Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 71
Apoio nos momentos difíceis


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoas.
Não me matem pela demora, eu juro que não faço de proposito, mas aconteceram algumas coisas desde o ultimo capitulo postado que dificultaram a inspiração. Em um primeiro momento eu tinha pensado esse capitulo um pouco diferente, mas depois me empolguei e decidi que mesmo que demorasse um pouco vocês mereciam ser felizes (risos).
Enfim, boa leitura, e espero que vocês gostem.



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Lizete: Sim, pai, eu estou grávida, me ajuda pai, eu não quero perder ele, não posso perder meu filho, pai.

Carlos Daniel não teve tempo de reagir de emoção, sua oportunidade de chorar de felicidade pela noticia que seria avô deveria esperar. O importante naquele momento era não perder tempo. Ele não poderia deixar que nada de mal acontecesse com sua filha e muito menos com aquele pequeno ser indefeso que crescia em seu ventre.

Carlos Daniel: LALINHAA!!! LIGUE PRA EMERGENCIA!

Lalinha: Eu já liguei, senhor. Por coincidencia eu estava passando por aqui e vi quando tudo aconteceu, assim que a senhorita Isabela demaiou eu liguei para o hospital, a ambulancia já deve estar chegando.

Lizete: Pai, me ajuda. Eu não vou poder esperar, me leva pro hospital agora por favor. Tenho muito medo de perder meu filho, pai.

Estephanie: Leve logo a Lizete, Carlos Daniel. Eu já estive nesse lugar, ela precisa de auxilo urgente.

Carlos Daniel: Mas e Isabela? Também não posso deixa-la...

Rodrigo: Não se preocupe com a Bela, irmão. Não acredito que o que ela tenha seja grave, e além disso, a ambulância possui todos os equipamentos que ela precisa em um primeiro atendimento. Preocupe-se com a Lizete, vocês não podem perder tempo.

Lizete: Pai, por favor, me leva pro hospital agora, ta doendo muito.

Carlos Daniel: Calma meu amor, vamos pro hospital agora, mas se acalme, papai esta aqui com você.

Lizete: Me ajuda, paizinho.

Carregando Lizete nos braços, Carlos Daniel a colocou no banco de trás do carro da familia, sentou-se ao seu lado e segurou sua delicada mão tentando transmitir calma e apoio. Em poucos instantes, o veículo saiu das propriedades da mansão Bracho. Pedro o conduzia o mais rápido possível, em uma situação como aquele, todos sabiam que não se podia perder tempo.

Lizete: Pai – Disse apertando sua mão com mais intensidade.

Carlos Daniel: Oi, filha. Estou aqui, calma.

Lizete: Pai, eu quero a mamãe, eu preciso da minha mãe, pai.

Carlos Daniel: Filha...

Lizete: Chama a mamãe, pai, por favor chama a mamãe.

Carlos Daniel estava atonito, ele não sabia o que pensar nem o que responder. Não fazia ideia de o quanto da verdade sua filha sabia.

Fazendo um leve carinho na mão do pai, Lizete chama atenção de seus olhos e vendo toda a confusão que estava estampada lá decidiu responder suas perguntas não questionadas.

Lizete: Eu já sei de tudo, paizinho.

Carlos Daniel: Sabe??

Lizete: Sim, de cada detalhe. Mas eu não tenho tempo de lhe explicar agora, só preciso dela, liga pra mamãe, pai.

Carlos Daniel: Mas eu não sei o número dela, filha.

Lizete: Eu tenho no meu celular, por favor, chama a mamãe.

Carlos Daniel tentou sair do seu estado de perdido para agir. Era muita informação e muitos acontecimentos para apenas um dia. Ainda sem jeito por estar segurando a mão da filha com uma mão e o celular com outra, ele seguiu as indicações de Lizete e ligou para aquele número sem identificação que havia gravado na agenda. Foram apenas dois toques de chamada até ele ouvir aquela voz novamente, aquela voz que fazia seu coração tomar um ritmo insano e seus olhos brilharem.

Paulina: Lizete, filha, que bom receber sua chamada, meu amor.

A voz não era fria e autoritaria como aquele que ele havia ouvido na fábrica, mas sim tinha doçura, alegria e todo um amor maternal tipico da essência da mulher por quem ele se apaixonou anos atrás. Respirando fundo ele tomou coragem para possivelmente ouvir seu desprezo, mas acima de tudo, a informar sobre aquele grave acontecimento.

Carlos Daniel: Paulina, sou eu.

Paulina: Eu? Eu quem? – A voz havia mudado, já não era mais de felicidade, mas sim trazia consigo frieza e ressentimento.

Carlos Daniel: Agora também não reconhece minha voz?

Paulina: Você não reconheceu a mulher que estava ao seu lado por quinze anos, por que eu reconheceria sua voz?

Além de fria, Paulina estava sendo também sarcástica. Ele sabia que merecia cada uma das irônias que ela quizesse proferir, mas naquele momento não.

Carlos Daniel: Paulina, por favor...

Paulina: Você parece apreensivo – Ela o conhecia bem demais para saber as mudanças em sua voz – Aconteceu alguma coisa? Cade a Lizete? Por que você esta com o telefone dela??

Carlos Daniel: A Lizete...

A voz dele embargada pelo choro desesperou Paulina que angustiada sabia que algo de muito ruim havia acontecido. Seu coração não mentia, o aperto que ela sentia no peito dava a certeza de suas aflições.

Paulina: Carlos Daniel, fala! Aconteceu alguma coisa com ela?

Carlos Daniel: Nós estamos a caminho do hospital central, aconteceu um acidente.

Paulina: ACIDENTE??

Carlos Daniel: Sim, ela caiu e... e... e ta sangrando muito.

Paulina: Meu Deus, não! O bebê.

Carlos Daniel: Ela ta pedindo por você, disse que precisa de você.

Nesse momento, Lizete pega o telefone das mãos do pai e chorando começa a falar com a mãe.

Lizete: Mãezinha, eu to com muito medo. Eu não quero perder meu filho, não posso perder ele, não posso.

Paulina: Calma filha, eu já to a caminho, não se preocupe, nada vai acontecer com ele, eu te prometo, vai dar tudo certo.

Paulina falava com o celular colado no ombro enquanto calçava qualquer sapato e procurava por sua bolsa. Ela não pensava muito, apenas sabia que tinha que estar ao lado de sua filha naquele momento.

Lizete: Vem logo, mãe, por favor, eu preciso de ti.

Paulina: Já estou indo meu, amor, não se preocupe, logo mamãe vai estar ao seu lado.

Lizete já não aguentando mais de dor, devolveu o celular para o pai que a olhava com lágrimas nos olhos. Ele daria o céu e a terra para que ela não sofresse, daria qualquer coisa para que sua filha não estivesse ali chorando de dor e preocupação.

Carlos Daniel: Ela me devolveu o telefone, Lina.

Paulina: Já estou no carro, qual o hospital você disse mesmo?

Carlos Daniel: Hospital Central.

Paulina: Ta bem, já estou indo, diga a Lizete que eu não vou demorar a chegar.

Carlos Daniel: Digo sim.

O fim da ligação coincide com a chegada ao hospital. Pedro desdeu do carro e adentrou no hospital pedindo ajuda, enquanto Carlos Daniel tirava a filha do carro em seus braços. Em pouco tempo, Lizete já estava sendo atendida pela equipe de emergência que a levaram para dentro da área hospitalar, deixando um pai aflito na recepção.

Paulina sai de casa correndo, não pensa em nada, o desespero e o medo de que algo aconteça com Lizete lhe cegava os olhos para o resto do mundo. Já no carro, ela lembrou-se de que tinha marido e filho, e não podia simplesmente sumir sem avisá-los. Ignorando a segurança, ela pegou o telefone e iniciou a chamada no viva-voz para que assim pudesse ter suas mãos livres para o volante.

Alejandro: Paulina? Onde você está? O que aconteceu?

Paulina: Alê, meu amor, me perdoe. Tive que sair correndo de casa, me esqueci de te avisar.

Alejandro: Eu percebi, fui um momento na cozinha e quando voltei você havia desaparecido da sala. Ficamos preocupados.

Paulina: Perdoa, amor. Eu não raciocinei antes de agir.

Alejandro: Tudo bem. Mas você esta bem?

Paulina: Sim, estou. Mas não posso falar muito porque estou no trânsito, só queria te avisar pra que não se preocupe, eu estou indo ao hospital central e não sei por quanto tempo vou ficar la.

Alejandro: Você me diz que esta indo ao hospital e ainda me pede pra eu não me preocupar?? Paulina, o que aconteceu??

Paulina: Lizete. A Lizete sofreu algum tipo de acidente e foi as pressas para o hospital. Ela esta grávida e e eu tenho muito medo que ela perca o bebê, amor.

Alejandro: Meu Deus, Lina. Por que você não me disse isso antes? Você deve estar muito nervosa, eu vou sair agora mesmo, te encontro lá.

Paulina: NÃO!

Alejandro: Não?? Não me queres lá? Paulina, eu sou o seu marido, estou contigo nos momentos bons e ruins.

Paulina: Não, não disse que não queria você lá é que...

Alejandro: É o que? Ah! Já sei. Carlos Daniel deve estar lá não é? Queres ficar sozinha com o seu ex não é, meu amor?

Paulina: Alejandro! Pare de tirar conclusões precipitadas e nada dessa irônia pra falar comigo. E vou deixar bem claro. Sim, o Carlos Daniel vai estar lá, porque é a filha dele que esta correndo risco. Você entende isso? A Lizete foi para o hospital e pode perder o bebê. Minha filha esta passando pelo pior que uma mulher pode passar e eu vou estar do lado dela sim, não por conta do pai dela, mas porque é meu dever de mãe estar com ela. E outra coisa, eu sou sua esposa, não sua propriedade, te devo respeito sim, mas não sou submissa a você. Aprenda isso de uma vez por todas.

Sem deixar que o seu marido respondesse, ela desligou o telefone e focou-se em chegar logo ao hospital. Durante o restante do caminho ela ficou refletindo sobre aquela ligação e a dureza de suas palavras. “Deus, fui grossa demais com ele, mas não podia aceitar aquele tipo de comportamento. Alejandro é uma pessoa terna, carinhosa, romântica e tem um coração do tamanho do mundo, mas quando se deixar cegar pelo ciúme ele se torna uma pessoa difícil de lidar, começa a ver coisas que não tem fundamento, e isso eu não suporto. Sim, é certo, talvez seus ciúmes tenham alguma razão... não! Não tem razão nenhuma! O que eu quero com o Carlos Daniel é apenas vingança, só isso. Não tem sentido ele pensar outra coisa. Se bem que esse comportamento eu conheço bem. – Disse sorrindo sem perceber – Carlos Daniel é igualzinho, aquele bobo nunca conseguiu esconder quando se enciumava, sempre foi assim. Espera! Para de pensar nele, Paulina. PARA!”

Paulina guiou o carro quase no automatico, não sabia em que ruas havia dobrado ou havia em algum momento andado em sentido contrário, seu foco era apenas em chegar o mais rápido possível no hospital, e assim o fez. Foram apenas alguns minutos de percurso, mas para ela havia passado uma eternidade.

Chegando no hospital ela seguiu direto para a recepção principal, onde sua raiva e angustia apenas aumentam com a falta de informação e a má vontade das atendentes. Antes de explodir em raiva com aquelas mulheres, ela tentando se acalmar olhou para o lado e o viu. Naquele momento, ela soltou a respiração que sem perceber segurava, e se dirigiu para o encontro daquele que um dia já foi o homem de sua vida. Carlos Daniel estava com a cabeça baixa e com suas mãos em seu rosto. O visivel desespero dele a fez se angustiar ainda mais.

Paulina: Carlos Daniel, como ela esta?

Vê-lo angustiado a fez esquecer de toda a vingança e de todos os mals pesares do passado, incoscientemente ela deixou a máscara de durona cair e voltou a sua essência. As banalidades da vida dos dois não importava naquele momento, ele precisava de apoio, ambos precisavam.

Carlos Daniel: Eu não sei, os médicos não aparecem para dar noticias.

Seu olhar sem rumo confirmava a angustia que havia em seu coração e os rastros molhados em seu rosto indicavam que ele também havia chorado.

Paulina: Faz muito tempo que vocês chegaram?

Carlos Daniel: Um pouco, na verdade, não sei, se passaram minutos ou horas, parece que estou aqui há uma eternidade.

Paulina: Já falou com o Miguel?

Ele a olhou por um momento curiosamente, talvez tentando entender o quanto ela sabia de suas vidas. Mas a preocupação se fez maior que a curiosidade e ele percebeu que não era a hora para questionamentos.

Carlos Daniel: Não, não pensei em nada, nem celular eu trouxe.

Paulina: Você sabe o número dele? Me dá que eu ligo.

Carlos Daniel: Não, eu... eu... ai desculpa, mas eu não lembro. Não consigo pensar em nada, foi tudo tão rápido.

Suas mãos bagunçavam nervosamente seu cabelo castanho, seus olhos não conseguiam evitar as lágrimas e seu coração estava tomado pelo medo. Sem conseguir se mater sentado, ele levantou-se com um impulso e focou-se em andar em circulos pela sala de recepção. Ela o seguiu e o fez parar em sua frente.

Paulina: Calma, Carlos Daniel, ela vai ficar bem, os dois vão ficar bem.

Seus olhares se cruzaram e ali, Carlos Daniel viu a mesma mulher por quem havia se apaixonado. Sua Lina estava ali em sua frente com um olhar angustiado mas que transmitia confiança e paz. Talvez ela não tivesse percebido, mas sua mão tocava a mão de seu ex marido em um gesto de apoio. Bastou sentir o calor da mão de Paulina para Carlos Daniel se permitir desmoronar.

Carlos Daniel: Eu nem pude comemorar direito, poxa, eu vou ser avô. Paulina, vou ser avô! Mas com tudo isso acontecendo, eu tenho medo de ficar feliz e depois sofrer, ela não pode perder esse bebê, não pode.

Ele oscilava entre fé e medo. Suas frases eram ditas com a voz entrecortada, o choro o impedia de concluir. O desespero de Carlos Daniel também era sentido por ela, mas Paulina não podia se deixar levar pelo pânico, se ela também caisse eles não teriam forças para se levantar. Ele precisava dela e ela dele.

Paulina: Ei, calma. – Disse o puxando para um abraço.

Um abraço despretensioso, terno, doce e amável. Sem ressentimentos, sem vinganças, sem dúvidas, sem questionamentos sobre o passado. Eles eram apenas duas pessoas que estavam tirando o apoio que necessitavam um dos braços do outro. Não havia mais ninguém com quem se importar, não havia terceiros para dar satisfações, não havia mais passado. A circunstância daquela troca de afeto não era das melhores, eles sabiam, mas Paulina e Carlos Daniel não poderiam achar caminho melhor para passar por aquela situação sem ser o apoio transmitiam um para o outro. Para eles o tempo parou, para o mundo não. Por longos minutos os dois permaneceram abraçados apenas desfrutando dos efeitos que aquele contato entre seus corpos causava. Calma. Fé. Esperança. Sentindo que tudo iria dar certo suas respirações foram acalmando-se e a angústia se foi. Mesmo com as possibilidades do pior, eles não deixavam de acreditar em milagres, já que aquele abraço depois de 15 anos contava como um.

Paulina: Você ta bem?

Carlos Daniel: Sim, você sempre soube como me acalmar.

Olhos nos olhos e ainda com o contato de suas mãos, aquelas palavras dele pesaram na mente dela. Parecia tão errado, mas tão certo ao mesmo tempo. Sentia que o seu lugar era ali com ele, o apoiando como sempre fez, mas sua mente dizia o contrário. A razão a fez se distanciar dele e, sem jeito, ir se sentar na cadeira da recepção. Carlos Daniel percebeu o desconforto dela, seus olhos verdes reflentiam o quão confusa ela estava. Sem pensar muito ele seguiu atrás dela, porém seu percurso foi interrompido pelo chamado de Rodrigo.

Rodrigo: Carlos Daniel! Finalmente te achei, estou ligando pro seu celular, mas ninguém atende.

Carlos Daniel: Na confusão eu deixei sabe Deus onde. E a Isabela? Como ta minha filha, mano?

Rodrigo: Ela ta bem, os paramédicos disseram que ela deve ter tido apenas uma queda de pressão, nada muito grave. Foi trazida para cá só por precausão por causa do problema de coração.

Carlos Daniel: E onde ela está?

Rodrigo: Está na outra ala do hospital, vai passar a noite em observação, mas amanhã deve ter alta. Stephanie está la com ela.

Carlos Daniel: Menos uma coisa.

Rodrigo: E Lizete? Como ela está?

Carlos Daniel: Não sei, estamos aqui um bom tempo e não veio nenhum médico nos informar nada, estou desesperado, irmão.

Rodrigo: Fique calmo, vai dar tudo certo.

Carlos Daniel: Foi exatamente a mesma coisa que Paulina me disse.

Rodrigo: Paulina?

Carlos Daniel: Sim, ela esta aqui.

Carlos Daniel desvia um pouco sem corpo para o lado e olha para atrás indicando a direção onde Paulina estava sentada. Ela estava séria, calma, quieta, com o olhar em direção ao chão e tocando suas próprias mãos.

Rodrigo: Como ela foi chegar aqui? Você a chamou?

Carlos Daniel: Sim, Lizete me implorou para que fizesse. Não sei o quanto elas conversaram ou o quanto a Lizete sabe da história, e realmente agora não me importa. A Paulina continua representando para Lizete a figura maternal e nesse momento eu não podia deixar de priva-la da mãe.

Rodrigo: Falando assim até parece que você não esta gostando da presença da Paulina aqui, seja sincero com você mesmo, irmão.

Carlos Daniel: Não, eu não disse isso. Mesmo sem entender nada do que aconteceu na fábrica hoje, sem entender como eu tinha sido tão cego, e sem saber como vai ser minha vida daqui por diante, eu não poderia estar mais agradecido por ela esta aqui. Rodrigo, eu estou desesperado, não sei o que pode acontecer com a minha filha e com o meu neto, nem ao menos pude comemorar a noticia de ser avô, tenho medo de perde-lo.

Rodrigo: Carlos Daniel...

Carlos Daniel: Mas mesmo com todo essa angustia que eu sinto, por ela eu também tenho esperança. Ela sempre soube como me acalmar, como me dar apoio e como não deixar de acreditar em milagres. E agora, acredito neles mais ainda.

Rodrigo: Como assim?

Carlos Daniel: Deixa para lá, depois eu te conto. Não quero deixa-la só por muito tempo, assim como eu preciso dela, ela também precisa de mim.

Rodrigo: Tudo bem, eu vou voltar para o quarto da Bela.

Carlos Daniel: Te agradeço por ficar com ela nesse momento, irmão. Assim que eu puder eu vou lá vê-la.

Rodrigo: Não se preocupe, ela esta bem, esta dormindo, foi só um susto. Fique aqui com a Lizete e com a Paulina, qualquer novidade me avise.

Carlos Daniel: Tudo bem, irmão, obrigado por cuidar da minha princesa.

Rodrigo deu um sorriso sincero e foi embora. Carlos Daniel voltou para onde Paulina estava sentada, ela parecia estar pensandou ou rezando, era dificil decifrar. Com passos leves e sem tirar seus olhos dela, ele caminhou e sentou-se na cadeira que ficava ao lado da dela.

Carlos Daniel: Lina, você esta bem? – Disse tocando suas mãos.

Paulina: Oi... o que? Desculpa, não te vi chegando.

Carlos Daniel: Eu percebi, você parecia concentrada.

Paulina: Eu estava lembrando...

Carlos Daniel: Lembrando?

Paulina: Sim, lembrando dos momentos com a Lizete. Recordas daquela fase dela que ela era louca por fantasias? – Disse se permitindo rir um pouco.

Carlos Daniel: Sim, ela tinha tantas, todo dia era uma diferente.

Paulina: Desde pequena ela sempre foi tão linda. Uma princesa.

Carlos Daniel: A nossa princesa.

Ela o olhou e por um instante se perdeu em seus olhos castanhos, mas logo depois balançou sua cabeça querendo evitar cair de novo. Colocando uma mecha de cabelo por tras da orelha, ela tentou mudar de assunto.

Paulina: Como aconteceu, Carlos Daniel? Como foi esse acidente? Você estava com ela?

Ele abriu a boca para responder, mas foi cortado pela som da voz de um médico os chamando.

Médico: Familiares de Elizabeth Bracho de Fuentes?

Paulina: Somos os pais dela, doutor.

O gesto talvez feito por impulso foi o suficiente para dar a face de Carlos Daniel um breve sorriso, porém este se desfez perante a conversa do médico.

Carlos Daniel: Como ela esta? Podemos vê-la?

Médico: Ela está bem, esta estável, o sangramento foi controlado e felizmente não houve desprendimento de placenta.

Paulina: Isso significa que o bebê esta bem, não é?

Médico: Sim, mãe e filho estão bem.

A felicidade dos dois precisou ser compartilhada. Eles se abraçaram como comemoração, mas também como agradecimento ao apoio que ambos davam ao outro. Foi uma troca de carinho breve, mas verdadeira.

Médico: Só temo dizer que agora a gravidez dela é complicada.

Carlos Daniel: Como assim??

Médico: Os primeiros três meses de uma gestação sempre são os mais preocupantes, mas agora depois do que aconteceu...

Paulina: O que realmente aconteceu, doutor? Por favor, não nos esconda nada.

Médico: Bom, nós conseguimos evitar que ela sofresse um aborto espontaneo. Foi por pouco, talvez se o socorro demorasse mais alguns minutos, o bebê não resistiria.

Paulina: Meu Deus!

Carlos Daniel: E quais são as providências agora? O que devemos fazer?

Médico: Agora ela deve ficar em repouso total, deve permanecer deitada até o 3 mês, levantando-se apenas para ir ao banheiro. Não deve ter preocupações, deve se alimentar bem e sobretudo tomar as vitaminas prescritas.

Carlos Daniel: Claro, doutor. Pode deixar que vamos tomar conta disso.

Paulina: E podemos vê-la?

Médico: Sim, é claro. Vou pedir para uma enfermeira acompanhar vocês até o quarto dela.

Carlos Daniel: Muito obrigado.

Como prometido minutos depois uma enfermeira os levou até o quarto onde Lizete estava. Os dois entraram sem fazer muitos ruidos, apenas era ouvido o barulho de seus sapatos em contato com o piso, além dos equipamentos do ambiente. Como já imaginavam, Lizete estava dormindo serena e calmamente. Ainda prezando pelo silêncio, Paulina e Carlos Daniel aproximaram-se da cama e cada um depositou um sutil beijo na testa da filha.

Carlos Daniel: Ela parece tão calma, tranquila...

Paulina: Sim, parece com aquela menininha que eu colocava pra dormir como um anjo.

Carlos Daniel se distanciou um pouco de Paulina e seguiu em direção ao sofá que havia no cômodo. Tentando entender aquela reação ela o seguiu e se sentou ao seu lado.

Paulina: O que foi? Você ta bem?

Carlos Daniel: Sim, só me sinto aliviado sabe. Aquilo tudo foi tão desesperador que eu não pude evitar de pensar que o pior poderia acontecer.

Paulina: Ei, mas não aconteceu – Disse pegando levemente em seu rosto e fazendo um leve carinho ali – Já passou, os dois estão bem, graças a Deus.

Carlos Daniel: Sim, graças a Deus – Sem desviar dos olhos dela, ele segurou sua outra mão, levando até sua boca e depositou um terno beijo na parte de cima – E a você também. Muito obrigado, por estar comigo, ou melhor, com a gente durante tudo isso.

Paulina: A Lizete me chamou e eu vim – Ela tentou evitar aquele contato e virou seu corpo para a frente em direção a cama de Lizete – Mesmo com tudo o que aconteceu ela continua sendo minha filha.

Olhando uma lágrima percorrer o rosto dela, ele levou sua mão até sua face a fazendo olhar para ele novamente, e com um dedo ele limpou os rastros molhados que havia na pele.

Carlos Daniel: Você sempre será a mãe dela. Sempre.

O que mais Paulina havia evitado aconteceu, seu pior medo havia se tornado realidade, por anos ela se treinou para ser forte o suficiente para não permitir se perder naqueles olhos castanhos. Mas já era um caminho sem volta, ela não conseguia desviar o olhar daquela iris. Os dois se olhavam como há muito tempo não conseguiam fazer. Durante 15 anos eles não conseguiram transmitir sem precisar de palavra alguma, o que estava refletido em suas almas e em seus corações. Amor. Aquele sentimento único e que apesar dos pesares continuava existindo. E ali compartilhando aquele olhar e entendendo o que ele significava, nenhum dos dois conseguia pensar em algo além de acabar com aquele cruel espaço entre suas bocas.


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Notas finais do capítulo

Estão me amando agora né? eu sei eu sei, obrigada de nada.
sidhuhdushdu
@deafmonteiro