Missão A Dois escrita por Sarah Colins


Capítulo 42
Capítulo 41 - Férias


Notas iniciais do capítulo

Oi amigos o/ tudo bem? ^^
Capítulo novo pra vocês, espero que gostem!
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—__________________ATENÇÃO: AVISO DE SPOILER____________________
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Esse capítulo utiliza informações reveladas no livro "A Casa de Hades" de Rick Riordan. Para quem ainda não leu o livro e não quer saber nada antes, sugiro que não leia o seguinte capítulo :)
ps: não ler o capítulo não irá interferir em nada na compreensão da fic como um todo! Podem ficar tranquilos.



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– Achei que queríamos um lugar para descansar e relaxar - resmunguei após ouvir a décima segunda sugestão dele.

– E quem disse que não podemos relaxar lá? - retrucou Percy. Ele parecia convencido de que era uma boa escolha - Vai ter o hotel e piscinas e um monte de espreguiçadeiras.

– É, mas não tem nenhuma opção de programas mais tranquilos para fazermos - fiz um biquinho e olhei para ele. Sabia que iria fazer com que ele cedesse dessa maneira. Não estava disposta a aceitar a ideia dele. Percy só sugerira lugares onde as principais atrações eram esportes radicais e de preferência aquáticos.

– Está bem - se rendeu Percy. Eu sorri triunfante - O que você sugere então?

– Que bom que perguntou - falei com um tom de humor que só fez com que meu namorado revirasse os olhos - Tenho a opção perfeita para o que queremos!

Peguei um dos folhetos que o agente de viagens havia nos mostrado. Coloquei-o em cima da pilha. Havíamos visto dezenas deles desde que chegamos àquela agência de viagens há duas horas atrás. Vimos muitas opções, mas eu já estava decidida desde o começo. Queria conhecer Miami, na Flórida. Precisava ver de perto aqueles prédios tão incríveis. Por isso havia dado um jeito de dispensar todas as sugestões que o agente e Percy deram. Eu ia conseguir convencê-lo a fazer minha vontade de qualquer jeito. Era a primeira vez que viajaríamos nas férias de verão. Sem acampamento meio-sangue, sem missões, sem termos que arriscar nossas vidas. Apenas nós dois em um lugar tranquilo, onde a única preocupação seria em qual restaurante jantar. Eu estava bastante empolgada com toda aquela preparação e expectativa pré-viagem. Já meu acompanhante não parecia estar curtindo tanto essa parte.

A verdade era que ele não estava nem um pouco afim de viajar de avião novamente. Eu o entendia perfeitamente. Já havíamos causado dor de cabeça suficiente para Zeus naquele ano. Ele não devia estar querendo nos ver por seus domínios tão cedo. Saímos da agência sem ter fechado nenhum pacote. Porém levamos os panfletos para casa, mesmo eu já estando decidida quanto ao lugar. Queria guardá-los, até porque, não sabia ainda se iriamos realmente viajar através da tal agência. Poderíamos arranjar outro meio e aqueles papéis poderiam ser ótimos guias. Voltamos ao apartamento e começamos a preparar nossa bagagem. Sairíamos no dia seguinte, então era melhor já adiantar algumas coisas. Havíamos decidido fazer aquela viagem de última hora, por isso estávamos um pouco corridos.

Separei a maior parte das minhas roupas de calor e peguei todos os biquínis que tinha no armário. Claro, além de apreciar a arquitetura da cidade, eu também iria querer desfrutar das maravilhosas praias que havia lá. Percy iria gostar muito dessa parte também. Ele costumava dizer que o mar é diferente em cada pedaço da costa do pais. Criaturas diferentes, deuses menores diferentes. Não me importaria nenhum pouco se ele quisesse me levar para conhecer o fundo dos mares da Flórida. Depois que terminamos de fazer as malas pegamos nosso cartão de crédito e fizemos a reserva pelo site de um dos hotéis mais baratos que tínhamos visto na agência. Agora só nos faltava um meio de locomoção. De cara eu já descartei a possibilidade de irmos de avião. Além de não ser agradável para Percy, era muito caro para nossas condições atuais. Ficamos matutando um tempão até que o filho de Poseidon teve uma ideia brilhante.

Precisamos apenas chamar um taxi na manhã seguinte para nos levar até Long Island. Iriamos até a praia mais próxima que houvesse, só o que precisávamos era chegar perto do mar. Percy nem sequer tirou os sapatos para entrar na água e se concentrou para invocar o nosso meio de transporte pedindo uma pequena ajuda do pai. Era querer abusar muito da boa vontade do Rei dos Mares, uma vez que ele já havia nos prestado um grande favor com o caso de Afrodite e etc. Mas ao que parecia, nada era demais para o filho preferido de Poseidon. Em menos de um minuto vi emergir das águas verdes uma espécie de carruagem marinha deslumbrante. Amarrado a algumas rédeas a frente puxando o veículo, estava Arco-Íris. O cavalo marinho favorito de Tyson parecia muito animado em nos ver, parecia ter sentido nossa falta. Me senti culpada por não me sentir da mesma forma, apesar de ter uma grande simpatia pelo animal.

Percy conseguiu entrar na água e cumprimentar o cavalo marinho com um afago na cabeça sem ter que se molhar para isso. Depois ele voltou para a areia e me carregou junto com as malas até a carruagem. Aquilo era realmente incrível. Eu estava indo fazer uma viagem de férias para um lugar que sempre quisera conhecer, com a pessoa que mais amava no mundo, em uma embarcação puxada por um cavalo marinho colorido. Quantas pessoas podiam dizer que já fizeram aquilo? Aposto que poucas ou talvez nenhuma. Deveria me policiar para não criar grandes expectativas, afinal é exatamente quando tudo está indo perfeitamente bem que as maiores surpresas desagradáveis ocorrem. Entretanto eu não conseguia evitar, tinha um forte pressentimento de que iriamos passar ótimos momentos durante aquela viagem.

***

Por sorte estávamos em um lugar onde até os hotéis mais baratos eram bons. Os quartos eram muito bonitos e aconchegantes. A piscina era grande e a área de lazer tinha muitas opções de jogos e outras atividades. Além disso estávamos a menos de 100 metros da praia mais próxima, era perfeito. Nos instalamos numa das suítes. Havia até uma banheira de hidromassagem no banheiro, Percy ficou visivelmente empolgado com ela. A primeira coisa que fizemos depois de viajar tantas horas pelo mar foi tomar banho e descansar. Depois de algumas horas de sono, acordamos e fomos direto jantar na recepção do hotel. Serviam uma comida muito boa lá, por sinal. Antes mesmo de terminarmos de comer eu já comecei a convencer Percy de irmos dar uma volta pelo centro e Miami para olhar alguns lugares. Ele se fez de difícil por puro charme, e eu fingi que fazia de tudo para convencê-lo.

Pegamos um trem que passava ali perto e em menos de dez minutos estávamos no centro da cidade. Andamos por uma rua cheia de comércios e claro que tivemos que parar algumas vezes para comprar algumas coisas, ou pelo menos olhar melhor os produtos. Tomamos sorvete e andamos de mãos dadas pelas calçadas por um tempão. Realmente aquela cidade era muito rica visualmente. Eu teria parado para analisar cada prédio por onde passamos, mas sabia que isso seria uma tremenda chatice para Percy. Também deixei para vermos os museus e locais históricos depois. Havíamos acabado de chegar e tínhamos mais duas semanas pela frente para explorar o lugar. Voltamos para o hotel e fomos dormir. Ainda estávamos cansados então não rolou nada além de dormir mesmo.

Na manhã seguinte acordamos cedo e fomos direto para a piscina do hotel. Por sorte estava vazia. Percy deu um mergulho digno de filho do deus do mar e ficou se gabando com suas acrobacias na água. Eu, de forma muito mais sútil, também entrei na piscina e fiquei relaxando sobre uma boia daquelas que parecem um colchão. O sol estava forte, mas eu havia caprichado no protetor então não me importei de ficar lá vários minutos. Quando abri os olhos para espiar ao redor não vi Percy em nenhum lugar. Presumi que estivesse debaixo d'água talvez por mais tempo do que alguém julgasse possível. Reparei também que outros hospedes haviam chegado para usufruir daquela área. Não eram muitos e também não eram muito barulhentos, para nossa sorte. Vi Percy na beirada da piscina contra o sol. Chamei seu nome e fui me aproximando, andando sob a água. Apenas quando estava há cerca de um metro dele percebi que não era Percy, e sim um garoto muito parecido com ele. Por um momento gelei achando que poderia ser Dean, mas não era ele também. Era apenas um mortal comum que estava hospedado no hotel.

– Desculpa, mas não sou Percy - sorriu o garoto simpático.

– Oh, me desculpe - ri sem graça - te confundi com meu namorado.

– Deve ser bem bonito esse seu namorado - comentou ele de forma bem humorada e eu não consegui deixar de gargalhar junto com ele - Estou brincando. Sou Kurt, prazer.

– Annabeth - respondi segurando a mão que ele estendia pra mim para me ajudar a sair da piscina. - Acho que o sol deve ter afetado um pouco a minha visão.

– Não se preocupe - continuou o garoto com a mesma simpatia - De qualquer forma você não faz o meu tipo mesmo - fiquei meio sem entender a afirmação dele, até que Kurt deu risada de novo e completou - Desculpe, era apenas uma piada. É que eu estou aqui com meu namorado.

– Ah certo, entendi - ri constrangida e aliviada. Então o garoto era gay, ótimo Percy não causaria problemas por eu estar conversando com ele afinal - Você é daqui da Flórida mesmo?

– Sim, moro aqui desde que nasci - respondeu Kurt - Essa rede de hotéis é dos meus pais na verdade. Então sempre que eu e meu namorado queremos descansar a gente vêm pra um deles. Não é o mais luxuoso da cidade mas dá pro gasto.

– Tá brincando? Essa rede tem hotéis em várias cidades por todo país. Você deve ser no mínimo rico - falei na cara de pau e por sorte Kurt levou na brincadeira.

– Talvez… - riu ele - Você é bem legal Annabeth, porque não se junta a nós para o almoço? Chame seu namorado. Assim saímos os quatro. Vamos comer em um Quiosque muito bom à beira da praia.

– Acho uma ótima ideia! - exclamei animada. Ter amigos para sair seria ótimo, ainda mais alguém que conhecesse a cidade - Onde podemos encontrar vocês?

– Vamos sair por volta das 13h, nos encontrem na recepção do hotel. Um dos motoristas do hotel vai nos levar. Até logo então, Annabeth.

Me despedi de Kurt que saiu em direção ao corredor que dava acesso aos quartos do hotel. Meio minuto depois Percy emergiu da piscina e ficou me encarando com a cara fechada. Eu sabia o porquê. Mesmo debaixo d’agua ele podia ver eu conversando com o garoto do lado de fora. Tratei de explicar rapidamente que Kurt estava com seu namoradO e que havia sido muito gentil em nos convidar para almoçar com eles. Percy ficou com um pé atrás. Achava que o garoto poderia estar se fazendo de gay só para se aproximar de mim. Eu não achava que pudesse ser isso e convenci Percy a tentar ser razoável. Subimos para o apartamento e tomamos uma ducha rápida apenas para colocar uma nova roupa de banho e uma roupa mais arrumada por cima para irmos almoçar. Imaginamos que por ser um restaurante na beira do mar, deveríamos estar prevenidos para um possível mergulho.

Descemos para o Lobby do hotel e logo eu avistei Kurt nos esperando. Ele vestia roupas estilo surfista e óculos de sol Ray-ban modelo wayfarer. Ao seu lado estava um garoto que provavelmente era seu namorado. Seu visual não tinha nada a ver com a programa “praia” que nos esperava. Usava coturnos, calças comprimas, e camiseta preta. Seu cabelo também era negro e jogado de lado. Estava de costas e quando ele se virou eu prendi a respiração e parei de andar tão abruptamente que ficou evidente a minha surpresa. Também quase fui derrubada da escada pela moça que vinha logo atrás de mim. Percy à princípio não percebeu o que acontecera. Apenas riu do meu comportamento e me segurou para eu não cair. Em seguida eu voltei a olhar na direção do garoto sombrio que me era tão familiar. Percy seguiu meu olhar e foi sua vez de quase ter um treco. Nico de Ângelo nos olhava com a mesma cara de espanto.

Kurt sorriu ao nos ver e se aproximou. Nico continuou petrificado no mesmo lugar, assim como nós, não tinha condições de dar um passo sequer. Por que aquilo era tão constrangedor? Não víamos Nico desde a grande batalha contra Gaia na Grécia. O que significava que não o víamos desde que descobrimos o grande segredo de Nico. Ele havia tido uma queda por Percy no passado. Eu havia aceitado aquilo superbem, já os dois, não conseguiram mais se olhar na cara nunca mais. Eu até havia tentado algumas vezes saber notícias do filho de Hades, mas ele parecia ter realmente se escondido de nós nos últimos anos. Nos reencontrarmos daquela maneira era no mínimo inusitado. Tenho certeza que Nico jamais desconfiou que pudéssemos estar naquele hotel. Do contrário ele teria ido embora de lá o mais rápido possível. Mas o destino, sempre muito sacana, tratou de nos colocar ali, frente a frente. Como um desafio para resolvermos de uma vez aquela história.

– Annabeth! - exclamou Kurt nos cumprimentando - Não sei seu nome ainda, mas imagino que seja o namorado? - ele se dirigia a Percy com a mão estendida.

– Sim, sou eu - respondeu ele aceitando a mão que lhe era oferecida - Percy Jackson, prazer.

– O prazer é meu, sou Kurt Hummel - com um sorriso, Kurt se voltou para trás afim de chamar seu namorado, que, no caso, eu tinha absoluta certeza que era Nico - Gostaria de lhes apresentar meu namorado, Nico.

– Er… nós já o conhecemos, Kurt - falei com a voz baixa, como se tivesse medo de que Nico não quisesse que revelássemos aquilo - Olha só que mundo pequeno, não?

– Mas que maravilha! - ele pareceu imensamente feliz com a notícia - Assim não vou ter que quebrar o gelo. Devem saber que Nico é muito introvertido e demora um pouco para fazer amizade.

Kurt voltou a olhar pra trás, parecendo não entender porque Nico ainda não havia se aproximado. Ele fez um gesto para que ele se acercasse. Eu podia sentir o grande esforço que Nico fazia para responder ao chamado do namorado. Eu me senti responsável, a partir daquele momento, por deixar o clima mais ameno possível. Tinha que fazer Nico se sentir à vontade conosco. Tinha que mostrar que nós estávamos, não só de acordo, mas também muito felizes por ele ter encontrado alguém. Sorri amigavelmente para Nico quando veio até nós, apesar de ele não nos encarar. Percy parecia tão incomodado quanto ele. E logo Kurt começou a perceber o clima tenso. Não esperei que as coisas ficassem ainda mais estranhas, cumprimentei Nico e logo já emendei o primeiro assunto que me veio à mente.

– Nico, quanto tempo! - Ele me lançou um olhar rápido e uma leve aceno de cabeça - Que coincidência nos encontrarmos aqui. Eu e Percy sentimos muito a sua falta. O que vocês tem feito aqui em Miami ultimamente?

– Por enquanto estamos aproveitando o verão - foi Kurt quem respondeu. Ele parecia saber que Nico não falaria nada. E eu também sabia que Percy tampouco iria colaborar - Sabe, só relaxando mesmo. E vocês? De onde são?

– Somos de Nova York. Eu faço faculdade e Percy trabalha lá - falei num tom descontraído. Nico continuava com cara de quem estava sendo torturado.

– Então, vamos lá pra fora que o nosso carro já deve estar nos esperando - disse Kurt segurando a mão de Nico, que prontamente a soltou.

– Quer saber? Acho que não estou me sentindo bem, vou passar o almoço. Com, licença - e sem mais delongas ele se retirou indo até a escada e subindo para os quartos.

Ficamos todos embasbacados com a atitude de Nico. O pobre Kurt ficou visivelmente magoado. Senti compaixão por ele, porque sabia o quanto o filho de Hades podia ser frio as vezes. O garoto se desculpou conosco e disse que ia atrás do namorado para ver o que ele tinha. Percy e eu dissemos que não havia problema algum e nos despedimos dele. Fiquei triste e frustrada, nada havia saído como eu imaginei. Nem tive a oportunidade de falar com Nico direito. Propus a Percy que comêssemos ali no hotel mesmo e que mais tarde eu tentaria procurar Kurt para ver se conseguíamos remarcar o nosso programa de casais. Percy não pareceu muito empolgado com minha ideia, mas eu insisti. E durante todo o almoço eu fiquei discursando sobre como devíamos a Nico um acerto de contas definitivo.

Depois do almoço fomos para a área de lazer do hotel e encontramos umas redes muito convidativas. Nos deitamos nelas e relaxamos enquanto olhávamos o mar. Não podíamos passar aquele dia sem ir à praia. Depois que já havíamos dado um tempo do almoço nos levantamos e fomos em direção aos elevadores. No caminho encontramos Kurt novamente. Ele disse que conversou com Nico e que ele lhe contou sobre nós e sobre o que acontecera anos atrás. Eu me surpreendi muito com isso, afinal achava que Nico não ia querer compartilhar aquela história com mais ninguém. No entanto parecia que Kurt era capaz de despertar um lado de Nico que nós ainda não conhecíamos. Não hesitei em propor um novo encontro para nós quatro e Kurt disse que ia fazer de tudo para que Nico fosse.

Cerca de cinco horas mais tarde, na praia, depois que Percy e eu já havíamos nos esbaldado de tanto nadar no mar, nos encaminhamos para o quiosque onde era para termos almoçado naquele dia. Kurt disse que o lugar era realmente bom e que seria ótimo nos encontrarmos lá no fim da tarde. Quando nos aproximamos, vimos que os dois já estavam lá. Sentados numa mesa redonda onde havia uma garrafa de cerveja e quatro copos vazios, os dois conversavam. O clima estava muito mais descontraído do que mais cedo na recepção do hotel. Esperava que a nossa chegada não estragasse tudo. Cumprimentamos os dois e nos sentamos com eles. Kurt serviu a cerveja para todos e logo em seguida chamou o garçom para pedir algum petisco. Deixamos que ele escolhesse já que conhecia bem o lugar.

– Quero pedir desculpas a vocês dois - disse Nico do nada, assim que o garçom saiu - Não estava passando mal hoje cedo. Eu só não queria encarar vocês dois… - fiquei passada com a sinceridade dele, mas era bem melhor assim do que o clima tenso de antes

– Relaxa, eu também estava tremendo de medo de ter que te encarar e ainda almoçar todos nós juntos - falou Percy parecendo um pouco aliviado de também poder ser sincero com ele - Por sorte Annabeth me deu uma bela de uma bronca e eu me toquei de que estava sendo ridículo.

– Percy! - o olhei com censura enquanto lhe dava um beliscão por baixo da mesa. Ele, nenhum pouco discreto reclamou da dor - Eles vão pensar que sou uma tirana ou coisa do tipo.

– E não é? - disse ele e eu voltei a fechar a cara, enquanto Kurt e Nico seguravam o riso - Quer dizer, é claro que não vão pensar nada disso, amor. Eu realmente precisava de um empurrãozinho para abrir os olhos e enxergar que nós sempre fomos amigos e é isso que importa. O resto são detalhes que com o tempo vamos conseguindo nos acostumar.

– Tem razão, Percy - foi a primeira vez que Nico se dirigiu e olhou diretamente para ele - Confesso que também precisei da ajudinha de uma certa pessoa pra dar o braço a torcer - ele deu uma olhada carinhosa para Kurt. Achei o gesto a coisa mais romântica do mundo. Mal conhecia Kurt, mas já dava toda a minha aprovação a ele - Fiquei por muito tempo me sentindo culpado pela forma como me sentia. Foi depois que encontrei Kurt que aprendi a lidar e aceitar isso. Não vou dizer que não é embaraçoso estar aqui com vocês dois - ele se referia a mim e Percy - É claro que ainda é. Mas não estou disposto a perder amigos tão bons como vocês por uma bobagem dessas. Então não custa nada eu fazer um esforço.

– Nossa, assim vocês nos deixa lisonjeados, Nico - brincou Percy falando com ironia da forma como o filho de Hades havia se expressado - Aprecio o seu esforço de nos aturar.

– Tinha esquecido das suas piadas sem graças, Percy. Acho que até senti falta delas. - entrou na brincadeira o garoto de cabelos negros. Era impressão minha ou eu tinha visto um sorriso em seu rosto por um breve momento? Não me lembrava se já tinha visto Nico sorrir alguma vez na vida. Kurt realmente estava de parabéns - E só pra que fique claro, o meu esforço é para me acostumar com a situação em si, ok? Estar com vocês é muito agradável como sempre.

– Então vamos brindar a esse momento - sugeri levantando meu copo de cerveja - Que ele seja um recomeço e que tudo possa ser melhor daqui pra frente!

– Que os Deus digam amém! - exclamou Percy quando todos batemos os copos. Nico deu uma risada nervosa e na hora eu saquei que seu namorado talvez não soubesse que nós éramos semideuses ainda. Não dei muita importante a esse fato, sabia que ele devia estar tentando encontrar o momento adequado para contar a Kurt.

Passamos um fim de tarde agradabilíssimo! Bebemos algumas garrafas de cerveja, comemos umas porções de isca de frango deliciosas e conversamos por horas e horas. Falamos de nossas vidas, dos nossos planos e depois que a bebida começou a fazer efeito começamos a falar só besteiras. E rimos, rimos muito. Só fomos embora mesmo porque o lugar já estava fechando. Kurt queria ainda dar um mergulho no mar, mas a praia já estava bem escura. Então decidimos voltar para o hotel e ficar um pouco na piscina. Naquele horário não devia ter mais ninguém por lá. Já estávamos bem alegres por causa das cervejas, mas mesmo assim, Kurt quis a ir pegar uma garrafa de vinho na adega do hotel. O ajudamos a pegar umas taças e levamos tudo para piscina. Sentamos em volta de uma mesa e nos servimos.

Kurt e Percy, que eram os mais bêbados da noite, não demoraram nem meio minuto para cair na água. Eu e Nico que estávamos maneirando um pouco na bebida, ficamos só olhando. Alguém tinha que cuidar daqueles dois desajuizados afinal. Mas confesso que foi engraçado assistir, uma brincadeira mais tonta que outra que inventavam. Apesar de continuar reservado e sombrio, Nico parecia outra pessoa. E eu sabia que não tinha só a ver com os litros de álcool que tomamos. Dava pra ver o brilho nos olhos dele quando olhava para Kurt. Eu conhecia aquilo muito bem. E sabia exatamente o que ele estava sentindo.

– Gosta muito dele, não é? - perguntei sem pensar. Percebi que minha inibição já estava comprometida àquela altura.

– Sim, bastante - respondeu o filho de Hades olhando pra mim e deixando sua taça de vinho na mesa - Achei que tivesse gostado pra valer de Percy naquela época, você sabe... - ele se referia ao tempo em que nos conhecemos - Mas hoje eu vejo que tudo não passou de uma paixonite de adolescente - ele me olhou como se estudasse minha expressão - Não se importa que eu fale que me sentia atraído pelo seu namorado?

– Nenhum pouco - respondi com sinceridade - Talvez eu devesse ter ciúmes ou algo assim, mas não tenho. Sei que mesmo que você sentisse algo mais forte por ele, não teria tentado tirá-lo de mim. Certo? - dei risada em seguida para ele ver que eu estava apenas brincado.

– Certo - confirmou Nico - Estou muito aliviado em saber que vocês não guardaram nenhuma mágoa de mim. Mesmo eu não tendo feito muito esforço para me redimir.

– Do que está falando? - senti a pouca sobriedade que havia em mim falando naquele momento - Nico, você não fez nada do que tivesse que se redimir. E também não o culpamos de ter se afastado. Nós também não o procuramos com o empenho que devíamos...

– Ok, vamos dizer que eu também não tenha facilitado muito as coisas pra vocês. Já não sou a pessoa mais fácil do mundo de se encontrar normalmente, imagine então quando não quero ser encontrado? - ele riu e eu ri também. E a partir daquele momento eu soube que tínhamos nosso amigo de volta.

O restante daquele dia e dos dias seguintes me fizeram ver que aquelas realmente seriam as férias dos meus sonhos. Estava na companhia de pessoas maravilhosas e não sentia nenhuma vontade de voltar para Manhattan. Não era por nada, mas algo me dizia que aquela viagem ainda renderia muitas mais histórias para contar...


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Notas finais do capítulo

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