Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 2
A Lenda de Valentina


Notas iniciais do capítulo

"O Tempo é tudo o que me restou de você... Lembranças do nosso passado, perdidos no nosso tempo"... (Valentina para Hector)



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"Então, es definitivo?"

Era Valentina! Desde que decidi voltar, ela segue meus passos. Há alguns meses que não temos mais nada, alem de amizade, mas sei que ela queria que fosse diferente. Eu tentei, no inicio, me apaixonar... Na esperança de esquecer Lia, busquei na Sereia, que há tanto me enfeitiçou, o encanto para curar o meu coração partido. Ela não me pediu nada em troca, disse apenas "Não podemos mudar o passado, mas fazemos o nosso futuro". Mas nem mesmo nos momentos que estivemos juntos, em que eu beijei a sua boca, toquei a sua pele e aspirei seu cheiro, fui capaz de esquecer outra boca, uma outra pele... um outro cheiro.

"Sim, Sereia. Está na hora de partir... De voltar a ser quem eu fui"!...

Ela entrou no meu quarto, no pequeno hotel para turistas, na cidade do Cairo e sentou-se na cama.

"Posso ajudar-te?"...

Valentina. Sereia. Que encanta e enfeitiça que leva os viajantes para a profundeza das águas. Ela me levou uma vez, mas não tão fundo... Parecia distante, triste. Pela primeira vez dei-me conta de que nada sabia sobre a minha companheira, exceto que era argentina e adorava brincar com o coração dos marujos.

"Posso te fazer uma pergunta?"

"Ora, pois já não é isto uma pergunta?" Sorri enquanto fala, porem não é sincera.

Quer esconder algo, quer esconder-se; não vou permitir.

"É sobre o que você disse ontem, sobre esquecer... Lá no mercado. Você disse que era igual a mim, que também esqueceu. O que você esqueceu?"

A sinto retrair-se, não fisicamente, mas emocionalmente. Senti-me culpado, sujo... A usei, essa é a verdade. A usei e nunca quis saber o que havia por trás daquela faixada de garota viajada, descolada. Antes de ir, preciso reparar esse erro.

"Então, não vai me responder?"

"Responder o quê? Não tente descobrir o que existe no fundo do mar, você pode acabar se afogando!" Fala a argentina, exasperada.

Ela tenta levantar-se e ir embora, mas eu não deixo. Entro na sua frente. "Por favor, Dinho deixe-me ir". Ela não me olha nos olhos, continua fugindo, se escondendo.

"Não, não dessa vez."

Valentina senta na cama, a expressão desolada, vejo uma lagrima escorrer solitária por seu rosto. Essa era a verdadeira Valentina, não a Sereia ou qualquer outra personagem que ela criou... Apenas uma pessoa, de carne e osso... Apenas real.

"Quando eu ti vi no barco do Rômulo, eu sabia que seria um erro me envolver contigo. Mas eu estava há tanto tempo viajando, imaginei que poderia ser capaz de dizer-te adeus ao fim da viagem... Não fui".

Sim, pelo contrário, ela tinha me seguido e destruído a minha vida. Fiquei calado.

"Você me lembra tanto uma pessoa... um outro jovem que sonhava em conhecer o mundo. Alguém que eu amei."

Amou? Ela deve ter visto minha cara de incredulidade, pois logo prosseguiu.

"Sim, Dinho! Eu sou capaz de amar, tanto que amei muito alguém. Ainda amo, na verdade". Alguém... parecia lhe doer falar o nome dessa pessoa.

"Onde ele está?". Vi sua "armadura" desabar, nada de meias verdades, agora eu conheceria Valentina.

"No mesmo lugar desde que partir há quatro anos: Cemitério de San Miguél, em Buenos Aires." Morto? O amor da Sereia tinha morrido há mais de quatro anos... " Hector, era esse seu nome. Morreu de câncer, tentaram de tudo... Nada funcionou, ele morreu e eu parti. Fui viver os nossos planos, os nossos sonhos... sozinha. Andei por ai, vi lugares, pessoas... À Cada porto, uma nova história, um novo começo. E assim era ate encontrar-te.. Tão sonhador. Igual a ele. Por isso fui atrás de ti, porque não quis te perder também".

Você nunca me teve Valentina, nunca. Mesmo que eu tenha ficado tanto tempo a seu lado, não deixei de pertencer a Lia. Novamente fiquei calado. Não queria magoar os sentimentos, recém-descobertos, da Sereia.

"Bom isso es tudo. Precisa descansar, a viagem de volta será longa. Não poderei te levar amanhã no aeroporto... 'tengo' compromissos. Então, "Adiós" marujo... Dinho!" Fala ao me abraçar

"Adeus, Sereia".

"Não, não Sereia... Valentina. Sereias são lendas, quero ser real para ti".

Real... Sim, apesar da forma torta como nos conhecemos, ela foi real.

"Adeus, Valentina".

Horas depois de Valentina ter-se ido, fiquei acordado pensando na sua história... A Lenda de Valentina. Ela também estava fugindo. Mas eu ainda tinha uma chance, poderia mudar os meus erros... A morte não pode ser mudada, mas a vida pode ser refeita. Quero recomeçar com minha Marrentinha... Espero que ainda esteja em tempo!"



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Notas finais do capítulo

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