Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 32
Surpresa ou Inesperado?


Notas iniciais do capítulo

"E de surpresa em surpresa: O inesperado! E quando o inesperado lhe sorri como não lhe sorrir de volta?"... (Camila Custódio)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/329760/chapter/32

“Me desculpe.”

Senti algo molhado tocar minha mão. Não era água, pois estava quente... Pareciam lágrimas. Tentei abrir os olhos, mas o peso que parecia estar sobre minha cabeça me deteve. Ouvi mais alguns murmúrios, e depois disso mais nada. O calor que estava junto a minha pele desapareceu, e senti-me tão sozinha por isso. Tão sozinha como há muito tempo não me sentia. Desistindo de lutar, acabei caindo novamente no escuro da inconsciência.

“Pode ir, ela vai ficar bem.”

“Tem certeza? Eu não quero que ela acorde e pense que está só.”

“Tudo bem rapaz, sei que o caso parece mais sério do que é... Ela tem sorte, sabia? Nem todo jovem pai está disposto a assumir um filho nessa idade.”

Pai?!

Ou esse era um sonho muito estranho, ou o que eu mais temia aconteceu: O Bruno descobriu sobre o meu bebê! Gemi, sem sentir dor, pelo que estava acontecendo. Há uma semana havia sido pega de surpresa por esse fato e ainda tentava encontrar uma forma de contar para o futuro pai sobre a criança. Se é que algum dia teria mesmo coragem de contar.

Como eu fui burra, meu Deus! Numa situação como a minha – quase sem teto, trabalhando para me sustentar – descobrir-me grávida de um cara que não me respeita e que não tem coragem de me assumir. Mas como ele soube?... Peraí, onde é que eu to?

Abri os olhos lentamente, me adaptando, aos poucos, a luz do ambiente. Com um pouco de dificuldade, sentei-me na cama e olhei em volta dando-me conta de que aquele não era o meu quarto no Hostel. Era todo branco, com duas poltronas assemelhando-se muito a um quarto de hospital. Repassei mentalmente tudo o que lembrava para saber como havia chegado ali. A ultima coisa de que me recordo é de ter ido à casa do Gil perguntar se ele teve noticias do Dinho. Eu liguei várias vezes, mas ele não atendia e pensei que talvez pudesse ter acontecido algo de grave. O Grafiteiro não sabia de nada e ao ir embora tudo ficou escuro.

“Nossa senhora da mini saia: Que confusão!” Coloquei a cabeça entre as mãos.

A forma como, Dinho e eu, nos despedimos não foi boa e a distância dele fez-me ficar mal. Somando a isso, ter que ver o Bruno e a Lia juntos no Misturama não contribuiu muito para ajudar. Eles não faziam nada demais, mas meus hormônios estão a mil e aquilo doeu tanto... Bruno seu BABACA! Nem faz ideia pelo que eu to passando e fica desfilando com a Lia por aí! Nem pro meu melhor amigo tive coragem de falar, e agora estou sozinha num quarto de hospital sem nem saber o porquê.

Será que aconteceu alguma coisa com meu bebê?

O ar que estava nos meus pulmões escapou rapidamente. E se? Abracei meus joelhos e fechei os olhos, só pensar... Por favor, não! Lágrimas brotaram dos meus olhos e caíram copiosamente pelo rosto. A porta foi aberta e alguém se aproximou de mim.

“Shh... Vai ficar tudo bem.”

Braços enlaçaram o meu corpo que tremia. Bruno?

Não... Era o Dinho!

“Dinho?! Dinho! Meu bebê... Eu, o meu bebê? Ele tá bem?”

Não conseguia formar uma frase coerente ao pensar na possibilidade de que algo de ruim pudesse ter acontecido.

“Tá tudo bem, não se preocupe. Eu já falei com o médico e ele disse que foi só um susto. E que susto hein, Maria de Fatima?” Ele sorriu.

O alivio caiu como um raio sobre mim. Enxuguei o rosto e encarei o meu amigo que me olhava carinhosamente.

“Cê já sabe?”

“Bem, eu deveria saber certo? Afinal, para todos os efeitos, eu sou o pai!”

“Oi?! Tá de sacanagem comigo, né? Eu sei muito bem quem é o pai do meu filho e ele não é você!”

“É o Bruno.”

Não foi uma pergunta. Fechei novamente os olhos e pensei no dia que toda aquela confusão começou: há mais ou menos, um mês. No mesmo dia que o Dinho tinha feito o ensaio com a Ju...

“Vai Fatinha! Vai Fatinha!”...

“Matando serviço de novo Fatinha?” Ouvi uma voz familiar perguntar.

Estava de plantão no Hostel, quando meu gerente – Michel – apareceu pra pegar no meu pé.

“Que isso Michel? Eu só tava curtindo uma música. Afinal, o movimento tá fraco e já tava batendo o tédio. Sabe como é, né?” Sorri de forma irresistível.

“Sei... Bem, só vim ver como tá tudo e dizer que daqui a pouco você já pode fechar o Hostel. Lembre-se que amanhã é dia de faxina, por isso vai precisar acordar bem cedo, hein?”

“Pode deixar Chefinho!”

Michel foi para o próprio quarto. Passado o horário do expediente, peguei a chave e caminhei ate a entrada para fechar a porta quando dei de cara com o moreno mais babaca que já conheci. Ele parecia ter bebido, e como sempre fazia quando estava ‘alto das ideias’, veio me encher a paciência.

“Oi... Oi, Fatinha!”

Ele sorriu debilmente, mas ainda lindo.

“Oi e tchau, Bruno!”

Tentei fechar a porta, mas ele conseguiu entrar para a recepção.

“Bruno, quer fazer o favor de cair fora daqui antes que eu tenha problemas?”

“Nossa, quanta falta de consideração... Você já foi mais carinhosa!”

BABACA!

“Já você sempre foi o mesmo: Um grande canalha!”

Ele sorriu e caminhou ate mim, colocando-me contra o balcão. Tentei, de todas as formas, resistir, mas ele era... Bem, ele é o cara que eu amo. E só Deus sabe o porquê disso.

“Por que tá fazendo isso? Nós dois sabemos que amanhã de manhã você vai recobrar o juízo e me culpar por tudo. Que vai voltar a me ignorar, me ofender e, mais uma vez, negar o que existe entre nós. Por que não pode me deixar em paz?”

Supliquei sentindo a respiração dele junto ao meu rosto.

“Por quê? Porque... Eu te amo.”

“A confissão não foi algo que ele planejou. Isso era óbvio, e não pude suportar. Acabamos juntos no meu quarto, nos amamos e no dia seguinte ele foi embora. E mais uma vez eu me recriminei por não ser forte o bastante.”

“E custava ter usado camisinha?” Reprendeu Dinho.

Fiquei corada – algo raro – pela bronca. No calor da emoção, nem ele ou eu pensamos nisso e agora tinha que arcar com as consequências.

“Você vai contar sobre o bebê?”

Essa era a pergunta de um milhão! A verdade é que ainda não tinha decidido. Nunca me vi sendo mãe, nem sei por onde começar, e ter que enfrentar um Bruno me julgando e condenado não vai ser fácil.

“Vou.”

Era a coisa certa a se fazer, né?

“E como acha que ele vai reagir?”

“Não sei, não sou vidente! Só que não vai ser algo agradável... Provavelmente vai dizer que eu fiz de propósito, que eu sou a culpada e que não quer saber dessa criança.”

“Ele que não se atreva!”

Falou meu amigo exasperado.

“Sejamos realistas, né? Ele não queria um relacionamento comigo, o que dirá um filho? Talvez, o melhor seja eu voltar pra casa dos meus pais, e mesmo que tenha que aturar todo o falatório e a decepção, vou fazer isso pelo bem do meu bebê. E um pai que não quer ser pai não é o melhor. Eu sei o que é estar abaixo das expectativas, por isso não vou submeter ele ou ela a isso!”

Meu bebê... Estranho, mas só de saber que uma nova vida crescia dentro de mim, já era o suficiente para querer protegê-la de todo o mal. Não queria negar-lhe um pai, mas nenhum pai não é pior do que um pai sem amor.

Nossa conversa foi interrompida pelo médico que veio examinar-me. Ele explicou que eu tive uma queda brusca de pressão, por isso desmaiei. Soube também que o Gil havia me socorrido e me trazido ate o hospital, além de ter ligado para o Dinho que estava em São Paulo. Meu amigo pegou o primeiro voo e chegou aqui ainda de madrugada, tendo se passado por meu namorado para ficar junto a mim. Ele havia pedido segredo ao Gil, tendo este se comprometido a não falar nada sobre o que aconteceu.

“Bem, acho que já posso te dar alta. Depois do almoço, você poderá ir para casa, mas tenho que lhe dizer para procurar um obstetra de confiança para acompanhar a gravidez. Tenho certeza de que será um bebê lindo.”

“Pode deixar, ela vai se cuidar sim. E isso é uma ordem dona Maria de Fátima!”

Dinho se despediu do médico, e enquanto ele foi à recepção pagar a conta eu fiquei esperando no quarto para irmos embora. Na entrada, Dinho chamou um táxi e seguimos de volta para o Hostel. Durante o percurso, tantas dúvidas passaram pela minha cabeça: O futuro, como poderia ser mãe, o emprego que teria que deixar, o Bruno... A única certeza que eu tinha é que já amava esse pequenino com todo o meu coração. Levei a minha mão ate a barriga – ainda plana – e sorri. Senti sobre a minha, a mão de meu amigo que me reconfortava em silêncio.

“Quem diria né?”

“Feliz?”

“Apesar de tudo?... Muito!”

O veículo parou diante do Hostel. Dinho desceu e foi pagar o motorista enquanto eu também saía do carro. Suspirando, não notei as duas pessoas que se aproximavam.

“Fatinha? Soube que você não tinha aparecido no Hostel... o Michel ficou preocupado.” Disse a Marrenta do Dinho.

“É... Eu tava meio que causando por aí!”

Sorri artificialmente.

“Eu disse que não tinha acontecido nada demais. A verdade é que a Fatinha adora aparecer, bem isso devia estar metida em alguma enrascada como sempre!”

Bruno... BABACA!

“E você me conhece como ninguém, né? Sabe de coisas que eu faço sem nem ter feito! Dá licença, mas eu tenho mais o que fazer!”

Caminhei alguns passos ate ter meu braço segurado pelo Bruno.

“Onde você tava?”

Perguntou ríspido. Ele parecia incapaz de um gesto gentil quando estava ao meu lado.

“Lia, leva a Fatinha lá para dentro.”

Dinho apareceu por trás de mim e olhou Bruno com cara de poucos amigos. O Moreno não se intimidou, mas soltou-me.

“Moleque, fica na tua que a conversa não te interessa!”

“Sério? Lamento, mas acho que vou ter que fazer parte dela!”

O clima estava pesado. Os dois pareciam dispostos a saírem no ‘tapa’ e isso não me agradava nem um pouco. Já imaginou: O pai e o padrinho do meu bebê, inimigos? Decidi intervir.

“Dinho, tá tudo bem.”

“Entra no Hostel e deixa que eu me resolvo com esse daí, tá?”

Ele abrandou a expressão ao falar comigo, enquanto me direcionava com as mãos para a entrada do prédio.

Quem não gostou muito de ser ignorado foi o Bruno. Seus olhos chispavam de raiva contida e vi que ele precisava de pouco para explodir.

“Agora você tem babá, Fatinha? Ou ele é só seu cão de guarda mesmo?” Desdenhou Bruno.

“Eu vou te mostrar quem é cão de guarda aqui!”

Dinho caminhou em direção a ele disposto a ir ate as ultimas consequências. Bruno também parecia pronto para a briga, mas antes que algo acontecesse me interpus entre eles. Lia também se aproximou para acalmar os nervos.

“Querem parar com isso já? A gente tá no meio da rua e vocês não são mais crianças para saírem no braço! Bruno, como a gente já viu, a Fatinha tá bem, por isso vamos embora.” Disse a Loira agarrando Bruno pelo braço.

“Você tem razão... Tem gente que não vale a pena!”

Ele falou isso olhando para mim. E aquilo me atingiu como um golpe no estômago me fazendo fraquejar. Não caí, porque os braços do Dinho me ampararam.

“Fatinha?”

Ouvi sua voz angustiada.

Me recuperei, ao poucos, enquanto meu amigo me guiava ate a recepção do Hostel. Sentei numa cadeira e vi um copo de água estendido na minha frente.

“Bebe!” Disse Dinho.

“Fatinha, Cê tá bem?” Questionou Lia.

Bruno parecia ter perdido a voz e mantinha-se parado na entrada. Sua pele estava mais branca que o normal, mas não me importei.

“Fatinha...”

Ele tentou se aproximar, mas meu amigo o impediu.

“Não acha que já fez o bastante? Caí fora daqui antes que eu te mostre a saída!”

Bruno ignorou.

“Fatinha?”

Ele queria saber o que tinha acontecido.

“Vai embora, Bruno!”

Levei o copo aos lábios com as mãos trêmulas.

“Não, ate entender o que foi isso tudo! O que tá acontecendo?”

Não pensei, apenas agi. E isso era tudo o que poderia fazer naquele momento.

“Eu to grávida! É isso que tá acontecendo... Agora, vai embora!”



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

:O UOU! É isso mesmo produção?! Vem baby BruTinha por aí! Algo me diz que o Moreno não vai ficar muito feliz com isso não. Afinal, na sua mente perturbada, alguém mais pode ser o papi... Como ele irá reagir? Será que a nossa Diva vai contar a verdade sobre quem é o pai? Quem curtiu o quase 'pega pra capar' BruDinho? Gostou? Comente!

Semana que vem tem mais capítulos para vocês! Beijos...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Para Sempre Lidinho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.