CD: Sim vovó Piedade. Paola está viva.

Stephanie: Não, não...

VP: Mas, mas como isso é possível?

Rodrigo: Você só pode estar enganado Carlos Daniel, eu estava lá junto com você e Paulina, eu vi Paola sendo cremada.

Paulina: Aquela não era a Paola Rodrigo.

Stephanie: Então quem era?

Paulina: Aquela era ... – Suspirando para tentar organizar as palavras de modo mais coerente possível – aquela era a Noelia, minha irmã.

Lizete: Eu não estou entendendo nada mamãe, como a Noelia poderia estar morta a anos e mesmo assim ter vindo ao meu aniversário?

Carlinhos: Ai meu deus, era um fantasma.

Lizete: Ai por favor Carlinhos...

CD: Não filho, não era um fantasma.

Stephanie: Então, como pode ter uma explicação?

CD: Bom foi muito difícil para nós dois lidarmos com tudo isso, com toda essa história. Não imaginávamos que ela tinha sido capaz de tudo isso.

Paulina: Em outras palavras, a “Noelia” que vocês conheceram, aquela que eu pensei ser minha irmã perdida, aquela que eu confiei, aquela que estava aqui no dia do aniversário da Lizete, não era ninguém menos que a própria Paola.

Todos: O QUE??

CD: Sim, Paola, ela estava entre nós todo esse tempo se passando por Noelia.

Paulina vendo na face de cada um deles a incredulidade que dominava suas mentes percebeu que uma explicação mais detalhada era necessária. Apesar de lhe doer pensar ou repetir aquela maquiavélica história, sabia que era direito de cada um ter conhecimento de quem na verdade estava ao seu redor nos últimos tempos.

Paulina: Bom, tudo começou quando estávamos conversando, Douglas Maldonado, Carlos Daniel e eu. Em um determinado momento, acabamos falando o nome da Noelia, e foi quando tudo começou a se revelar.

CD: Ao ouvir o nome dela e depois de saber que ela era irmã gêmea da Paulina, o Maldonado ficou pálido, angustiado e insistiu para que nós três fossemos a casa da “Noelia”.

Paulina: Quando chegamos a casa, o Douglas disse que precisávamos conversar e naquele momento ele chamou a “Noelia” de Paola.

CD: Nem Paulina nem eu acreditamos no que estávamos ouvindo, afinal tínhamos visto ela sendo cremada e o Douglas dizendo que aquela mulher que estava a nossa frente era na verdade uma pessoa que deveria estar morta, soou como loucura.

Paulina: Mas não era loucura, não era – Disse Paulina começando a chorar novamente.

CD: Não, não era loucura – Levantando-se e abraçando a amada – A própria Paola confirmou toda a história.

Stephanie: Ai meu deus, essa mulher é louca.

Rodrigo: Mas como, como tudo aconteceu?

Paulina: Pelo que Paola contou, no dia que ela descobriu que a enfermeira Elvira havia contado para vovó Piedade a verdade, que ela não estava doente, que nunca esteve de cadeira de rodas, ela percebeu que não poderia mais ficar aqui em casa.

CD: Mas também não poderia ir embora, tinha que ficar para nos perturbar – A lembrança dos atos malignos de sua ex- esposa fez como que o sangue de Carlos Daniel esquentasse e uma ira dominasse o seu corpo - Então, naquele mesmo dia, ela ligou para Noelia e elas trocaram de lugar de madrugada. E foi por isso que todos pensaram que quem tinha morrido naquele acidente era Paola.

Paulina: Mas não era – Nossa eterna usurpadora chorava compulsivamente - uma irmã que eu não tive a oportunidade de conhecer foi quem morreu em seu lugar

VP: Ela estava no lugar errado e na hora errada...

CD: Exatamente vovó. Depois de saber do acidente, Paola percebeu que não poderia mais ficar no país, e fugiu para a Europa.

Rodrigo: Espere Carlos Daniel, pelo que você está contando, a Paola já conhecia a Noelia, e se ela conhecia, porque escolheu a Paulina para trocar de lugar com ela anos atrás?

Paulinha: Eu não estou entendendo, não foi a Noelia que trocou de lugar com essa Paola, o que você está falando tio Rodrigo? – Disse a menina entrando na sala de estar, causando um susto com a sua pergunta.

Paulina: Filha, o que você está fazendo ai? Pensei que vocês estivessem em seus quartos brincando.

Paulinha: A gente estava mamãe, mas eu e o Gustavo descemos para tomar um leite e acabamos ouvindo toda a história.

Paulina: Lalinha, leve os dois para o quarto por favor.

Gustavo: Ai não mamãe, eu quero ouvir o resto da história.

CD: Obedeçam a sua mãe crianças, vamos, subam, depois contamos para vocês ta bem?

Paulinha: Tudo bem papai.

Depois de terem certeza que as duas crianças já estavam distante, Paulina e Carlos Daniel voltaram a contar a aquela árdua narrativa.

CD: Voltando, a Paola conhecia a Noelia sim Rodrigo. Elas se conheceram ainda pequenas quando os Montaner contrataram uma nova governanta para a casa, e a mulher tinha uma filha, uma menina idêntica a Paola. E percebendo toda a semelhança, a mente doentia de Paola arquitetou um plano para que aquela menina ficasse ainda mais parecida com ela, na aparecia e no caráter.

Paulina: Foi por isso que descobrimos tudo, há muito tempo atrás o Douglas se apaixonou por uma mulher chamada Noelia. E quando nos conheceu, ele pensou que aquela mulher que ele amou se tratava na verdade de Paola Bracho, mas que por algum motivo ela o havia dado um nome falso.

VP: Então, foi ele quem descobriu tudo. Ele quem ligou os pontos do que estava acontecendo.

CD: Sim vovó, acredito que sem o Maldonado, não iríamos descobrir tão cedo a farsa que Paola estava arquitetando.

Stephanie: Mas porque a vagabunda da Paola não escolheu a Noelia para a usurpação, em vez da Paulina.

CD: Era essa a pergunta que não saía da minha cabeça.

Paulina: Eu mesma perguntei isso para ela Stephanie. Não entendia porque ela se deu todo o trabalho de me forçar a usurpar o lugar dela, até me acusando por um crime que eu não cometi, quando tinha outra opção. Mas a resposta que ela me deu me surpreendeu ainda mais.

Stephanie: O que ela respondeu?

CD: Que a Noelia já havia trocado de lugar com ela diversas vezes aqui em casa.

Rodrigo: Pelo visto a Noelia era tão maligna quanto a Paola...

VP: Sim, porque quando a Paulina chegou aqui em casa, só alguém cego não percebia a diferença.

Stephanie: Ela usurpou o lugar de Paola perfeitamente.

Paulina: Perfeitamente até demais, ela se apaixonou por Carlos Daniel. Foi por isso que Paola me chantageou para ocupar o seu lugar, ela não a queria mais perto dele.

Rodrigo: Uau Carlos Daniel... – Disse rindo

CD: Ai por favor Rodrigo, sem gracinhas agora.

Rodrigo: Desculpe, não resisti. É que toda essa história é muito surreal.

Paulina: É realmente muito louca, ainda não acredito que ela foi capaz de tudo isso.

CD: Bom, decidimos contar tudo para vocês porque não sei o que a Paola pode tramar. Ela está mentalmente doente, e tenho medo que ela possa querer se vingar usando de vocês entendem?

Paulina: Ainda mais do que eu fiz – Disse sussurrando.

VP: O que você fez minha filha?

CD: Paulina enfrentou ela vovó – Disse orgulhoso.

VP: Enfrentou?

Paulina: Sim, depois de falar tudo o que devia e não devia, depois de me ofender e me humilhar como sempre havia feito desde que nos conhecemos, eu não aguentei, e sem pensar em meus atos, acabei lhe dando um tapa.

Stephenie: Você bateu na Paola?

CD: Ela fez mais do que bater Stephenie. Paulina colou Paola em seu lugar, nunca tinha visto a minha mulher daquele jeito, tão forte do que estava falando, sem temer nada nem ninguém.

Paulina: Não poderia mais ficar de cabeça baixa para ela meu amor, não depois do que ela prometeu fazer.

Rodrigo: O que ela disse?

CD: Depois do tapa que Paulina deu nela, Paola ficou furiosa e prometeu se vingar.

Paulina: Prometeu me fazer chorar lágrimas de sangue, me fazendo sofrer por quem eu mais amava na vida – Suspirou para tentar continuar a sentença – Ela ameaçou a Gabriela, e não poderia ficar calada ouvindo ela ameaçando a minha família.

Nesse momento, o barulho de pneus cantando do lado de fora ressoou por toda a casa, todos se paralisaram ao ouvir aquele sonido, tinham quase certeza de que ele representava o anuncio da chegada de alguém que definitivamente não era desejado na casa. A confirmação de quem se tratava aconteceu quando Lalinha pareceu na porta da sala de estar, pálida e tremendo. As feições de medo e angustia que dominavam a face da empregada, comprovavam que o receio de Paulina e Carlos Daniel estava acontecendo.