Nossa Eterna Usurpadora escrita por moonteirs


Capítulo 56
Ingênua


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas aqui estou eu aqui de novo, viram demorei menos dessa vez jiji.
Aqui está mais um capitulo da fic e espero que gostem.
Boa leitura ^^



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Dormi por longas horas, um sono sem sonhos, sem lembranças, apenas um fechar de olhos programado por aquele calmante que aplicaram em minhas veias. Como eu poderia sonhar se minha vida real havia se tornado um pesadelo? Quando eu era pequena, minha mãe mesmo sabendo das condições em que viviamos naquela pequena casa de madeira sempre me disse para acreditar em meus sonhos e lutar para que eles se tornassem realidade. E agora me pergunto porque acreditei? Sempre que eu tentava ser feliz o destino me mostrava que o outro lado da moeda. Nunca poderei ser feliz, meu sorriso sempre vai ter um prazo de validade, sempre terá alguem no caminho para me empurrar para a tristesa e solidão. Fui ingenua, fui ingenua ao acreditar nas pessoas e em um feliz para sempre. Contos de fadas não passam de histórias criadas para iludir quem já tem uma vida predestinada ao sofrimento. Pode parecer cruel de minha parte afirmar isso, mas é a verdade. Agora consigo ver tudo com mais clareza, consigo perceber que nada era como eu pensava. A vida que eu poderia descrever como aconchegante e colorida, agora não se passa de um lugar frio e cinza. Fui ingenua ao acreditar na promessa de amor dele, fui ingenua ao pensar que conseguia enxergar por dentre sua mirada, fui ingenua ao pensar que o mesmo sentimento que eu o entregava era reciproco. Nada era verdadeiro, todos os beijos que queimavam meu ser não se passavam de mentira. Hoje, ver Carlo Daniel entregando o mesmo olhar apaixonado e o meu sorriso sincero para outra pessoa, fizeram com que meus olhos se abrissem para a realidade. Uma realidade que me matou por dentro, uma realidade que fez meu coração sangrar e me levou para um deserto sem vida.

“Duvide que as estrelas sejam fogo, duvide que o sol se mova, duvide que a verdade seja mentirosa, mas não duvide jamais de meu amor por você.” Hipocrita! Como pude me deixar levar por essas doces palavras e seu olhar penetrante. Todas as juras de amor, todas as promessas de nunca me fazer sofrer e estar comigo durante toda a vida eram apenas palavras que junto com a minha felicidade foram tragadas pelo vento. Carlos Daniel foi o homem que mais amei dessa vida, grande erro. Eu me entreguei por completa a ele, em suas mãos coloquei minha alma e meu coração, e ele os destruiu. Meu corpo está vivo, pelo menos é isso o que diz esse aparelho que mede o ritmo do meu batimento cardiaco. Mas o que adianta máquinas diagnosticarem minha melhora fisica quando estou vazia por dentro.

A luz que um dia existiu em meus olhos foi apagada e as lágrimas que rolaram por minha face não existiam mais, o que apenas permanecia em meu rosto eram seus rastros que simbolizavam meu sofrimento. Meu olhar estava fixo naquela luz branca do quarto do hospital, sua fria claridade apenas enfatizava a atmosfera acizentada que eu estava vivendo. Tudo havia perdido a cor, o sentido, o calor. Eu estava presa em um inverno frio e chuvoso, e o pior de tudo é que eu sabia que a primavera nunca mais chegaria a minha vida.

“Bom dia!!”

Uma voz grossa e alegre impregnou o ambiente. A felicidade daquele tom de voz contrastou bruscamente com o meu atual estado de espirito. Curiosamente eu segui meu olhar até a fonte daquele sonido que tirou sem querer aqueles pensamentos tortuosos de minha mente. No fim do caminho, minha mirada encontrou um homem alto e forte vestindo um jaleco branco e segurando uma pequena quantidade de papel que relatava meu estado. Analisei sua fisionomia cuidadosamente, não que ele tivesse me interessado de alguma forma, afinal é preciso ter coração para ter sentimentos e o meu foi destruido em milhares de pequenos pedaços. O que me forçou a observa-lo foi aquele sorriso em seu rosto. Era um sorriso de realização e felicidade. Felicidade! Como eu queria sentir isso novamente.

“Como se sente?”

Sem que eu me desse conta, ele havia se aproximado de minha cama. Percebendo que não conseguiria resposta alguma de minha parte, ele continuou com o seu objetivo de me examinar. Diminuindo ainda mais a pequena distancia entre nós dois, ele se debruçou sobre a cama, e após retirar um pequeno aparelho de seu bolso ele o colocou em meus olhos. A luz que aquele pequeno aparelho emitia era intensa o suficiente para impedir que eu o observa-se mais atentamente. Entretanto, quando ela foi apagada, seus olhos azuis foram as primeiras coisas que vi. Eu o observei atentamente por longos segundos, não sei explicar o porque, mas havia algo em seu olhar que me intrigava. Talvez fosse o constante brilho de felicidade que sempre estava presente, uma felicidade que eu sabia que nunca mais sentiria.

“Belos olhos”

Ele me tirou da minha intensa observação com aquelas duas palavras. Escutar o som de sua voz grossa tão perto de mim no momento em que eu indiscretamente analisava o seu olhar foi como um puxão de volta para a realidade. Uma realidade que machucava, mas uma realidade que eu tinha que aprender a lidar.

“Quem é você?”

Foram as únicas palavras que eu consegui pronunciar naquele instante. Foram poucas, mas foram suficientes para que a expressão facial daquele médico mudasse. Primeiramente, sua face demonstrou surpresa, acredito que ele não esperava que eu me comunicasse com ele. Porém, aquela surpresa iminente desapareceu nos 3 segundos posteriores e em seu lugar um sorriso discreto apoderou-se de seus lábios.

“Ah! Desculpe-me, não me apresentei. Meu nome é Alejandro, sou o médico que está cuidado do seu caso.”

“Mas o médico que estava aqui quando acordei era outro”

“Sim, aquele era o doutor Santiago, ele me substituiu quando o meu plantão acabou. E falando nisso senhorita, fiquei chateado por não ter sido eu a pessoa que te viu acordar.”

Ele falava descontraidamente como se quisesse me animar ou pelo menos arrancar um sorriso de meus lábios, mas foi em vão. Eu não tinha animo para sorrir, já não sabia como fazer. Contrariando suas espectativas, meu semblante fechado foi o sinal que sua mente captou de que naquele não era um bom momento para piadas. Desviando seus olhos do meu olhar questionador ele voltou-se para a pequena prancheta onde estava descrito todo o meu estado médico. Aquele sorriso no rosto havia sumido e em seu lugar uma postura séria foi adotada.

“Você sabia que é famosa aqui?”

“Famosa?”

Meu olhar questionador se intensificou mais sobre aquele médico. O que ele queria dizer com aquela afirmação? Do que aquilo se tratava? As perguntas sem respostas que surgiam a todo instante em minha mente misturadas com toda a informação maldosa que eu tinha recebido só fizeram meu estado emocional piorar. Meus batimentos cardiacos resonavam de meu peito em um ritmo forte e insuportavel, minhas mãos voltaram a tremer e novamente meu olhar se fixava naquele homem. Acredito que minha expressão de curiosidade o impulsionou a falar o que sabia a meu respeito.

“Quando você chegou aqui, seu estado era critico e sua vida estava sob uma linha fina e frágil. Todos os exames feitos quase previam sua morte, assim como a do homem que foi resgatado junto a você. No momento que o falecimento dele foi decretado, a equipe médica pressentiu que o seu destino seria identico. As fraturas internas e os seus vários orgãos lesionados te levaram ao coma, e com ele a certeza de que seus dias estariam contados...”

A cada palavra pronunciada por aquele médico, mais e mais lágrimas transbordavam de meus olhos e escorriam por meu rosto. O tempo que tinha permanecido em coma passou como um piscar de olhos para mim, como se um flash de luz houvesse me mudado de realidade. Eu não sabia, nem poderia saber, que o meu estado havia sido tão grave. Meu Deus, eu estive a ponto de morrer!

“E é por isso que você é famosa aqui. Contrariando todas as espectativas plausiveis e médicas você foi aos poucos se recuperando. Sua melhora assustou todos os médicos desse hospital, incluindo eu mesmo. Ninguém conseguia entender como seu corpo foi capaz de lutar contra cada um daqueles ferimentos e edemas para sobreviver. Você foi como a fenix, de seu fim renasceu. “

Não pude mais conter todas as lágrimas guardadas e toda aquelas emoções suprimidas. Naquele momento chorei como nunca havia feito desde a morte de minha mãe. Eu não tinha controle sobre meu corpo nem sobre os meus sentimentos. Minha tristeza e angustia haviam explodido em forma de grossas lágrimas e intensos soluços. Naquele momento eu só precisava de alguém para me confortar, para me dizer que tudo iria ficar bem, para me dizer que tudo não se passava de um pesadelo. Apesar de o odiar com todas as forças do meu ser, naquele momento eu só precisava do Carlos Daniel ao meu lado, e acho que por isso aquela dor se tornava insuportável. Eu havia ficado dependente dele. Eu entreguei a ele tudo o que eu tinha, todo o meu amor, toda a minha confiança, e ele os destruiu sem piedade alguma. Porque Carlos Daniel? Porque? Da Paola eu poderia esperar qualquer coisa, afinal ela sempre quis nos separar, mas de você não. Se você me amasse como dizia que amava, se você conhecesse o meu olhar como tantas vezes você falou, você teria percebido que aquela mulher que estava ao seu lado não era eu. Como eu fui ingenua em acreditar que você havia se apaixonado por mim por quem eu era e não por ser a imagem de Paola. Como eu fui ingenua ao acreditar em você. Porque você brincou com os meus sentimentos? Porque você só me usou para a ter de volta? Porque?

Meu estado emocional havia chegado a um estado critico e o que eu menos esperava aconteceu. Aquele médico que a pouco tempo era um total desconhecido para mim, aproximou-se de minha cama e sem rodeios me abraçou. Naquele momento eu não tinha forças para recusar o abraço ou sair de seus braços, apenas deixei-me esvair por tudo o que sentia e que pensava.

“Não chore por favor não chore. O que aconteceu com você foi o que a minha mãe chama de milagre. Não se atormente mais, se Deus te deu forças para lutar por uma nova oportunidade é porque a sua missão aqui nessa terra ainda não acabou. Você é mais forte do que pensa, você é uma guerreira. Uma sobrevivente que lutou contra todas as possibilidades para mostrar que merece viver.”


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam do Doutor Alejandro?
Espero por seus reviews, tuites, pombos correios, sinais de fumaça..
@MissBracho_
Kisses