Um Conto de A Esperança escrita por Luke Theon


Capítulo 1
Ainda Há Esperança


Notas iniciais do capítulo

Contêm SPOILERS do livro "A Esperança"



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Você devia ter nos ajudado. A culpa é sua. Por causa de você nós morremos.

Os pesadelos de novo, mais uma vez eles estão habitando meus sonhos.

– Katniss acorde foi apenas um pesadelo - disse ele me acalentando em seus braços. Fitando-me com aqueles olhos azuis.

Azuis da cor do mar, mar, Finnick, ooh, mais uma vez estou eu pensando neles, aqueles que por minha causa estão mortos.

– Calma Katniss, acabou. Esta tudo bem - me apertando contra seu peito, Peeta tenta me acalmar.

– Não acabou Peeta, nunca irá acabar. Nunca me perdoarei por ter feito com que eles morressem - estou tremendo, arfando, e Peeta me acalenta cada vez mais em seus braços, como se eu fosse um bebê, um bebê assustado. A cada vez que fecho meus olhos os vejo em minha frente, me acusando, me torturando. Rue, Cinna, Prim, Finnick, até Cato e Clove, todos eles desejando minha morte, meu sofrimento.

– Você sabe que nada do que aconteceu foi culpa sua, não é culpa de nenhum de nós, nem Cato e Clove tem culpa disso. Você sabe quem é o verdadeiro vilão. A Capital tem toda a culpa de tudo que aconteceu, desde o primeiro momento, desde os primeiros Jogos, e a Capital, a única causadora de nosso sofrimento.

Eu sabia que ele tinha razão, nos não passávamos de peças no grande jogo sádico da Capital, nem mesmo os tributos dos Distritos 2 e 4 poderiam ser responsabilizados por todas aquelas mortes, o mérito de causador de tudo era da Capital. Mas eu não conseguia admitir, jamais conseguiria.

Todas as noites era a mesma coisa, eu me pegava acordando aos gritos, aterrorizada com os pesadelos. E lá vinha ele, meu ponto de paz. Eu me deixava perder em seus braços aos soluços, enquanto ele me acalmava, me amava. Realmente Peeta deveria me amar, caso contrário o porquê ele voltou para o 12 comigo, o porquê ele aguentava minhas reclamações - nem eu aguentaria minhas reclamações - o porquê ele aguentaria acordar todas as noites para me acalentar, sussurrando em meu ouvido palavras de conforto, de calma. Mas principalmente ele deveria me amar para ter esperado dez anos ate que eu conseguisse ter um filho. Sim, eu tive de esperar, até ter certeza que a partir de agora, nada de ruim aconteceria a um filho meu.

Os dois também já haviam se acostumado aos meus ataques noturnos, não sei como, mas Peeta tem uma forma de explicar as coisas pacientemente, e conseguia acalmá-los, sempre que eu tinha minhas famosas crises.

Realmente a maior qualidade de Peeta não é fazer pães - outra coisa que ele ensina com paciência e determinação as crianças - mas ter o dom de acalmar, a mim principalmente.

Mas eu sei que ele também tem seus problemas e sofrimentos. A perda dos pais - nunca conversamos sobre isso, mas sei que ele sofre com isso - a preocupação com o que o futuro nos guarda, mas principalmente, sobre o que penso de Gale. Sim, ele ainda se preocupa com Gale - ouvi dizer que ele se casou com uma garota do 4 - mesmo após 15 anos e ainda estarmos juntos, mesmo após eu ter aceitado termos as crianças, e vivermos não em uma completa, mas verdadeira felicidade, ele ainda se preocupa com o que Gale pode influenciar sobre mim. Acho que deve ser por isso que ele aguenta tanto essa vida - não e das piores, mas qualquer pessoa normal já teria seguido outro caminho - acho que ele aguenta devido o medo de me perder.

– Você está mais calma? - perguntou ele,ainda me envolvendo em seus braços.

– E como eu não ficaria, com você sempre ao meu lado, me protegendo, me ajudando a superar as perdas, me amando cada dia mais – sou interrompida por um daqueles seus beijos, aquele beijo que sei que nunca foi fingimento ou encenação, que foi verdadeiro desde o primeiro que foi dado. Ate mesmo da minha parte, depois de tantos anos de dúvidas agora tenho certeza que sempre o amei, desde aquele fatídico dia que até hoje devo a ele, o dia em que ele me salvou, com sua ajuda, com seu amor.

– O que foi isso? – interrompo o beijo ao ouvir um barulho do lado de fora do quarto.

– Devem ser as crianças, com certeza acordaram com seus gritos - diz ele, com seu jeito calmo, mas risonho.

E eram mesmo eles. Quando a porta do quarto abre, duas coisinhas pequeninas entram correndo e pulam na cama. Ela com seus olhos azuis e longos cachos louros – como me lembra Prim – ele com seus olhinhos cinzentos e atitudes e jeito tão parecido comigo, mesmo sendo tão pequeno ainda.

Eles percorrem a cama e correm ao abraço de Peeta, isso não me admira, sei que eles o preferem, mas não me magoo com isso.

– Mamãe, esta tudo bem? Me assustei com você gritando – ela me pergunta, e admito que nunca vou me acostumar com essa palavra “mamãe”. Esta palavra que não pronuncio há tanto tempo.

– Papai já não explicou para vocês o porquê acontece isso? Ela esta bem, foi só um sonho ruim - Peeta usa seu já normal e costumeiro tom paciente e calmo.

Ao olhar aquelas duas pessoinhas tão pequenas, tão inocentes, me olhando nos olhos com um sorriso no rosto, eu vejo que o futuro não poderia ter sido mais bondoso comigo. Vejo que não poderiam ter me proporcionado futuro melhor que este.

Ao observá-los brincando com Peeta, sabendo que não existe mais a aflição, o perigo de quando completarem 12 anos e serem sorteados para os Jogos, saber que o fatídico dia da Colheita, onde os rumos dos tributos escolhidos são traçados pro resto da vida, não existe mais, vejo que ainda há esperança.

Esperança para mim, para Peeta, para nossos filhos. Esperança para Annie com seu filho, pra Johanna, até mesmo para Gale.

Com a abolição dos Jogos, com o término das atrocidades feitas pela Capital, com Panem se desenvolvendo novamente, caminhando para um futuro melhor, vejo que ainda existe esperança para todos nós.


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Notas finais do capítulo

FIM



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