Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 34
Minha realidade


Notas iniciais do capítulo

"Assim, ela já vai encontrar o cara que lhe queira como você não quis fazer. Sim, eu sei que ela só vai achar alguém pra vida inteira, como você não quis... Tão fácil perceber que a sorte escolheu você, e você cego nem nota. Quando tudo ainda é nada, quando o dia é madrugada, você já gastou a sua cota."... (Skank)



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“Obrigado por ter vindo!”

A verdade é que nem eu entendia o motivo de estar ali junto dele. Há muito resolvi esquecer o passado, ele e eu... O meu amor. Pensei ser forte, ser capaz de caminhar sozinha. Mas toda vez que ele me procura, eu sempre volto.

Velhos hábitos nunca mudam!

Meu ex-namorado havia me ligado, e mesmo tendo decidido apagá-lo da minha vida, fui ao seu encontro. Vitor... Hum, um completo panaca. Não, um príncipe! Sim, um príncipe de ‘contos de fada água com açúcar’ e que um dia me fez acreditar num “E eles viveram felizes para sempre...”... Só que ate os cavaleiros montados em cavalos brancos – no caso, uma moto branca – pisam na bola. E eu que me julgava tão madura e imune a qualquer sentimento relacionado a ele, me vejo dentro de uma oficina mecânica ouvindo as lamentações de meu antigo amor.

Poupe-se Luana!

“Sabe, achei estranho você me ligar, assim, sem mais nem menos, mas por curiosidade resolvi te encontrar. Entretanto, se soubesse que o assunto seria o ‘pé na bunda’ que você levou daquela garota, digo que não teria perdido meu tempo aqui.”

“Que isso Luana? Você nunca falou desse jeito comigo.”

Eu nunca fiz tantas coisas que você merecia Vitinho como, por exemplo, dar-te um belo chute na canela!

“Acontece que eu cansei de você e de todas as coisas que te dizem respeito! Você se faz de bom moço, mas é um tremendo filho de uma... Olha, que não to a fim xingar a tua mãe, por isso é melhor eu ir embora!”

Segui para a saída. O ‘Edward’ paraguaio veio atrás de mim.

“Lu...”

“Droga, quer parar de me chamar assim?! Lu era uma garota idiota e cega demais que ficou lá atrás, em Brasília. Junto com um coração partido... Meu nome é Luana! E pode ter certeza que essa é bem diferente da antiga que praticamente beijava o chão por onde você passava!”

Meus olhos arderam com as lágrimas não derramadas, mas não chorei. Eu nunca choro.

“Luana... Me diz o que tá acontecendo! você não é assim! A gente sempre foi amigo, contamos tudo um para o outro... Não entendo essa explosão agora.”

Vitor estava confuso e isso era culpa minha. Não que eu me arrependa de estar, como ele disse, explodindo, mas por ter deixado tudo chegar a esse ponto. Essa cena patética iria acontecer, mais cedo ou mais tarde, e eu sabia disso. Sentia isso! Todas as vezes que ele me procurava para falar do irmão ‘incompreendido’ – um psicopata! – ou do namoro perfeito que ele tinha com aquela roqueira descompensada, eu via a raiva crescer dentro de mim. Cada vez mais e mais forte.

No início, tentei reprimir, por poder estar ao lado dele, por – infantilmente – acreditar que um dia ele acordaria e diria: “E ai, sabe? É você quem eu amo!”. Mas ele nunca acordou ou disse nada do que eu quis escutar. O Vitor nunca reparou em mim de verdade. Talvez por estar preso no seu mundo de perfeição! E hoje foi a gota d’água que faltava para fazer tudo transbordar.

“Eu já falei: CANSEI! Cansei de não ser boa o bastante para ser sua namorada, mas ser perfeita pra aturar tua ‘dor de cotovelo’. Cansei de fingir que tá tudo bem, enquanto você desfila por aí com uma garota que não sou eu. Cansei de ter que olhar pra você e não saber o porquê de ainda não ter te esquecido. Por que é assim, sabia? Eu tento me afastar, mas para cada passo que eu dou é dois que eu regrido e sempre acabo voltando ao mesmo ponto! Cansei Vitor! Cansei!”

Saí em disparada daquele lugar. Me sentia aliviada por ter posto tudo pra fora! Por, finalmente, ter dito tudo o que estava preso há meses na garganta. Só agora posso ver que ele nunca mudaria ou perceberia nada além do que estivesse fora do seu campo de “perfeição”.

Puta, CARALHO! Eu sou humana, poxa! Será que ele não sabia o quanto me machucava ver ele e a Lia juntos? Já não bastava tudo o que vivi como o MALUCO do Sal?

Eu tento parecer forte, mas sou de carne e osso. E sangro como qualquer outra pessoa... Eu sou real, não inventada.

Vitor, seu príncipe perfeito de araque!

Andei cegamente pela rua com as emoções em ponto de ebulição. Ao mesmo tempo em que desejei aquilo ardentemente, o desabafo deixou um gosto ruim na boca. Entretanto, não poderia ter sido diferente. Esse foi o ponto final de uma história que nunca teve fim.

“Desculpe!”

Falei ao bater de encontro em alguém. Fui segurada pelos braços, e quando estava pronta para exigir ser solta vi o desconhecido de São Paulo.

“Luana?”

Adriano?... Entre todas as possibilidades que poderia me acontecer, encontrá-lo nem me passou pela cabeça.

“Oi... O que tá fazendo aqui?”

Ele sorriu. E como sorria lindo!

“Bem, eu meio que moro aqui... Ali no Hostel!”

Ele apontou para o hotel de turistas, onde também já me hospedei um dia.

“Ah...”

Ótimo! Nem conversar eu conseguia!

“Você tá bem?”

Ele não parecia muito interessado e acredito que só perguntou por educação.

“Claro! Por que não estaria? Tá um dia lindo! O céu tá azul, passarinhos cantam... A vida é uma MARAVILHA!”

Agora to parecendo uma doida!

“Exagerei, né?” Ele continuava sorrindo.

“Um pouco, mas tá beleza. Quer tomar um suco? Conversar?”

“Com você?”

As palavras saíram sem querer, não que eu não gostasse da companhia dele... Só que isso poderia ser estranho.

“Sim, comigo! Por que não? Não somos dois desconhecidos, afinal. Acha que poderia ser estranho?”

“Um pouco...”

Ri do meu desconforto perante um cara com que já havia ido pra cama!

Seguimos pra uma lanchonete chamada Misturama. Adriano cumprimentou um cara que tocava guitarra. Acho que o seu nome era Nando... Sentamos-nos em uma mesa encostada a parede. Ele fez o pedido, enquanto permaneci em silêncio.

“Então?”

“Então o quê? Não tenho nada pra falar.”

“Não é o que parece.”

Adriano parou de sorrir, mas seu semblante estava sereno. Ele me transmitia paz... E se? Não tem nada demais falar com ele, né?

“Bem... Foi um cara.”

“Sempre é um cara.”

“Não, poderia ter sido uma garota também.”

Ele ficou vermelho. Sorri.

“Não, brincadeira. Foi um cara mesmo. O tal que eu te falei... A gente se encontrou hoje e acabamos brigando. Para falar a verdade, fui eu quem brigou com ele. O panaca é perfeito demais ate pra discutir com alguém.”

“Hum... Não sei por que, mas ele me lembra alguém.”

“Duvido! O mundo não é assim tão pequeno. Você e o Vitor nem deve saber um do outro...”.

Ele pareceu surpreso.

“Vitor? Um que parece o clone do Harry Potter?”

“Harry Potter? Há-há-há! Já o compararam ao Zac Effron, ao Edward de ‘Crepúsculo’, mas nunca a um bruxo!”

Nós dois rimos.

“Então, é ele mesmo.”

Adriano estava pensativo.

“De onde você o conhece?”

“Ele é o ex da minha ex.”

“Nossa... Você é o galinha ex da Lia que botou um par de chifres nela e foi embora com uma argentina paraguaia?”

“Culpado!”

Esse mundo é mesmo menor que um ovo! Acabei ficando com o ex da atual ex do meu ex... Nossa é muito ex pra minha cabeça!

“Quer dizer que o príncipe Vitor foi o carinha que te deixou desse jeito?”

“Que jeito?”

“Cínica! Não veja isso como uma ofensa, só que você é...”.

“Cínica? Acho que sou um pouco. Ou talvez bastante... Eu não sei. Não me lembro de ser assim, sabe? Lá em Brasília, eu era mais... vulnerável.”

“E isso mudou?”

Sim... Tudo havia mudado. O meu namoro. Eu mesma. Entre a prisão dele e a minha vinda pro Rio, estava o ponto onde me perdi.

“Sim... Aprendi a ser forte. Você não se machuca se não espera nada dos outros.”

“Por isso que ficou comigo? Por que não esperava nada de mim?”

Ele não estava me julgando, apenas queria entender.

“Não... Eu não sei. Acho que gostei mesmo de você. Quando entrei naquele restaurante não tinha a intenção de ficar com ninguém, mas eu ti vi lá parado e, por um momento, vi o que não encontrei em mim: esperança.”

“Não foi o que você disse, lembra? Pra você eu estava perdendo tempo.”

“E estava mesmo! Sabe qual o maior problema dos cínicos? Eles temem quem tem esperança. Pessoas como você são... incomuns. É como se nós – cínicos – não tivéssemos lutado o bastante, enquanto vocês permanecem de pé. Acho que só não queria me sentir derrotada.”

Adriano permaneceu calado.

“Somos iguais.”

Disse ele simplesmente.

“Como isso é possível? Não chegamos ao consenso de que eu sou cínica e você esperançoso?”

Ele sorriu... Droga, porque sorria tanto?!

“Você mente tão bem que acabou acreditando na própria mentira, né? Você finge Luana. Pra todo mundo e pra você mesma. Finge não se importar, quando lá no fundo, come o ‘pão que o diabo amassou’. Diz ser cínica, mas não perdeu a esperança de que o Vitor olhasse pra você e te desse o amor pelo qual clama. Eu sei que sim... Nós dois agimos de forma diferente, mas somos iguais.”

Uma lágrima desceu quente por meu rosto... Eu não choro! E essa foi a primeira de muitas outras. Adriano, com suas palavras, ultrapassou uma barreira que eu construí e não sabia como derrubar.

“Eu não choro...”.

Falei ao tocar meu rosto molhado.

“Não sinta vergonha disso. Chorar não te torna fraca ou frágil, só demonstra que você é mais humana do que quer admitir.”

Humana... Real, não inventada como nos contos de fada.

“Não era assim que eu imaginava acabar o dia, sabe? Já passei por tanta coisa e nunca fraquejei... Mesmo quando o Sal fez o que fez...”.

“Sal?!”

Adriano ficou alerta depois que eu falei o nome do meu antigo namorado psicopata.

“Sim... O irmão do Vitor.”

“Ele machucou você?”

Abaixei a cabeça. Nunca disse sobre o que ele me fez pra ninguém, com exceção da roqueira. O Sal me agredia, mas não tinha interesse em mim de verdade. Acho que foi o fato de eu ser namorada do irmão dele que o atraiu. Mas como o Vitor nunca gostou de mim, Sal logo perdeu o interesse. Consegui escapar das mãos do meu agressor, mas este deixou marcas profundas.

“Por favor, Luana... Eu preciso saber! Alguém que eu conheço tá sendo seguida por esse maluco. Ela disse que não é nada demais, mas eu não sei se acredito. Ele é perigoso?”

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, um casal se aproximou da nossa mesa. Ju e Gil... Amigos do Adriano.

“Oi, Dinho!”

Falaram em uníssono. Ele me olhou e pude ver que não tinha esquecido a nossa conversa.

O casal de namorados era simpático, mas senti que estavam curiosos sobre a minha relação com Adriano, cujo apelido era Dinho. Preferia o nome Adriano mesmo. Não existia nada, mas nem ele ou eu quisemos esclarecer. Outra pessoa se aproximou: Fatinha! A Loira periguete do Hostel com a língua maior que a saia. Ela parecia diferente, um pouco mais madura, mas ‘causava’ na presença do pessoal. Um moreno alto e bonito se aproximou para conversar com ela, mas Fatinha o ignorou.

Me senti estranha entre eles, mas não foram hostis comigo. Acho que meu ‘escudo protetor’ me fazia estar sempre com o ‘pé atrás em relação’ às pessoas. Consegui me distrair um pouco, e antes de ir embora tive mais uma surpresa. Vi a roqueira Lia entrar na lanchonete pálida demais ate em comparação a um cadáver. Entretidos na conversa, mais ninguém percebeu sua presença. Ela tinha alguns arranhões e aquilo me chamou a atenção, mas ao notar a minha presença ela foi embora. Pensei em dizer algo, mas desisti.

Não era problema meu, era?

Porém, o que aconteceu a seguir me fez gelar. Sal passou como um louco em frente ao Misturama. E parecia estar seguindo a Lia... E se?

“... Alguém que eu conheço tá sendo seguida por esse maluco. Ela disse que não é nada demais, mas eu não sei se acredito. Ele é perigoso?”

O que o Adriano disse martelava na minha cabeça... Será que o Sal tava fazendo com a Lia o mesmo que fez comigo? Essa dúvida permaneceu ate depois de eu ir embora... Não sabia o que fazer, mas não poderia deixar que ela sofresse o mesmo que eu. O Sal era perigoso e capaz de qualquer coisa!

Já na segurança do alojamento para estudantes da Faculdade, peguei o meu celular discando o número recém-adquirido do Adriano. Eu faria a coisa certa!

“Só espero não ser tarde demais!”

Murmurei enquanto esperava que ele atendesse.


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

Luana mostrando que não é fraca não! Vitinho, tapado como sempre, nem nota a grande garota que tá perdendo... Pior para ele! Sem repreenções (Please!) digo ao povo que curto a amizade LuDinho... A Luanita nem é tão #Bad, né? Curtiu? Gostou? Comente! Beijos...

Ps: Peço desculpas pela demora em postar, mas aconteceram alguns problemas e tenho andado muito ocupada mesmo. Mas não se preocupem, pois com um pouco de paciência logo, logo vocês - leitores queridos do my heart - terão novas emoções dessa história.

Aviso* Agora o dia de postagem é quarta feira! Três capítulos por vez... Sendo assim, ate quarta. Beijos!



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