Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 44
Capítulo 43 - Estágio


Notas iniciais do capítulo

Olá amigos tudo bem?
Esse capítulo está bem light, estamos em um momento de preparação para o desenrolar das tramas finais da fic :D Espero que gostem!
Boa leitura ;)



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A Ilha de Manhattan nunca pareceu tão cinza e fria. Só eu sabia como sentia falta daqueles dias na Flórida. Havia sido as melhores férias da minha vida, com certeza. Depois da insistência de Kurt nós todos tínhamos criado perfis em uma dessas redes sociais famosas, para podermos nos conectar mais facilmente. Para semideuses aquilo era como um sinalizador para monstros, mas quem é que consegue dizer não àquele garoto? Eu acompanhava a vida deles por lá através das fotos que postavam e ficava morrendo de inveja. No entanto, de certa forma também era bom estar em casa novamente. As aulas na faculdade ainda não tinham voltado, mas Percy já tivera que retornar ao trabalho. Aproveitei então o meu tempo livre para me empenhar mais na minha procura por um estágio na área de arquitetura.

Durante uma semana inteira eu saia de manhã e só voltava para casa no fim da tarde. Percorri boa parte da cidade atrás dos vários escritórios e empresas de construções e decoração. Em alguns lugares que me interessaram entreguei minha ficha de recomendação da faculdade, assinada por alguns de meus professores que acreditavam o suficiente no meu potencial para me dar àquele voto de confiança. Me disseram que com aquelas recomendações, minhas notas e minhas atividades complementares, eu conseguiria algo muito bom em breve. Eu torcia por isso, afinal além de querer muito trabalhar no que eu gostava, nossa situação financeira começava a ficar apertada de novo. No fim de semana após minha maratona de “caça estágio” já recebi o tão esperado telefonema.

Me pediram para estar lá na D.S.S. Construction Company logo na segunda-feira seguinte, às 8 horas da manhã. Fiquei super animada com a notícia, pois era uma das empresas mais prestigiadas do mercado e uma das que eu mais havia me identificado. Os prédios erguidos por ela tinham todos uma característica semelhante: misturar estilos clássicos com tecnologias modernas. Aquilo me fascinava e eu com certeza iria adorar trabalhar naquele lugar. Contei a novidade a Percy e ele ficou muito feliz por mim. Passei o fim de semana todo falando sobre isso enquanto nós dois fazíamos uma faxina geral na casa. Percy normalmente odiava quando eu resolvia fazer isso, mas dessa vez ele tentou não demonstrar. Na segunda de manhã, lá estava eu, nervosa e bem arrumada esperando para minha entrevista na D.S.S. Havia outros universitários lá também aguardando. Pelo jeito eles almejavam a mesma vaga que eu. Isso só me deixou ainda mais apreensiva.

Por sorte meu nome começa com “A” então fui a primeira a ser chamada na sala do arquiteto que estava precisando de um assistente. Eu já sabia seu nome, era Peter Burk, na verdade já sabia quase tudo sobre ele. Havia feito minha lição de casa. Estava preparada para qualquer pergunta que ele pudesse me fazer. Ele foi simpático ao me cumprimentar e pedir para eu me sentar à sua frente. Fiquei aliviada ao perceber que as biografias online do arquiteto estavam certas, ele era uma pessoa gentil e amável. Conversou de forma descontraída comigo durante toda a entrevista. Primeiro perguntando sobre coisas mais pessoais e depois passando para a parte técnica para ver quais eram meus conhecimentos. Pareceu impressionado pelo meu currículo. Isso porque eu não podia lhe mostrar uma foto do monte Olimpo. Mesmo assim, fiquei confiante de que o resultado seria bom.

Sai da sala e esperei enquanto os outros candidatos também eram entrevistados pelo sr. Burk. Eles disseram que iriam dar o resultado naquela mesma manhã, então ainda não iria embora pra casa. Era impressão minha ou na minha vez tinha demorado muito mais tempo que na dos outros? Não sei, não dava para ter certeza. Mesmo tendo ido bem eu ainda me sentia um pouco ansiosa. Podia estar imaginando coisas. Achei estranho que as outras pessoas que Peter entrevistou iam em direção ao elevador assim que saiam da sala. Será que não haviam pedido que esperassem, ou então eles tinham algum compromisso? Curiosamente todos fizeram a mesma coisa até que só sobrou eu na sala da recepção. Minhas pernas tremeram quando Peter saiu de sua sala, veio em minha direção e me estendeu a mão para que eu pudesse apertá-la.

– Parabéns, senhorita Chase, é a mais nova estagiária da D.S.S. Construction Company! - Retribui ao aperto de mão dele sem conseguir fazer nada além de sorrir. Burk sorria de volta de forma carismática - Peço que me acompanhe, quero apresentar você ao nosso CEO.

Por Zeus! Eu já estava mais do que satisfeita por ter conseguido o estágio, porque ele queria me levar para conhecer o dono da compania? Eu podia passar muito bem sem conhecê-lo. Não me importava nenhum pouco se ficasse para sempre sem saber quem ele era, na verdade. Mas eu não era boba de querer contrariar o meu mais novo chefe. O segui enquanto ele andava por um longo corredor que levava a outro elevador, diferente do que me trouxera aquele andar. Parecia ser um elevador privado. Certo, o CEO tinha um elevador exclusivo que levava a sua sala? Legal! Como se eu já não estivesse com medo de encará-lo. Subimos no elevador e Peter apertou o único botão que existia no painel, depois digitou uma senha. Não havia mais dúvidas, era um elevador exclusivo, e pior, com acesso restrito. Em menos de dois segundos estávamos em uma pequena sala com móveis finos onde uma secretária imediatamente nos cumprimentou e nos pediu para entrar que o senhor Scott nos esperava.

Por um momento eu não me toquei de que aquele nome significava alguma coisa. Uma coisa muito importante por sinal. Agora imagine a minha cara de espanto e choque quando vi que o dono da empresa era ninguém menos que Dan Scott. Prendi a respiração e tentei não soltar nenhum ruído que demonstrasse minha surpresa. Como se minha expressão já não me entregasse completamente. Ok, por que eu não havia encontrado aquela informação durante as pesquisas que fiz sobre a D.S.S.? Claro, já me lembrei! Dan era imensamente discreto e preocupado com sua segurança e a de sua família, por isso mantinha sua identidade em segredo. Por isso Nathan nunca havia me falado nada sobre o trabalho do pai. Agora tudo fazia sentido. Dan me analisava com o olhar. Consegui perceber que ele não estava gostando muito da ideia de que uma amiga de Nathan tivesse sido contratada para trabalhar em sua empresa.

Peter nos apresentou e contou a Dan que apostava bastante em meu potencial. Dan, ao contrário do que eu imaginava, disse que já me conhecia e que não tinha dúvidas de que eu me daria bem na área. Como ele podia saber? De certo Nathan deve ter comentado algo sobre meu desempenho na faculdade. Ou será que eu estava ficando realmente muito paranoica? Depois do que passei com Afrodite, era comum desconfiar de tudo e de todos. Eu tinha que parar com aquilo. A visita a sala de Dan foi rápida, o sr. Burk parecia não querer incomodar o seu chefe, mesmo ele não parecendo estar tão ocupado assim. Descemos novamente para o piso inferior onde ficava a sala de Peter. Ele disse para eu acertar a papelada do contrato com o pessoal do RH e que eu poderia estar lá no dia seguinte já para começar a trabalhar. Fiquei empolgada de novo e por um momento me esqueci do episódio “Dan Scott”.

Voltei para casa e não consegui esperar Percy chegar para contar as boas notícias. Liguei para ele e o fiz deixar de lado um pouco o seu trabalho para ouvir tudo o que eu tinha a dizer. Bem, não exatamente tudo. Não mencionei o fato de que o pai de Nathan era dono da empresa. Mas eu faria isso assim que ele chegasse em casa, é claro. Havia jurado a mim mesma nunca mais esconder nada de Percy e iria cumprir o que prometi. Quando Percy chegou, quis me levar par jantar fora para comemorarmos, mas eu insisti que ficássemos e pedíssemos algo para comer ali mesmo. Ambos precisávamos descansar e eu aproveitei para lhe contar a parte ruim da minha história. Que bom que eu tenho o melhor namorado do mundo. Ele não se importou nenhum pouco com o fato de que o meu chefe era pai do meu ex-namorado. Disse que isso até poderia ser bom, porque ele me daria vantagens por ser amiga de Nathan. Eu o mandei calar a boca e parar de falar besteiras. Antes de abraçá-lo, beijá-lo e agradecê-lo por ser tão maravilhoso.

***

Como se já não fosse suficiente saber que o dono da empresa onde trabalho era Dan Scott, descubro que Nathan também estava trabalhando lá. Logo na minha primeira semana de estágio esbarrei com ele próximo a cafeteira. Eu ia lá pelo menos cinco vezes ao dia pegar café para o meu chefe, Peter Burk. Para a sorte dele eu tinha experiência nessa área. Bem, talvez não o suficiente, afinal quase derrubei todo o café quando Nathan e eu demos um encontrão. Fiquei completamente sem graça e surpresa quando vi que era ele. Mas aquilo não deveria ter me surpreendido. Era mais do que óbvio que, sendo um estudante de arquitetura, Nathan iria trabalhar com o pai em sua empresa. E não apenas isso, ele devia estar se preparando para herdar o império da família.

Nate foi simpático, como sempre, e disse que soube da minha contratação no mesmo dia em que fui admitida. Provavelmente seu pai havia contado. Disse que ficou feliz por mim e que estava ansioso para me encontrar por ali. Era bom ver que ele realmente não guardava ressentimento de mim por não lembrar de tudo que havia acontecido. Mas ao mesmo tempo era estranho porque eu me lembrava de tudo e ainda me sentia culpada pelo que causara a ele. Tentei não pensar no assunto enquanto tivemos aquela breve conversa. Logo descobri que Nathan ocupava um posto semelhante ao meu na compania. Também era assistente de um dos arquitetos e ficava em uma sala bem próxima. Com isso, acabei encontrando com ele várias vezes por dia. E até aceitei almoçar junto com o garoto, depois é claro, de contar a Percy tudo nos mínimos detalhes. Ele estava aceitando tudo muito bem, para meu alívio.

No final da minha primeira semana como estagiária da D.S.S. eu já havia pegado o ritmo do trabalho e me sentia completamente confortável com àquela rotina e com as pessoas com quem conviveria diariamente. Não podia estar mais feliz. Quando ia entrando no elevador para descer até o piso térreo Nathan veio correndo pedindo para eu segurar as portas. Fiz o que ele pedira e ganhei um sorriso caloroso em agradecimento. Ok, não dava para ignorar o fato de que Nate era incrivelmente bonito. Apesar de eu já não me sentir atraída por ele, não podia negar que era alguém muito bom de se olhar. Ele me contou que iria sair com sua namorada Haley naquela noite e convidou eu e Percy para irmos juntos. Nem ao menos sabia que ele se lembrava de Haley, muito menos que ainda estavam juntos. Pelo jeito os olimpianos foram bonzinhos e decidiram preservar essa parte da memória do humano.

Respondi que era um ótima ideia, mas que tinha que ver com Percy se ele toparia. Nate não pareceu ver problema naquilo e me pediu para que ligasse avisando se poderíamos ir para me passar o lugar e horário. Depois de uma semana intensa de trabalho eu estava merecendo mesmo um happy hour com os amigos. Não que Haley fosse a minha melhor amigo do mundo inteiro, mas a ideia me pareceu ótima. Iria fazer de tudo para convencer Percy a aceitarmos o convite. Não precisei, entretanto, me esforçar tanto assim. Na verdade o semideus gostou da ideia tanto quanto eu. Imediatamente liguei para Nate e avisei que iríamos com eles. O garoto me disse que iriam em um pub novo que abrira perto da faculdade Cornell, chamado Sailors. Pelo que ele descreveu o lugar parecia ser bem bacana. Nathan disse também que passaria para nos pegar dentro de duas horas, então fui correndo me arrumar.

Pontualmente as 21h30 Nathan e Haley chegaram para nos buscar. Descemos e embarcamos no carro novo, e super ultra caro, do mortal. Me senti dentro de uma espaçonave. Aquele automóvel tinha tantos botões e dispositivos que eu quase achei que ele tivesse vontade própria. Chegamos ao local em menos de cinco minutos. Descemos na porta do pub e um manobrista veio pegar o carro. Com certeza tratava-se de um lugar muito mais chique e sofisticado do que eu imaginara. Ou então Nate tinha tratamento VIP onde quer que fosse. De qualquer forma eu ainda ficava muito incomodada com aquele tipo de mordomia. Não havia me acostumado nem enquanto namorei Nathan, na verdade. Mas tentei atuar como se aquilo fosse normal. Pegamos uma mesa que aparentemente já estava reservada para nós e nos sentamos.

Nathan, que já conhecia bem o lugar chamou um dos garçons e pediu quatro cervejas Long neck. Depois de servidas, brindamos e bebemos. Era uma marca diferente de todas que já havia tomado. Muito boa por sinal. Também pedimos uns petiscos para comer já que nenhum de nós haviam jantado ante de ir para lá. Havia uma música ambiente agradável, não muito alta. A mesa onde sentamos ficava num espaço reservado com um bar próximo que imaginei ser a área VIP do local. As paredes tinham um tom vinho bem escuro e várias flores desenhadas. Do teto pendiam algumas luminárias com luz escura e em alguns cantos haviam estátuas de pedra de diversos tipos de animais. Não era o meu tipo favorito de decoração, mas parecia ser adequada para a proposta do lugar.

– Vocês estavam sumidos, por onde andaram? - achei estranho aquela pergunta vindo de Haley. Ela jamais demonstrara interesse pela minha vida, nós nunca tínhamos sido amigas quando trabalhávamos na agência. Namorar Nathan devia tê-la mudado muito mesmo.

– Estávamos viajando - respondi prontamente - Fomos para a Miami passar alguns dias. Até encontramos um amigo nosso por lá e foi muito divertido.

– Uau, Miami! Um dos centros arquitetônicos mais bonitos do mundo - comentou Nathan admirado.

– Pois é, né, mas vamos parar com o papo de arquitetos. Lembrem-se que vocês não estão na faculdade nem no trabalho - disse Percy na brincadeira.

– Tem razão - concordou Haley - Estamos aqui para nos divertir, falar de assuntos leves e descontraídos. Por que não contam como foi a viagem em si, as praias e etc.

Haley tinha razão, apesar de ter sido um pouco indelicada com seu comentário. Mas a garota não era mesmo do tipo que mede as palavras. Sempre dizia o que pensava, doa a quem doer. Ela me lembrava um pouco Thalia com aquela atitude. Também me lembrava Tasha. Duas das minhas melhores amigas. Talvez eu pudesse me dar bem com Haley afinal de contas. Contamos a eles sobre tudo que fizemos na Flórida, bem quase tudo. Deixamos de lado a parte em que fomos atacados por empousas. Um detalhe bobo e sem importância. Haley e Nathan também nos contaram o que estavam fazendo nas férias de verão. Infelizmente eles não tiveram uma folga boa como a nossa para viajar. Pelo visto, ser o filho do dono da empresa não significava que você tivesse privilégios. Nathan disse que passou praticamente o verão todo trabalhando. Haley que continuava na agência, também passou pela mesma coisa.

Nem parecia que a gente estava conversando com o filho de um multimilionário. Nathan era um garoto esforçado que parecia querer conquistar seu lugar ao sol por si mesmo, e não viver à sombra do pai. Tinha que reconhecer que era admirável sua força de vontade. Mesmo depois do pequeno “incidente” que o deixara no hospital por algumas semanas, o garoto não parecia ter sofrido nenhuma sequela, tanto física como emocional. Graças aos deuses, literalmente. Mais tarde uma banda subiu ao palco que havia bem ao lado da área VIP e começou a tocar. Eram de um estilo meio rock, meio jazz. O fato era que a música era muito boa e logo todos estavam de pé à beira do palco, dançando e cantando alguns clássicos. Não pude deixar de recordar a apresentação de Sam e Tasha que eu havia assistido no começo do ano. Já estava morrendo de saudades dos meus amigos de faculdade.

Inicialmente iriamos ficar até no máximo meia noite, afinal não acreditei que teria disposição para varar a noite. Mas acabei nem me dando conta do passar das horas e quando fui ver já eram 3 da manhã. Só fomos embora mesmo porque a banda se retirou e começaram a fechar a cozinha, o bar e aos poucos, com educação, foram “enxotando” a todos. Saímos do pub sem vontade nenhuma de voltar para a casa então Percy sugeriu que fossemos para algum outro lugar. Nathan sugeriu sua casa e ninguém foi bobo o bastante para recusar. A mansão dos Scott era melhor do que qualquer balada! Lá tinha um sistema de som digno de cinema e bebidas das mais variadas possíveis e da melhor qualidade. Fora que teríamos todo o conforto para a ficar à vontade, o que não ocorreria em um local público. Havíamos bebido apenas cervejas no pub, então decidimos continuar na mesma coisa, para não misturar bebidas. Por sorte a geladeira de Nathan estava cheia delas.

Nos sentamos no sofá da sala e Nate ligou a televisão. Escolheu um daquele canais de música e deixou rolando. Estava passando um especial de Michael Jackson então nem precisava perguntar se todos haviam gostado da escolha. Assim que a primeira garrafa de cerveja foi esvaziada alguém propôs que jogássemos aquele famoso jogo, muito comum em festas de adolescentes: verdade ou desafio. O problema era que não estávamos em uma festa de adolescentes e nem éramos mais adolescentes. No entanto, já nos sentíamos bem afetados pelo álcool que consumimos e a ideia pareceu ótima. Percy pegou a garrafa e a colocou no chão, sobre o tapete. Todos nos sentamos em volta dela e escolhemos que Haley iria girar primeiro, afinal ela era a que parecia mais animada para a brincadeira.

– Caiu Annabeth para Nathan - disse ela assim que a garrafa parou de girar - Então você pode perguntar para ele.

– Certo, ahm - mesmo já não estando sóbria aquilo era bem embaraçoso - Verdade ou desafio?

– Verdade. Vamos começar devagar - ele riu de forma exagerada. Era um dos que mais haviam bebido aquela noite - Vê se pega leve hein?

– Ok - respondi e fiquei pensando por alguns minutos. Como era difícil pensar em algo para perguntar a Nathan, ainda mais considerando que ele perdera parte da memória. E se eu perguntasse sobre algo que ele não se lembrava? Tinha que escolher um assunto que eu sabia que ele se lembrava - Quero saber quando foi que você percebeu que estava gostando de Haley?

– Ahhh mas isso você já sabe Annie - respondeu o garoto com franqueza - Foi você mesma que me ajudou a me dar conta disso. Você que nos apresentou na faculdade e no começo não nos demos bem. Mas por sorte tenho uma amiga como você para me fazer abrir os olhos.

Não pude deixar de olhar para Percy naquele momento e perceber sua cara de confusão. Assim como eu, ele também deve ter percebido o pequeno erro naquela história. As coisas não aconteceram como Nathan descrevera. Eu não os tinha apresentado na faculdade, nem era amiga dele na época. Os dois haviam se conhecido na agência de modelos enquanto Nathan e eu ainda namorávamos. Foi então que me dei conta de duas coisas. Primeiro que os deus não haviam apenas apagado partes da memória do mortal, eles haviam substituído algumas delas, provavelmente usando a névoa, para que o contexto geral fizesse sentido. Provavelmente apenas a parte do “sequestro” fora totalmente apagada. A segunda coisa era que eles também haviam alterado a memória de Haley, afinal, ela também não deveria se lembrar que Nate e eu um dia fomos namorados. Fazia bastante sentido e tentei me acostumar com essas novas constatações.

– Sua vez de girar a garrafa, Nate - falou Haley. Ela parecia estar muito ansiosa para que chegasse sua vez de jogar.

– Ok - respondeu ele fazendo o que a namorada falou - Há-há, agora eu pergunto para Annabeth! - senti uma pontada de frustração no rosto de Haley, ela e Percy haviam ficado de fora novamente - Verdade ou desafio? - me perguntou o mortal com olhar maldoso.

– Hmmmm… desafio - falei corajosamente e todos me olharam com espanto - Se é pra jogar então vamos jogar direito, não é mesmo? Vamos ver o que você tem pra mim, Nate - dei risada.

– Ahhh então é assim? Ok, ia pegar leve com você, mas agora que disse isso, não vou mais - o garoto também deu uma risada maldosa. Pensou por alguns segundos antes de continuar - Te desafio a virar essa sua cerveja toda de uma vez!

– O que? - perguntei achando que tinha ouvido errado. De todos eu era a única que ainda estava na metade da garrafa. Era evidente que eu era a mais devagar com a bebida. Considerando isso, aquele desafio podia ser considerado muito difícil para mim - Está bem, mas se eu vomitar no seu tapete, depois não vá reclamar hein?

– Não se preocupe, aqui não somos apegados as coisas materiais. Se estragar compramos um novo.

Todos riram da piada de Nate, até mesmo Percy. Ele nem pareceu achar ruim o desafio que me deram. Ao contrário, também parecia estar querendo ver se eu iria dar conta do recado. Aposto que todos estavam achando que eu não iria conseguir. Me enchi de determinação e segurei a garrafa de cerveja. Já havia bebido bastante naquela noite e quanto mais bebia, mais fácil ficava para fazer a bebida descer. Logo, eu acreditava que podia fazer aquilo. Levei o gargalo a boca e comecei a tomar, primeiro com goles curtos e lentos, depois mais rápido. A fermentação da bebida queimava minha garganta, mas aguentei firme. Engoli até o último gole e fiz um esforço tremendo para que não devolvesse tudo logo em seguida. Meus companheiros de jogo ficaram impressionados e me deram os parabéns.

– Fácil demais - menti - Agora vamos ver quem será o próximo - Girei a garrafa vazia que continuava no centro da roda. Ela demorou dessa vez, mas parou com a ponta apontada para Percy e o fundo para Haley. A garota quase pulou de empolgação.

– Verdade ou desafio, Percy?

– Verdade - respondeu ele destemido - Acho que não corro nenhum perigo, afinal você não sabe muito sobre minha vida para fazer alguma pergunta constrangedora.

– Ahhh é? Pois então vamos ver… - o pessoal estava mesmo levando a coisa a sério naquela brincadeira - Já sei. Qual foi a sua maior aventura sexual com Annabeth? - Ficamos todos de olhos arregalados para Haley naquele momento. Ela deu de ombros como se perguntasse: “O que foi? Não era para perguntar qualquer coisa?”.

– Ahm, deixa eu pensar… - respondeu Percy depois do choque inicial. Ele não parecia se importar com a pergunta. Estava realmente disposto a respondê-la. Me senti corando - É que foram tantas, sabe? ... - eu queria matá-lo naquele momento - Bom, teve aquela vez, fazia pouco tempo que começáramos a namorar, que eu descobri uma cachoeira perto de um acampamento que costumávamos passar o verão - Percy me lançou um olhar malicioso e eu me senti envergonhada e excitada ao mesmo tempo - Eu a levei até lá e a convenci de que deveríamos nadar naquelas águas, sem roupas de banho, apenas como viemos ao mundo. E não apenas nadar, se é que me entendem… Bom, não sei se querem que eu entre em detalhes, mas fizemos coisas inimagináveis lá…

– Cof cof - pigarreei alto para interrompê-lo - Acho que já chega né Percy? - falei enquanto lhe lançava um olhar de censura - acho que pode poupá-los dos detalhes sórdidos.

Haley na verdade parecia querer ouvir tais detalhes, mas não reclamou. Dali em diante a brincadeira começou a ficar cada vez mais picante. As perguntas que, principalmente Percy e Haley faziam eram muito comprometedoras e embaraçosas, mas ninguém se negou a responder nada. Os desafios também ficaram mais atrevidos. Os garotos aproveitaram o embalo para desafiar as garotas a tirar algumas peças de roupas. Por sorte estávamos usando vários assessórios, e também demos o troco. Não foi nada mal ver os garotos sem camisa e mais tarde só de cueca. Também houve desafios do tipo “fazer algo com ou para o respectivo namorado”. Felizmente ninguém teve a brilhante ideia de fazer nenhuma troca de casais nesse sentido. Ai sim já seria demais. Jamais faria nada com Nathan estando com Percy e nem ia querer que ele fizesse nada com Haley. No fim das contas acabamos nos divertindo muito. Faltou apenas um pouco de sobriedade para voltarmos para casa, então passamos a noite na casa de Nathan.


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Notas finais do capítulo

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