Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 21
Um dia desses


Notas iniciais do capítulo

"Um dia desses, num desses encontros casuais... Talvez a gente se encontre. Talvez a gente encontre explicação. Um dia desses, num desses encontros casuais talvez eu diga: Minha amiga, pra ser sincero, prazer em vê-la. Ate mais!"... (Engenheiros do Havaí)



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"Gil... quanto tempo mais você vai continuar trancado nesse quarto, filho?”

Escutei a voz da minha mãe do outro lado da porta. Permaneci quieto – deitado na cama – mirando os grafites nas paredes. A preocupação acentuara suas palavras, mas eu a ignorei. Não quero conversar, desabafar ou sofrer. Só quero ficar sozinho... Apenas sozinho comigo mesmo.

“Gil...” Ela desistiu... Sorri cinicamente enquanto os passos ritmados seguiram pelo corredor.

O aperto em volta do meu coração aumentou. O peso se tornou quase insuportável... Tantos sentimentos duelavam dentro de mim: Tristeza, raiva, mágoa, ódio. Esse tem sido o principal. O sinto o tempo todo e numa intensidade assustadora... Odeio afastar e magoar minha mãe quando tudo o que quer é me ajudar. Odeio a forma como me sinto e ajo. Odeio pensar na Ju e no Dinho juntos enquanto permaneço aqui ouvindo o som do vazio. Odeio-me por não ser capaz de superar. Por seguir amando uma mentirosa que me usou para esquecer o Idiota.

Amor... Chega a ser risível! Que droga de sentimento é esse que só destrói a gente?

“A verdade grita quando estamos em silêncio.”

Fatinha... Nunca imaginei que algum dia concordaria com algo que saísse da boca daquela maluca, mas sou obrigado a ‘dar o braço a torcer’. Ela tinha toda a razão. Embora negue que não esteja sofrendo, a dor é forte demais para não ser real. Desde que cheguei do Hostel – hoje pela manhã – tenho pensado na conversa que tive com a Periguete. Ela tentou amenizar a situação, porém foi inútil. Tudo está claro.

Eu a perdi... Perdi a Ju para o Dinho.

Se é que um dia ela foi realmente minha. Ju e Dinho juntos... Passado e presente expostos diante de mim de uma maneira tão cruel e sórdida. Dilacerando o que havia de bom... A máxima de que ‘uma imagem vale mais do que mil palavras’ se encaixou como uma luva nesse caso. Um Outdoor, para ninguém botar defeito, mostrando o quanto eu fui um imbecil por entregar-me em suas mãos.

Na parede do quarto estava mais um vestígio da sua presença na minha vida. Um grafite do seu rosto feito para homenageá-la... Para me lembrar do quanto eu tinha sorte em ter o amor de uma garota como ela. Saí da cama – onde permanecia deitado – e peguei uma lata de tinta spray.

“Você não é quem diz ser, né Ju? Mentiu o tempo todo... Bem, acho que você merece isso.”

A tinta preta escorreu lentamente. As gostas cobrindo o seu rosto como lágrimas... Eu também chorei. Voltei pra a cama e fechei os olhos. Permaneci assim por longas horas, ate que outra batida na porta se fez escutar.

“Gil? É a Ju... Eu queria falar com você. Pode abrir a porta?”

Quis gritar que não, porém algo me fez querer ouvi-la. Isso me torna um sado masoquista? Talvez...

“Entra.” Minha voz saiu calma e pela sua expressão de confusão, logo concluí que esperava por outro tipo de reação.

O que ela queria? Que gritasse que a amo e que vou lutar para tê-la de volta?

“A Marcela me ligou... Falou que você estava aqui trancado. Fiquei preocupada.” Disse tímida.

“Não há motivos para isso. Como pode ver estou muito bem... Então se isso é tudo.” Inclinei à cabeça indicando lhe a saída.

Juliana hesitou uns instantes, entretanto seguiu para porta. Já ia à saída quando olhou para o local que eu havia pichado. Seu arfar de espanto foi a única demonstração de emoção naquele local.

“Gil... Por quê? Como pode?” Ela aproximou-se do grafite e o tocou com as pontas dos dedos. Olhou em minha direção e notei uma lágrima escorrendo por seu rosto.

Eu quase fui ate ela para secar aquela lágrima, quase... Mas permaneci parado onde estava.

“Pensei em redecorar o quarto. Existem coisas que eu quero mudar... Apagar de vez.”

“E isso me inclui também? – Sua voz revelava mágoa – Eu sei o porquê... Eu quis vir antes, mas não tive coragem...”

Claro, preferiu me manter na ignorância e rir as minhas custas!

“Juliana... Não precisa continuar. Eu já sou bem crescidinho para que alguém tenha que me poupar de qualquer coisa.” Disse friamente.

“Não... você não entende. Eu e o Dinho, não é o que você tá pensando!” As palavras lhe são difíceis. Acho que ainda não encontrou a maneira certa de dizer ‘Gil, eu to com o Dinho agora’.

“Juliana...”

“Para de me chamar assim! Não faz isso comigo, Gil... Por favor, não faça isso.” Mais lágrimas escaparam dos seus olhos.

“Fazer o quê? Não fui eu quem mentiu aqui... Todo esse tempo tenho me martirizado por ter errado com você. Por ter posto a Lia entre nós, mas, pelos menos, eu fui verdadeiro. Mesmo sabendo que o nosso namoro terminaria, eu te falei dos meus conflitos. E você? Mentiu e continua mentindo pra mim.”

Cada palavra proferida a machucava. Mas essa era uma faca de ‘dois gumes’ e eu também estava sendo ferido.

“Lia... Ninguém falou da Lia. Mas se não foi ela, você já encontrou outra né? O Bruno me falou da cena linda que viu mais cedo. Você e a Fatinha... A Fatinha Gil?” A confusão no seu olhar traiu as suas suspeitas.

Ela queria uma confirmação.

“Por que não a Fatinha?” Um pesado silêncio se abateu sobre nós.

“Então, você e ela... Você ficou com a Fatinha.”

“Dormir seria a palavra certa para o que aconteceu.” Não aconteceu nada entre mim e a Fatinha, mas não serei eu a pessoa a esclarecer esse engano.

“Entendo... Não conseguiu a Lia e pegou a que tava mais acessível, né?”

“Que coisa mais feia de se dizer Juliana. A Fatinha é uma garota alegre, divertida, bonita... Não é novidade que os caras se interessem por ela. Por que seria diferente comigo?”

Entretanto, esse não é o meu caso.

“Mas você não é igual aos outros caras! Você é diferente... Ou eu pensei que fosse, mas parece que me enganei.”

“O que foi Juliana? Acha que só você tem o direito de encontrar alguém? Chega a ser engraçado... Você pode beijar, ficar e fazer qualquer outra coisa que não me diz respeito com o Dinho, mas eu não posso ficar com outra garota? Não me lembro de você ser tão egoísta ou mesmo hipócrita.” Ela retraiu-se como se tivesse sido acertada por um golpe.

“Você não sabe do que tá falando... Não tem o direito de dizer essas coisas. O Dinho ama a Lia, sempre amou!”

“E você diz isso assim? Vai aceitar ficar com ele mesmo sabendo que ele ama outra?... Quer saber, Juliana? Você terminou comigo porque dizia que eu gostava da Lia, mas foi você quem nunca esqueceu o Dinho e pra se sentir menos culpada, jogou a culpa para cima de mim. Eu quem fui o otário aqui, só não percebi! É esse o efeito que ele causa em você, na Lia, ele deixa vocês cegas o suficiente para não ver o óbvio. Eu gostava de você, mas fui só um passatempo para quando ele voltasse...Sempre foi ele."

“Você é um idiota Gil! Um Idiota!” Gritou aos plenos pulmões.

“Não Juliana. Eu sou um imbecil! Um imbecil por ter acreditado em você. Não sabe o quanto me arrependo... Mas isso já mudou. Encontrei quem me dá valor. E te digo apenas que é muito melhor do que foi com você! Não corro o risco de ser passado pra trás novamente. Nunca mais vou cair nas ‘garras’ de uma MENTIROSA!” Meu tom de voz também estava elevado.

“Eu nunca menti pra você. NUNCA! Você quem me feriu primeiro...”.

“Vai dizer agora que ‘chumbo trocado não dói? Nada do que diga vai mudar a verdade. Quando eu te toquei, não era a mim que você queria. Era ele. Meus beijos foram só para suprir a falta dos deles! O meu toque... Tudo mentira! Me diz Juliana... O que te atrai tanto no Dinho? Você gosta de saber que ele ama a Lia é? Era com ele que queria perder a virgindade? Saber que ele nunca vai ser teu é excitante pra você?”

Senti dor quando sua mão encontrou o meu rosto. Ardia onde os seus dedos acertaram, mas doía mais no coração.

“EU ODEIO VOCÊ! ODEIO!” Ela saiu em disparada.

Tranquei a porta e o meu coração. Já tive muitas perdas nessa vida e não vou me permitir correr o risco de viver isso novamente. Ódio é um sentimento mais seguro que amor... Embora não consiga odia-la. Voltei para a cama e fechei os olhos.

Eu odeio você... Ela só esqueceu-se de dizer que amava o Dinho.

Um dia desses... Talvez eu esqueça. Um dia desses... Talvez o meu amor acabe. Só tenho que esperar.


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Notas finais do capítulo

Capítulo by: Érica!

Awn... Deu RUIM pro Gil! #Bad demais a relação desses dois. Pena que ele seja tão 'Marcha lenta' e não consiga enxergar a verdade. Gostou? Comente! Beijos!



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