Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 48
Capítulo 47 - Desfiladeiro


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos, tudo bem? ^^
Como passaram a virada do ano? Chegamos a 2014 e espero que ele venha cheio de coisas boas acontecendo para todos nós p/
Tenho um recado pra vocês. Eu e uma amiga estamos trabalhando no roteiro de uma nova fanfic. Ainda estamos começando a escrever os capítulos e iremos postar no blog dela, pois trata-se de uma história sobre pessoas famosas reais (o que o NYAH não permite mais). O tema é bem diferente dessa fic aqui, mas de qualquer modo colocarei o link aqui depois pra vcs, e vou avisando melhor sobre tudo lá na página do face ^^ Estou empolgada com esse projeto :D
Mas voltando ao mundo Percabeth, que me dá tantas alegrias, capítulo novo cheio de muitas surpresas e emoções! Espero que gostem ;)



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Depois que Percy me contou da profecia que Rachel fez sobre sua missão de me resgatar, eu fiquei ainda mais preocupada com o sumiço de Caroline. Aquilo só podia significar que a “história” ainda não havia acabado. Ainda não havíamos terminado no final de nenhum desfiladeiro nem encarado nossos próprios erros. Passei a noite toda pensando e tentando encontrar alguma ligação entre todos aqueles fatos. Como os versos da profecia poderiam estar ligados ao fato de Caroline também estar envolvida com o planos de Dean, mas não ter dado as caras durante o momento em que houve o duelo e em seguida o resgate. Porque ela não tentou nos impedir de fugir nem tentou ajudar os “aliados” quando os capturamos?

Checamos no acampamento meio sangue, e ela não estava lá. Havia desaparecido também desde que eu fora reptada. Coincidência? Jamais! Eu tinha certeza que ela estava envolvida com o plano de Dean e ninguém tiraria aquilo da minha cabeça. Fiz Percy me levar até o apartamento de Dean, onde ele encontrara o bilhete que o levou até o sequestrador. Pensei que lá pudesse encontrar algum indício sobre Caroline e seu envolvimento com o semideus. Mas saímos de lá frustrados e sem nenhuma pista. Percy chegou a achar que eu estava ficando paranoica, e que talvez Caroline não tivesse nada a ver com a história. Ele disse que ela poderia ter simplesmente deixado o acampamento por uns dias para visitar a família ou coisa do tipo. Ele estava querendo que eu me tranquilizasse e deixasse esse problema de lado, mas não deu muito certo. Não consegui simplesmente deixar o assunto de lado.

Mas não era só isso que estava me preocupando. Depois de toda a ação vivida no dia anterior quando fui resgatada, enfim tive tempo para voltar a pensar no que eu havia descoberto, momentos antes de ser sequestrada. Aquilo sobre Caroline ser a garota do diário de Percy e não Silena, como ele havia me dito. Poderia parecer um detalhe bobo, mas estava me intrigando muito. E no final das contas uma mentira era sempre uma mentira. E eu sabia o dano que elas podiam causar por experiência própria. Mas porque diabos Percy teria que mentir sobre isso? Eu não sabia nada sobre Caroline, nunca havia trocado uma palavra com ela na época em que estive no acampamento, só a conhecia de vista e olhe lá. Quando ele me revelou quem era a garota do diário, ainda não havia acontecido o episódio do “beijo”. Logo, não fazia sentido ele mentir. Pelo menos não considerando os fatos que eu tinha conhecimento. Definitivamente tinha mais coisa ai, algo que eu ainda não sabia.

Eu, no entanto, ainda não havia tido coragem de mencionar o assunto com Percy. E quanto mais o tempo passava, mais ficava difícil falar sobre isso. Eu queria perguntar a ele. Queria saber se era verdade ou não. O problema era que se fosse tudo invenção de Dean e Caroline, Percy ficaria magoado por eu ter desconfiado que ele mentira. Agora se fosse verdade, eu é quem ficaria magoada. E não tinha certeza se queria mesmo saber qual era a história que havia por trás disso tudo. Argh, porque tinha que ser tudo tão complicado? Se ao menos Caroline tivesse aparecido no dia em que Dean propusera o duelo a Percy talvez essa questão toda já tivesse se resolvido. Mas não, aquela lacuna estava em aberto, o que não me deixava ter paz. Continuei com minha rotina, mas aquilo seguiu atormentando minha mente constantemente. Até meu rendimento no trabalho e na faculdade foram comprometidos.

Em uma tarde quando estávamos voltando para casa após uma ida ao teatro, algo extremamente estranho aconteceu. Naquele dia havíamos resolvido pegar taxi, pois nosso carro estava com alguns problemas mecânicos. Na volta para casa engatamos uma conversa intensa sobre nossos antigos amigos do acampamento e suas vidas. Ficamos refletindo sobre o que cada um havia escolhido para si. Foi no meio dessa conversa que eu quase consegui ter coragem de mencionar o tema “Caroline”. Na verdade eu ia fazer isso, estava prestes a falar, mas o destino me pregou uma peça. Nesse exato momento Percy percebeu que algo estava muito errado. Havíamos ficado tão distraídos que não percebemos que o taxista estava fazendo um caminho completamente diferente do que havíamos indicado. Ele não estava nos levando em direção ao centro, muito pelo contrário, nos levava para uma área afastada com bastante mata e ruas de terra.

Percy, que estava sentado no banco do carona, falou para o motorista que ele estava indo para o lugar errado. O homem, que a princípio pareceu uma pessoa gentil e simpática, o olhou com impaciência e disse que estava tomando um atalho. Eu e Percy nos olhamos imediatamente e percebemos que o homem evidentemente mentia. Nós dois sabíamos que não tinha como haver um atalho para o nosso endereço por aquele caminho que o motorista estava fazendo. Simplesmente porque morávamos quase do outro lado da cidade. Ficamos em silêncio por um momento e então Percy disse ao motorista que parasse, pois iríamos descer ali mesmo. Ele agiu o mais sabiamente possível. Não sabíamos com que tipo de pessoa estávamos lidando. O homem podia ser um louco, um psicopata ou pior do que isso, podia ser um monstro disfarçado. De qualquer forma era melhor não insistir que ele estava errado. Tínhamos era que dar um jeito de cair fora daquele veículo o mais rápido possível.

Infelizmente não foi assim tão fácil nos livrarmos do motorista maluco. Ele não parou o carro para descermos, obviamente. Levantou a voz dizendo que tinha o dever de realizar aquela viajem e que nós só iríamos desembarcar quanto chegássemos ao destino. A questão era que esse destino não devia ser exatamente aquele que queríamos. Definitivamente não era! Percy me deu mais uma olhada. Um olhar sério e questionador. Eu apenas confirmei com a cabeça para ele ver que eu estava de acordo. Não precisou de palavras, eu sabia o que ele queria dizer. Estava na hora de apelar para a força física. Se o motorista não ia parar o carro por bem, então o faríamos parar por mal. Porém quando Percy tentou colocar as mãos no volante do automóvel o motorista pirado sacou um resolver de dentro da blusa e o apontou para a cabeça de Percy. Senti o sangue fugir do meu rosto e quase achei que iria desmaiar. Era a segunda vez em menos de uma semana que eu via meu namorado correndo risco de vida, aquilo não era nenhum pouco legal.

Fiquei paralisada de medo. Sem conseguir falar nem fazer nada. Percy ergueu as mãos na altura da cabeça e se afastou do homem que ainda apontava a arma para ele. Ele tremia e parecia bem nervoso o que me deixava ainda mas apavorada. Ele podia apertar o gatilho sem querer daquele jeito. Que droga, porque aquele doido varrido não apontava a arma para mim? Com certeza eu ficaria bem mais tranquila. Percy foi abaixando as mãos lentamente. Quando o homem percebeu que ele estava recuando e que não ia mais tentar nada ficou visivelmente mais calmo. Percy então falou para ele se acalmar e abaixar a arma, que iríamos colaborar com o que ele quisesse. O homem então disse que não queria nos fazer mal, nem queria nos roubar. Ele estava fazendo um serviço para o qual fora contratado. Tinha que nos pegar e nos levar a um lugar. Não sabia o que ia acontecer lá, mas tinha que nos levar para ser pago. Também disse que se não precisasse muito do dinheiro nos deixaria ir.

É, senhoras e senhores, é assim que a gente fica com pena de uma maníaco com um revolver. Fiquei pensando o quão difícil deveria ser a situação de uma pessoa que precisa aceitar um trabalho daqueles para conseguir sobreviver. Era muito triste, mas eu não deixava de me sentir com raiva. Quem diabos pagaria para alguém fazer aquilo conosco? Para onde estaríamos indo e para que? Minhas dúvidas ficaram apenas em minha mente, já que tínhamos que nos manter o mais calados e tranquilos possível. Mostrar que estávamos colaborando com o motorista era uma ótima maneira de não levar um tiro nos miolos. Mas foi bem difícil fingir que estava tudo bem ao perceber para onde estávamos indo. Pegamos um trilha pela mata fechada e cada vez entravamos mais fundo. O carro só parou quando chegamos a um descampado de cerca de cem metros quadrados. O motorista pediu que descêssemos e assim que saímos ele fez uma manobra com o carro e voltou pelo mesmo caminho que viéramos. Que ótimo, tínhamos sido largados sozinhos no meio do nada!

– Ah que ótimo, abandonados no meio do nada por um taxista maluco. Era tudo o que eu precisava para fechar nossa noite de sábado com chave de ouro! - disse Percy repetindo meus pensamentos. Era bom saber que ao menos estávamos em sintonia.

– Acredito que não iremos ficar sozinhos aqui por muito tempo - comentei. Percy me olhou intrigado como se não tivesse entendido o que eu quis dizer. Eu então apontei para algo mais adiante - Não vê onde estamos? Não percebeu o que é esse lugar? É um vale. O final daquele grande desfiladeiro. Como na profecia que me contou. É aqui que sua missão termina, Percy. E tenho certeza que Caroline tem a ver com isso!

– Annie, não acho que Caroline esteja envolvida com essa coisa toda - ele falou com cautela, pois sabia que eu iria me irritar por ele não estar concordando comigo - Quer dizer, não acho que faça o estilo dela pagar a alguém para nos sequestrar e nos largar no meio de um lugar como esse...

– Nossa, não sabia que a conhecia tão bem - deixei o ciúme falar mais alto. Queria ter me segurado, mas não aguentei. Ver Percy defendendo Caroline quando eu tinha certeza que ela era tão má quanto Dean me deixava furiosa.

– Não a conheço tão bem - se defendeu ele - Eu quis dizer por ela ser uma filha de Afrodite. Elas no geral costumam ser mais finas, sei lá. Mesmo quando são perversas, elas tentam ao menos manter a classe...

– Entendo, você agora é um expert no comportamento das filhas de Afrodite! - o ataquei, já sem medir o nível da minha alteração. Eu havia guardado aquele tema por muito tempo e agora que ele estava vindo à tona, não conseguia me segurar.

– Mas o que deu em você? Porque está falando assim como se estivesse me acusando?

– Ora, Percy, é só somar 2 mais 2 e você vai descobrir - o provoquei - Caroline, você, uma paixão secreta e um diário... Te lembra alguma coisa?

– Ahhh isso... Espera, mas como você...?

– Então é verdade! - aquilo foi como um chute no estômago. Ele realmente havia mentido pra mim - Por que? Por que não me contou que era ela desde o começo? Por que teve que esconder isso? Ainda sente algo por ela, não é?

Percy abriu a boca parra responder, mas não conseguiu. Algo o interrompeu e chamou nossa atenção. Uma risada feminina acompanhada de um bater de palmas pausado e solitário. Caroline surgiu de trás de uma pedra que havia a nossa esquerda. Ela estava linda e deslumbrante como sempre. Chegava a ser intimidador estar em sua presença, uma vez que eu não chegava nem aos pés dela em termos de beleza ou arrumação. A garota parou de bater palmas, mas continuou rindo e andando em nossa direção, ela parou ficando no meio de nós dois. Parecia realmente satisfeita com o que estava presenciando. Percy enrugou a testa parecendo frustrado. Desviou o olhar quando eu tentei encará-lo. Devia estar se sentindo culpado. Era bom que estivesse, eu ainda estava com raiva dele por causa da discussão.

– Eu estava planejando fazer uma revelação assim bem impactante, mas vocês me surpreenderam, queridos - Caroline falava como Afrodite, credo! - Essa discussão foi ainda melhor. Aliás, obrigada por não desconfiar de mim Percinho. Você sempre tão amável - ela piscou pra ele e aquilo foi como pimenta para meus olhos. Queria fuzilar os dois - É uma pena que não seja muito inteligente. Devia escutar mais sua namorada, gatinho, ela sim sabe raciocinar direitinho. Infelizmente não tem a mesma sorte com o senso de moda - ela me mediu dos pés à cabeça, analisando minha roupa. Eu estava prestes a pular no pescoço daquela garota, mas me controlei.

– Caroline, o que está fazendo? - Percy a olhava como se estivesse desapontado com o comportamento da garota. Era realmente como se ele a conhecesse muito bem e até mesmo como se se importasse com ela. Senti um nó se formar em minha garganta - Não acredito que você está indo na onda desse imprestável do Dean!

– Não estou indo na onda de ninguém, Percy! - ela o encarou e perdeu um pouco da pose de superioridade ao falar com ele. Parecia que o filho de Poseidon conseguia mexer com seus sentimentos. Eu fiquei apenas assistindo àquela conversa, completamente pasma - Dean se mostrou um amigo muito melhor do que você. Ele sim entendia os meus problemas. Ele me fez ver que eu não precisava ficar sentada apenas assistindo a felicidade alheia, enquanto eu sofria por não ter o que queria. Eu podia me levantar e fazer algo a respeito. Pode-se dizer que Dean me inspirou. E o que é melhor, me fez ver que você não era assim tão bom quanto eu pensava. Ah não, não era mesmo. Por sorte eu encontrei alguém merecedor do meu amor, alguém que soubesse me valorizar, alguém que correspondesse meu sentimento.

– Oh deuses, me diz que não está apaixonada por aquele verme? - Por que ele se importava com aquilo? Quanto mais eu ouvia os dois falando, mais ficava confusa e indignada.

– Não sei porque se surpreende tanto. Devia imaginar que Dean faz o meu tipo. Além do mais, ele não fingiu ser meu amigo e depois sumiu. Ele também não me usou para se vingar da namorada, como você!

– Está bem, essa pode não ter sido a atitude mais nobre da minha vida. Mas eu vim aqui e te pedi desculpas, tentei concertar as coisas, mas você não quis ouvir - Percy se explicava e isso queria dizer que ele se importava com o que ela pensava dele. Por Zeus, minha cabeça parecia que ia explodir - Agora que tipo de relação doentia você e Dean poderiam ter? Ele sequestra minha namorada, a mantém refém e me propõe um duelo para ver quem ficaria com ela. E quando nós o levamos para a prisão você não faz nada a respeito. Agora paga alguém para nos trazer aqui sob a mira de um revolver... Por favor, me explique a lógica em tudo isso porque para mim nada está fazendo sentido!

– É muito simples, Percy - Caroline respirou fundo e parecia estar se controlando para não desabar - Você me causou decepções demais. Mesmo que eu já não goste de você, não posso permitir que seja feliz. Eu sofri demais vendo você me deixar por ela, vendo vocês dois viverem felizes por tanto tempo. Dean não estava lutando por Annabeth, acredite, ele também não a quer mais. Só queríamos causar o máximo de sofrimento a vocês antes de partirmos para podermos recomeçar uma nova vida! Agora se me dá licença, é a minha vez de lutar até a morte com a filha de Atena aqui.

Demorei um pouco para perceber que Caroline estava se referindo a mim. Se para Percy nada daquilo fazia sentido, imagine para mim. Não estava nem conseguindo processar essa última discussão deles. As coisas que eles disseram, era como se tivessem sido amigos algum dia, ou até mais do isso. Eu não podia, ou então não queria acreditar naquela lógica. Tinha que haver outra explicação. Se o motivo para Percy ter mentido sobre a garota do diário fosse que ele realmente teve algo com Caroline algum dia, isso seria demais para mim. Não era como se ele simplesmente tivesse ocultado esse fato por não o considerar importante. Ele havia mentido, havia inventado uma história, não queria que eu soubesse sobre seu verdadeiro “amor improvável” do diário. E se toda aquela coisa sobre ter sido hipnotizado também fosse invenção? E se ele um dia ele tivesse gostado mesmo de Caroline? E se ainda gostasse?

Eu não tinha certeza de nada, apenas que não estava pronta para uma luta. Percy se colocou entre nós para me defender. Nem consegui me sentir tocada com aquele ato. Queria era fugir dali e não ter mais que olhar para a cara dos dois. Estava ferida, magoada e muito confusa. Caroline atacou e Percy lutou com ela, não deixando a garota se aproximar de mim. Eu apenas dei alguns passos para trás para dar espaço aos dois, e continuei da mesma forma que estava antes, assistindo a tudo sem saber o que deveria fazer. Caroline começou a tentar enfeitiçar Percy com o seu chame. Ele tentava resistir ao máximo, mas percebi seus golpes começarem a se tornar mais lentos e menos ameaçadores. Que droga, eu realmente não queria ter que interferir. Mas simplesmente não dava para ficar parada assistindo-o ser derrotado. Quando Caroline percebeu que eu saquei minha adaga e fui em sua direção, ela pareceu satisfeita e deixou de atacar Percy, que já estava caído no chão, provavelmente ferido e sem conseguir se defender.

– Finalmente - exclamou a filha de Afrodite - Achei que fosse ficar só assistindo enquanto o seu herói aqui dava a vida por você, querida.

– Bom, talvez nem todas as garotas tenham sangue frio como você para ver o namorado em apuros e não fazer nada para ajudá-lo - vi a sobrancelha dela se arquear e soube que ela havia entendido minha indireta. Eu me referia a ela ter deixado Dean ser capturado por nós. Tive que ser rápida nesse momento para me desviar das investidas de Caroline. A luta não parou enquanto tínhamos aquela agradável conversa.

– Você acha mesmo que eu não tenho tudo planejado, Annabeth? - ela agora falava com raiva enquanto tentava me golpear com sua lança - Eu deixei que vocês o levassem sim, mas era só para que achassem que haviam vencido. Mas é claro que você foi esperta o bastante para saber que eu estava envolvida e que podia agir a qualquer momento. Uma pena que isso não foi suficiente para impedir que eu os trouxesse até mim! Sinto muito que tenha que ser assim, querida. Mas Percy me causou dor demais, eu devo fazer o mesmo com ele. E a melhor forma de conseguir isso é acabando com você!

– Por que tem tanto ódio dele? Não entendo o que ele pode ter feito para que você guarde tanto rancor - pois é, eu estava mais preocupada em entender aquela história e tirar de vez todas as minhas dúvidas do que salvar minha própria vida. Caroline estava cada vez mais me cercando no combate - Sabe que não pode obrigar alguém a te amar...

– Vejo que não sabe nem metade do que aconteceu - disse Caroline num tom sério. Eu estava tão distraída que me deixei ser golpeada na cabeça. Cai no chão me sentindo tonta e quando meus olhos voltaram a focalizar, vi que a garota estava em cima de mim, com sua lança apontada para o meu peito - Vou ser legal com você e te contar tudo o que aconteceu antes de te matar, ok? - eu estava tremendo, olhei em volta procurando Percy - Não se preocupe, Percy não poderá te ajudar agora. Eu o convenci de que deveria permanecer sentado onde está, tapando os ouvidos. Não queremos que seus gritos o despertem do meu encanto...

– Deixe-o em paz! - murmurei ainda sentindo minha cabeça doer por causa do golpe.

– Ah mas é claro que deixarei. Não tenho intenção de feri-lo. Sabe, apesar de tudo, um rostinho bonito como aquele não merece ser estragado - sua voz deixou de soar ameaçadora e passou a soar divertida e empolgada. Ela estava realmente adorando poder me contar aquilo enquanto me mantinha acuada - Mas como eu estava dizendo, vou te contar o que aconteceu... Sei que já sabe sobre o diário onde Percy escreveu algumas coisas sobre mim. Também sei que ele mentiu para você dizendo que a garota de quem ele falava era Silena. O que provavelmente você ainda não saiba é que Percy e eu chegamos a namorar durante um tempo. Não faça essa cara de espanto, queridinha, seu namorado já foi sim, caidinho por mim! E ao contrário do que ele te contou, eu não usei meu charme com ele. Bom, pelo menos não o tempo todo. Mas isso não importa...

“Eu o seduzi no começo, mas depois não precisei mais. Percy não era tolo o bastante para recusar a companhia de uma garota como eu. Não quando muitos de seus amigos estavam rastejando aos meus pés. Durante algum tempo eu mantive o ego do semideus nas nuvens, e ele se deixou levar pelos meus encantos femininos. No começo era tudo apenas uma brincadeira para mim, mas aos poucos Percy foi me conquistando. E foi então que eu cometi o erro de me apaixonar por ele. Isso tudo já começou errado, afinal os garotos é que se apaixonam por nós, filhas de Afrodite, não o contrário! Percy se mostrava satisfeito de estar ao meu lado, mesmo que fosse as escondidas, mas eu percebia que ele não retribuía meus sentimentos. Foi ai que eu percebi que havia algo no caminho. Você, Annabeth. Percy não podia me amar porque já estava apaixonado por você. Ele mesmo ainda não havia se dado conta disso, mas eu, como filha da deusa do amor, percebi na hora.”

“Comecei então a tentar usar novamente o charme para convencê-lo a ficar comigo. A assumirmos que estávamos juntos para todo o acampamento, mas acabou que deu tudo errado. Percy ficou confuso e o charme não parecia estar mais fazendo efeito. E quando ele percebeu que eu estava tentando enfeitiça-lo, se afastou de mim na mesma hora e terminou tudo comigo. Mas como você sabe, Percy não é exatamente o tipo de cara que simplesmente te abandona e te deixa desamparada. Pelo menos eu achava que não era naquela época. Ele voltou a falar comigo depois. Disse que queria que fossemos amigos. Que apesar de tudo ele gostava de mim e me perdoava por tentar fazê-lo ficar comigo a força. Foi para mim, talvez, que ele admitiu pela primeira vez que tinha sentimentos por você. Eu cheguei até a ajudá-lo a lidar com isso. Mas foi difícil para mim porque jamais o esqueci. Eu o amei por muito tempo. Na verdade, acho que deixei de amá-lo apenas há alguns dias atrás.”

“A questão é que eu carregava aquela dor, mas ao menos podia ter a amizade de Percy. O que eu não esperava era que ele fosse tão ruim em cumprir suas promessas. Ele disse que continuaríamos próximos, mas depois que vocês começaram a namorar, raramente nos falávamos. Parecia que Percy havia esquecido da minha existência. Depois de alguns anos, quando eu achei que ele jamais voltaria a falar comigo, vocês decidiram se mudar e viver juntos em Manhattan. Percy prometeu a mim e mais um monte de gente que voltaria sempre para visitar-nos. Só que mais uma vez ele não cumpriu a palavra. Eu comecei a nutrir um rancor muito grande. Principalmente nas vezes que vocês vieram para cá e Percy nem ao menos se lembrou de me cumprimentar. Até que aconteceu aquele beijo, e foi a gota d’agua pra mim. Ele não tinha o direito de me usar daquela maneira. Mesmo que não soubesse que eu ainda o amava, foi cruel. E foi nesse momento que Dean apareceu.”

“Eu sei o que você vai dizer. Que ele se aproveitou do meu momento de fraqueza para me fazer compactuar com seus planos. Mas eu não vi assim. Ele me deu apoio e compartilhou comigo a sua experiência. De alguma forma, ver o sofrimento dele, como era parecido com o meu, me tocou. E foi ai que eu consegui esquecer Percy e começar a gostar de outra pessoa. Uma pessoa que sim sabia valorizar meus sentimentos. Que não me faria promessas vazias. Sinto muito se eu talvez estraguei a imagem que você tinha de seu namorado. Mas é melhor que saiba logo que ele não é esse cara perfeito que você imagina. Dá pra ver nos seus olhos a mágoa e o desapontamento. Talvez ainda não entenda porque eu tenha essa imensa necessidade de “fazer justiça”, Annabeth, mas pense que ao menos eu porei um fim à sua miséria agora mesmo!”

– Não dessa vez! - disse Percy depois de derrubar Caroline, tirando-a de cima de mim.

Eu estava tão absorta na narrativa da semideusa, que nem percebi Percy se aproximando. Quando ele a atacou eu levei um susto e quase fui atingida pela lança dela que voou alguns metros para o lado. A garota começou a se debater e Percy a segurou. Ele estava nervoso, mas parecia que não queria machuca-la. Eu estava tentando me levantar quando uma luz cegante surgiu no horizonte. Antes que meus olhos pudessem se acostumar com a claridade eu ouvi uma voz muito familiar. Ela cantarolava uma canção dramática enquanto se aproximava. Parecia que eu não via Afrodite há séculos, mas ela estava exatamente do mesmo jeito que eu me lembrava. A única diferença era a sua aura que estava com uma cor mais acinzentada, diferente do costumeiro rosa bebê.

– Antes que alguém reclame quanto a minha presença aqui, digo que venho cumprir ordens vindas do Olimpo - ela falou com um tom de ressentimento na voz. Acho que a deusa nunca nos perdoaria pelo castigo que a fizemos ganhar - Minha querida filha e eu precisamos ter uma conversinha séria. Claro, porque os deuses chegaram à conclusão de que uma interferência feita por um de meus filhos seria uma interferência minha indiretamente. Logo, agora além de não poder me meter na relação de vocês, também não posso deixar que nenhum de meus filhos fala isso. Agora se me dão licença...

Em seguida mãe e filha desapareceram. Percy e eu ficamos em silencio pro um longo tempo. Sem conseguir reagir, muito menos dizer alguma coisa. Foi ele quem se levantou primeiro e veio até mim.

– Annie, eu acho que tem algumas coisas que precisamos esclarecer...

– Desculpa, Percy, mas não quero falar sobre isso agora - eu tentei não encará-lo e me mantive distante - Acho melhor darmos um jeito de ir embora daqui...


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Notas finais do capítulo

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