Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 43
Love me...


Notas iniciais do capítulo

"Sua fé é forte, mas eu só consigo me apaixonar tanto por um certo tempo. É hora de se segurar, depois você vai me odiar por eu nunca ter te dado mais do que metade do meu coração."... (John Mayer)



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“Alguém pode me explicar o que tá acontecendo aqui?”

Exclamou Doutor Lorenzo fechando a porta com um estrondo. Nunca na minha vida vi meu pai perder a calma e agora parecia prestes a matar um, no caso, Dinho. Escondi meu rosto no peito de Adriano que estava de costas para meu pai, enquanto buscava encontrar uma boa desculpa para aquela cena.

Mas qual o problema de eu beijar meu namorado (?) na sala da minha casa?

Ai... Quanto drama! Se ele soubesse o que nós fizemos ontem...

“Pai... Não sabia que ia voltar tão cedo.”

Comecei tentando aliviar a tensão, mas ele mal notou minha presença. Estava mais preocupado em fuzilar Dinho com o olhar e aquilo me deixava alerta.

“Doutor Lorenzo, eu e sua filha estamos juntos, digo, namorando. É normal que a gente se beije.”

Ah, então era namoro! Menos mal... Eu bem que queria beijar Dinho pelo que disse, mas meu pai não ia gostar muito disso, então permaneci parada.

“NORMAL? Normal?! É normal eu chegar à minha casa e ver a minha filha beijando um cafajeste? E o que eu devo fazer? Parabenizar os dois? Apoiar a desmiolada da Lia, que cheguei a acreditar que tinha algum juízo, por mais uma vez se envolver com você?”

“Lorenzo... Eu sei que a sua opinião sobre mim não é a melhor, mas acredite quando eu digo que não vou magoar a Lia.”

“E eu devo acreditar nisso por quê? Por que você tá dizendo?”

Vociferou meu pai. Dinho permanecia impassível, se mostrando a pessoa com mais bom-senso naquela situação.

“Pai, me escuta, por favor.”

“Não, Lia! Eu não tenho nada o que escutar. Eu só quero que esse cara saia da minha casa agora, e eu te proíbo de ficar com ele, tá me entendendo? Proíbo!”

“COMO É QUE É?!”

Gritei exasperada pela recente descoberta da imbecilidade do me pai.

“É isso mesmo que você está escutando! Eu sou seu pai e responsável por você, não permito que esse cara faça o mesmo de antes. Será que tudo o que aconteceu não foi o suficiente, Lia? Quer cometer os mesmos erros de novo?”

“Espera aí, você é meu pai, mas não meu dono! Se quiser me separar do Dinho, acho melhor me trancar numa torre e jogar a chave fora, pois só assim...”.

“Lia!”

Interviu Dinho. Olhei confusa para ele que se aproximou de mim. Meu pai assistia a tudo pasmo, não sei se por minhas palavras ou pelo fato do Idiota me beijar na sua frente. Desconfio que pelos dois.

“Seu pai tá nervoso. Então, acho melhor eu ir... Outra hora a gente conversa – Ele dirigiu-se para meu pai – Lorenzo, eu sei que você tem todos os motivos para não gostar de mim e querer sua filha longe da minha companhia, mas garanto que eu só desejo o melhor para ela. O senhor pode não acreditar, mas eu a amo e vou fazê-la feliz. Eu vou provar isso, mas por enquanto acho que todos nós precisamos de um tempo.”

“Dinho espera.”

Segurei a mão dele para impedir que se fosse. Meu pai já não falava nada, mas mantinha-se com a postura ereta e olhar assassino em nossa direção.

“Hey, não precisa se preocupar. A gente vai dar um jeito nessa situação, tá? Fica bem Marretinha.”

Adriano deu um beijou minha testa para em seguida sair pela porta. Fiquei parada alguns segundos sem notar a presença do meu pai. O que ele havia dito estava se confirmando, e o primeiro obstáculo era o Doutor Lorenzo. Não sei se sentia raiva ou alegria pelas palavras de Dinho, ele parecia tão seguro que tudo ia dar certo, mas eu não via da mesma forma.

“Feliz?”

Cuspi a palavra para meu pai. Sem dar chance para uma resposta, marchei ate o quarto, que ate segunda-feira, seria somente meu. Ele havia dito para eu ficar bem, mas como isso seria possível depois da cena patética de há pouco? O pior é que parecia que a conversa não tinha terminado, já que meu pai apareceu no quarto ainda com a mesma expressão que chegou.

“Nós precisamos conversar, mocinha! Eu viajo, com a confiança de que você iria se comportar, que não iria arranjar confusão, para voltar e ver isso? Tem ideia do quanto eu me sinto enganado?”

“Pai, não precisa desse drama todo! Eu reatei o namoro com o Dinho e daí? Isso não é motivo para iniciar a terceira guerra mundial... Acho que ‘Cê’ não notou, mas eu cresci e já faço minhas próprias escolhas. Não foi nada planejado, simplesmente aconteceu. Não olhei para ele e pensei ‘Nossa, vou namorar o Dinho e irritar o Doutor Lorenzo’... ‘Cê’ tá exagerando.”

“É exagero me preocupar com você?”

Questionou meu pai nervoso.

“Não é isso, só que... Ah, eu não sei, caramba! Não entendo o porquê dessa sua reação.”

“Lia, eu me lembro do que aconteceu quando ele foi embora, eu estava aqui. Mesmo quando você fazia esforço para esconder como se sentia, eu via o quanto sofria pelo o que ELE havia feito. Esqueceu isso também? Aquele garoto irresponsável não é confiável, cedo ou tarde ele vai voltar a fazer o mesmo, vai te ferir e não quero que você sofra. E se ele for embora novamente?”

“Como a Raquel foi?”

Quantas vezes você vai precisar ser abandonada para entender que ela não vale a pena?

Eu repetia sem parar essa frase para Tatá quando o nome da mulher que nos deu a luz era citado ou surgia qualquer noticia sobre ela. Ela sempre ia embora, não se importando com o que nos fazia, ela só pegava a mala e partia. E agora, eu estava falando sobre ela, usando-a para atingir meu pai. Falar sobre o abandono de Raquel não foi intencional, mas não pude evitar comparar as situações e nem sei o porquê disso.

“Sim, como a Raquel... Lia, nós nunca conversamos sobre essa ultima viagem da sua mãe...”

“Ela não é minha mãe.”

Disse sucinta interrompendo meu pai. A Raquel não era a minha mãe e não representava nada para mim alem de um fantasma que insistia em se fazer presente.

“Ela é, queira ou não. Sei que é difícil pra você falar sobre isso, mas tem que agir com racionalidade, não pode negar esse fato. Tá vendo porque esse seu namoro me angustia? Filha, você não sabe lidar com perdas, com abandono. E se esse rapaz te deixar? Você vai voltar a se fechar e impedir que qualquer pessoa se aproxime. Não quero te ver como há um ano, Lia. Não quero que se magoe.”

“Eu não vou.”

Minha voz demonstrava segurança, mas não era como me sentia realmente.

“Espero que não, mas se acontecer... Lembre-se que sempre vai poder contar com o seu velho pai.”

O meu ‘velho pai’ saiu do quarto me deixando sozinha com pensamentos perturbadores.

Maldita a hora em que eu falei o nome de Raquel!

Maldita seja aquela egoísta que só sabe atrapalhar minha vida mesmo estando longe... A sua lembrança só me atormenta e me põe para baixo. A Raquel é a culpada por eu sentir tanto medo, por sempre esperar o pior das pessoas. E era o que estava fazendo com Dinho, depois de ele ter se aberto, depois de ele ter confiado em mim, eu o comparava a ela. Eu já fiz isso uma vez, os coloquei numa balança. Eles foram embora certo? Eles me abandonaram e imaginar que ele possa voltar a fazê-lo dói. Meu pai não quer o meu mal, ele não quer encher minha cabeça de ideias, mas são possibilidades. Ele foi embora uma vez, e se... E se for de novo?

“Eu vou estar aqui pra cuidar de você.”

A recordação da sua afirmação fez eu me sentir mal. Dinho era tão forte, tão crente... Estava disposto a ficar comigo e fazer funcionar. E eu? Eu só duvidava. E em nenhum momento ele fraquejou e eu tenho tantos receios, como no inicio do nosso namoro. Porém, agora é diferente... Os medos são mais profundos e os sentimentos também. Ele acreditou em mim, mas o problema é que não acredito em mim mesma.

O resto do dia foi igual. Eu trancada no quarto em conflito com a menina que foi abandonada pela mãe e que insista em vir à tona quando alguém se aproximava demais. Meu pai ficou um tempo em casa, mas não voltou a falar, correção, condenar meu namoro. Pensei em ir à casa da Ju para conversar, mas desisti da ideia. Provavelmente ela iria querer saber todos os detalhes da volta do namoro, e não quis correr o risco de transparecer minhas dúvidas. Fui dormir cedo naquela noite, mas acordei um pouco perto das 24h00min com uma mensagem no celular.

“Oi! Trabalhei ate tarde, não pude te encontrar. Desculpa. Boa noite Marrentinha... Dinho!”

Dinho... Se você soubesse.

Adormeci logo em seguida, acordando tarde no domingo. O clima ainda era tenso, e meu pai foi para o hospital sem trocar uma palavra comigo. As horas pareciam se arrastar e nem mesmo a guitarra era capaz de prender minha atenção. Liguei duas vezes para Dinho, mas as chamadas caíram na caixa postal. Fiquei a maior parte do tempo andando de um lado para outro, tentando encontrar uma maneira de abrandar a dor da consciência.

Como era possível, depois de tudo o que passamos nesses últimos dias, eu ainda duvidar dele?

Mas a verdade é que eu estava dividida entre o amor e o receio. Lógico que eu o amava, porém tinha medo. Receio de que o Dinho me magoasse e eu não soubesse como juntar os cacos.

Sem me dar conta, a noite chegou, mas a solução para os meus problemas não. Cansada de olhar para as paredes do meu apartamento, tomei um banho, troquei de roupa e fui ao Misturama. Uma ‘terapia de rock’ com o Nando talvez me ajudasse a relaxar. Meu pai não voltaria essa noite, então não preocupei com uma possível bronca.

Era domingo, e por isso o local estava cheio. Vi Ju e Gil numa mesa e os cumprimentei com um aceno de cabeça. A ‘grande amiga’ de Dinho, Fatinha, também estava lá sozinha num canto e parecia triste. Acho que porque o ‘Moreno’ não estava ao seu lado.

“Fala aí, roqueira! Andou sumida, hein? Vem cá tirar um som comigo!”

Falou Nando me entregando uma de suas guitarras.

“Qual música?”

Perguntei passando os dedos pelas cordas do instrumento.

“Que tal uma clássica? ‘Love me tender’, pois o Elvis não morreu!”

“Love me tender...Love me sweet. Never let me go, you have made my life complete. And I love you so. Love me tender, love me true. All my dreams fulfilled. For my darling’ I love you… And I always will.”

(Me ame com ternura... Me ame docemente. Nunca me deixe ir, você completou minha vida. E eu te amo tanto. Me ame com ternura, me ame verdadeiramente. Todos os meus sonhos realizados. Pois, minha querida, eu amo você... E sempre amarei.)...

“Se estivesse aqui há mais tempo desconfiaria que essa música era para mim...”

Ouvi a voz risonha do único cara que fazia meu coração acelerar e bater lento ao mesmo tempo. Esquecendo a canção, larguei a guitarra e corri para beijá-lo. Precisava tanto daquilo, necessitava senti-lo perto para poder sanar meus anseios.

“Isso é que é recepção, hein? Garota de atitude!”

Falou Nando enquanto o resto do pessoal assobiava e zoava nós dois. Senti meu rosto esquentar completamente e Dinho só ria da situação.

“É a MINHA garota de atitude.”

“Vai sonhando, vai Idiota...”.

“Tá vendo como eu sofro Nando? Sou ‘abusado’ por ela em público e ainda me trata mal!”

“É, meu rapaz: As mulheres são loucas!”

Debochou o ‘ancião do rock’ para minha raiva.

“Louca é a vaca da sua...”.

“LIA!”

Dinho me abraçou e me arrastou antes que eu xingasse a vovozinha do Nando.

Sentamos numa mesa afastada. Dinho fez os pedidos e explicou o motivo do seu repentino sumiço: Trabalho. Ele ficou trabalhando ate tarde numas fotos e hoje, mesmo sendo domingo, teve que ir ao estúdio retornando só há pouco.

“Eu vou ali falar com a Fatinha, tá? Já volto.”

Falou saindo do lugar e indo em direção a Periguete. Em poucos minutos, Dinho voltou e estava sério.

“Algum problema?”

“Não, nada... Só que odeio pessoas imbecis que não veem nada além do que está a um palmo do nariz!”

“Nossa, essa foi profunda... Posso saber quem é o merecedor de todo esse ódio?”

Questionei curiosa e ele suspirou.

“Ninguém em especial. É um assunto da Fatinha, não posso fazer muita coisa... Queria poder ajudar, mas não sei se sou a pessoa certa.”

“E por que ela precisa de ajuda? Ela parece bem grandinha para lidar com os próprios problemas...”.

Desdenhei. Não é novidade que eu e Fatinha nunca nos demos bem, mas esse ato infantil foi exagero e tive que reconhecer.

“É uma pena que pense assim. A Fatinha é uma pessoa muito bacana e tem passado por uma barra. Ela não tem muitas amigas, talvez fosse bom vocês duas se aproximarem...”

“Tá de brincadeira, né?! Eu e a Fatinha?”

Falei exasperada.

“Qual foi Lia? Falando assim ate parece que ela é a pior pessoa do mundo! Que eu me lembre, ela já te ajudou antes, ajudou nós dois na verdade. Não to pedindo para vocês serem ‘amigas de infância’, só para dar uma força para ela.”

“Tá... Eu vou pensar no assunto.”

A Fatinha foi esquecida por um tempo e mudamos o assunto para amenidades. A confusão emocional que me persegui durante o dia sumiu e pude respirar aliviada pela presença de Dinho na minha vida. Não que eu ainda não tenha medo, mas tenho que escolher o que é mais importante e cheguei à conclusão que nós, eu e ele, valemos mais do que suposições.

“Como foi a conversa com o seu pai?”

Questionou Dinho a uma certa altura. Fatinha foi embora, e Ju e Gil também haviam desaparecido do local. O tempo havia passado rápido.

“Nada bem... A gente mau tá se falando e odeio isso. O Doutor Lorenzo é daquele jeitão, mas sei que só quer meu bem. Hoje ele vai dar plantão no hospital e sei lá... Não queria ficar sozinha em casa olhando para as paredes. Foi assim o dia todo, pensei que fosse pirar!”

“Dorme comigo lá no Hostel.”

Sugeriu Dinho com expressão inocente.

“Dormir? Hum, apesar de adorar... Não to com cabeça para isso agora.”

“Eu disse ‘Dorme comigo’ no sentido de dormir, sabe? Pode ate roncar se quiser! Eu não penso só em sexo... Bem, talvez só um pouco.”

Ele riu e eu sorri de volta. Não tinha porque eu ficar sozinha no apartamento né? Por que não passar a noite com ele?

“Tá, acho que vou aceitar.”

Depois de pagar a conta, seguimos para o Hostel. O quarto do Dinho ate que era apresentável, e a cama bem grande. Enquanto ele tomava banho, aproveitei para me acomodar. Ao sair do banheiro, só de sunga, Dinho apagou as luzes e veio para junto de mim.

“Você vai dormir assim?”

Perguntei cínica.

“Não sei se te contei, mas geralmente eu durmo pelado: Então, dê-se por satisfeita!”

“Idiota!”

“Marrenta!”

Apesar do cansaço, o sono não veio tão rápido quanto eu esperava.  Passei um bom tempo me mexendo de um lado para o outro na cama ate que decidi me entreter melhor com o cara ao lado.

“Pensei que não ‘tava com cabeça’ para isso.”

Falou Dinho quando o beijei montando em cima do seu corpo. Na proteção da escuridão, tirei a blusa que ele me emprestou ficando apenas de calcinha e sutiã.

“Você me conhece, eu mudo de ideia fácil e admito que não resisto a você vestido com sunga vermelha!”

Sorri e num rápido movimento, ele se pôs sobre mim. Adorava esses ataques de ‘macho alfa’ de Adriano.

“Muito bem, então! Foi você quem pediu por isso...”.

E beijou minha boca. E sem resistência, me perdi no prazer que era o seu beijo.


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

E como prometido mais um capítulos 'lindjo' pr'ocês! Parece que o Doutor Lorenzo não vai aliviar para esses dois não, viu? Mas ele ate que tem as suas razões... O que pega mesmo é esse 'lance' mal resolvido da Lia com a mãe. Será que o Adriano vai pagar a 'conta' da Raquel? Mas como LiDinho junto é VIDA, tivemos mais um daqueles momentes Fofys, safadys pra lá de Cutys! #TxchupaLitor! Nunca será melhor: NUNCA! Gostou? Comente!

Ps: Leitores do meu heart digo que me sinto 'solomente abandonada'! Qualé, pessoas? Cadê o pessoal que comentava, que torcia e chorava pelo nosso casal? 'Toi tiste', HUM! Voltem: Please! Bem, Beijos e quero reviews, hein?



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