– Sara, chegou uma intimação da justiça para você.

A garota correu apressadamente em sua mesa e pegou o envelope para Sara, que recebeu com um sorriso torto.

Ok. Intimação?! O dia não poderia ficar pior !

Pegou o papel com raiva e colocou no bolso de sua jaqueta, indo logo para o estacionamento. Chovia muito lá fora.

Entrou no carro e deu partida, mas...

– Não é possível !

Ela gritou completamente estressada! O carro não atendia a suas ordens e não ligava. Ela tentou, tentou diversas vezes e nada.

Que dia era esse?

Era pra estar agora nos braços do seu namorado, fazendo amor com ele, e não tentando ligar o carro com uma tempestade lá fora! Sentiu vontade de chorar!

Saiu do carro, o trancou, e foi caminhando até a esquina do laboratório para encontrar um taxi.

A chuva já tinha a deixado completamente encharcada, e a tristeza abatia seu coração. Seus pensamentos lhe pregavam peças... "Grissom não me ama"... "Onde está ele nesse momento?"...

Finalmente conseguiu um taxi. Depois de vários minutos debaixo da chuva. Apertou seus braços contra seu corpo e sentiu amassar algo dentro do seu casaco. A intimação!

Tirou de dentro de seu bolso e mesmo todo molhado era legível a letra no papel. Lá dizia:

Senhorita Sara Ann Sidle,

Venho por ordem judicial, da delegacia do coração, lhes intimar para dar um depoimento nesta terça-feira, dia 15 de julho de 2010, na praça das Flores. Apresente-se por livre e espontânea vontade.

Atenciosamente,

Juíz Gilbert Arthur Grissom.

O coração de Sara estava tão acelerado quanto pela manhã. Mas que ideia do seu namorado! Será mesmo ele que está fazendo aquilo? Não podia ser... De repente, seu celular vibra, e uma mensagem aparece:

"Estou falando sério, honey."

Okay. Grissom estava querendo fazer alguma surpresa, ou algo do tipo, mas Sara parecia não saber raciocinar direito. O que ele poderia fazer? Porque se encontrar na praça das Flores...

Ei, ela sabia porque!

Aquele lugar foi onde eles deram o primeiro beijo. Lembrou claramente de ver Grissom tremer e ela sentir um intenso frio na barriga ao se verem tão perto um do outro. Depois que o beijo foi dado eles sorriram tímidos e ouviu Grissom dizer...

"Porque esperei tanto tempo pra tomar uma decisão tão boa?" – Ela simplesmente sorriu e deixou-se cair na doçura de seus lábios.

– Motorista, por favor, leve-me para a praça das Flores. – Sara disse ao motorista que não tirava os olhos da estrada.

– O que a senhorita vai fazer naquela praça, a essa hora da noite e ainda mais nessa chuva toda? Não é perigoso? – O rapaz um pouco mais velho que ela falou achando estranho.

– Acredita que nem eu sei? – Ela disse e ele olhou com a sobrancelha arqueada pelo retrovisor. – Meu namorado pediu pra ir. Acho que é alguma surpresa. Mas não há com que se preocupar, moro bem perto. Meu condomínio é de frente com a praça, basta apenas atravessar a rua.

– Hum... Menos mal. – Ele só disse isso e seguiu caminho.

Ela sorriu ao chegar no local pois no momento que desceu já havia avistado algo. Era um buquê enorme de rosas intensamente vermelhas em cima da mesinha, de baixo da árvore, onde não chovia. Grissom não estava lá, mas ela sabia que estava perto.

Ao pegar o buquê observou o cartão, que dizia:

"Não esqueci de nós. Esse dia será inesquecível. Confie em mim. Agora vá para casa, meu anjo..."

Como assim ir para casa? Grissom a estava deixando louca! Além de estar completamente ensopada e suja, não é?

Atravessou a rua batendo os pés, ansiosa pelo que lhe esperava... E quando viu a frente do seu condomínio... Bem... Não era o que esperava mesmo !

Um caminho feito de pétalas de rosas, até a entrada do edifício, fez seus olhos encherem de lágrimas... Andou o caminho indicado e viu que dava até seu apartamento, no segundo andar.

Grissom planejou isso tudo? Incrível !

Na porta do seu apartamento estava escrito: "Entre, meu amor..." E o coração de Sara batia com muita intensidade, sem contar no seu sorriso que era cada vez maior.

Ao entrar se deparou com a casa na penumbra, acesa somente pelas luzes das velas na mesa de jantar. Na mesa tinha mais um envelope que dizia:

"Vá em seu quarto, tome um banho e vista o vestido que comprei pra você. Espero que goste."

Assim ela seguiu. Mesmo sabendo que ele não estava ali, sabia que não estava longe. Aquela sensação de que ele estava bem perto não saia de sua mente.

O vestido perfeito, feito de um tecido fino, da cor roxa, caiu como uma luva em seu corpo. Afinal... Grissom sabia cada curva, cada detalhe daquele corpo, em que suas mãos trabalhavam com tanta delicadeza e vontade.

Toda pronta, apareceu na sala...

E lá estava ele...

Sentado na mesa de jantar, vestindo um smoking que o deixou mais lindo do que já era. Seus olhos brilhavam mais do que o normal.... Ele se levantou, beijou sua mão e afastou a cadeira para Sara se sentar.

– Querida, queria primeiramente me desculpar por tudo que te fiz passar hoje... – Ela arqueou a sobrancelha.

– Como assim? – Perguntou.

– Por não ter aparecido o dia inteiro... E ter furado o pneu do seu carro. – Ele ficou vermelho.

– Foi você que furou o pneu do meu carro? – Disse Sara incrédula. Mas resolveu maneirar. – Só perdoo se você fizer o resto dessa noite valer a pena.

Que provocação !

– Vou fazer sim.

Ele se levantou sendo seguido pelos olhos castanhos mais lindos que havia visto na vida. Ela sorria sem saber explicar a felicidade que sentia e sem entender o que ele estava fazendo.

Grissom colocou a mão dentro do palitó e tirou de lá uma caixinha de veludo cor vermelha. Sara suspirou encantada... Era o que estava pensando?

Viu Grissom se ajoelhar e...

Era sim o que estava pensando!

– Sei que passamos apenas um ano juntos e se você achar que está cedo.. Bem.. Podemos adiar... Mas tudo que eu mais quero no mundo é me casar com você... – Ele abriu a caixinha mostrando duas alianças brilhantes. – Quer casar comigo, Sara?

Sara sentiu seus olhos lacrimejarem e rendeu-se à aquela emoção. Deixou suas lágrimas caírem, e em meio a elas, o sorriso mais sincero que existe. Tocou o rosto de Grissom e lhes disse, quase num sussurro.

– É tudo que eu mais quero.

Ele sabia !

– Gil... Valeu a pena esse dia ter sido tão desastroso. – Ela riu mesmo que as lágrimas ainda teimavam em descer. Grissom sorria encantado com a resposta. – Obrigada por existir...

– Obrigada você por existir meu amor... – Ele se levantou, sentando-se bem ao seu lado. - Então não vamos adiar?

– Pra que adiar algo que demorou tanto pra acontecer? Não, não... Nos casaremos! E em breve!

The end ♥