Sarah escrita por AnaCarol


Capítulo 8
"Uma das dele"


Notas iniciais do capítulo

"You have the right to food money / Providing of course you / Don't mind a little / Investigation, humiliation" (Know Your Rights - The Clash)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/330117/chapter/8

Quando caio de pé ao seu lado minhas pernas fracas reclamam. O velho fecha o alçapão sobre nós e me guia por um túnel escuro e úmido lotado de curvas. Suspiro de alívio quando finalmente subimos uma “escada” de dois degraus e emergimos em um salão vazio, tão silencioso que nossas respirações podem ser ouvidas.

-Seja bem-vinda. – Ele diz, fechando o alçapão pelo qual saímos. – Se é que pode se dizer isso.

A tinta descasca das paredes e o teto é manchado pela umidade; pequenas e grandes manchas de sangue seco se espalham por todo o chão. Wereo verifica a tranca da portinha e caminha até um canto do salão, onde pedaços curvados de madeira descansam, desgastados.

-O que é isso tudo? – Eu pergunto, enquanto ando até ele e ajudo-o a levantar do chão um dos pedaços.

-Essas madeiras vão formar um círculo. – Ele fala. – Fazemos isso e então eu te explico.

Minha cabeça concorda, mas meus braços ainda resistem. Tontura preenche minha mente a cada vez que faço força física para tirar as partes do círculo do chão, e mesmo assim continuo a movê-las.

Depois do que se pareceram cem peças, o círculo está formado. Wereo está suado e eu estou jogada de costas no chão mirando as lâmpadas elétricas do teto. A fome toma conta de meu inconsciente e me pego pensando se essa luz é tão brilhante como a luz da morte.

Sinto meu braço mole ser arrancado para fora de meu organismo quando o grisalho me puxa e me põe de pé. Reclamo em voz baixa e esfrego o ombro, ouvindo sua gargalhada.

-Quer comer?

-Sim! – Minha voz soa tão desesperada quando minha barriga, o que parece apressá-lo. Ele anda em minha frente e sobe escadas onde um rico bem alimentado não passaria, de tão estreitas. Chegamos a um sótão escuro como breu; e Wereo acende uma vela que não sei - e nem me importo – de onde veio.

Sentamos no chão empoeirado e engulo com voracidade a sopa de legumes fria que me é dada. Sou observada. Quando termino de repetir o prato pela terceira vez, abro a boca.

-Disse que explicaria. – Cobro.

-Você provou ser uma das minhas. – Ele afirma. – Então agora eu te acolho em meu ringue, Rixard.

-Como sabe meu sobrenome? – Desconfio.

-Termine a sopa que eu te explico.

-Como, se nem terminou de esclarecer o que tudo isso significa? – Reclamo.

-O que quer saber sobre meu ringue? – Ele desafia.

-O que estou fazendo aqui? – Pergunto.

-Eu já disse! Você provou que é uma das minhas crianças!

-Como fiz isso?

-Dava para ouvir o ronco do seu estômago retorcido do outro lado do grande salão. – Ele diz. – E mesmo assim você continuou a me ajudar. Gosto de gente assim; que luta pelo seu objetivo.

-Obrigada?

-De nada! – Ele sorri e se levanta, abrindo a porta para as escadas. – Mas estamos em cima da hora! Sua luta vai ser uma das primeiras.

-Minha o quê?!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

PI: Você iria a um lugar como o ringue, se estivesse na situação da Sarah?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sarah" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.