Bucareste,Romênia. Há dezessete anos atrás.

Airon sabia que estava se precipitando.

Mas ele tinha que seguir em frente. Seus inimigos não iriam vencê-lo. Sua vida estava em jogo. Sua família.Ele teria de correr contra o tempo,como nunca se preparou para algo tão importante e grandioso.A aura do ambiente onde estava não contribuia em nada para que ele se acalmasse

– Você está pronto? - perguntou ao melhor amigo, que parecia tão nervoso quanto ele.O rapaz vestia preto da cabeça aos pés, e segurava uma garrafa de cerveja,embora o álcool não o afetasse.

– Sei que não será uma tarefa fácil - ele suspirou,aflito.

– Ela está desprotegida. - garantiu Airon,olhando ao redor como se sentisse a presença de outros ali. Estavam no meio de um bar; onde a fumaça dos cigarros formavam uma cortina débil e mal cheirosa. Queria logo sair dali. - Tem que trazê-la o mais rápido possível até mim. Ela corre perigo lá fora. Se os Renegados a pegarem,tudo o que conhecemos perecerá para sempre e...

– Não fale assim - o rapaz o interrompeu.Então se aproximou,falando baixinho. - Sei onde ela está, e garanto que vou encontrá-la e trazê-la antes de os Renegados acharem que fecharam o nosso cerco. Ei - ele percebeu a angústia do homem. - Não se preocupe.Ela ficará bem comigo.Não vou desapontá-lo. - e se pôs a sorrir confiadamente,convicto de sua empreitada. - A filha do grande Airon chegará a Arkeblom sã e salva, a tempo de Agartha nem sentir sua presença.

Airon suspirou,esperando que isso melhorasse seu humor.Ele havia amarrado naquele rapaz a única maneira de salvar seu mundo - e talvez todos os mundos que o cercassem.

Nada iria impedi-lo.

– Tudo bem - disse, por fim. - Faça o que puder melhor.Estou confiando em você. - ele olhou fundo nos olhos azuis - turquesa do rapaz. - Está nas suas mãos a chance de por tudo a perder ou de oferecer uma esperança para nós e todos os outros Resgatadores..

O rapaz esboçou um sorriso de lado.

– Como eu disse - ele entonou todo o conteúdo da cerveja, sorvendo tudo de uma vez. - Não vou desapontá-lo.

Airon apenas o observou ir e andar elegantemente para fora do bar antes de notar uma figura encapuzada em meio á multidão. Mal pôde recuperar o fôlego antes de perceber de quem se tratava:

Zattara Roustangue....!

A maior criminosa do Metamundo!

Ela sorriu maliciosamente.

– Parece que terei concorrência na caçada a herdeira de Airon...- e, num passe de mágica, ela já não estava mais lá.

Essa não! Não podia ser tarde demais...

– Airon Lancaster, você está preso.

Airon se virou, mal acreditando. Tentou esboçar um de seus típicos sorrisos, mas, quando viu, já estava sendo levado. Vários guardas da Conclave do Ministério estavam cercando-o e algemando-o, vestindo capas cinzas que cobriam os rostos.

– Vocês não podem fazer isso. - argumentou. - É injusto. Ela não vai conseguir sozinha...

– Ela vai conseguir. - afirmou um dos guardas encapuzados. - Assim como qualquer um dos outros. Lhe oferecer ajuda é contra as regras, e sabe disso.

– Não podem me levar para aquela prisão horrível! - Airon reclamou. - Não sou um criminoso...

– Mas agiu como um. E deve ser castigado como tal.

Ele entrou em desespero, mas hesitou, e não lutou contra as mãos que lhe carregavam para fora dali. Ele estava esperançoso - até rezava! - para que o destino e a vida dessem uma chance à garota. Ou tudo estaria perdido.

Mas não podia mais fazer nada. Só lhe restava torcer para que o destino lhe desse sorte para o que estava por vir.