Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 41
First Love


Notas iniciais do capítulo

"Eu te quero de volta. Te quero de volta... Você foi meu primeiro amor. É só um amor idiota, idiota, estúpido. Um detalhe técnico. Você sempre estará a minha frente... Me diga: Por que eu tenho que praticar em você? Por que eu tenho que praticar no seu coração?"... (John Mayer)



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Hum... Era tão bom ser abraçada daquela forma!

Olhei para o lado e me deparei com a figura adormecida de Adriano na estreita cama. A visão do meu Dinho dormindo profundamente enchia meu peito de uma sensação de felicidade. Demorou tanto para estarmos ali que agora tudo isso nem parecia real. Pensei em acordá-lo, mas ele demonstrava estar tão cansado que não tive coragem. Na noite passada mesmo sob o efeito da bebida, ele teve um sono inquieto, como se algo o perturbasse, já agora aparentava o semblante sereno e não queria tirar isso dele.

Aproveitei para olhá-lo descaradamente, guardando cada traço do seu rosto na memória. Só agora podia analisar sem medo a mudança que ocorreu desde que foi embora. Os cachos dos cabelos estavam mais curtos, sem sinal de barba no rosto, um físico definido eram os traços mais marcantes desse novo Adriano. Como pude comprovar por mim mesma, Dinho se tornou uma tentação a qual não tinha a mínima vontade de resistir.

Desvencilhando-me dos braços fortes que enlaçavam meu corpo, saí da cama. Dinho resmungou um pouco, mas não despertou. Andando nas pontas dos pés segui para o banheiro. Embaixo do chuveiro, deixei a água fria escorrer por meu corpo satisfeito que ainda trazias as marcas do melhor amor que já havia feito na vida. Sorri pelas lembranças ainda vívidas de como Dinho tinha sido carinhoso e intenso. De como fez daquele momento algo tão especial. Talvez tenha me precipitado um pouco em ter agido impulsivamente, mas qualquer risco valeu a pena se era para sentir-me unida a ele mais uma vez. Acho que nunca encontrarei – e nem procuro – um homem que me complete tanto quanto Dinho.

Depois de uma longa ducha, vesti uma camisa comprida com estampa da banda Metálica e um short permanecendo descalça. Fui ate a cozinha em busca de algo para comer e quando passava pela sala o telefone começou a tocar. Corri para atender.

“Alô?”

“Lia, filha?”

Reconheci a voz imediatamente. Era o Dr. Lorenzo, meu pai, do outro lado da linha.

“Oi, pai! Por que tá ligando?”

“Também é bom falar com você!”

Falou o Doutor contrariado. Sorri.

“Foi mal... É que não tava esperando.”

“Tudo bem... Liguei para avisar que minha viagem foi adiada. Um colega da época de faculdade me convidou para assistir uma palestra dele, o que me impossibilita de ir para casa hoje. Queria saber se você vai ficar bem...”.

Pais: Sempre preocupados!

“Vou sim... Pode deixar que eu me viro. Te vejo amanhã, pai.”

“Até amanhã... E juízo dona Lia Martins! Chega de arranjar confusão, hein? Te amo!”

Encerrei a ligação e fui preparar um lanche. Desde ontem que não comia nada e meu estômago já estava reclamando por isso. Fiz alguns sanduíches, suco e peguei umas fatias de torta que minha querida vó tinha deixado na geladeira. Não era lá uma grande refeição, mas seria o suficiente para repor a energia gasta mais cedo. Acabava de arrumar a mesa quando a campainha tocou.

“Lia! Tem noticias do Dinho?!”

Questionou Fatinha entrando como um furacão na sala seguida por Ju. As duas tinham expressões aflitas, sendo a Periguete a mais agitada.

“Dinho? Bem, ele...”.

“Fala logo Lia! Desde ontem que ele não aparece no Hostel, não atende o celular... A única informação que tivemos é que ele tinha vindo te ver, mais nada! Já são quase 14h00min e nada dele aparecer... O que foi que você fez para ele sumir, hein?”

“Hey, baixa a bola aí! Que história é essa do que EU fiz? E alguém pode me explicar o que é que você, Ju, tá fazendo junto com a Fatinha?”

“O Bruno, ele foi trabalhar e me pediu para ficar de olho nessa maluca. Eu a encontrei andando de um lado para o outro sem saber do Dinho. Sei, lá... Só resolvi ajudar! Sem falar que tudo isso é muito estranho. Ah... Lia, ‘cês’ dois vivem brigando. A gente só quer saber se aconteceu alguma coisa, se vocês discutiram para ele desaparecer assim.”

Olhei incrédula para minha suposta amiga Juliana que corou.

“Vocês acham que eu o matei e escondi o corpo, foi?”

“Acho bem possível!”

Vociferou a Loira olhando em volta da sala.

“Quem sumiu?”

Que não seja o Dinho atrás de mim! Que não seja o Dinho me agarrando pela cintura!

Droga era o Dinho!

“Então, ficaram mudas? Quem foi que sumiu?”

“Você!”

Disseram Fatinha e Juliana em uníssono para, logo após, caírem na gargalhada. Lancei um olhar mortal para Adriano que sorriu de canto de boca me abraçando ainda mais forte. Em algum momento, ele havia acordado e vindo ate a sala só de calça. Bem, pelo menos ele se lembrou de colocar uma roupa. Se tivesse aparecido nu o negócio ia ser bem mais complicado.

“Bonito! A gente na maior aflição e eles dois se divertindo!”

Tentei me explicar para a Periguete que sorria insinuante.

“Espera, vocês não tão entendendo...”.

“E tem alguma coisa para entender além do obvio? É Ju... Acho que a gente tá sobrando aqui, né? Parece que no fim das contas a Lia foi mesmo a culpada pelo desaparecimento desse daí. Mas algo me diz que ele não quer ser encontrado...”

“Lia, você e o Dinho? Vocês dois voltaram?”

Questionou Juliana debilmente. Fatinha riu ainda mais enquanto eu corava ate a raiz dos cabelos.

“Você ainda pergunta? ‘Vamonessa’ Juliana Menezes que o casal quer privacidade!”

“Não, espera... Eu quero saber de tudo! Lia a gente é amiga, como é que... Como você e ele, vocês? Me larga Fatinha!”

“Depois, Ju! Depois!”

E assim Fatinha saiu do apartamento arrastando minha amiga pelo braço.

“Ótimo, em cinco minutos Deus e o mundo vão saber que a gente ficou junto...”.

“E isso é um problema por quê?”

Dinho me virou em sua direção e por um momento me perdi no castanho dos seus olhos.

“Não é. Não é nenhum problema, eu só não queria virar motivo de comentários...”.

“Lia, deixe que falem! O que importa é você e eu, nós dois e esse momento. Acho que temos coisa melhor para fazer do que ficar especulando sobre fofocas, não?”

“É, você tem razão... Esquece! Esse só foi mais um momento de Lia sendo Lia! Vem, vamos comer!”

Fomos para a mesa. Em pouco tempo devoramos tudo o que havia, e entre risadas e beijos conversamos sobre os mais variados assuntos. O inicio foi meio constrangedor, mas logo nos soltamos e sem que notássemos, o tempo passou rapidamente. Fiquei surpresa por constatar o quanto senti falta das nossas conversas, dos nossos silêncios e olhares cúmplices. Era incrível, mas parecia que ele não tinha ido embora, que o tempo que esteve longe foi só um sonho, correção, um pesadelo que eu tive. Era ele ali, no meu apartamento olhando para mim e dizendo o quanto eu sou linda. Não sou vaidosa, mas por ser ele a falar isso, sentia-me uma adolescente deslumbrada.

Dinho contou um pouco das viagens que fez: África do Sul, Marrocos, Tailândia, Egito... As culturas que conheceu, as pessoas que se tornaram suas amigas. Ouvia a tudo atenta a cada detalhe, como se tivesse participado daquela experiência junto com ele. Fiquei um pouco – Eu disse um pouco – emocionada ao saber que um dos motivos que o levou a fotografar tinha sido eu. Apesar de ter pensado nele durante o tempo que esteve afastado, não acreditava que se lembrasse de mim, e saber que povoei os seus pensamentos afastava um pouco a sensação de perda dos últimos meses.

A parte ruim da conversa tinha sido a Vacatina, digo, Valentina. Fui eu a pessoa a tocar no assunto, e mesmo não gostando disso, achei necessário. Soube pelo Dinho sobre o namorado dela, Hector, que morreu há alguns anos, e do quanto ela parecia ser sozinha. Fiquei espantada ao descobrir que Valentina incentivou Adriano a voltar, mas, ainda assim, não consegui despertar simpatia pela causadora do nosso rompimento.

“Um beijo pelos seus pensamentos.”

“O que?”

Estava na pia lavando a louça enquanto Dinho foi ao quarto. Após vestir-se, ele retornou e me abraçava pela cintura, como fez na presença de Fatinha e Ju.

“Eu quero saber o que a senhorita anda pensando.”

“Em nada em especial... Só me lembrei de que meu pai não volta hoje, o que significa que temos o apartamento todinho pra gente! Que tal? Ideias de como passar o tempo?”

Com as mãos cheias de espuma, enlacei o pescoço de Dinho e o beijei demoradamente.

“Hum, na verdade eu tenho muitas ideias... Ideias que envolvem você, lingerie preta, morangos, chantili, uma cama... Mas tenho que ir agora.”

Falou após interrompemos o beijo. Minha expressão de decepção arrancou um sorriso dele.

“Sério?”

“Sério! E, por favor, não faça essa cara, tá? O meu maior desejo é passar todo o tempo ao seu lado, mas eu sou um adulto com responsabilidades.”

“Não sei se gosto desse Dinho: Ó Responsável! Caramba, sabe quando a gente vai ter outra oportunidade dessas? Meu pai vai surtar quando souber que a gente tá junto de novo, a Tatá não vai dar trégua e minha avó vai passar horas falando sobre os riscos de uma gravidez na adolescência e Blá, blá, blá!”

“São ótimos argumentos, mas sinto informar que eu não posso ficar, mesmo!”

“Então vai, UÉ!”

Me virei de costas para ele e continuei a lavar a louça.

“Como você é difícil, garota!”

“Não me chama de garota, caralho!”

“Se não gosta, não aja como uma!”

Olhei para ele parado, recostado à mesa, com os braços cruzados.

“Você pareceu o meu pai falando assim”

“Valeu! Tem mais algum insulto para me dizer?”

Eu ri a contragosto. Ele também sorriu e me puxou para um beijo.

“Janta comigo?”

“Não sei... Deixe-me pensar.”

“Lia...”

Falou sisudo me fazendo sorrir.

“Tá... As oito no Misturara?”

“Não, não no Misturama... Tava pensando em algo diferente. Fazemos assim, eu te espero na portaria lá pelas sete e te levo para jantar num lugar que eu conheço. Daí, depois, a gente pode colocar todas aquelas ideias em prática, teoria e tudo o que tivermos direito.”

“Combinado... Preciso usar algo especial? Formal?”

“Não, você só precisa ir como você: Bem Lia!”

Com muito custo, despedi-me de Dinho. Sozinha no apartamento, aproveitei para colocar tudo em ordem. Recolhi os porta-retratos que ficaram pelo chão, o vaso que milagrosamente não quebrou, e terminei de arrumar a cozinha. Dei um jeito no meu quarto também, troquei os lençóis que ainda tinham o aroma do Dinho misturado ao meu.

O relógio marcava 17h00min e na falta do que fazer, voltei para a sala onde assisti um pouco de TV. Sem perceber, caí no sono acordando uma hora e vinte minutos depois, quase no horário que o Dinho ia me encontrar. Corri para o banheiro onde tomei um banho frio e lavei os cabelos. Adriano não falou como era o lugar que a gente ia, então peguei roupas habituais: Uma camiseta preta sem estampa, um short jeans azul, além é claro, da lingerie que para o desgosto dele não era preta e sim vermelha. Quase não usei maquiagem, apensa uma sombra nos olhos e um brilho nos lábios. Calcei meus velhos tênis e vesti minha camisa xadrez clássica. Olhando no relógio, vi que faltavam apenas dez minutos para as sete, por isso peguei a minha bolsa e saí de casa, trancando o apartamento em seguida.

“Pontual! Gosto disso...”.

Falou Adriano ao me encontrar na portaria do prédio. Cumprimentei Severino que se encontrava ali perto para depois olhar analiticamente para o rapaz encostado contra um carro. Dinho estava vestido casualmente, de calças jeans, camisa social, com uma jaqueta preta, os cabelos molhado, ele estava lindo. Quer dizer: Ele é lindo!

“Pra onde a gente vai?”

Perguntei dando um selinho em Dinho.

“É surpresa! Entra aí que já, já você descobre.”

Dinho abriu a porta de um HB20 da Hyundaí prata. Entrei no veículo enquanto ele dava a volta e sentava-se no banco do motorista.

“De quem é esse carro?”

Perguntei olhando em volta. Era um modelo Sport bonito e aparentava ser zero Km.

“Meu! Há algum tempo que tava procurando um carro, mas não achava nenhum modelo. Daí semana passada eu fui numa concessionária e gostei desse.”

“Como você consegui dinheiro para comprá-lo?”

“Eu não assaltei um banco se é o que está pensando! Lembra-se das fotos que eu fiz com a Ju?”

Como não lembrar da singela cena do meu ex e minha melhor amiga se beijando?

“Sabe que não...”.

“Claro... Mas enfim, aquele trabalho me rendeu um bom dinheiro e eu tinha umas economias guardadas e daí consegui comprar o carro. Tava cansado de andar de táxi, não poder sair a hora que eu quiser... Sem falar que agora eu posso te levar para qualquer lugar, né?”

“Um motorista particular? Acho que to gostando dessa ideia... Mas voltando ao que interessa para onde a gente vai?”

“Eu disse: É surpresa!”

Dinho debruçou-se sobre mim e me pôs cinto de segurança.

“Hey, eu posso fazer isso sabia?”

“Eu sei, mas queria uma desculpa para poder te beijar!”

E assim ele o fez.

Não sei por que, mas algo me diz que começo a ficar viciada no gosto de Adriano!

Dinho pôs o próprio cinto e deu partida com o carro. O movimento do tráfego era um pouco intenso, mas nada que tirasse o prazer de estar com dele. Permanecemos em silêncio e para distrair-me liguei o rádio que tocava a música “Why you wanna” da Jana Kramer. Recostei-me no banco e mirei a janela vendo o movimento do trânsito. Disfarçadamente, olhei para Dinho, concentrado na direção, e admirei a figura masculina ao meu lado. Ele estava mudado, tanto fisicamente quanto na personalidade. Pouco lembrava o garoto que andava de bicicleta pela orla da praia. Adriano estava mais maduro, sério, mas não perdeu a essência do jovem sonhador que eu sei que ainda habitava nele.

“Aprova o que vê?”

Perguntou insinuante me fazendo corar e voltar a olhar pela janela do veículo. Dinho deixou as ruas e entrou numa BR. Aos poucos a cidade ficava para trás e a paisagem de prédios dava lugar às arvores. Após uma hora de viagem, chegamos a um camping muito familiar.

“Por que você me trouxe aqui?”


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

Awn... Dinho e Lia estão 'In Love'! Tem ate testemunha desse acontecimento. Né Ju e Fatinha? :D... Para onde será que o Idiota levou a Marrentinha, hein? Hum... Sinto cheiro de surpresa. Será que a Lia vai gostar? Tava ansioso para os novos capítulos? Gostou? Comente! Beijos!



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