Eu corri, queria sair de lá. Eu não queria abandonar Maya ali, morta, mas eu também não ia ficar ali sozinha. Decidi voltar para Hogwarts. Corri o mais rápido que pude, algumas lágrimas secavam com o vento que batia em meu rosto, mas eu ainda estava vermelha por causa do choro. 

Entrei em Hogwarts, passava correndo e esbarrando nas pessoas. Não sei se vi direito, mas acho que trombei com Rose e Alvo, mesmo assim continuei correndo.

-Sophia! - Ouvi alguém gritar meu nome, mas continuei.

Cheguei na sala da diretora Minerva. Abri a porta e ela levou um susto.

-Diretora... - Eu tentava falar, mas o choro não deixava.

-O que foi querida? - Minerva se aproximou de mim e me abraçou.

-A Maya... Ela... Ele a matou Minerva, ele a matou! - Eu berrei. 

-O que? - Ela olhou para mim. - Quem? Onde? Quando? - Ela perguntava.

-Um homem! Agora Minerva, agora! Me ajuda por favor! - Eu gritava.

Eu não via, mas ouvia as pessoas falando, com certeza estavam parados em frente à porta daquela sala.

-Aonde está o corpo dela, Sophia? - Minerva, tentando me acalmar, perguntou.

-Na floresta. - Eu respondi, tentando conter o choro e soluçando.

-Vocês dois. - Minerva apontou para Rose e Alvo - Levem Sophia para a sala comunal da Grifinória. E venham quatro pessoas comigo pegar o corpo de Maya, o resto, para os seus quartos, agora! - Minerva mandou e saiu andando.

Eu me taquei no chão. Senti alguém me segurando por trás.

-Calma Sophia, vamos para a sala comunal, talvez, depois de um banho você se sinta melhor. - Rose dizia.

Eu me levantei e sequei as lágrimas. 

-Eu sinto muito Sophia... - Alvo me abraçou.

-Alvo... Você sabe por que o Black matou Maya? Sabe do que isso tudo se trata? - Perguntei.

-Black? Quem é ? - Ele perguntou, confuso.

-Foi quem matou Maya. - Respondi.

-Por que Sophia? 

-Ele quer você, ele quer te matar para se vingar de seu pai Alvo... - Eu disse. 

Os olhos de Alvo se arregalaram e ele não soube o que dizer. Meu objetivo ao dizer aquilo não era deixá-lo culpado, era fazer ele saber o que estava acontecendo. Eu não queria mantê-lo desinformado, não queria guardar aquilo para mim, ele precisava saber, afinal, ele também era parte daquilo.

-A culpa é minha? - Ele perguntou.

-Não, a culpa é toda de Voldemort, ele começou isso tudo à 20 anos atrás.

[..]

Acordei na cama, estava com os olhos inchados pois na noite anterior havia chorado muito. Hoje é o enterro de Maya, e eu, obviamente, não estava nem um pouco ansiosa para isso.

Levantei da cama e me arrumei. Rose ainda estava dormindo feito uma pedra. Eu desci as escadas e fui até a sala comunal, onde Alvo estava sentado.

-Oi. - Falei, e me sentei ao seu lado - Acordamos um pouco cedo não é mesmo? 

-Sim... Depois do que você disse ontem, eu já esperava não dormir muito bem... 

-Desculpe Alvo. Não era minha intenção fazer você ficar assim. Só quero que você não se sinta culpado, está bem? - Falei.

-Culpado eu já estou me sentindo, mas eu estou, de um certo modo, feliz por você ter me falado aquilo. Eu não preferiria de maneira alguma que você tivesse escondido aquilo de mim. - Ele disse, forçando um sorriso.

Ficamos durante mais ou menos uma, ou talvez duas horas ali, conversando. Alvo é uma ótima pessoa, e sinceramente, ele teve de quem puxar isso. Rose e o resto dos alunos da Grifinória apareceram e nós fomos à primeira aula.

Estávamos em nossa aula de poções quando Minerva entrou na sala.

-Desculpe interromper, mas as aulas foram canceladas devido ao acontecimento de ontem. - Minerva disse, fazendo poucos alunos gritarem de alegria, a maioria estava de luto - Sophia, Alvo e Rose, venham comigo. 

Eu me levantei, junto com Alvo e Rose e fomos seguindo Minerva. Ela parou no meio do caminho e se virou para a gente.

-Vocês querem ir no velório de Maya? - Minerva perguntou.

-Mas é claro, pelo menos eu quero. - Eu respondi.

-Nós também. - Rose respondeu e Alvo assentiu.

Fomos andando pelos corredores de Hogwarts até chegarmos do lado de fora. Minerva mandou que nós segurássemos em seu braço, e foi o que fizemos. Em um segundo nós estávamos em outro lugar, havíamos aparatado.

Estávamos naquele momento em um cemitério com muitas outras pessoas, todas em volta de um caixão, onde Maya estava. Não consegui me conter e voltei a deixar algumas lágrimas sair de meu rosto.

Todos disseram palavras lindas, até que chegou a minha vez.

-Eu não sei o que dizer... - Comecei - Maya foi uma das primeiras a falar comigo, foi uma das mais verdadeiras. Eu não tive sequer tempo de agradecer à ela, foi tudo tão rápido... Eu só sei que ela era, com certeza, uma grande, grande amiga mesmo.

O velório acabou e Maya foi enterrada. Eu limpei as lágrimas de meus olhos. Ela havia morrido, e mais cedo ou tarde eu teria de aceitar aquilo, eu escolhi o mais cedo. Se eu sentiria falta dela? Mas é claro! Ela foi uma amiga sem explicações para mim! Mas ela se foi, e eu não podia fazer nada para mudar aquilo.

Maya teria entendido, se fosse comigo, tenho certeza que ela teria, talvez, sofrido, mas no fim, teria aceitado que eu havia ido, que aquilo havia acontecido, e era aquilo que eu ia fazer.

O Black quer Alvo. Black que Hogwarts. Ele quer se vingar, mas eu não vou deixar. Ele quer voltar em um assunto, que para mim, e para muitos, já acabou. Ele já perdeu, Voldemort está morto, e ele tem que aceitar isso.

No momento em que o último pedaço de terra foi colocado por cima do túmulo de Maya, eu soube que aquilo havia acabado, que Maya havia morrido, mas que ao mesmo tempo, algo estava começando. Para ser sincera, eu sabia que não era qualquer algo que começava, era uma guerra.