Para Sempre Lidinho escrita por Érica, Mariana R


Capítulo 10
Tempos JuDinhos


Notas iniciais do capítulo

"Pode ser que um dia nos afastemos... Mas se formos amigos de verdade: A amizade nos reaproximará."... (Albert Einstein)



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Você já caiu? Eu já... Minha ultima queda foi há dois dias. Reencontramos-nos no Misturama e a constatação de que ela era de outro me levou ao chão. Ela disse que me odeia e eu senti seu ódio. Prova de que fracassei. E ao que tudo indica minha tentativa de reconciliação está fadada a um novo fracasso. Vou cair de novo? Sim. Mas isso importa? Não. Quantas vezes ela me derrube: Eu levantarei. Quantas vezes ela me mande embora: Eu ficarei. Quantas vezes ela diga que me odeia: Direi apenas te amo. Continuarei tentando...

“Segura o elevador, por favor!” Gritou uma voz na entrada do prédio.

Estava no elevador, sozinho, perdido em pensamentos. Do que é feito o sucesso? Acho que de intermináveis tentativas. Do que é feito o fracasso? De apenas uma desistência. Ela me odeia, mas ainda assim...

Volto à realidade e atendendo ao pedido da pessoa. Coloco minha mão no espaço entre o elevador e a parede impedindo que a porta se feche. Uma loira entra mexendo na bolsa e mal nota a minha presença.

“Obrigada.” Fala continuando a olhar para dentro da bolsa.

Lia. Encosto-me no canto da parede e a observo. A respiração ofegante, que aos poucos normalizava, demonstrava que havia corrido. O cabelo sem as mechas (Ah, como eu adorava aquelas mechas!) estava desalinhado dando-lhe a aparência de uma jovem de quinze anos... A idade que ela tinha quando demos o nosso primeiro beijo.

“Foi um prazer!” Digo alertando-a da minha presença.

Suas costas enrijecem imediatamente. Ela foi pega de surpresa é óbvio, mas ao invés de assumir uma postura combativa vejo-a dar de ombros.

“Oi, Dinho! Eu não te vi ai... Obrigado por segurar o elevador.” Fala polidamente.

Nada de xingamentos, acusações, brigas? Qual é o seu jogo Lia?

“De nada... Foi mesmo um prazer.” Rebato inocentemente.

“Qual o andar?” Me pergunta educada.

Tá quem é essa e o que fizeram com a minha Marrenta sempre pronta para a batalha?

“5º!”

“Hum... é o mesmo da Ju.” Fala ao apertar o botão que indica o quinto andar.

“É... to devendo uma visita para ela. Lia sobre a outra noite...” Tento entabular uma conversa, mas sou cortado por ela.

“Tudo bem Dinho. Eu fui rude e por isso peço desculpas... Não devia ter me exaltado. Já fiz uma anotação mental de não brigar mais por besteiras.” Diz Lia despreocupada.

Jogo da Indiferença cordial! Quer brincar Lia? Então, vamos brincar!

“Já esqueci também... Futilidades como essa são rapidamente apagadas”.

Vejo-a perder o brilho zombeteiro do olhar e nascer no lugar uma faísca de raiva. Acertei o seu orgulho, mas ela pediu por isso com aquela armadura de indiferença. Há-há-há... Esse jogo pode ser jogado por mais de uma pessoa minha cara!

Antes que ela tenha uma sincope por causa da raiva que tentava disfarçar, o elevador chega ao destino. As portas abrem-se e eu saio, mas antes...

“Foi bom te ver Lia. Qualquer dia desse a gente deveria tomar um suco no Misturama, colocar o papo em dia... Porém, agora preciso resolver assuntos mais importantes. Tchau!” Digo dando lhe as costas.

Impressão minha ou ela disse algo como ‘filho de uma vaca’? Não sei ao certo... O som da sua voz foi abafada pelo fechamento das portas do elevador. Bem, se ela pensou que me dar ‘gelo’ iria me afastar: Agora ela sabe que estava completamente enganada.

Deixando aquela Marrentinha linda de lado... Sigo para o apartamento da Ju e toco a campanhia. Voltei há dois dias para o Rio e ainda não tive a chance de conversar com ela. Aproveitei esse dia livre para visitar todos os meus amigos.

Primeiro foi meu irmãozinho Orelha que me recebeu muito bem em sua casa. Conversamos sobre diversos assuntos, matamos um pouco a saudade e fiquei por dentro do seu lance com a Morg. Foi muito bom ver a felicidade do meu amigo e o quanto o seu namoro com a sua ‘Moranguinho’ estava lhe fazendo bem. Também visitei o Fera e dediquei meu apoio com o DDA. Ele confessou-me que foi um baque saber, mas que a ajuda da Rita e de sua família tinham aliviado um pouco do peso da doença. E agora estou aqui, em frente ao apartamento da minha ex Jujuba.

“Dinho?! Oi... não esperava te ver aqui.” Disse Ju ao abrir a porta.

“Sei, sei... Tô num mutirão de visita. Já foi o Orelha, o Fera e agora é sua vez!” Falo sorrindo. Ela sorri de volta.

“Ah... então eu sou a ultima na sua lista de amigos, é? Bom saber!” Fala fingindo mágoa.

“Não é nada disso, você sabe... Te adoro, nunca duvide disso!”

“Tava brincando, seu bobo! Entra!” Fala dando passagem.

Entro e acomodo-me no sofá. Ela senta de frente para mim e iniciamos uma longa conversa sobre tudo o que passamos nesse ultimo ano. Contei sobre as minhas viagens e ela falou-me sobre a faculdade de moda e todas as expectativas que tinha em tornar-se estilista. Os únicos assuntos que ficaram de fora foram a Lia e o namoro com o Gil.

“Ju... Se eu te fizer uma pergunta você me responde com sinceridade? É sobre a Lia.” Ela fingi aparente tranquilidade, mas percebo que sente-se desconfortável.

“Dinho... Ela é minha amiga, assim como você também é... Não quero me meter nesse assunto, entende? Mas pode perguntar... Eu respondo dentro das minhas possibilidades.” Fala sincera.

“Não é nada demais... Só queria saber como ela tá, o que faz. Eu mesmo perguntaria para ela, mas os nossos últimos encontros não foram muito amigáveis.”

“Últimos encontros? Pensei que vocês tivessem se visto apenas no Misturama.” Diz Ju curiosa.

“A gente se viu no elevador ainda há pouco.” Digo apenas.

“Tá... Bem não há muito que dizer. Ela iniciou a faculdade de música, voltou a morar com o tio Lorenzo no antigo apartamento. A Raquel foi embora de novo e ela tá namo...” As palavras lhe fogem.

“Ela tá namorando com o Vitor. Sei que é isso que você ia dizer... Tudo bem, eu já sabia disso.”

“Você voltou por ela, né?” Me questiona Ju.

“Nossa isso deve tá escrito na minha testa para ser tão visível para todo mundo!” Falo tentando descontrair.

Ela relaxa um pouco e mudamos de assunto. Quando perguntei do Gil, ela mudou completamente e fechou-se em si. Percebi na hora que o termino não foi algo muito agradável e que minha amiga ainda sofria com isso. Quis ser solidário, mas não podia enveredar por um assunto que era só dela. Esperei que se abrisse e contasse-me o que havia acontecido. Em poucas palavras, confidenciou que o motivo deles terminarem foi o mesmo que o nosso: Lia. Mas diferente da primeira vez, ela não rejeitou a amiga e a protegeu da verdade. Acabei admirando-a ainda mais por isso... Porém, não creio que a situação seja a mesma. Tudo aparentava mais ser um mal entendido do que um rompimento definitivo.

“Tenho que ir! Prometi ajudar a Fatinha com alguns lances da ONG. Tchau Jujuba!” Digo ao abraçá-la.

“Quem diria, né? Fatinha engajada em projetos sociais! Bem, obrigado por me escutar. Acho que tava precisando disso. Vê se não some, né? Tchau Idiota!” Fala rindo.

Sigo para o elevador e começo a pensar no que eu e a Ju vivemos juntos. Não foi um namoro muito simples, mas teve bons momentos. Ela merece ser feliz e espero merecer também... JuDinho sempre funcionou mais como amigos do que como casal... Meu amor sempre foi de outra pessoa e no fundo sabíamos disso. É bom saber que, apesar de tudo, nos restou a amizade.


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Notas finais do capítulo

Awn... JuDinho é muito fofo! Mas só na AMIZADE! Gostou? Comente! Beijo!



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