Levantou-se num sobressalto, não aguentava mais aquilo.

Toda sua estrutura emocional estava à beira de um colapso, sua mente caía na armadilha de um descontrole quase selvagem. E, por mais que pudesse simplesmente continuar lá, fingindo simpatia por ele, simplesmente não conseguia encontrar a motivação para fazê-lo.

Ergueu a mão e forçou um sorriso tranquilo. Disse que precisava encontrar alguns amigos e rapidamente atravessou a sala e deslizou a porta, grata pela mudança de atmosfera.

Levou a mão ao peito, e sentiu gotas frias de suor correrem pelo rosto pálido.

Aquela não era uma reação normal, algo muito errado estava acontecendo consigo.

Porém, sabia que continuar ali, no corredor deserto, durante horário de aula, certamente não lhe traria bons resultados caso flagrada por algum responsável pela coordenação. Caminhou em passos trêmulos, se apoiando em portas e paredes para não perder o equilíbrio que ainda lhe restara, tomando o máximo cuidado possível para não cair.

Quando sua mão finalmente alcançou uma porta aberta, ergueu lentamente a cabeça e suspirou de alívio ao ver a placa indicando o banheiro feminino. Gemeu em pura dor,  e com grunhidos abafados, apoiou as mãos na pia e levou a água ao rosto, esperando receber algum conforto devido ao contato.

Não foi exatamente o que aconteceu.

Suprimiu um grito ao sentir a feroz ardência na pele, e tremeu ainda mais ao sentir o choque elétrico se espalhar por seu corpo, causando uma aguda dor em suas entranhas e dando-a náuseas.

Pressionou os dedos contra a pia, buscando suporte. Os joelhos lhe cederam no momento em que outra corrente atravessou seu corpo, fazendo-a a pressionar ainda mais a porcelana já enfraquecida.

Seus sentidos cada vez mais lhe falhavam, já não era mais capaz de distinguir onde estava, ou até mesmo o que viera fazer em tal lugar, nesse instante nem mesmo era capaz de saber o próprio nome.

Sua mente simplesmente havia parado de funcionar, e em breve o corpo também lhe falharia.

Com a visão turva, levou os dedos às têmporas e massageou-as automaticamente, imediatamente recobrando parte do raciocínio.

Seus dedos estavam dormentes.

E não só eles, mas todo seu corpo.

A sensação de desamparo a atingiu novamente, e as memórias da fatídica noite voltaram a assombrar sua mente, quase como os flashes de memória que muitas pessoas dizem ter antes de enfrentar uma possível morte.

E então, simplesmente passou.

Sumiu, como se nunca houvesse mesmo começado, deixando uma suposta estudante atônita  caída no chão do banheiro feminino, encarando fervorosamente o chão, incapaz de processar toda a recente informação.

O  único vestígio de dor restante repousava na mão enfaixada, e seus olhos mecanicamente se moveram até o alvo.

Quando as mãos terminaram o trabalho e os dedos longos foram capazes de retirar toda a gaze restante, Juvia controlou o súbito impulso que teve de gritar.

Algo definitivamente estava muito errado.