Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 55
Don't cry


Notas iniciais do capítulo

"E por favor, lembre-se que eu nunca menti. E por favor, lembre-se como eu me senti agora, querida. Você tem que fazer seu próprio caminho, mas você se sentirá bem, doçura. Você se sentirá melhor amanhã. Venha para luz da manhã agora, querida. E não chore esta noite... Há um paraíso acima de você. E não chore."... (Guns N'Roses)



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Hora de voltar à realidade era o que dizia meu reflexo no espelho. Foi fácil fugir durante a semana que passou, mas chegou o momento de enfrentar todas as pessoas e perguntas que eu sei que existiam. Perguntas sobre como foi que eu e ele pudemos terminar assim... Porém, não foi assim, sem mais nem menos. Eu tinha motivos e por mais que doesse me separar dele, não voltaria atrás na minha decisão.

“Acho que só tá faltando um batom! É isso, espera que eu tenho a cor perfeita.”

Falou Juliana procurando pelo cosmético na sua necesserie. Estávamos no seu quarto, nos arrumando para uma social na casa de Fatinha e Bruno.

“Eu não quero batom, Ju. Já tá bom assim, é só uma festa para amigos, não um grande evento.”

“Ah, mas não importa! Devemos estar sempre lindas! Ainda mais você que tá com essa cor pálida de gente doente. Ainda não acredito que você foi para o sul por uma semana e nem me avisou nada.”

Ju fez bico. Me sentei na cama ao seu lado.

“Não foi algo planejado, minha vó foi visitar a irmã e eu fui junto. Queria espairecer um pouco, esfriar a cabeça. Sem falar que com a Raquel por perto, eu precisava estar longe, nem que fosse só por alguns dias.”

“E o Dinho? O que foi que aconteceu com vocês? Ele nem sabia onde você tava, Lia! Ficou que nem um louco querendo informações suas.”

Dinho... Como era difícil pensar nele, ate mesmo escutar seu nome era doloroso. Nem os vários quilômetros que nos separaram foram suficientes para me impedir relembrar seu rosto, seu sorriso sincero, seus beijos todos os minutos do dia. Mas junto da sua lembrança vinha à cabeça, a imagem dele e de Luana juntos naquela lanchonete, a raiva tomando conta de mim.

“A gente... Nós dois terminamos.”

Era meia verdade, já que fui eu que terminei com ele, mas ainda era um fim, certo?

“Eu bem que desconfiei. Essa história de você sumir tava muito mal contada mesmo, mas não pensei que estivesse fugindo dele.”

“EU NÃO FUGI DELE!”

Exclamei exasperada me levantando da cama e andando de um lado para o outro. Eu não fugi, claro que não, isso era ridículo... Mas era a pura verdade.

“Então, me explica essa viagem de ultima hora?”

“Foi só uma viagem, caramba!”

“Tá, vou fingir que acredito. Eu sou sua amiga e te conheço melhor do que ninguém, e se alguém pode dizer que o que você tá fazendo é a maior besteira da sua vida, esse alguém sou eu. Lia, eu te amo, mas, sinceramente, você é pessoa mais impulsiva que eu conheço. E a não ser que você tenha uma boa desculpa para ter terminado com o Dinho, eu não sei se posso ficar do seu lado.”

“O que quer dizer? Não é mais minha amiga? Pois fique sabendo que eu tenho todos os motivos para odiar o Adriano! Você não tem o direito de me julgar, ninguém tem! Ele... Foi ele, eu...”

Sem querer mais falar sobre ele, saí do quarto deixando para trás uma Ju estupefata. Voltei para casa, mas não encontrei ninguém. Comecei a tirar o vestido que minha ex-BBF tinha escolhido para a festa da Fatinha que, aquela altura, foi esquecida. Não tinha vontade de ver quem quer que fosse, muito menos tinha saco para fingir que estava tudo bem.

“A culpa é sua! TODA SUA!”

Gritei para o nada. Mesmo quando não queria, Dinho atrapalhava a minha vida e agora pôs a minha amiga de infância, uma das pessoas em que mais confiava, contra mim. Tudo pela estupidez que ele fez.

Cheguei ao centro do meu quarto que havia ganhado outra decoração depois do incidente da chegada de Raquel. Me joguei na cama e respirei fundo. Existiam duas opções para mim: Ficar ali e me lamentar ou ir aquela festa e provar para todos que LiDinho era passado. Não precisava provar nada para ninguém, mas não daria esse gostinho de vitória a ele. Se o Dinho pensa que eu vou ficar chorando por ele ou qualquer outra pessoa: Ele errou feio!

“Lia, você veio!”

Falou Bruno ao abrir a porta do seu apartamento. A música estava alta e quase tive que gritar para falar com ele.

“To muito atrasada?”

“Não, entra!”

O Moreno me deu passagem para que entrasse no apartamento. Logo na entrada identifiquei a maior parte das pessoas presentes: Morg, Orelha, Rita, Fera, Pilha e tantos outros. E para meu alivio, Dinho não estava presente. Circulei entre os convidados parando para falar um pouco com um e outro. Depois de alguns minutos, Juliana chegou com seu namorado, Gil. Ela me olhou enviesado e manteve-se longe, e seguindo seu exemplo, fiquei onde estava. Se for assim que as coisas serão daqui para frente, então tudo bem.

“Oi, Lia!”

“Oi, Fatinha! Festa legal...”.

“É, mas deu um trabalho! O Bruno quase teve um ataque com o tanto de coisa que eu tive que fazer, ficou o tempo todo falando isso e aquilo... Um lindo!”

Olhei para seu rosto corado e era evidente que a ex Periguete não poderia estar mais feliz, mas algo a afligia.

“Eu quero falar com você.”

Falou uma figura alta de cabelos cacheados surgindo por trás de Fatinha: Dinho.

“Verdade? Lamento, mas não tenho vontade de falar nada com você!”

“Eu não perguntei o que você quer, apenas to informando que nós vamos conversar. Por bem ou por mal.”

Murmurou Dinho ao meu ouvido. Sua voz estava fria e seus olhos gélidos como dois cristais escuros. Era evidente que ele estava com raiva, mais que ódio, e constatar isso fez um arrepio passar pelo meu corpo.

“Vocês podem ir lá pro meu quarto, é o único lugar com privacidade.”

“Não precisa Fatinha, eu to muito bem aqui... O que você tá fazendo, Idiota?!”

Dinho me pegou no colo e me jogou por sobre seu ombro como um saco de batatas. Ele seguiu para o quarto de Fatinha enquanto eu dava socos nas suas costas e me debatia em vão. Todas as pessoas olharam para nós escandalizados com a cena. Antes que ele fechasse a porta, escutei a desculpa de Fatinha para o ocorrido.

“Esses dois não tem jeito, né? Apostar quanto que essa história vai acabar em casamento?”

“IDIOTA!”

Gritei quando ele me jogou na cama sem cerimônias. Não podia acreditar no que ele tinha feito, a forma como agiu, como um verdadeiro homem das cavernas!

“Eu te dei escolha! Eu disse que seria por bem ou por mal. Você quis o mal.”.

“Eu já disse: Não tenho nada para falar com você! A gente terminou, isso foi há uma semana: SUPERA!”

“Supera? Você me põe pra fora da sua casa, diz que nosso namoro acabou e some no dia seguinte e diz para eu superar?! Tá me achando com cara de otário, Lia? Achou que seria tão fácil brincar comigo?”

Dinho destilava ressentimento e aquilo me atingiu como um golpe. Qual o direito dele de se sentir magoado quando fui eu a pessoa enganada naquela história?

“Você fala como se eu não tivesse o direito de fazer isso depois de tudo o que eu vi! Eu me entreguei a você, amei você para mais uma vez ser passada para trás. Se existe um otário nessa história esse otário sou eu! Eu que acreditei em você!”

“Vai continuar com isso? Vai me jogar a culpa de uma coisa que eu nem sei qual é? Por que não fala tudo de uma vez e para com esse joguinho de gato e rato?”

“Eu não estou jogando! Você é quem joga com os sentimentos das pessoas: VOCÊ! Não sei como pude me enganar tanto... Só de pensar nas vezes que me beijava, tocava. Você me dá nojo!”

Algo brilhou nos olhos de Adriano depois que escutou a minha ultima frase. Falei sem pensar, não é que eu sentisse asco, realmente, dele, mas achei naquela afirmação baixa uma forma de atacar o seu orgulho. Dinho se aproximou lentamente da cama me fazendo querer me encolher, mas resistindo a necessidade de proteção, permaneci parada, sentada, na beirada da cama.

“Nojo? Não era o que parecia quando eu te abraçava assim...”.

Num rápido movimento, ele me puxou de onde eu estava, meus seios batendo de encontro ao seu peitoral. Fiquei estática enquanto ele me envolvia com seus braços não me dando oportunidade de me afastar. Aquele não era um gesto normal, de carinho como os outros. Ele queria me punir, eu senti, quando seus lábios desceram do meu rosto para o pescoço sabia que ele não era movido por amor.

“Sente nojo dos meus beijos, Lia? Da minha boca tocando sua pele tão alva?”

Sua voz irônica fez a raiva subir a cabeça. Como ele podia ser tão cínico? Espalmei as duas mãos no seu peito para afastá-lo, mas foi inútil. Estava presa em alguma espécie de transe realizado por ele e me mover era impossível. Sua boca encontrou a minha num beijo urgente, selvagem. Meus lábios foram, praticamente, esmagados e apesar do meu cérebro dizer que deveria odiá-lo por me submeter àquilo, não resisti e acabei cedendo à invasão da sua língua. Meu corpo inteiro tremia sob o toque das mãos dele, os seus beijos pareciam querer tirar de mim qualquer sanidade e ele estava conseguindo me levar à loucura.

“Você não tem nojo de mim. – Afirmou mordiscando minha orelha – Você me deseja, meus beijos, meus toque... Você adora cada momento. Quando minhas mãos passeiam pelo seu corpo, quando eu estou dentro de você e te levo ao orgasmo. Você ama cada instante.”

Não podia negar, não podia fazer nada com ele me tocando, me beijando daquele jeito.

Adriano caminhou comigo ate uma parede próxima, a superfície fria me trazendo um pouco a realidade.

“Você não pode fazer isso, eu...”.

Protestei debilmente quando ele segurou a barra do meu vestido e o subiu ate a altura da cintura expondo a pequena calcinha que usava. Seus dedos correram pela pele nua ate chegarem à peça intima. Estava completamente a mercê dos desejos dele, mais me assemelhava a uma boneca sem vida, mas que ofegava com o calor do corpo dele.

“Dinho, por favor, não...”.

“Não o que? Dinho, por favor, pare? Ou Dinho continue?”

“Eu...”

Habilidosamente, Dinho tirou a calcinha e se pôs entre minhas pernas, roçando a parte interna das minhas cochas. Meu sangue esquentou nas veias quando ele se apertou mais contra mim e me fez ciente da sua excitação por sob a calça jeans. Minha respiração tornou-se acelerada e entrecortada quando ele baixou uma alça do meu vestido. Sem sutiã, fiquei exposta e sem perder tempo, ele tomou um seio meu na boca, brincando com meu mamilo intumescido.

“Dinho, você...”

“Eu o quê, Lia? Nós dois sabemos que você quer isso tanto quanto eu.”

Deus, eu estava perdendo totalmente o controle! Como podia ser tão indefesa nas mãos dele?

“Você não sabe o que faz comigo, Marrentinha! É só eu tocar em você para meu corpo todo ascender. Foi só te ver naquela sala, tão linda nesse vestido... Eu já te disse como você fica linda de vestido?”

Por mais que o elogio soasse apenas como algo surgido no calor do momento, ele me olhando como me olhava e dizendo aquelas coisas, confesso que eu me senti linda. Qualquer resistência foi esquecida, e não pude evitar beijá-lo. Deixando a passividade de lado, tirei a camisa dele para sentir sua pele. Minha atitude o agradou, e com um sorriso nos lábios ele levantou minhas pernas e me fez rodear seu corpo pela cintura.

Não podia fugir, eu sempre me derreteria sob ele. Por mais que me envergonhasse ser tão fraca, ele tinha razão, eu o desejava.

Dinho nos conduziu a cama e não me importou que na sala estivessem presentes tantas pessoas ou que ele e eu não fossemos mais namorados. Tudo o que podia fazer era sentir todas as emoções conflitantes dentro de mim explodindo como um vulcão ativo. Senti a superfície macia do colchão contra as costas, ele deitando em cima de mim. Seus olhos brilhavam com desejo, mas existia mais ali, um sentimento que não soube identificar. Dinho continuou a acariciar meus seios e por minha vez, arqueei o corpo para que me tomasse mais na boca.

“Dinho, Dinho...”

Gemi seu nome enquanto cravava as unhas nas suas costas. Precisava senti-lo, queria mais que tudo tê-lo dentro de mim e que ele levasse ao ponto mais alto.

“Você gosta disso, não? Geme meu nome ao mínimo contato, com tanto desespero... Eu poderia transar com você aqui durante a noite toda e você ainda pediria mais, mas não hoje. Não agora.”

Minha cabeça rodou com mil pensamentos quando ele saiu de cima de mim, um frio tomando conta do meu corpo em chamas. O mundo parecia ter parado e eu não sabia o que fazer ou mesmo o que sentir.

“Por que você...”.

“Se quer saber por que eu parei, eu explico: Eu não podia transar com você tendo você tantas suspeitas sobre mim.”

“Então por que fez tudo aquilo, por quê? Por que agiu como um cafajeste?!”

Pensei ter gritado, mas a pergunta soou aos ouvidos mais como um soluço.

“Eu agi como um cafajeste para você ver que se eu fosse um cafajeste nada do que diga vai impedir que eu tenha você quando quiser. Mas eu não sou um cafajeste, Lia.”

“Você queria me punir?”

Perguntei cerrando os olhos com força. Como eu fui imbecil, enquanto eu me entregava, ele estava apenas brincando comigo.

“Não, Lia. Eu agi por impulso, mas confesso que algo dentro de mim queria que eu te fizesse minha hoje. Mas eu não gostei do que senti, não gostei de saber que posso ser o que você acha que eu sou... Eu te trouxe aqui para conversar, mas quando você menosprezou o que tivemos, quando disse que sentia nojo de mim senti a necessidade de provar que você estava mentindo. Não me orgulho da minha atitude, mas também não peço desculpas por isso.”

Sentei na cama, ajeitando o vestido com as mãos trêmulas. As lágrimas queriam escapar dos olhos, mas as contive. Ele não iria me ver chorar, não daria esse prazer a ele, ainda que estivesse despedaçada por dentro. Passei a mão, tão fria, pelo meu rosto vermelho, mas não mais de excitação, e sim de vergonha misturada a raiva.

“Pois deveria! Deveria me pedir desculpas por tudo!”

Dinho estava recostado à porta olhando para mim, já completamente vestido. Olhei para o chão e vi minha calcinha jogada, me senti mais que nunca, usada por ele. Seu semblante era calmo, controlado e não afetado como o meu com tudo o que acabou de acontecer. Era como se os nossos beijos, as suas caricias nunca tivessem existido.

“Desculpas pelo quê? Por te tocar agora ou por ter um caso com Luana?”

Arfei de surpresa pela frieza dele, a sua insensibilidade em me jogar na cara que ele e ela estavam envolvidos. Se existiu um momento que eu quis morrer, foi esse.

“Pensou que eu não sabia? Acredita mesmo que eu sou tão idiota? – Ele balançou a cabeça, rindo descrente – A ligação, o encontro... Não foi tão difícil ligar os pontos. Eu bem que desconfiei que você não tava dormindo, e olha, não é que eu estava certo! Qual parte da minha conversa te fez fantasiar sobre mim e Luana? Qual parte?”

“Seu hipócrita, como tem coragem de falar isso? Eu os vi juntos, eu vi Dinho! Ninguém me contou!”

Adriano fechou os olhos como se fosse doloroso olhar para mim. As lágrimas que segurava, finalmente, escorreram pelo meu rosto afogueado.

“Eu sei. Eu sei que você nos viu e tirou suas próprias conclusões... Uma dica, da próxima vez que for espionar alguém se lembre de não esbarrar no chefe dessa pessoa! O John me falou que uma garota loira de mechas azuis e pretas passou por ele como um furacão. Na hora, achei impossível ser você, mas depois, pensando melhor, vi que tudo se encaixava. Era você lá. O que eu não entendo é por que o fato de me ver com Luana te fez terminar comigo. Sério, preciso entender.”

“Não há o que entender. Eu, bem, eu...”.

“Você o que? Você deduziu que eu te traía? Que eu sou um maldito traidor que pula na cama de qualquer mulher só por prazer? Te provei que eu sei me controlar, não? Você é gostosa, mas eu não morreria se não transasse com você.”

“Você não pode falar assim comigo! Eu não sou uma qualquer!”

Quem era aquele cara? Não era o Dinho que eu conhecia, o seu deboche ao falar da intimidadde que tivemos era monstruoso.

“Por quê? Só você tem o privilégio de denegrir as pessoas? Eu falo o que eu quiser e bem entender. Você me permitiu isso quando ouviu minha conversa e foi me vigiar como se eu fosse algum criminoso. Em nenhum momento falou para mim, preferiu me mandar passear e ir viajar do que me perguntar o que tava acontecendo! Inacreditável!”

Tudo o que ele falava parecia sem cabimento, mas eu não pensei, eu agi e achei melhor terminar tudo antes de sair machucada.

“Por que não diz o que realmente aconteceu?”

“Pra quê? Essa não vai ser a ultima vez, vai? Droga, Lia! Sua mãe ferrou tanto com teus sentimentos que você nem consegue ver o que está na sua frente! Sempre espera o pior de mim! Independente da situação, eu já to condenado! Sim, eu me encontro com a Luana sem você saber. Nós temos um caso tórrido de amor, ela ate me visita no Hostel. Nós fazemos sexo sempre que possível e rimos de você! É isso que quer ouvir? Se eu for um canalha você vai se sentir melhor?”

Um silêncio pesado caiu sobre o quarto que pareceu muito pequeno para conter todas as mágoas que nós, eu e ele, sentíamos. Eu não sabia o que queria. Se desejava estar certa ou enxergar que tinha cometido o maior erro da minha vida. E como me sentia acuda, fiz a única coisa que sabia para me proteger: Ataquei.

“Você não negou que tá com ela.”

CALA A BOCA, LIA! Gritou meu inconsciente. A opressão no meu peito aumentou e acreditei não ser possível respirar.

“POR DEUS, Lia! Chega! Chega... Pra mim já deu essa história! Eu não quero isso para minha vida, viver assim não dá. Eu... eu não posso ver você fazendo isso com a gente.”

“Fazendo o quê?”

“Destruindo. Assim como você destruiu o seu quarto. É isso que você está fazendo, jogando pela janela o amor que nós sentimos. Eu juro que tentei te desculpar, procurei entender seu lado, o seu problema com sua mãe, mas por mais que tentasse nada era o suficiente. Cheguei à conclusão de que nunca foram os outros, era você. Você que me afasta, você que nos fere. Eu não to negando meus erros, porém a diferença é que eu aprendi com eles. E você não. Não importa o que aconteça, o que eu faça, o quanto lute, você nunca vai permitir que nós sejamos felizes. Porque, simplesmente, você não deseja isso.”

A tensão era quase palpável. Dinho se esforçava para manter a calma e eu lutava para conseguir raciocinar quando o que mais queria era tapar os ouvidos e não escutar o que ele dizia. Adriano se aproximou de mim.

“Acha que eu não sei ser feliz?”

Perguntei num sussurro quase inaudível. Mas não precisava de uma resposta, eu sabia.

“Não, você sabe. Só não sabe o que fazer com essa felicidade... Lia, já te fizeram muito triste e também muito feliz, mas agora só depende de você. Eu não posso te dar mais de mim, e você não pode viver com menos de si mesma. Você precisa olhar para dentro de você e encontrar a resposta. Ou você sai desse mundo de dor ou se afunda nele de vez, a escolha é sua.”

Dinho enxugou meu rosto molhado com as mãos. Cerrei os punhos, os braços junto ao corpo, não queria piedade. Se ele ia embora, que fosse de vez. Eu não preciso dele, não preciso de ninguém! Eu me basto!

“Não chore.”

“SAI! Não encosta em mim!”

Explodi me levantando da cama.

Por que tem que ser assim? Por quê?

Dinho suspirou pesadamente e me olhou decepcionado. Um mal estar fez minhas pernas fraquejarem, o gosto de bile subindo pela garganta, as palmas das mãos soavam frio e pensei que fosse desmaiar ali, na frente dele. Lembrei-me de outra vez que me senti assim. Foi há muito tempo atrás, quando nem fazia ideia do quanto o amor podia machucar, eu vi um táxi partindo pela rua levando a pessoa que me fez ser assim. E eu soube que parte de mim havia ido junto, a melhor parte, aquela que sonha que não tem medo dos riscos. A parte que vive. Mas era passado e o passado não volta, e eu também não voltaria.

“Bem, parece que você fez sua escolha. Lamento.”

Adriano andou ate a porta e parou por um instante, de costas para mim. Não faça isso, era o que queria dizer, queria pedir para ele ficar, mas não o fiz. E sem perceber ou tentar evitar, ele girou a maçaneta e saiu.

“VAI PRO INFERNO!”

Não chore... Passei o encosto da mão pelo rosto, violentamente. Queria apagar o toque dele, qualquer coisa que me lembrasse do seu olhar de compaixão. Nunca o perdoaria por dizer o que disse, nunca. As lágrimas desceram desobedientes, queimando a pele, marcando como se sempre fossem estar ali. Entretanto, ele não estaria. Ele não.



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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

"Tijoladas* em 3, 2, 1... Muitos de vocês (Pretensão da Autora ;)) devem estar se perguntando 'DEUS, por quê?!", mas mantenham a calma. Por agora, digo que é necessário. Como eu bem sei, é preciso sofrer para aprender sobre a vida. A Lia não sabe sofrer, não da forma correta. Por isso precisa de espaço para aprender isso... Bem, to trocando as bolas, mas enfim. Continuem lendo e vocês entenderão. Gostou? Odiou? Não entendeu bulhufas? Comente!

Ps: Eu disse que era tres capítulos hoje, mas sério galera: Não deu! Perdoem-me, mas prometo que semana que vem eu farei de tudo para serem tres tá? Quero reviews, heins? Beijos!



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