Meus olhos pareciam pesar mais que uma tonelada nesse instante. Tentei abri-los, mas meus esforços eram inúteis. Era perceptível que havia exagerado na bebida dessa vez. Movi meus braços em direção à minha cabeça e a massageei devagar, tinha a sensação de que a qualquer instante ela explodiria.

- É hora de acordar! - ouvi uma voz bastante conhecida que fazia questão de gritar de modo exageradamente animado enquanto escancarava as cortinas deixando os feixes de luz solar bastante intensos me golpearem, justo no momento em que conseguira abrir meus olhos, sentindo-os queimar devido ao contato repentino.

- Imbecil. - disse para logo enfiar a cabeça no travesseiro.

- Heather, levanta logo. Sabe que horas são? - suas mãos me balançavam de modo irritante, fazendo com que me virasse em sua direção, visto que ele não pararia enquanto não conseguisse o que queria. Matthew me encarava com um sorriso de orelha à orelha. Seu corpo estava inclinado em minha direção e aparentemente acabara de sair do banho, pois seus cabelos bagunçados e levemente úmidos faziam com que algumas gotas caíssem sobre o meu rosto, deixando-me ainda mais irritada.

- Não, eu não sei. E não me importo nem um pouco com isso, então será que dá para me deixar dormir e sair de perto? Seu cabelo está me molhando. - meu humor nunca fora um dos mais amigáveis, ainda mais quando interrompiam meu sono. Sempre odiara ser acordada á força.

- Você é absurdamente adorável assim que acorda. - ele disse enquanto apertava minhas bochechas. Sempre odiara aquele gesto e ele tinha ciência disso, parecia até que este tirara o dia para me infernizar.

- Matt, me faz um favor? Vai ver se eu já não fui para o inferno. - ele riu ao perceber que conseguira me fazer levantar da cama, logo esparramando-se na mesma. Olhei a cena descrente enquanto me arrastava em direção ao banheiro.

Matthew Knowels é o filho de um dos melhores amigos do meu pai, e acredito que possa dizer que o ser em questão é meu quase amigo, ou talvez, um conhecido que eu me lembre o nome.

Ele sempre fora muito cheio de si pelo prestígio que recebia no colégio em que frequentávamos antes. Além de fazer parte do time de basquete oficial - sendo o capitão -, ele ainda era o presidente do departamento estudantil. E claro, para completar todo o pacote, o senhor perfeição detinha posse de um físico invejável e seu rosto aparentemente infantil com seus olhos castanhos claros e cabelos do mesmo tom sempre desarrumados levavam as líderes de torcida - que possuíam cérebros tão evoluídos como o tamanho da roupa que trajavam - à loucura.

Meu pai, Friedesh Schwert, talvez em um momento de surto psicótico ou por ser um eterno inocente, acreditara que Matthew poderia ser uma boa influência para mim, que não me encaixava em sequer um terço de boas qualidades que o senhor perfeição possuía. E por essa razão, ele se juntou ao seu parceiro de planos malignos - vulgo Thomas Knowels, pai de Matthew - para revolucionar a minha vida. Matt é um ano mais velho que eu, e por isso já vai para faculdade. Dessa forma, eu seria uma mala extra em seu bagageiro rumo à Harvard University.