Desconfortável escrita por Lilith Nosferat


Capítulo 3
O Ato


Notas iniciais do capítulo

– Certo. NÃO saia daqui. Já volto – e saiu do quarto.
Contei até 120 e desci atrás dele. Parei na porta do hotel para garantir que ele já tinha ido e fui até o quiosque.



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Como ele tinha dito, os meninos estavam lá na porta do quiosque, com uma garrafa de vodka vazia e uma na metade. Sem contar a quantidade de latinha de cerveja no chão e na mesa. Entrei mesmo assim, meio que escondida para que eles não me vissem e passei para o balcão com sucesso.


– Boa noite! –disse a garçonete – o que vai querer hoje?


– Boa noite. Quero uma bandeja de queijo e uma de salsichas frias, por favor.


– Só um minuto – e já estava de volta com as duas bandejinhas.


Fui comendo ouvindo a música de fundo – Human, the Killers. Terminei e ainda estava faminta. Me lembrei de Edward que tinha ido comprar macarrão instantâneo no mercado e já deveria estar de volta. Paguei e sai do quiosque.


Quando ia saindo, um dos rapazes – bêbados – me reconheceu e gritou:


– Olha lá! A menina da canga! – todos que estavam na mesa olharam e murmuraram entre si uns ‘é mesmo’. Comecei a andar mais rápido para chegar à calçada o mais rápido possível. Mas era tarde de mais.Um dos moleques já tinha me puxado pelo braço. Virei-me e sue rosto estava a centímetros do meu e o bafo de álcool era tão forte que quase me fez cair.


– Onde você pensa que vai, gata?


– Solta o meu braço. Você está me machucando!


– Não tão cedo. Porque não fica e toma uma com a gente?


– Não! – gritei e tentei torcer meu braço sem conseguir me livrar da sua mão melada de cerveja e gelada.


– Ah, que pena! Achei que você gostaria de mostrar pra gente agora o que não quis mostrar mais cedo na praia. – ele disse me arrastando para a mesa com a mão no meu ombro escorregando para abrir mina blusa.


– Não – ouvi um gemido atrás de mim e quando me virei foi pra desviar do punho que foi na direção do menino tarado, que teve efeito automático e ele largou meu braço. Ficou gelado onde ele estava apertando. E vermelho.


Me virei para ver quem estava me puxando pelo outro braço e vi que era Edward, com uma cara de raiva; bem como estivessem fazendo uma ofensa a ele ou xingado sua mãe – se é que você me entende.


– Vamos embora Clarisse. – disse ao me puxar. Clarisse? Quem era essa?


Não perguntei nada até chegar ao quarto. Ele entrou e eu entrei logo em seguida para que ele trancasse a porta raivosamente.


– Edward, eu sinto muito... – ele não me deixou terminar. Agachou-se na minha frente e disse numa voz um tanto preocupada:


–Você está bem? Eles fizeram alguma coisa com você?


– Não, você chegou antes.


Então me lembrei:


–Clarisse?


– Você gostaria que eles soubessem seu nome verdadeiro?


– Não. Obrigada. Desculpe por tudo isso. Eu devia ter te ouvido. Estou muito arrependida. Você nem imagina.


– Mesmo que não nos conhecemos muito bem ainda, você devia ter confiado em mim. Poderia ter evitado tudo isso. – disse ele apontando para o saquinho do supermercado com dois potes grandes dentro e uma rosa perto de um.


– Era para mim? –perguntei meio sem graça.


– Sim. Eu falei que queria te conhecer melhor. Eu já sabia que você era linda, pois minha mãe já tem até fotos de vocês três, e você foi a que mais me chamou a atenção. Só queria saber mais sobre você.


–Desculpa. Também quero saber mais sobre você – ainda mais depois do que aconteceu, acrescentei mentalmente –, mas não sei por onde começo... Posso começar com: como você sabia onde eu estava?


– Eu subi no quarto quando cheguei com o macarrão e você não estava aqui. Foi um tanto fácil. Mas me deixou preocupado. Pensei que eles poderiam ter vindo aqui e... – sua voz ficou no ar. Eu sabia o que ele queria dizer.


Agora estava sentindo um afeto entre nós dois que não fora detectado há poucas horas atrás nesse mesmo quarto enquanto tentava me desligar dele.


– Mas não aconteceu nada. Obrigada. Sua mãe vai ficar feliz de saber o que você fez hoje por mim. De certa forma foi um tanto heróico.


– Não! Não diga nada a ela, por favor.


– Por quê?


– Ela não sabe que saímos. Vamos tomar uma bronca!


Ele tinha razão.


– Eles já devem estar voltando. Coma seu macarrão. – disse ele enquanto pegava a rosa e ia para o banheiro.


– Espere! Essa rosa é minha – ele me olhou assustado – você trouxe para mim. Eu a quero. Vamos, me dê.


Ele voltou e me deu a rosa como um cavalheiro e eu peguei como uma dama. Enquanto ele se levantava eu entendi o que ele estava dizendo sobre ‘conhecer melhor’. Edward gostava de mim. E percebi que eu também gostava dele. Não sei se foi o ato dele me defender no quiosque, mas percebi que sentia algo por ele mais do que pura gratidão.


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Notas finais do capítulo

FIM DO CAP 3



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